EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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56 encontrar coerência e um sentido de propósito nos acontecimentos de nossa própria vida (MCCLELLAN, 1994, p. 144) Todo esse movimento de tornar audível o que foi silenciado pelo desgaste do tempo favorece ao cliente a produção de subjetividades e abre caminhos às ressignificações no setting musicoterapêutico. Nesse contexto, as subjetividades são entendidas não como algo afastado do mundo, incluso do indivíduo, mas como um espaço íntimo que se relaciona com o mundo social: “o resultado de um entrecruzamento de determinações coletivas de várias espécies, não só sociais, mas econômicas, tecnológicas, de mídia etc.” (GUATARRI e ROLNIK, 1986, p. 34). Assim, a produção de subjetividades em musicoterapia visa “instrumentalizar o indivíduo para a busca de uma expressão criativa” (LIBERMAN, 1997, p.378). E transformar um corpo que foi silenciado pelas normas da sociedade, por suas frustrações e medos em um corpo que permite ser capaz de emitir sons, de conhecer, de investir, de criar a si mesmo sonoramente e ainda interagir com o mundo contemplando e/ou contestando as paisagens sonoras ao seu redor é o ideal musicoterapêutico. 2.3.2 Processos Grupais em Musicoterapia A Musicoterapia pode ser aplicada tanto individualmente como em grupo. No entanto, ainda que os princípios sejam os mesmos, há uma diferenciação significativa entre esses dois processos. Devido aos atendimentos em grupo abrangerem um número maior de clientes, há um crescente interesse por parte das instituições na realização desse tipo de trabalho (YALOM, 2006). Em contrapartida, percebe-se, por um lado, a necessidade de um desenvolvimento continuado por parte dos musicoterapeutas visando alcançar um perfil específico desejável a um coordenador de grupos e, por outro lado, é necessário que a classe inclua, em seus eventos e em projetos de pesquisa, discussões teóricas e produções sobre as especificidades dos processos grupais em Musicoterapia, contribuindo para aprofundamento dos estudos. Considerando-se as razões supracitadas e também por esta pesquisa propor atendimentos musicoterapêuticos em grupo aos educadores sociais, este item propõe-se a

57 construir um diálogo com alguns autores que tratam de Processo Grupal, independentemente de suas abordagens teóricas, considerando suas percepções sobre os acontecimentos que ocorrem em um grupo terapêutico. Para Yalom (2006), se em um processo individual o cliente tem um tempo a mais para se revelar para o terapeuta, em um grupo terapêutico, em um breve período os membros começam a ser eles mesmos: interagem com os outros da mesma forma que em sua esfera social, criando no grupo o mesmo ambiente interpessoal que sempre habitaram. O grupo terapêutico, portanto, se constitui como um microcosmo social, uma miniatura do universo social de cada membro. Outra diferença apontada por esse autor é que o comportamento do cliente em um grupo terapêutico configura-se como um dado preciso e não possui os pontos cegos dos relatos pessoais. Uma interação rica e dinâmica é estabelecida entre os membros e o ambiente do grupo, isto é, os membros moldam o seu próprio microcosmo social, que por sua vez evoca comportamentos defensivos característicos de cada um. Assim sendo, quanto mais espontânea a interação entre os participantes de um grupo, mais rápido e autêntico será o desenvolvimento do microcosmo social. Isto aumenta a probabilidade de as questões problemáticas centrais de todos os membros serem evocadas e abordadas (YALOM, 2006). De acordo com Ribeiro (1994), no grupo terapêutico, as pessoas podem experienciar o verdadeiro sentido da existência à procura de sua essência. Ali se vêem e se sentem a dor, a angústia, a raiva, o amor, a alegria, o medo, a tristeza, todos os sentimentos humanos à procura de sua inteligibilidade, de sua lógica interna (p. 10). Portanto, no grupo terapêutico não apenas forma-se um microcosmo social, onde o comportamento mal-adaptativo dos membros é demonstrado claramente, como também se cria um laboratório para a transformação desses comportamentos. Considerando que a história de vida de todo ser humano é marcada pelo pertencimento a inúmeros grupos sociais e sendo por meio desses que as características sociais mais amplas agem sobre os indivíduos, o grupo terapêutico pode vir a ser um espaço para aprendizagem e desenvolvimento de habilidades interpessoais. Didier Anzieu (1993), entretanto, indica a artificialidade desse microcosmo quando afirma que o grupo não consegue se manter preso apenas à sua trama simbólica, mas

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encontrar coerência e um sentido de propósito nos acontecimentos de nossa<br />

própria vida (MCCLELLAN, 1994, p. 144)<br />

Todo esse movimento de tornar audível o que foi silenciado pelo desgaste do<br />

t<strong>em</strong>po favorece ao cliente a produção de subjetividades e abre caminhos às ressignificações<br />

no setting musicoterapêutico. Nesse contexto, as subjetividades são entendidas não como algo<br />

afastado do mundo, incluso do indivíduo, mas como um espaço íntimo que se relaciona com o<br />

mundo social: “o resultado de um entrecruzamento de determinações coletivas de várias<br />

espécies, não só sociais, mas econômicas, tecnológicas, de mídia etc.” (GUATARRI e<br />

ROLNIK, 1986, p. 34).<br />

Assim, a produção de subjetividades <strong>em</strong> musicoterapia visa “instrumentalizar o<br />

indivíduo para a busca de uma expressão criativa” (LIBERMAN, 1997, p.378). E transformar<br />

um corpo que foi silenciado pelas normas da sociedade, por suas frustrações e medos <strong>em</strong> um<br />

corpo que permite ser capaz de <strong>em</strong>itir sons, de conhecer, de investir, de criar a si mesmo<br />

sonoramente e ainda interagir com o mundo cont<strong>em</strong>plando e/ou contestando as paisagens<br />

sonoras ao seu redor é o ideal musicoterapêutico.<br />

2.3.2 Processos Grupais <strong>em</strong> Musicoterapia<br />

A Musicoterapia pode ser aplicada tanto individualmente como <strong>em</strong> grupo. No<br />

entanto, ainda que os princípios sejam os mesmos, há uma diferenciação significativa entre<br />

esses dois processos.<br />

Devido aos atendimentos <strong>em</strong> grupo abranger<strong>em</strong> um número maior de clientes, há<br />

um crescente interesse por parte das instituições na realização desse tipo de trabalho<br />

(YALOM, 2006). Em contrapartida, percebe-se, por um lado, a necessidade de um<br />

desenvolvimento continuado por parte dos musicoterapeutas visando alcançar um perfil<br />

específico desejável a um coordenador de grupos e, por outro lado, é necessário que a classe<br />

inclua, <strong>em</strong> seus eventos e <strong>em</strong> projetos de pesquisa, discussões teóricas e produções sobre as<br />

especificidades dos processos grupais <strong>em</strong> Musicoterapia, contribuindo para aprofundamento<br />

dos estudos.<br />

Considerando-se as razões supracitadas e também por esta pesquisa propor<br />

atendimentos musicoterapêuticos <strong>em</strong> grupo aos educadores sociais, este it<strong>em</strong> propõe-se a

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