EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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138 conhecer o outro, porque é parte de nós e a gente não sabe como lidar com isso melhor, né?” Refletindo sobre o que é a música, Talita comentou: “tem músicas que falam pela gente, acho que tem coisas que a gente não consegue falar e fala assim „poxa, essa música é a minha cara, é a minha vida, eu já passei por isso.‟” Clara chegou atrasada e explicou que havia perdido o ônibus. Ela comentou que estava bem e retomou o assunto da possibilidade de um aumento salarial, e enfatizou que nunca poderia perder a esperança. Após esse momento de acolhimento, aplicamos a técnica da audição musical. Os participantes foram conduzidos a refletir sobre a escuta das quatro músicas, cada uma delas associadas a um elemento da natureza – terra, ar, fogo e água – e em como símbolos associavam-se às suas próprias características pessoais. “Acho que tenho um pouco de ar... eu gosto de resolver logo o problema, né? Eu quero acabar logo com o problema, não gosto de ficar aquela coisa disse-me-disse. E de água... É que eu tenho um pouco aí da mãezona, né? Estou sempre cuidando dos outro, então a gente fica mais de mãezona. Agora eu sou alérgica até a terra, morro de medo de morrer porque vou pra terra.” (Clara) “Eu consigo perceber a água em mim... Porque a minha mãe é assim, se acontece alguma coisa „vamos ligar pra Talita‟. O meu irmão briga com ela „vamos ligar pra Talita‟. Se o meu pai fica doente „não, vamos ligar pra Talita‟...” (Talita) “Uai, eu me identifiquei mesmo foi com o vento. O som do vento é forte, o vento leva, traz a água que molha a terra. Tem uma sutileza e uma presença inanimada. Acho que o vento, todos os quatro elementos são muito bons, mas o que eu me identifiquei mesmo foi o vento.” (Leandro) Ao discutirmos sobre como isso se aplicava ao ambiente de trabalho, Clara ressaltou que o fato de ser mais velha proporcionava maturidade e autoconhecimento, o que a auxiliava a perceber os adolescentes de uma forma diferenciada. Talita comentou sobre a necessidade de construir uma relação de respeito e aceitar o outro, o que também foi evidenciado no grupo I como “jogo de cintura”:

139 “Hoje eu já me sinto mais compreensiva em relação aos meninos, eu sei que eles cometeram um ato... Eles cometeram um ato, mas a gente sabe perdoar, sabe relevar. Porque quando a gente está mais nova a gente quer punir aquilo, mas fala e não sabe o que fala. É porque é jovem ainda, é por conta da idade, não tem ainda assim essa vivência...” (Clara). “Eu vejo assim que quando a gente começa a aceitar o próximo da maneira que ele é, eu acredito que aquele menino sofre menos porque a gente vai respeitando a maneira dele. Então você tem que respeitar de alguma forma, um jeito pra ter uma boa vizinhança.” (Talita) Tratando de forma mais específica sobre o papel do monitor, Helena evidenciou suas representações. Ela comentou que procurava agir de forma humanizada com os adolescentes, mas em alguns momentos é necessário restringir essa ação, devido às normas da instituição; há a vontade de ser formadora de opiniões, mas ela ressaltou a necessidade do respeito e do cumprimento das medidas que outros profissionais colocam e concluiu ressaltando a necessidade de um trabalho em equipe: “o pessoal tudo fala que eu sou a mãezona, porque eu estou lá para reeducar, orientar, ajudar, esclarecer, acalmar, esse é o meu papel de educadora. Alguns dizem „isso daí são bandidos, você não devia estar dando água gelada pra ele não‟. Nossa! Isso dói na minha alma, dói, e eu dou a água. Só quando eles estão cumprindo a medida no papel, você tem que respeitar! As medidas do seu superior, seu gerente, das meninas, das psicólogas. Então eu tenho respeito, porque eu respeito o trabalho de qualquer um. Então a gente tem que respeitar opiniões das pessoas. A gente tem que ser formador de opiniões. Mas o trabalho da gente é isso mesmo, se você não dividir, não somar, não ajudar, não der sua mão pra um, pra outro, você não vai...” Helena ainda retomou a importância que os encontros tinham para ela: “isso aqui, nós vamos tirar muitos exemplos pra nós levar lá pra base, você não imagina o tanto que está fazendo bem pra mim”. Outros participantes concordaram e comentaram, e então finalizamos o atendimento. No sexto atendimento compareceram Clara, Helena, Rodrigo e Talita. O grupo comentou sobre a ausência de Beatriz e que ela ainda estava em um momento de luto, mas demonstrava mais ânimo no trabalho. Após um aquecimento corporal com estimulação do toque, aplicamos a técnica de audição musical com movimentação corporal e variação das

