EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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03.09.2014 Views

158 com autistas me fez confirmar a capacidade da música, por ser efêmera, abstrata, não palpável, de atuar sobre o ser humano de modo imediato e de abrir canais de comunicação. Ao atender outras crianças em contexto escolar, procurei considerar como estas percebiam o ambiente, a maneira como se relacionavam com as outras crianças, com os professores, com os pais, e passei a utilizar a música enfocando seus aspectos lúdicos, promovendo experiências musicais prazerosas, que elas pudessem aprender e criar, imaginando-se em outros papéis, frente a situações desafiantes. Com adolescentes prévestibulandos em situação de vulnerabilidade social, as concepções acerca de um bom futuro, o significado de estudar em uma instituição pública, o desejo de ter um trabalho e a ansiedade e medo por terem que realizar escolhas significativas conduziram-me a trabalhar com a música de forma a auxiliar na construção da identidade desses jovens. Já no desenvolvimento de equipes na área organizacional, as crenças sobre o mercado de trabalho, o dinheiro, a importância daquele emprego e as formas de comunicação entre os funcionários me deram apontamentos para como a música poderia ser utilizada naquele ambiente, em um primeiro momento viabilizando um diagnóstico e análise do clima organizacional e em seguida, propondo intervenções nessas relações. Ao lidar com pessoas na terceira idade, atentar-me para as suas ideias sobre saúde, doença e perspectivas para o futuro, fez-me trabalhar com a música como um elemento capaz de resgatar lembranças e ressignificá-las. Examinando essa trajetória, concluo também que o envolvimento com a música e com as representações sociais de cada clientela são pontes para o encontro terapêutico, pois quanto mais eu conheço as representações sociais dos clientes atendidos, mais sentido têm seus discursos e práticas musicais, e então cria-se uma zona de confiança, em que o meu corpo, enquanto musicoterapeuta, em contato com o corpo do cliente vai construindo outros corpos sonoros e novas representações a partir dessa relação. Deste modo, em decorrência das vivências musicais nos diferentes grupos sociais ao longo da minha vida, de minhas experiências musicais musicoterapêuticas, do contato com as diversas teorias sobre música em Musicoterapia e da prática da Musicoterapia com diferentes clientelas, posso dizer que o núcleo central de minhas representações sociais de música hoje situa-se na corporeidade. Isto é, na concepção de que a música atua no ser humano como ser complexo, estando todas as qualidades e dimensões pertencentes ao humano enraizadas em seu corpo. Portanto, percebo o corpo como instrumento relacional com o mundo, por meio das dimensões física, emocional-afetiva, mental-espiritual e sócio-

159 históricocultural. Todas essas dimensões estão indissociadas na totalidade do ser humano, constituindo sua subjetividade. Considero a música um importante elemento terapêutico que organiza, incentiva, aglutina, resgata imagens e símbolos. Música que possui tramas sociais imbricadas com o passado, presente e futuro, em um tempo de multiplicidades. Música como capaz de produzir corpos sonoros e subjetividades. Buscando averiguar os resultados dos atendimentos musicoterapêuticos aos educadores sociais sob outra ótica que não as deles mesmos, serão apresentados a seguir os resultados das entrevistas com os coordenadores da equipes institucionais UNI A e UNI B. Entrevista Final com os gerentes das instituições - UNI A e UNI B Como etapa final da pesquisa, aproximadamente um mês após o encerramento dos atendimentos musicoterapêuticos, foram realizadas entrevistas com os gerentes da UNI A e UNI B. Consideramos que esse prazo seria adequado para que os conteúdos vivenciados com os educadores sociais na Musicoterapia pudessem repercutir nas instituições através de suas práticas sem, no entanto, que os resultados se “misturassem” aos de outras atividades realizadas pelos mesmos participantes, tais como cursos, palestras e reuniões. Notamos que os entrevistados apresentaram respostas semelhantes. Em relação à observação de mudanças no ambiente de trabalho durante e/ou após a realização da pesquisa, os entrevistados afirmaram que os educadores sociais participantes dos atendimentos musicoterapêuticos comentaram o quanto foi bom participar deste trabalho: “as pessoas disseram que gostaram muito. Todos os comentários foram positivos”. No entanto, ainda que tenha acarretado mudanças no âmbito pessoal, não foram verificadas alterações nas práticas dos educadores. Um dos entrevistados ressaltou que pela proximidade da entrevista com o término dos atendimentos, não houve tempo para uma melhor análise da repercussão do trabalho e acreditava que as mudanças vinculadas aos atendimentos ainda poderiam ser expressas nas práticas diárias dos educadores. Outro ponto abordado foi que no início do ano foi realizado um trabalho pedagógico com alguns monitores da UNI B que trouxe mudanças no trato dos educadores com os adolescentes. Assim, um dos entrevistados concluiu que a equipe estando em um bom

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históricocultural. Todas essas dimensões estão indissociadas na totalidade do ser humano,<br />

constituindo sua subjetividade. Considero a música um importante el<strong>em</strong>ento terapêutico que<br />

organiza, incentiva, aglutina, resgata imagens e símbolos. <strong>Música</strong> que possui tramas sociais<br />

imbricadas com o passado, presente e futuro, <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po de multiplicidades. <strong>Música</strong> como<br />

capaz de produzir corpos sonoros e subjetividades.<br />

Buscando averiguar os resultados dos atendimentos musicoterapêuticos aos<br />

educadores sociais sob outra ótica que não as deles mesmos, serão apresentados a seguir os<br />

resultados das entrevistas com os coordenadores da equipes institucionais UNI A e UNI B.<br />

Entrevista Final com os gerentes das instituições - UNI A e UNI B<br />

Como etapa final da pesquisa, aproximadamente um mês após o encerramento dos<br />

atendimentos musicoterapêuticos, foram realizadas entrevistas com os gerentes da UNI A e<br />

UNI B. Consideramos que esse prazo seria adequado para que os conteúdos vivenciados com<br />

os educadores sociais na Musicoterapia pudess<strong>em</strong> repercutir nas instituições através de suas<br />

práticas s<strong>em</strong>, no entanto, que os resultados se “misturass<strong>em</strong>” aos de outras atividades<br />

realizadas pelos mesmos participantes, tais como cursos, palestras e reuniões.<br />

Notamos que os entrevistados apresentaram respostas s<strong>em</strong>elhantes. Em relação à<br />

observação de mudanças no ambiente de trabalho durante e/ou após a realização da pesquisa,<br />

os entrevistados afirmaram que os educadores sociais participantes dos atendimentos<br />

musicoterapêuticos comentaram o quanto foi bom participar deste trabalho: “as pessoas<br />

disseram que gostaram muito. Todos os comentários foram positivos”. No entanto, ainda que<br />

tenha acarretado mudanças no âmbito pessoal, não foram verificadas alterações nas práticas<br />

dos educadores.<br />

Um dos entrevistados ressaltou que pela proximidade da entrevista com o término<br />

dos atendimentos, não houve t<strong>em</strong>po para uma melhor análise da repercussão do trabalho e<br />

acreditava que as mudanças vinculadas aos atendimentos ainda poderiam ser expressas nas<br />

práticas diárias dos educadores.<br />

Outro ponto abordado foi que no início do ano foi realizado um trabalho<br />

pedagógico com alguns monitores da UNI B que trouxe mudanças no trato dos educadores<br />

com os adolescentes. Assim, um dos entrevistados concluiu que a equipe estando <strong>em</strong> um bom

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