Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

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03.09.2014 Views

esolvendo as coisas pra Catarina, aí tudo, mas é isso. Aí com a Flávia eu não tive problema na amamentação e com a Catarina eu tive. Mas graças a Deus, foi esse um mês, entendeu. I: Na gravidez da Catarina, como é que foi? L: Foi tudo bem, não tive muito enjôo, entendeu, foi tudo muito assim, tranqüilo, só que a Catarina eu tive um pós-parto muito ruim, então tudo começou ruim, entendeu. Assim...eu senti uma dor horrível no pós-parto da Catarina. I: Foi parto o quê? L: Cesária de novo, entendeu. E eu senti uma dor, uma dor, uma dor que eu chorava. I: Foi na mesma clínica? L: Foi, foi, mesmo médico, tudo. E, assim, eles com uma preocupação comigo, porque o meu médico, tipo assim, ele sabe que eu não sou assim de, eu sou uma pessoa que eu não gosto, assim, de sentir dor, entendeu, de dramatizar, então ele ficou preocupadíssimo. Quando eu comecei a dizer que eu estava sentindo dor... I: Não era frescura. L: Aí ele falava: “- Luiza, mas você...”, eu falava: “- não é brincadeira!”, não sei o quê...” aí ele até mandou um outro médico lá, sabe, eles iam começar a fazer exame, mas graças a Deus foi passando a dor. E aí que quê acontece: logo no início, meu peito rachou, foi assim, uma coisa assim, sabe. I: Nossa, ela não tinha nem pego ainda? L: Não. Aí ela, não, ela pegou o peito, só que, aí, eu me lembro até na maternidade mesmo, s enfermeiras falavam: “- nossa, ela já mama nhom, nhom, nhom.” Eu falei: “- eu não sei se é porque eu parei de amamentar há pouco tempo”, e o que quê acontece: já não saía tanto aquele colostro. Saía um colostrozinho, ma também saía muito, entendeu, líquido. Então, tipo assim, ela mandava brava ali, entendeu. E ela com fome, nhom, nhom, nhom. Naquilo que ela foi, eu acho que ela não tava fazendo uma pega legal, ela foi rachando o meu peito. Então, o que quê aconteceu: o meu peito foi rachando, rachando, rachando, principalmente o direito, nossa, foi horrível, entendeu. Fez assim, uma rachadura muito feia, e no esquerdo também. Então, não tinha aquela coisa de você dá mais num, porque chegou uma hora que os dois estavam horríveis. Então, eu chorava pra amamentar, eu uivava de dor, entendeu. E aí, o meu marido ficava: “- meu Deu do céu, Luiza, isto não é normal, pelo amor de Deus, então pára com essa história de amamentar, vamos vê não sei o quê...”, e eu não querendo parar, entendeu, e eu forçando a barra, aí que eu tive essa orientação: aí teve um dia, assim, 6h da manhã, liguei pro pediatra e falei: “- Ó, não estou agüentando. Isso não é..., entendeu, chega a ser desumano.”, entendeu, essa dor, não sei o quê, mas eu, eu quero continuar amamentando, o que quê eu faço?” Ele falou: “- Vamos fazer o seguinte, você vai tirar o leite, vai dar pra ela...” só que ele mandou dar de colherzinha, ou de copinho. Aí o que quê acontece: não deu certo, entendeu. I: Mas por que quê não deu certo? L: Porque eu tentava sabe, e ela, realmente, ela quer sugar alguma coisa, entendeu. E, ai eu comecei botar em chuquinha (mamadeira) e sabe, eu pensava ‘não, ela vai, não vai largar”, porque elas gostam de aconchego do teu peito, entendeu, isso você percebe. Eu não sei por que quê eles falam que crianças largam o peito, entendeu I: Isso eu também...a única coisa que eu leio em literatura é porque elas desaprendem a sugar, mas eu também... L: É, porque o bico da mamadeira. I: É, pegam o bico da mamadeira e desaprendem a sugar no peito, eu também não sei.