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“Hoje eu já me sinto mais compreensiva <strong>em</strong> relação aos meninos, eu sei que<br />

eles cometeram um ato... Eles cometeram um ato, mas a gente sabe perdoar,<br />

sabe relevar. Porque quando a gente está mais nova a gente quer punir<br />

aquilo, mas fala e não sabe o que fala. É porque é jov<strong>em</strong> ainda, é por conta<br />

da idade, não t<strong>em</strong> ainda assim essa vivência...” (Clara).<br />

“Eu vejo assim que quando a gente começa a aceitar o próximo da maneira<br />

que ele é, eu acredito que aquele menino sofre menos porque a gente vai<br />

respeitando a maneira dele. Então você t<strong>em</strong> que respeitar de alguma forma,<br />

um jeito pra ter uma boa vizinhança.” (Talita)<br />

Tratando de forma mais específica sobre o papel do monitor, Helena evidenciou<br />

suas representações. Ela comentou que procurava agir de forma humanizada com os<br />

adolescentes, mas <strong>em</strong> alguns momentos é necessário restringir essa ação, devido às normas da<br />

instituição; há a vontade de ser formadora de opiniões, mas ela ressaltou a necessidade do<br />

respeito e do cumprimento das medidas que outros profissionais colocam e concluiu<br />

ressaltando a necessidade de um trabalho <strong>em</strong> equipe:<br />

“o pessoal tudo fala que eu sou a mãezona, porque eu estou lá para<br />

reeducar, orientar, ajudar, esclarecer, acalmar, esse é o meu papel de<br />

educadora. Alguns diz<strong>em</strong> „isso daí são bandidos, você não devia estar dando<br />

água gelada pra ele não‟. Nossa! Isso dói na minha alma, dói, e eu dou a<br />

água. Só quando eles estão cumprindo a medida no papel, você t<strong>em</strong> que<br />

respeitar! As medidas do seu superior, seu gerente, das meninas, das<br />

psicólogas. Então eu tenho respeito, porque eu respeito o trabalho de<br />

qualquer um. Então a gente t<strong>em</strong> que respeitar opiniões das pessoas. A gente<br />

t<strong>em</strong> que ser formador de opiniões. Mas o trabalho da gente é isso mesmo, se<br />

você não dividir, não somar, não ajudar, não der sua mão pra um, pra<br />

outro, você não vai...”<br />

Helena ainda retomou a importância que os encontros tinham para ela: “isso aqui,<br />

nós vamos tirar muitos ex<strong>em</strong>plos pra nós levar lá pra base, você não imagina o tanto que está<br />

fazendo b<strong>em</strong> pra mim”. Outros participantes concordaram e comentaram, e então finalizamos<br />

o atendimento.<br />

No sexto atendimento compareceram Clara, Helena, Rodrigo e Talita. O grupo<br />

comentou sobre a ausência de Beatriz e que ela ainda estava <strong>em</strong> um momento de luto, mas<br />

d<strong>em</strong>onstrava mais ânimo no trabalho. Após um aquecimento corporal com estimulação do<br />

toque, aplicamos a técnica de audição musical com movimentação corporal e variação das

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