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34 1.5 - As relações interpessoais no contexto institucional De acordo com o SINASE (2006), os programas socioeducativos devem contar com uma equipe multiprofissional com perfil capaz de acolher e acompanhar os adolescentes e suas famílias em suas demandas, bem como atender os funcionários das instituições de implementação das medidas socioeducativas. As diferentes áreas de atendimento são importantes e complementares no atendimento integral ao adolescente. No caso do adolescente autor de atos infracionais em regime de internação e internação provisória, o SINASE recomenda como equipe profissional mínima a presença de médico, enfermeiro, cirurgião dentista, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, auxiliar de enfermagem e auxiliar de consultório dentário a fim de garantir os cuidados de atenção à saúde do adolescente (id.). Portanto, no trabalho socioeducativo desenvolvido em unidades e programas de atendimento, Costa (2006) esclarece que não faz sentido falar em multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, mas em conceitos como: multiprofissionalidade, interprofissionalidade e transprofissionalidade. Isto porque as pessoas não estão ali como discípulos e mestres, mas como líderes e liderados no exercício de suas competências e habilidades profissionais, para resolver problemas concretos do dia-a-dia de uma comunidade educativa voltada para o enfrentamento e a resolução da problemática apresentada por jovens em conflito com a lei (COSTA, 2006, p.85). Desta forma, o sufixo “disciplinar” refere-se ao desenvolvimento do conhecimento em sua vertente epistemológica e o “profissional”, às práticas concretas. Nessa perspectiva de trabalho, incorpora-se como princípio a colaboração profissional, ou seja, os profissionais colocam à disposição e partilham entre si seus conhecimentos, especialização, experiência e habilidades, com vistas a proporcionar melhor atenção ao adolescente. Para Furtado (2009), essa lógica de colaboração baseia-se em valores humanistas e busca conduzir o foco dos profissionais à pessoa que será atendida e não aos territórios de especialização.
35 O autor entende que o profissionalismo, ou lógica profissional, faz com que o profissional evite o contato com a equipe por achar que a sua área é autosuficiente, ou por uma tentativa de delimitar estritamente os territórios de cada grupo profissional. Desse modo, o desenvolvimento das relações interpessoais se torna relevante no contexto institucional. Isto porque as atividades desenvolvidas em situação de trabalho estão permeadas de interações e sentimentos e dependendo da maneira com que o profissional perceba e aja nesse ambiente pode-se obter maior ou menor produtividade, isto é, os sentimentos influenciarão as interações e as próprias atividades, de forma cíclica (MOSCOVICI, 1985). Assim, sentimentos positivos de empatia e atração provocarão aumento de interação e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento, à menor comunicação, repercutindo desfavoravelmente nas atividades, com provável queda de produtividade (MOSCOVICI, 1985, p.25-6). O relacionamento interpessoal em um contexto institucional, pode, portanto, estimular um trabalho cooperativo e prazeroso, como também torná-lo tenso e conflitivo, gerando desintegração dos esforços, gasto demasiado de energia sem o retorno esperado, chegando até mesmo a uma dissolução do grupo de trabalho. De acordo com o Marco Conceptual de las Competencias del Educador Social (www.aieji.net), el trabajo de la educación social no es un trabajo en solitario. En gran parte depende de la colaboración de las partes implicadas, es decir, el niño, el adolescente, el adulto, el equipo, los usuarios, los padres, los familiares, los demás grupos profesionales, las autoridades etc (p.18). O fato de envolver tantos indivíduos na rotina de seu trabalho exige do educador social flexibilidade perceptiva e comportamental, que significa “procurar ver vários ângulos e aspectos da mesma situação e atuar de forma diferenciada, não-rotineira, experimentando novas condutas percebidas como alternativas de ação” (MOSCOVICI, 1985, p. 28). Para isso, na opinião desta autora, não basta a participação em cursos, seminários, leituras e experiência ou prática, faz-se necessário um treinamento especial, vivencial, que ela caracteriza como
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No caso do adolescente autor de atos infracionais <strong>em</strong> regime de internação e<br />
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Portanto, no trabalho socioeducativo desenvolvido <strong>em</strong> unidades e programas de<br />
atendimento, Costa (2006) esclarece que não faz sentido falar <strong>em</strong> multidisciplinaridade,<br />
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, mas <strong>em</strong> conceitos como: multiprofissionalidade,<br />
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as pessoas não estão ali como discípulos e mestres, mas como líderes e<br />
liderados no exercício de suas competências e habilidades profissionais, para<br />
resolver probl<strong>em</strong>as concretos do dia-a-dia de uma comunidade educativa<br />
voltada para o enfrentamento e a resolução da probl<strong>em</strong>ática apresentada por<br />
jovens <strong>em</strong> conflito com a lei (COSTA, 2006, p.85).<br />
Desta forma, o sufixo “disciplinar” refere-se ao desenvolvimento do<br />
conhecimento <strong>em</strong> sua vertente epist<strong>em</strong>ológica e o “profissional”, às práticas concretas.<br />
Nessa perspectiva de trabalho, incorpora-se como princípio a colaboração<br />
profissional, ou seja, os profissionais colocam à disposição e partilham entre si seus<br />
conhecimentos, especialização, experiência e habilidades, com vistas a proporcionar melhor<br />
atenção ao adolescente.<br />
Para Furtado (2009), essa lógica de colaboração baseia-se <strong>em</strong> valores humanistas<br />
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