EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
52<br />
O ISO compl<strong>em</strong>entário são as pequenas mudanças que operam no dia ou <strong>em</strong> cada<br />
atendimento musicoterapêutico, decorrentes do efeito das circunstâncias ambientais<br />
específicas. Como ex<strong>em</strong>plo, um acidente de trânsito previamente ao atendimento pode alterar<br />
a expressão musical do cliente. O ISO grupal está relacionado ao contexto social <strong>em</strong> que o<br />
indivíduo está inserido. O ISO universal consiste <strong>em</strong> “uma identidade sonora que caracteriza<br />
ou identifica todos os seres humanos, independente de seus contextos sociais, culturais,<br />
históricos e psicofisiológicos particulares” (ibid., p.46). Por ex<strong>em</strong>plo, sons dos batimentos<br />
cardíacos, da inspiração e expiração são conhecidos por qualquer ser humano e por isso pode<br />
resgatar m<strong>em</strong>órias relacionadas à espécie.<br />
Ao trabalhar com músicas que façam parte da vida do cliente, o musicoterapeuta<br />
consegue estabelecer com maior facilidade um canal de comunicação, e assim um vínculo<br />
terapêutico, objetivo primário de toda terapia. O musicoterapeuta utiliza da cultura <strong>em</strong> que o<br />
cliente está inserido para adentrar ao seu mundo, e como el<strong>em</strong>ento comum, estabelecer<br />
contato (BARCELLOS, 1992).<br />
Considerando-se isto, percebe-se que o surgimento de canções populares no<br />
setting musicoterapêutico é recorrente, principalmente <strong>em</strong> nosso contexto brasileiro.<br />
Assumindo características singulares na história desse povo, as canções populares<br />
representam a miscigenação étnica e cultural. Em decorrência de seu fácil acesso <strong>em</strong><br />
diferentes camadas sociais, elas são reconhecidas e l<strong>em</strong>bradas com facilidade. Conforme<br />
esclarece Tatit (2001), a canção popular é uma “forma híbrida” que mescla “melodia, letra e<br />
arranjo instrumental”, assimilando as mais distintas influências (p. 223).<br />
Em uma canção, linguag<strong>em</strong> verbal e musicalidade trabalham pela expressão de<br />
um conteúdo. Enquanto a palavra delineia objeto e sujeito, as notas dão profundidade<br />
vivencial. Assim, é possível obter um efeito b<strong>em</strong> diferenciado ao chamar o nome de alguém e<br />
realizar essa mesma ação cantando. Ao cantar o nome de uma pessoa é gerada uma ligação,<br />
uma unicidade afetiva, como se esta união se completasse na própria música (QUEIROZ,<br />
2003). Também há que se considerar um outro aspecto da canção no espaço terapêutico. O<br />
cliente pode utilizá-la como forma de expressar suas próprias ideias e sentimentos, isto é, no<br />
ato de cantar o cliente apropria-se da mensag<strong>em</strong> de um outro (compositor), dando-lhe o<br />
sentido que lhe convém.<br />
É também importante, <strong>em</strong> Musicoterapia, destacar o Princípio de ISO. Conforme<br />
formulado por Altshuler (apud BENENZON, 1985), acredita-se que o t<strong>em</strong>po musical<br />
<strong>em</strong>pregado pelo musicoterapeuta deve corresponder ao t<strong>em</strong>po mental do cliente, para que