EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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80 não apenas com o propósito de registrar mudanças em sua aparência ou essência, mas para revelar a natureza da relação entre a aparência e a essência do fenômeno. Assim, também, esse objeto possui uma consciência histórica, já que “não só o investigador, mas também os seres humanos, os grupos e a sociedade dão significado e intencionalidade a suas ações e a suas construções” (MINAYO, 1994, p.14). Outros dois aspectos distintivos das Ciências Sociais que serão considerados neste trabalho estão relacionados à identidade entre sujeito e objeto e a natureza intrínseca e extrinsecamente ideológica do objeto. A mesma autora esclarece que investigador/observador e objeto tornam-se imbricados e comprometidos, sendo que a visão de mundo de ambos fica implicada em todo o processo de conhecimento (ibid.). Não desconsiderando a importância da pesquisa quantitativa para a área de Humanas, é relevante pontuar que o objeto das Ciências Sociais é, em sua essência, qualitativo, ou seja, ele se estabelece no mundo dos significados das ações e das relações, vincula-se a questões particulares. Conforme Minayo (1994), a pesquisa qualitativa em ciências sociais trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (p.22). Diferentemente da pesquisa quantitativa, “o processo da pesquisa qualitativa não admite visões isoladas, parceladas, estanques. Ela se desenvolve em interação dinâmica retroalimentando-se, reformulando-se constantemente” (TRIVIÑOS, 2007, p.137). Dessa forma, a abordagem qualitativa permite que o transitar do pesquisador por diferentes áreas, espaços, experiências, percepções e sentimentos não só transpareça em seu trabalho, como seja um guia para os procedimentos a serem realizados. Atento ao que o objeto de estudo sinaliza, o pesquisador tem como produto desta investigação algo inacabado e provisório. Piazzetta (2006), traçando uma analogia com o poema de Antônio Machado que diz “Caminante son tus huellas el camino, y nada más; caminante, no hay camino, se hace camino al andar”,
81 afirma que a metodologia vai sendo construindo à medida que a pesquisa se realiza, quando pesquisador e objeto de estudo estabelecem uma inter-relação. Tratando-se de pesquisa em musicoterapia, esta autora traz ainda reflexões acerca do desempenho simultâneo dos papéis de pesquisador e musicoterapeuta. Para ela, quando isso acontece, trabalha-se em uma concepção de subjetividade, onde há oportunidade de se investigar tanto os clientes como a si próprio (PIAZZETTA, 2006). Sobre esta questão, Silva (2008) afirma que o musicoterapeuta-pesquisador qualitativo, por meio dos seus sentidos, da sua expressão não-verbal e sonora, pode descrever a experiência musical vivenciada pelo cliente, desvelando possíveis sentidos e significados vivenciados no setting musicoterapêutico. Portanto, percebe-se que, comprometida com a humanização, a musicoterapia, através da abordagem qualitativa, cumpre com a responsabilidade da Ciência com a humanidade. Neste caso, de forma mais inerente, já que a pesquisa pauta-se em uma dimensão social. Assim, através do estudo bibliográfico e coleta de dados, o objetivo principal desta pesquisa pauta-se em investigar como a Musicoterapia pode contribuir na produção de corpos sonoros e subjetividades de educadores sociais que atuam em centros de internação e atendimento para adolescentes autores de atos infracionais, visando identificar as experiências musicais/musicoterapêuticas como campo do representacional. Como objetivos específicos procurou-se: 1) estabelecer relações entre teorias da Educação Social, Psicologia Social, História Cultural e Musicoterapia, abordando os seguintes temas: educadores sociais, adolescentes autores de atos infracionais, medidas socioeducativas, representações sociais e música; 2) desenvolver uma pesquisa de campo junto a dois grupos formados por educadores sociais, com o objetivo de proporcionar-lhes experiências musicoterapêuticas; 3) analisar a influência da música e de seus elementos constitutivos no desenvolvimento das relações intra e interpessoais nos referidos grupos; 4) explicar como ocorreu a produção de corpos sonoros e subjetividades nos processos musicoterapêuticos grupais; 5) identificar as representações sociais dos participantes desta pesquisa evidenciadas em seus discursos e práticas musicais e não-musicais. Escolheu-se, como modalidade de pesquisa, o estudo de caso. Este é um procedimento que visa adquirir conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um caso. Ventura (2007) relata que o estudo de caso, que era uma modalidade
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não apenas com o propósito de registrar mudanças <strong>em</strong> sua aparência ou essência, mas para<br />
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Assim, também, esse objeto possui uma consciência histórica, já que “não só o<br />
investigador, mas também os seres humanos, os grupos e a sociedade dão significado e<br />
intencionalidade a suas ações e a suas construções” (MINAYO, 1994, p.14).<br />
Outros dois aspectos distintivos das Ciências Sociais que serão considerados neste<br />
trabalho estão relacionados à identidade entre sujeito e objeto e a natureza intrínseca e<br />
extrinsecamente ideológica do objeto. A mesma autora esclarece que investigador/observador<br />
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implicada <strong>em</strong> todo o processo de conhecimento (ibid.).<br />
Não desconsiderando a importância da pesquisa quantitativa para a área de<br />
Humanas, é relevante pontuar que o objeto das Ciências Sociais é, <strong>em</strong> sua essência,<br />
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vincula-se a questões particulares. Conforme Minayo (1994), a pesquisa qualitativa <strong>em</strong><br />
ciências sociais<br />
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,<br />
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das<br />
relações, dos processos e dos fenômenos que não pod<strong>em</strong> ser reduzidos à<br />
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Diferent<strong>em</strong>ente da pesquisa quantitativa, “o processo da pesquisa qualitativa não<br />
admite visões isoladas, parceladas, estanques. Ela se desenvolve <strong>em</strong> interação dinâmica<br />
retroalimentando-se, reformulando-se constant<strong>em</strong>ente” (TRIVIÑOS, 2007, p.137). Dessa<br />
forma, a abordag<strong>em</strong> qualitativa permite que o transitar do pesquisador por diferentes áreas,<br />
espaços, experiências, percepções e sentimentos não só transpareça <strong>em</strong> seu trabalho, como<br />
seja um guia para os procedimentos a ser<strong>em</strong> realizados. Atento ao que o objeto de estudo<br />
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Piazzetta (2006), traçando uma analogia com o po<strong>em</strong>a de Antônio Machado que<br />
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caminante, no hay camino, se hace camino al andar”,