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EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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grupo terapêutico <strong>em</strong> um contexto não-verbal, o ISO grupal é uma dinâmica que flui no grupo<br />

como a síntese <strong>em</strong> si mesma de cada identidade sonora (ibid.).<br />

Portanto, na visão desta pesquisadora, após um número considerável de<br />

atendimentos musicoterapêuticos <strong>em</strong> grupo, <strong>em</strong> que os m<strong>em</strong>bros se mostr<strong>em</strong> engajados com o<br />

processo e comprometidos com a produção de corpos sonoros e subjetividades, é possível<br />

identificar uma matriz grupal musical, isto é, o grupo passa a ter uma identidade sonora b<strong>em</strong><br />

delineada, uma musicalidade própria. É comum o grupo eleger suas próprias músicas que<br />

contenham suas representações sociais. Também os m<strong>em</strong>bros passam a des<strong>em</strong>penhar com<br />

maior facilidade o papel de porta-voz do grupo, trazendo músicas significativas para outros<br />

m<strong>em</strong>bros, como que mais sensíveis ao inconsciente coletivo grupal.<br />

Ribeiro (1994) cita também como um fenômeno muito significativo <strong>em</strong> um<br />

processo terapêutico grupal a terapia vicária ou terapia de carona. Mesmo que um m<strong>em</strong>bro<br />

permaneça <strong>em</strong> silêncio por toda uma sessão, muitos conteúdos internos poderão ser trabalhos.<br />

Ou seja, a escuta atenta e a identificação com uma experiência relatada pode ocasionar<br />

mudanças. Outro fenômeno s<strong>em</strong>elhante que ocorre nos encontros musicoterapêuticos é a<br />

ressonância. Como explicado pela Física, um corpo é capaz de vibrar solidariamente com uma<br />

frequência imposta por outra fonte, ou, por ex<strong>em</strong>plo, “se colocáss<strong>em</strong>os dez diapasões da<br />

mesma frequência <strong>em</strong> pé um ao lado do outro e depois tocáss<strong>em</strong>os <strong>em</strong> um deles para que<br />

<strong>em</strong>itisse seu tom, os nove diapasões restantes também soariam” (MCCLELLAN, 1994, p.27).<br />

Desta maneira, um som expresso por um m<strong>em</strong>bro pode ressoar <strong>em</strong> todos os outros m<strong>em</strong>bros<br />

do grupo, permitindo sentir a música de maneira intensa, b<strong>em</strong> como os sentimentos a eles<br />

associados.<br />

No decorrer de todos os processos grupais aqui evidenciados, percebe-se que “o<br />

paciente ora reflete diante do grupo seu mundo íntimo ligado ao inconsciente grupal, ora<br />

reflete pessoalmente o inconsciente grupal introjetado <strong>em</strong> seu mundo particular” (RIBEIRO,<br />

1995, p.44).<br />

Nesse sentido, nos atendimentos musicoterapêuticos <strong>em</strong> grupo a música pode, <strong>em</strong><br />

uma complexa dinâmica entre o pessoal e o social, tanto refletir como refratar as<br />

subjetividades dos participantes, através de diversos el<strong>em</strong>entos musicais. Toda essa teia<br />

sonora, <strong>em</strong> que o m<strong>em</strong>bro do grupo escuta e é escutado, se expressa musicalmente e também<br />

se torna a própria expressão musical, produz vibração e vibra como um corpo sonoro<br />

possibilita o aparecimento de novas representações a partir dos sentidos subjetivos que<br />

surg<strong>em</strong> <strong>em</strong> cada experiência musicoterapêutica intersubjetiva.

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