L: É, não sei, sabe, aí...eu sei que, aí eu fiquei dando a mamadeira, a mamadeirinha, botava na mamadeirinha, ia dando pra ela, e tipo assim, torcendo pro mais rápido, e pro seio, quando um já dava uma melhorada,, eu já, de vez em quando, eu já dava no peito invés de tirar e dar na mamadeira, entendeu. I: Isso ela tava com quantos meses? Desde o início? L: Desde o início, tipo assim, na primeira semana aconteceu isso. Aí, com 30 dias ela o meu peito continuava arrebentado, aí ele falou, aí veio essa moça... I: A técnica (em amamentação. São enfermeiras especializadas em amamentação)... L: A técnica de enfermagem e falou: “- você vai começar a passar...”, e sem falar que eu botava casca de mamão, casca de banana, é tropodermin, bepantol, é...novaderm, tudo que me falavam eu botava, tudo. A pessoa falava: “- ah, porque eu li não sei o que...” eu ia pá, ia lá e comprava. “- ah, porque tem uma da homeopatia”, ih, eu também esqueci o nome, eu fui, pá, ah calêndula, fui lá, comprei calêndula, entendeu. Então, tudo o que me falavam eu ia lá e comprava, sabe. Foi assim...um dinheiro assim, sabe. Porque você ia comprando, as pessoas, é aquela coisa, foi o que eu falei praquela menina na última reunião (das mães na Tijuca de 27 ago. 2002). Você vai a um lugar assim, pensando assim que... pedindo pelo amor de Deus que aconteça um milagre, que a sua filha pare de chorar, entendeu. E a Catarina não engordava. O que aconteceu: ela perdeu peso na maternidade. E aí o que quê acontece, nos primeiros 15 dias..., o preço do pediatra, porque o meu plano ele paga o pediatra, paga integral, então, ta incluído uma...uma consulta. Nessa consulta que eu fui a Catarina não tinha ganhado peso. Ela, ela nasceu com 3780kg e tava com 3560kg. I: E essa consulta foi quando? Logo depois... L: Uns 12 dias depois. Ela tava com 3550kg, uma coisa assim. Ela não perdeu mais do que saiu, mas também não ganhou nada. Aí ele falou: “- Luiza, o negócio é o seguinte: dá de mamá e complementa com 120ml de NAN”. É muita coisa, entendeu. I: Mas esse era o pediatra antigo ou... L: O pediatra antigo, entendeu. Porque eu fui na primeira consulta que já tava incluída lá no pacote. Aí eu fui lá no pediatra aí eu fui no pediatra dela, ele falou: “- olha, ela não ganhou peso, mas ela ta muito bem, entendeu. Ela é uma criança forte, porque ela nasceu com 3780kg, quer dizer, é um bom peso, entendeu, então vamos fazer o seguinte: vamos continuar. Você vem aqui, semana que vem você vem aqui de novo pesar, vamos pesar. Eu fui lá, ela...ela tinha, tipo assim, ganho 60g, muito pouco, ele falou: “- Faz assim: continua fazendo isso, se acalma e semana que vem você vem aqui.” Aí ela ganhou 400g. I: Mas como é que você tava dando com o peito rachado? L: Então, eu tirava, eu tirava, passava o dia inteiro... I: Dava na chuquinha... L: Na chuquinha. E outra coisa, tipo assim, às vezes eu só tirava 30ml, assim, entendeu. Aí eu ficava um tempão pra tirar, aí, tipo assim, de uma mamada pra outra eu passava o tempo todo tirando. Eu ficava o dia inteiro em casa. Tanto é que, tipo assim, as pessoas até, às vezes, interpretavam mal, porque eu falava: “- eu não quero ninguém aqui em casa.”, porque eu ficava o dia todo. Aí ela foi engordando, entendeu, fio engordando, aí... I: Mas aí o seu peito foi melhorando? L: Foi melhorando, entendeu. Mas isso demorou sabe quantos dias: 45 dias. Então, isso que me assustava, entendeu, porque eu falava, gente você escuta relatos das pessoas falando: “- ah é, o meu peito rachou”, mas tipo assim, uma semana depois já tava bom. E comigo não, era aquele martírio, aí eu ficava pensando: “- meu Deus, será que algum dia meu peito vai melhorar”. Até com medo, entendeu, de não melhorar, aí, ele (o pediatra) falava: “- não, vai

esolvendo as coisas pra Catarina, aí tudo, mas é isso. Aí com a Flávia eu não tive problema<br />

na amamentação e com a Catarina eu tive. Mas graças a Deus, foi esse um mês, enten<strong>de</strong>u.<br />

I: Na gravi<strong>de</strong>z da Catarina, como é que foi?<br />

L: Foi tudo bem, não tive muito enjôo, enten<strong>de</strong>u, foi tudo muito assim, tranqüilo, só que a<br />

