EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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28 Esta afirmação pode ser mais bem entendida ao analisar dois editais de processos seletivos destinados ao provimento de vagas para o cargo/função de educador social. Realizado pela Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos – SMARH – da Prefeitura de Goiânia (GO), o processo seletivo simplificado nº 001/09 previa o provimento de 110 vagas existentes na Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS – para a função de educador social. Foram exigidos como requisitos para ocupação do cargo: que o candidato aprovado fosse maior de 18 anos na data da contratação, que tivesse o ensino médio completo e que tivesse disponibilidade de horário flexível de acordo com a necessidade da SEMAS. As atribuições estabelecidas ao cargo foram: executar, sob a coordenação de profissional de nível superior, ações de acolhida, atendimento e acompanhamento ao usuário da Assistência Social; implementar as atividades socioeducativas e de convivência; realizar visitas domiciliares e educação social de rua; participar de programas de capacitação e atividades de apoio na área de educação social e executar outras atividades afins. Já o concurso público realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal (processo seletivo número1/2008), destinou-se a selecionar candidatos para o cargo de Assistente Superior em Serviços Sociais – Educador Social. Como requisitos exigiram-se: diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de licenciatura plena ou bacharelado com complementação pedagógica em Programa Especial de Licenciatura (PEL) na área de ciências sociais, artes, artes cênicas, música, educação física, educação ambiental, ciências naturais, computação ou similar, expedido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, com formação e experiência comprovada em projetos sociais, em conformidade com a área de atuação. São itens apresentados na descrição sumária: planejar e executar atividades na área de educação social em serviços socioassistenciais da Política de Assistência Social, atendendo e acompanhando os usuários da assistência social em situação de risco e vulnerabilidade social e de direitos violados; propor e participar de projetos de capacitação; propor projetos de inclusão social e de cidadania; assessorar em atividades específicas da área de atuação; executar outras atividades da mesma natureza e nível de complexidade. Numa análise preliminar, diferenças significativas podem ser percebidas em relação aos órgãos proponentes dos concursos, às exigências de formação acadêmica, às funções a serem desempenhadas e à necessidade de experiência na área de atuação. Isso

29 mostra como a identidade do educador social é complexa, no sentido de possibilidades variadas de atuação, ao mesmo tempo em que revela a necessidade de se refletir e definir o território da Educação Social. Essa realidade, no entanto, não rompe com a necessidade da figura do educador social em nossa sociedade, mas, ao contrário, fortalece a importância desse profissional que veio substituir figuras repressivas e assistencialistas que o precederam, cuidando daqueles que são excluídos pelo sistema. Dessa forma, os chamados “excluídos” precisam de um investimento suplementar para que exerçam seus direitos na sociedade e tenham a possibilidade de um desenvolvimento pessoal. Esse investimento deve ser realizado pelo educador social. E nessa perspectiva, a figura do educador torna-se inseparável do avanço da consciência de direito. Caliman (2009) entende que o trabalho do educador social emerge, pois, como uma necessidade da sociedade industrializada, enquanto nela se desenvolve situações de risco e mal estar social que se manifestam nas formas da pobreza, da marginalidade, do consumo de drogas, do abandono e da indiferença social (p.54). Portanto, em geral, esse profissional toma conhecimento da necessidade de certas competências e habilidades e da própria dimensão de sua atuação através do contato com o campo, ou em processo contrário, ao refletir sobre sua prática percebe que esta se encontra nas fronteiras da Educação Social. Por isso, é mister uma formação específica, diferenciada para o educador social. Ribeiro (2009) pontua que não se trata de preparar um professor para aplicar um currículo dentro de uma instituição social, ou perceber os jovens como quem deve adaptar-se a esse currículo e à educação escolar, nem mesmo promover uma educação vazia de conteúdos. Para ela, o educador social subverte essa lógica, já que os conteúdos devem ser deliberados coletivamente a partir de questões e necessidades dos educandos na qualidade de sujeitos sociais. Todavia, cabe aqui suscitar uma reflexão acerca do uso do termo educador ao invés de professor. A prática do educador social configura-se como algo dinâmico, fluído. Não há um espaço nem um tempo determinado ao aprendizado, no sentido que este pode ser realizado em todo espaço e em todo tempo. Sua ação vai além da técnica, do enfoque na

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mostra como a identidade do educador social é complexa, no sentido de possibilidades<br />

variadas de atuação, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que revela a necessidade de se refletir e definir o<br />

território da Educação Social.<br />

Essa realidade, no entanto, não rompe com a necessidade da figura do educador<br />

social <strong>em</strong> nossa sociedade, mas, ao contrário, fortalece a importância desse profissional que<br />

veio substituir figuras repressivas e assistencialistas que o precederam, cuidando daqueles que<br />

são excluídos pelo sist<strong>em</strong>a.<br />

Dessa forma, os chamados “excluídos” precisam de um investimento supl<strong>em</strong>entar<br />

para que exerçam seus direitos na sociedade e tenham a possibilidade de um desenvolvimento<br />

pessoal. Esse investimento deve ser realizado pelo educador social. E nessa perspectiva, a<br />

figura do educador torna-se inseparável do avanço da consciência de direito.<br />

Caliman (2009) entende que<br />

o trabalho do educador social <strong>em</strong>erge, pois, como uma necessidade da<br />

sociedade industrializada, enquanto nela se desenvolve situações de risco e<br />

mal estar social que se manifestam nas formas da pobreza, da marginalidade,<br />

do consumo de drogas, do abandono e da indiferença social (p.54).<br />

Portanto, <strong>em</strong> geral, esse profissional toma conhecimento da necessidade de<br />

certas competências e habilidades e da própria dimensão de sua atuação através do contato<br />

com o campo, ou <strong>em</strong> processo contrário, ao refletir sobre sua prática percebe que esta se<br />

encontra nas fronteiras da Educação Social.<br />

Por isso, é mister uma formação específica, diferenciada para o educador social.<br />

Ribeiro (2009) pontua que não se trata de preparar um professor para aplicar um currículo<br />

dentro de uma instituição social, ou perceber os jovens como qu<strong>em</strong> deve adaptar-se a esse<br />

currículo e à educação escolar, n<strong>em</strong> mesmo promover uma educação vazia de conteúdos. Para<br />

ela, o educador social subverte essa lógica, já que os conteúdos dev<strong>em</strong> ser deliberados<br />

coletivamente a partir de questões e necessidades dos educandos na qualidade de sujeitos<br />

sociais.<br />

Todavia, cabe aqui suscitar uma reflexão acerca do uso do termo educador ao<br />

invés de professor. A prática do educador social configura-se como algo dinâmico, fluído.<br />

Não há um espaço n<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po determinado ao aprendizado, no sentido que este pode ser<br />

realizado <strong>em</strong> todo espaço e <strong>em</strong> todo t<strong>em</strong>po. Sua ação vai além da técnica, do enfoque na

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