EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
62<br />
grupo terapêutico <strong>em</strong> um contexto não-verbal, o ISO grupal é uma dinâmica que flui no grupo<br />
como a síntese <strong>em</strong> si mesma de cada identidade sonora (ibid.).<br />
Portanto, na visão desta pesquisadora, após um número considerável de<br />
atendimentos musicoterapêuticos <strong>em</strong> grupo, <strong>em</strong> que os m<strong>em</strong>bros se mostr<strong>em</strong> engajados com o<br />
processo e comprometidos com a produção de corpos sonoros e subjetividades, é possível<br />
identificar uma matriz grupal musical, isto é, o grupo passa a ter uma identidade sonora b<strong>em</strong><br />
delineada, uma musicalidade própria. É comum o grupo eleger suas próprias músicas que<br />
contenham suas representações sociais. Também os m<strong>em</strong>bros passam a des<strong>em</strong>penhar com<br />
maior facilidade o papel de porta-voz do grupo, trazendo músicas significativas para outros<br />
m<strong>em</strong>bros, como que mais sensíveis ao inconsciente coletivo grupal.<br />
Ribeiro (1994) cita também como um fenômeno muito significativo <strong>em</strong> um<br />
processo terapêutico grupal a terapia vicária ou terapia de carona. Mesmo que um m<strong>em</strong>bro<br />
permaneça <strong>em</strong> silêncio por toda uma sessão, muitos conteúdos internos poderão ser trabalhos.<br />
Ou seja, a escuta atenta e a identificação com uma experiência relatada pode ocasionar<br />
mudanças. Outro fenômeno s<strong>em</strong>elhante que ocorre nos encontros musicoterapêuticos é a<br />
ressonância. Como explicado pela Física, um corpo é capaz de vibrar solidariamente com uma<br />
frequência imposta por outra fonte, ou, por ex<strong>em</strong>plo, “se colocáss<strong>em</strong>os dez diapasões da<br />
mesma frequência <strong>em</strong> pé um ao lado do outro e depois tocáss<strong>em</strong>os <strong>em</strong> um deles para que<br />
<strong>em</strong>itisse seu tom, os nove diapasões restantes também soariam” (MCCLELLAN, 1994, p.27).<br />
Desta maneira, um som expresso por um m<strong>em</strong>bro pode ressoar <strong>em</strong> todos os outros m<strong>em</strong>bros<br />
do grupo, permitindo sentir a música de maneira intensa, b<strong>em</strong> como os sentimentos a eles<br />
associados.<br />
No decorrer de todos os processos grupais aqui evidenciados, percebe-se que “o<br />
paciente ora reflete diante do grupo seu mundo íntimo ligado ao inconsciente grupal, ora<br />
reflete pessoalmente o inconsciente grupal introjetado <strong>em</strong> seu mundo particular” (RIBEIRO,<br />
1995, p.44).<br />
Nesse sentido, nos atendimentos musicoterapêuticos <strong>em</strong> grupo a música pode, <strong>em</strong><br />
uma complexa dinâmica entre o pessoal e o social, tanto refletir como refratar as<br />
subjetividades dos participantes, através de diversos el<strong>em</strong>entos musicais. Toda essa teia<br />
sonora, <strong>em</strong> que o m<strong>em</strong>bro do grupo escuta e é escutado, se expressa musicalmente e também<br />
se torna a própria expressão musical, produz vibração e vibra como um corpo sonoro<br />
possibilita o aparecimento de novas representações a partir dos sentidos subjetivos que<br />
surg<strong>em</strong> <strong>em</strong> cada experiência musicoterapêutica intersubjetiva.