EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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132 Sandra: É, aí a gente pode fazer, ainda mais eu que não gosto do preto no branco, ficou bem minha cara, „pink‟, violão com brilho... E se fosse por mim eu ia passar brilho nesse negócio e ia ficar tudo brilhoso. E é muito gostoso a gente lembra de um tempo bem primário, na infância quando a gente fazia essas coisas, sempre que tiver a oportunidade, é muito gostoso fazer. Tereza: No nosso trabalho, alguém viu e falou „excelente‟, mas o excelente é justamente as misturas. A flor que um colocou, o babadinho que o outro faz, porque a gente tem mania do formal. E quando cada um contribui você olha e fala „Uau! Ficou show‟. E isso daqui ficou a cara de todo mundo, nas frases, em tudo. Eu não consigo ver outra forma de suportar a opressão sem ser no coletivo. Não consigo. (...) Nós precisamos olhar o que realmente nós estamos defendendo, e quando eu vejo esse trabalho com um pedacinho de cada um e vejo o tanto que ficou lindo eu volto a confiar no coletivo. Olha aí, a gente dá conta. Eu sozinha falta... Quando tem um, tem outro é diferente. Vanessa: E tem hora que lá no meu trabalho, dependendo do meu estado, eu me sinto segura quando as minhas colegas com o olhar delas me ajuda... Às vezes a gente não chega nem a conversar, mas você percebe, eu sinto uma harmonia que eu estou bem e elas sentem que eu não estou. Ressaltamos a beleza do painel e a eficiência do grupo em produzi-lo. Pontuamos ainda como o grupo chegou naquele espaço preocupado com o que os encontros poderiam lhe oferecer, que conteúdos seriam passados e como esses pensamentos foram dando lugar aos sentimentos, às emoções. Para finalizarmos, perguntamos ao grupo o que eles gostariam de fazer com o painel. Nesse momento, surgiu uma nova questão para o grupo lidar e outra vez os participantes tiveram opiniões divergentes. Porém, percebemos certo progresso quanto à capacidade de expor as ideias e mobilização para chegar ao um consenso. Assim, algumas das alternativas que emergiram foram: mostrar ao Grupo II; e/ou expor nas instituições, como uma mensagem para aqueles que não estiveram no trabalho. Sandra defendeu que por aquele painel ser um trabalho do grupo era importante que ele ficasse com o grupo, já que outras pessoas não entenderiam o sentido daquela produção. Walter argumentou que independente de os observadores terem participado ou não do trabalho, cada um teria uma compreensão diferente. Após algum tempo de discussão sem chegarem a um consenso, alguns participantes se queixaram que o horário de encerramento havia sido ultrapassado. Essas queixas pareciam ter o objetivo de fazer com que nós, musicoterapeutas, tomássemos uma decisão e tivéssemos uma postura diretiva novamente. Não avaliando como saudável ao grupo
133 caso tal intervenção de nossa parte fosse repetida, comunicamos que a decisão poderia ser tomada no décimo encontro. Ficou ainda acordado entre nós, as musicoterapeutas, que só retomaríamos essa questão caso os membros do grupo se manifestassem. Encontros Musicoterapêuticos – Grupo II 35 No primeiro encontro do Grupo II, cinco participantes estiveram presentes: Beatriz, Clara, Leandro, Rodrigo e Talita. Realizamos, então, apresentação através do canto, seguido da aplicação da técnica do sociograma e construção do contrato terapêutico. Por termos vivenciado as mesmas técnicas anteriormente com o Grupo I, nos sentimos mais tranquilas e entrosadas para estarmos com o Grupo II 36 , dando um tempo maior em cada atividade para que os participantes pudessem se envolver mais. Os educadores também responderam de forma diferenciada do Grupo I, com uma postura mais leve e descontraída, mais entregues à proposta, brincando com a voz e improvisando frases melódicas com rimas e sons onomatopéicos. Essa postura do grupo se estendeu também ao momento do sociograma. Ao perguntarmos se alguém gostaria de saber mais alguma informação sobre os participantes, Talita se mostrou interessada em conhecer a religião de cada um e disse que era ateia. Quanto ao contrato terapêutico, o grupo se mostrou mais rígido com