EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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Dessa forma, o ECA trouxe avanços em relação à problemática dos adolescentes
autores de atos infracionais. Porém, para a eficiente implantação deste, depara-se ainda com
inúmeros entraves. Afinal, não se trata de mudanças simples, mas sim de alterações
estruturais que demandam longo prazo (COSTA, 2006; MARQUES, 2009).
Sabe-se que a medida de internação é aquela que coloca o adolescente sob
custódia do Estado, privando-o de liberdade total ou parcial. A partir do momento em que esta
pesquisadora tomou conhecimento da existência dessas instituições de internação, surgiu o
interesse em conhecê-las e investigar a realidade dos profissionais que ali atuam.
Após estudos iniciais, ficou evidenciado que esses profissionais são chamados de
educadores sociais, e que esta área, a Educação Social, vive atualmente no Brasil um
momento de expansão e sistematização de seus conteúdos, métodos, espaços de pesquisa e de
intervenção. Vigoram movimentos para a regulamentação dessa profissão e promovem-se
articulações em prol da construção de cursos de graduação em Pedagogia Social,
considerando, inclusive, a possibilidade de habilitações específicas em Educação rural,
hospitalar, em saúde, em regimes de privação de liberdade, de rua etc (SILVA et al, 2009).
Sobre a especificidade da atuação dos educadores sociais em instituições de
privação de liberdade, Carvalho (2004) pondera que:
pelo contato ininterrupto com os adolescentes, estes profissionais têm a
possibilidade de criar um contexto educativo. Cumpre acompanhar e intervir
junto aos adolescentes em suas questões comportamentais, de
relacionamento com seus pares e com outros profissionais, seus ideais, suas
frustrações, e sua leitura de mundo e de vida em sociedade. É por meio da
atuação desses profissionais que a medida socioeducativa se materializa na
vida desses adolescentes (p.2).
No entanto, apesar de ser evidente a necessidade de uma atuação diferenciada,
muitos desses educadores não recebem formação ou orientação específica para
desenvolverem seus trabalhos, sendo extremamente escassa a atenção à dimensão pessoal
destes profissionais (CARO e GUZZO, 2004). Diante dessas considerações, percebeu-se que
o potencial da Musicoterapia poderia contribuir no contexto socioeducativo por meio de
encontros musicoterapêuticos com os educadores sociais. Partindo do princípio de que não se
pode auxiliar a desenvolver nos outros aspectos que ainda não foram desenvolvidos em si
mesmo, esses encontros ofereceriam possibilidades para re-produzir o “ser-em-grupo” e
trabalhar, com os educadores sociais, a produção de corpos sonoros e subjetividades.