Catarina eu tive um pós-parto muito ruim, então tudo começou ruim, enten<strong>de</strong>u. Assim...eu<br />

senti uma dor horrível no pós-parto da Catarina.<br />

I: Foi parto o quê?<br />

L: Cesária <strong>de</strong> novo, enten<strong>de</strong>u. E eu senti uma dor, uma dor, uma dor que eu chorava.<br />

I: Foi na mesma clínica?<br />

L: Foi, foi, mesmo médico, tudo. E, assim, eles com uma preocupação comigo, porque o<br />

meu médico, tipo assim, ele sabe que eu não sou assim <strong>de</strong>, eu sou uma pessoa que eu não<br />

gosto, assim, <strong>de</strong> sentir dor, enten<strong>de</strong>u, <strong>de</strong> dramatizar, então ele ficou preocupadíssimo.<br />

Quando eu comecei a dizer que eu estava sentindo dor...<br />

I: Não era frescura.<br />

L: Aí ele falava: “- Luiza, mas você...”, eu falava: “- não é brinca<strong>de</strong>ira!”, não sei o quê...”<br />

aí ele até mandou um outro médico lá, sabe, eles iam começar a fazer exame, mas graças a<br />

Deus foi passando a dor. E aí que quê acontece: logo no início, meu peito rachou, foi assim,<br />

uma coisa assim, sabe.<br />

I: Nossa, ela não tinha nem pego ainda?<br />

L: Não. Aí ela, não, ela pegou o peito, só que, aí, eu me lembro até na maternida<strong>de</strong> mesmo,<br />

s enfermeiras falavam: “- nossa, ela já mama nhom, nhom, nhom.” Eu falei: “- eu não sei se<br />

é porque eu parei <strong>de</strong> amamentar há pouco tempo”, e o que quê acontece: já não saía tanto<br />

aquele colostro. Saía um colostrozinho, ma também saía muito, enten<strong>de</strong>u, líquido. Então,<br />

tipo assim, ela mandava brava ali, enten<strong>de</strong>u. E ela com fome, nhom, nhom, nhom. Naquilo<br />

que ela foi, eu acho que ela não tava fazendo uma pega legal, ela foi rachando o meu peito.<br />

Então, o que quê aconteceu: o meu peito foi rachando, rachando, rachando, principalmente<br />

o direito, nossa, foi horrível, enten<strong>de</strong>u. Fez assim, uma rachadura muito feia, e no esquerdo<br />

também. Então, não tinha aquela coisa <strong>de</strong> você dá mais num, porque chegou uma hora que<br />

os dois estavam horríveis. Então, eu chorava pra amamentar, eu uivava <strong>de</strong> dor, enten<strong>de</strong>u. E<br />

aí, o meu marido ficava: “- meu Deu do céu, Luiza, isto não é normal, pelo amor <strong>de</strong> Deus,<br />

então pára com essa história <strong>de</strong> amamentar, vamos vê não sei o quê...”, e eu não querendo<br />

parar, enten<strong>de</strong>u, e eu forçando a barra, aí que eu tive essa orientação: aí teve um dia, assim,<br />

6h da manhã, liguei pro pediatra e falei: “- Ó, não estou agüentando. Isso não é..., enten<strong>de</strong>u,<br />

chega a ser <strong>de</strong>sumano.”, enten<strong>de</strong>u, essa dor, não sei o quê, mas eu, eu quero continuar<br />

amamentando, o que quê eu faço?” Ele falou: “- Vamos fazer o seguinte, você vai tirar o<br />

leite, vai dar pra ela...” só que ele mandou dar <strong>de</strong> colherzinha, ou <strong>de</strong> copinho. Aí o que quê<br />

acontece: não <strong>de</strong>u certo, enten<strong>de</strong>u.<br />

I: Mas por que quê não <strong>de</strong>u certo?<br />

L: Porque eu tentava sabe, e ela, realmente, ela quer sugar alguma coisa, enten<strong>de</strong>u. E, ai eu<br />

comecei botar em chuquinha (mama<strong>de</strong>ira) e sabe, eu pensava ‘não, ela vai, não vai largar”,<br />

porque elas gostam <strong>de</strong> aconchego do teu peito, enten<strong>de</strong>u, isso você percebe. Eu não sei por<br />

que quê eles falam que crianças largam o peito, enten<strong>de</strong>u<br />

I: Isso eu também...a única coisa que eu leio em literatura é porque elas <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>m<br />

a sugar, mas eu também...<br />

L: É, porque o bico da mama<strong>de</strong>ira.<br />

I: É, pegam o bico da mama<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>m a sugar no peito, eu também não sei.

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