relação à tolerância a atrasos, porém mais compreensivo em relação a faltas, permitindo três faltas consecutivas. Finalizamos o encontro com uma dança circular, em que os participantes se movimentaram com espontaneidade, explorando movimentos tanto com os membros inferiores quanto superiores. No segundo encontro tivemos a presença de Beatriz, Talita, Clara e Helena, sendo o primeiro encontro de Helena. A técnica da re-criação musical com imagens trouxe temas vinculados especialmente à família. A figura escolhida por Beatriz foi uma águia (Anexo IX). Ela explicou que o que mais chamou a sua atenção foi a postura firme do animal 35 Os encontros musicoterapêuticos eram planejados previamente, o que não suprimia a possibilidade de alterações de acordo com o processo grupal. Assim, partindo do mesmo planejamento para a realização dos encontros sempre tínhamos o cuidado de avaliarmos se aquelas técnicas eram adequadas ao processo de cada grupo. No entanto, utilizadas com alguns objetivos diferentes, ao final observamos que foram realizadas as mesmas técnicas no grupo I e II. Notamos ainda, que esse modo de trabalho favoreceu a comparação dos dados obtidos, ressaltando as similaridades e as diferenças entre as identidades grupais. 36 Esse foi um fato recorrente durante todo o processo, devido os encontros do grupo II sucederem os do grupo I.
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retomaríamos essa questão caso os m<strong>em</strong>bros do grupo se manifestass<strong>em</strong>.<br />
Encontros Musicoterapêuticos – Grupo II 35<br />
No primeiro encontro do Grupo II, cinco participantes estiveram presentes:<br />
Beatriz, Clara, Leandro, Rodrigo e Talita. Realizamos, então, apresentação através do canto,<br />
seguido da aplicação da técnica do sociograma e construção do contrato terapêutico. Por<br />
termos vivenciado as mesmas técnicas anteriormente com o Grupo I, nos sentimos mais<br />
tranquilas e entrosadas para estarmos com o Grupo II 36 , dando um t<strong>em</strong>po maior <strong>em</strong> cada<br />
atividade para que os participantes pudess<strong>em</strong> se envolver mais.<br />
Os educadores também responderam de forma diferenciada do Grupo I, com uma<br />
postura mais leve e descontraída, mais entregues à proposta, brincando com a voz e<br />
improvisando frases melódicas com rimas e sons onomatopéicos. Essa postura do grupo se<br />
estendeu também ao momento do sociograma. Ao perguntarmos se alguém gostaria de saber<br />
mais alguma informação sobre os participantes, Talita se mostrou interessada <strong>em</strong> conhecer a<br />
religião de cada um e disse que era ateia. Quanto ao contrato terapêutico, o grupo se mostrou<br />
mais rígido com relação à tolerância a atrasos, porém mais compreensivo <strong>em</strong> relação a faltas,<br />
permitindo três faltas consecutivas. Finalizamos o encontro com uma dança circular, <strong>em</strong> que<br />
os participantes se movimentaram com espontaneidade, explorando movimentos tanto com os<br />
m<strong>em</strong>bros inferiores quanto superiores.<br />
No segundo encontro tiv<strong>em</strong>os a presença de Beatriz, Talita, Clara e Helena,<br />
sendo o primeiro encontro de Helena. A técnica da re-criação musical com imagens trouxe<br />
t<strong>em</strong>as vinculados especialmente à família. A figura escolhida por Beatriz foi uma águia<br />
(Anexo IX). Ela explicou que o que mais chamou a sua atenção foi a postura firme do animal<br />
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alterações de acordo com o processo grupal. Assim, partindo do mesmo planejamento para a realização dos<br />
encontros s<strong>em</strong>pre tínhamos o cuidado de avaliarmos se aquelas técnicas eram adequadas ao processo de cada<br />
grupo. No entanto, utilizadas com alguns objetivos diferentes, ao final observamos que foram realizadas as<br />
mesmas técnicas no grupo I e II. Notamos ainda, que esse modo de trabalho favoreceu a comparação dos dados<br />
obtidos, ressaltando as similaridades e as diferenças entre as identidades grupais.<br />
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