EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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Esclarec<strong>em</strong>os ainda que um primeiro objeto das representações sociais<br />
configurou-se como a interação dos educadores com o ambiente, e utilizamos<br />
preferencialmente a música para compreender tal interação. Portanto, essa “relação com o<br />
ambiente” abrange a relação dos educadores sociais com eles mesmos, com os adolescentes e<br />
com outros profissionais.<br />
Há de se ressaltar que o sentido de representações sociais não restringe apenas à<br />
reprodução, mas também à produção; isto é, práticas, obras, atitudes, imagens e opiniões<br />
pod<strong>em</strong> ser veículos e expressões das representações, podendo tanto receber influências como<br />
influenciar a explicação e constituição dos fatos (RANGEL, 1997).<br />
Assim, ao analisarmos os dados, verificamos que os educadores sociais que atuam<br />
junto a adolescentes autores de atos infracionais tend<strong>em</strong> a permanecer trabalhando na área.<br />
Entretanto, o alto índice de cargos comissionados e contratos t<strong>em</strong>porários são considerados<br />
el<strong>em</strong>entos dificultadores na continuidade de atuação na área e na construção de uma equipe de<br />
trabalho mais afinada. Isso foi constatado durante os encontros musicoterapêuticos <strong>em</strong> que<br />
uma participante optou por não comparecer mais aos encontros devido ao encerramento<br />
inesperado de seu contrato e desligamento da instituição. Isso trouxe certo desconforto e<br />
insegurança aos outros participantes, desencadeando o receio de também perder<strong>em</strong> seus<br />
cargos, além da preocupação com a continuidade do trabalho que estava sendo desenvolvido<br />
por essa educadora. Portanto, perceb<strong>em</strong>os que a idéia do concurso público como forma de<br />
alcançar estabilidade profissional e a aposentadoria são alternativas almejadas por esses<br />
educadores.<br />
Verificamos também que os educadores sociais têm a imag<strong>em</strong> de seu ambiente de<br />
trabalho permeada por um clima de violência, medo e carência. Apesar de <strong>em</strong> seus relatos não<br />
constar<strong>em</strong> casos de agressão física, a presença de agressões verbais foi um t<strong>em</strong>a recorrente <strong>em</strong><br />
suas falas. A carência é ressaltada tanto <strong>em</strong> relação aos adolescentes, por ter<strong>em</strong> famílias<br />
desestruturas, condições econômicas precárias e/ou expressões de afeto escassas, quanto <strong>em</strong><br />
relação à infraestrutura das instituições de privação de liberdade.<br />
Observamos que a compreensão de que se trabalha <strong>em</strong> um ambiente de perigo e<br />
risco ora é alimentada por outros grupos sociais, como familiares, amigos e a própria mídia,<br />
ora pelos próprios educadores ao presenciar<strong>em</strong> determinadas situações de confronto e/ou<br />
tentativas de fuga por parte dos adolescentes, e consequent<strong>em</strong>ente os educadores, na maioria<br />
das vezes, trabalham contando com um outro, no sentido de se resguardar.