EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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136 “teve uma época que eu tentei participar de um programa de paródia que havia no SBT... Eu cheguei a fazer uma e mandar uma carta, mas não teve retorno...” (Rodrigo) “eu achei ótimo, mas como você viu, eu não estou cantando ninguém (risos), porque amanheci hoje com a minha garganta ruim. Minha garganta de uns tempos pra cá está assim: piora, melhora... Tinha melhorado, mas hoje eu amanheci... e estava doendo e a voz rouca.” (Beatriz) Essas falas têm ressonância com as apresentadas na entrevista e podem ter surgido a partir de uma racionalização dos participantes ao perceberem que se expressaram de forma espontânea, ou podem ainda estar ligadas a sentimentos de insegurança e baixa auto-estima, no sentido de não reconhecerem suas capacidades e não se permitirem vivenciar situações agradáveis, como é visto na fala de Rodrigo: “existe um medo de expressar alegria, mas na hora que o trem começa a deslanchar fica bom”. O grupo também expôs como essa atividade evocou lembranças e um sentimento nostálgico, possibilitando reviver um tempo marcado pela tranquilidade, como comentou Clara: “o som do violão mexe comigo, eu volto ao passado, relembro minha vida. Igual a serenata, na época de criança, a gente morava no interior, né?(...)A gente sentava e meu pai começava a bater, cantar aqueles embolados que o povo cantava antigamente: um pedaço de uma música, um pedaço de outra.” (Clara) Sobre a escolha dos instrumentos musicais e a semelhança das características destes com a própria pessoa, este grupo pareceu mais interessado em buscar repostas. Clara disse que percebia dois sentidos em seu instrumento: ora se assemelhava com a batida do coração, que segundo ela dava sentido à vida; e ora também ao som do relógio, que a lembrava de ter que despertar para o trabalho. Os participantes continuaram conversando sobre como foi aquela experiência, descreveram como normalmente reagem a algumas situações e então chegaram a um processo de dar e receber feedback. Helena ressaltou ainda o desejo de proporcionar experiências como essas aos adolescentes: “ah! Mas é muito bom, né? Esse momento né, gente? É aí que a gente sente desejo no coração de levar praqueles adolescentes, sentar junto com eles
137 né?! Se tivesse os instrumentos, estar tocando junto com eles, cantando, passando um pouquinho dessa alegria, dessa nostalgia da música, né? Junto é muito bom, a gente esquece de muitas coisas e sente bem, né? Você vê, o seu João, a gente trabalhou junto muito tempo, né Seu João? E eu nunca tinha visto o seu João cantar assim. Quando ele começou a cantar aí eu me senti bem, aí minha voz saiu, eu pensei „ixi, tem que sair alguma coisa de mim (...) então isso aqui pra mim está sendo um momento muito bom mesmo, do fundo do meu coração. E a gente se sente em quando reúne assim, junto com os colegas de trabalho. A gente quer cada um assim... É... Dar um pouquinho da gente assim, né?”(Helena) Ao final, quando pedimos para que cada participante deixasse um som, Clara iniciou dizendo “felicidade”, e esclareceu que esse era o sentimento que tivera ao estar ali, que essa atividade a ajudara a diminuir um pouco o estresse e a timidez; disse ainda que queria deixar um som de muita paz e cantou “cubra o teu manto de amor, guarda-me com teu coração... ” fazendo referência à canção de Roberto Carlos “Nossa Senhora”. Em seguida, Helena disse que fora muito bom estar ali, que fora crescimento para sua vida e que pretendia se acalmar mais. Ela ficou de pé e chacoalhando o afoxé, sambou para o grupo, cantando “olelê, olalá! Uhu!”. Beatriz fez um som com as unhas de cabra e disse “paz e sossego”. Para finalizar, Rodrigo tocou a flauta doce e perguntou se alguém conseguia adivinhar qual era a música. Clara respondeu “Parabéns para você” e acertou. Ele disse que queria parabenizar a todos pela confiança e alegria que o contagiaram e o fizeram se soltar e até cantar, o que em outra ocasião ele não faria. O quinto encontro iniciou com os participantes fazendo comentários sobre a possibilidade de um reajuste salarial, devido ao risco da profissão. Comunicamos a ausência da co-terapeuta e também de Beatriz. A participante justificou que um parente próximo havia falecido. O tema mobilizou o grupo. Helena relatou que mesmo tendo passado por um processo cirúrgico se esforçou para não faltar, deixando de pegar o resultado de um exame, e que estava bastante animada com os encontros. Rodrigo lembrou-se que completava trinta dias que também havia perdido um ente querido, e bastante emocionado, como que contendo um choro, disse: “no começo, achei que ia desistir de tudo... mas aí eu comecei a pensar e ver que precisava continuar. E aqui eu comecei a cantar...”. Leandro comentou sobre a importância desse trabalho por envolver música e terapia: “eu acho que a música é muito importante na vida das pessoas, no lazer... A terapia tem um papel muito importante historicamente porque aprende a importância das pessoas. As pessoas precisam aprender a ouvir, aprender a
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