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EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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compreensão de processos como a transferência e contratransferência 15 , b<strong>em</strong> como a repensar<br />

os entraves na relação terapêutica como, por ex<strong>em</strong>plo, o preconceito.<br />

Conhecer suas representações de música, de musicoterapia, de hom<strong>em</strong>, que foram<br />

moldadas <strong>em</strong> sua formação acadêmica e profissional, articuladas com os valores e crenças<br />

familiares e que sofr<strong>em</strong> influências dos grupos religiosos no qual pode estar inserido favorece<br />

novas percepções da forma como o musicoterapeuta constitui a realidade.<br />

Trata-se, portanto, de reconhecer a existência de um imaginário social, ou seja,<br />

uma instância por onde circulam os mitos, as crenças, os símbolos, as ideologias e todas as<br />

ideias e concepções que se relacionam ao modo de viver de uma coletividade<br />

(CASTORIADIS, 1995) e proporcionar ainda reflexão sobre os arquétipos, “el<strong>em</strong>entos<br />

constitutivos do imaginário que atravessam os t<strong>em</strong>pos, assinalando formas de pensar e<br />

construir representações sobre o mundo” (PESAVENTO, 2003, p. 45).<br />

O musicoterapeuta deve atentar-se para o fato de suas compreensões sobre os<br />

fenômenos musicoterapêuticos, apesar de se pautar<strong>em</strong> <strong>em</strong> estudos científicos, ser<strong>em</strong> também<br />

construções imaginárias da realidade. Os fatos vivenciados no setting são objetos de múltiplas<br />

versões e, por isso, jamais serão constituídos por uma verdade única ou absoluta, mas por<br />

várias verdades. É no encontro entre cliente e musicoterapeuta, mediado pela música de um e<br />

de outro, que coexiste a possibilidade de vivenciar reconstruções imaginárias. Cabe, no<br />

entanto, ao musicoterapeuta ter o cuidado para não sobrepor as suas representações sociais às<br />

do cliente/grupo. Quanto a isso, Queiroz (2003) ressalta que<br />

a música que v<strong>em</strong> do terapeuta, contendo seu gosto musical, suas afinidades<br />

estéticas, é ingrediente indispensável, na medida <strong>em</strong> que esta é presença do<br />

terapeuta no fazer musical, sua busca de contato. (...) Os valores e conteúdos<br />

musicais do terapeuta são peças do processo musicoterápico (QUEIROZ,<br />

2003, p.69).<br />

Assim, a musicoterapia configura-se como uma terapêutica do contato, do<br />

encontro. Musicoterapeuta, cliente e música colocam-se entre espaço e t<strong>em</strong>po, buscando<br />

integrar-se um ao outro e ao mundo, <strong>em</strong> uma totalidade consciente. Por isso, conforme<br />

15 Transferência, para Benenzon (1996), é a atitude do cliente de repetir, com a figura do musicoterapeuta, os<br />

mesmos episódios ocorridos primitivamente na história deste, na sua relação materno, parterno-infantil, ou seja,<br />

colocar no presente o passado. A contratransferência é o sentir do musicoterapeuta do impacto que a<br />

transferência produziu no seu inconsciente.

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