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EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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constitui como “um meio de criar e representar novas categorias de experiências não<br />

referenciais” (RUUD, 1990, p. 91).<br />

Duarte e Mazzotti (2006, p 1292) afirmam que<br />

diante de algum fenômeno desconhecido, de toda ocorrência musical nova<br />

ou inesperada, de algo perceptível, mas fora do “modelo” partilhado por nós<br />

<strong>em</strong> nossos grupos reflexivos, reagimos por aproximação, procurando<br />

el<strong>em</strong>entos já presentes no mesmo modelo que construímos anteriormente. E<br />

o estranhamento de algum el<strong>em</strong>ento não-assimilável pode ser o ponto de<br />

partida para uma reestruturação de nossas concepções ou representações.<br />

Ora, quando se elege uma tonalidade para construir certa música, ao formar uma<br />

sequência sucessiva ou simultânea de sons, ao propor um ritmo mais acelerado, cadenciado, o<br />

cliente mostra a sua visão de mundo. Mesmo que essa seleção seja parcial, não é ao acaso,<br />

uma vez que os el<strong>em</strong>entos selecionados são os que “coincid<strong>em</strong>” com o sentido que o<br />

indivíduo pode ou quer atribuir ao som (DUARTE E MAZZOTTI, 2006). Como afirma<br />

Schapira et al (2007), os el<strong>em</strong>entos musicais são equivalentes simbólicos de um acontecer<br />

não musical, e o desenvolvimento dos processos musicais se ass<strong>em</strong>elham aos processos<br />

psíquicos, o que d<strong>em</strong>onstra que no microcosmo dos encontros musicoterapêuticos ocorr<strong>em</strong> a<br />

reprodução do macrocosmo da vida dos clientes.<br />

Contendo <strong>em</strong> si significados residuais, atuais e latentes, as obras musicais trazidas<br />

ou produzidas pelo cliente permit<strong>em</strong> ao musicoterapeuta trabalhar presente, passado e futuro,<br />

<strong>em</strong> um processo de retomar os conteúdos que foram vividos, trazê-los para o „aqui – agora‟ e<br />

sinalizar o que está por vir, através de uma leitura e análise das estruturas musicais.<br />

O fato, no entanto, de a Musicoterapia adotar um conceito mais abrangente de<br />

música, não justifica a utilização da música de forma aleatória e descuidada por parte do<br />

musicoterapeuta, mas sim exige um aguçamento do senso crítico sobre as experiências<br />

musicais <strong>em</strong>ergentes no setting, incluindo também os fenômenos da massificação cultural e da<br />

globalização.<br />

Milleco (1997) afirma que a Indústria Cultural, termo postulado por Adorno e<br />

Hokheimer (1948), favorece a construção de uma “pseudo-identidade sonora cultural”,<br />

pautada pelo modismo e pela música feita para o consumo <strong>em</strong> grande escala. Ele ainda pontua<br />

que, como o produto musical é caracterizado pela repetição e utilização de uma mesma<br />

estrutura musical, travestida com novas roupagens, muitas vezes limita a escolha dos ouvintes<br />

com a imposição de um modelo estético. Para Santos (2002),

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