EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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118 necessidade dos profissionais poderem contar uns com os outros. Walter fez uma conexão relevante entre a técnica vivenciada e o ambiente de trabalho: “às vezes eu me sinto sozinho ao realizar o trabalho... Mas, bater muito de frente, sem dialogar, torna o trabalho mais difícil... O adolescente pode se expressar mais em algumas atividades do que em outras, e eu fico atento a isso para passar a equipe, contribuir com a equipe.” O educador disse ainda que ficou assustado inicialmente com a proposta, e ressaltou a necessidade de se tentar, antes de se limitar: “muitas vezes o ambiente de trabalho cria o limite e a gente aceita”. Catarina colocou que o medo, às vezes, também atrapalha. Bruno, ao final, disse gostar da canção criada e percebeu que a “cada encontro se dá um passo a frente”. Transformação É na mudança que conquistamos a transformação dentro de nós Saber conquistar, saber transformar Depende de nós, depende de nós As coisas são difíceis, parece não ter solução Às vezes desistimos antes de entrar em ação Lembre-se que a mudança depende de nós Acredite na força que está dentro de nós Acredite na força que está dentro de nós Acredite na força que está dentro de nós Saber conquistar, saber transformar Depende de nós, depende de nós Ao analisarmos essa produção musical (Anexo VII), percebemos que a letra da música vem reforçar a coletividade e a responsabilidade de cada educador dentro do processo de mudança. No entanto, sua harmonia é marcada pela previsibilidade e suas frases melódicas são repetitivas, permanecendo com intervalos de segunda e terça durante quase toda a canção; o ritmo torna-se, em alguns momentos, delongado e repetitivo. Portanto, fica evidenciada a contradição entre querer mudança, transformar e o estar ligado a certos modelos e padrões, o receio em ousar, conforme dito no processamento deste encontro.

119 Ainda nesse atendimento Sandra questionou se além da filmagem, estávamos sendo observados por outras pessoas, devido à existência de uma sala de espelho situada ao lado da sala de atendimento. Após os devidos esclarecimentos, nos atentamos mais para o fato da filmagem poder inibir o envolvimento do grupo. Analisamos ainda que esta pergunta poderia estar vinculada a uma insegurança da participante em relação à proposta da musicoterapia e a uma possível resistência em expor seus sentimentos ao grupo. Outra possível leitura é que Sandra estaria desempenhando o papel de porta-voz do grupo e verbalizando a insatisfação de estarem sendo filmados. Devido a um feriado, o quarto encontro foi realizado quinze dias após o anterior, o que causou novamente uma interrupção no processo. Sete participantes estiveram presentes: Catarina, Denise, Júlia, Mariana, Sandra, Vanessa e Walter. Paula, uma educadora que havia sido selecionada para participar da pesquisa mas estava de licença, retornou ao trabalho e solicitou a entrada no grupo. Conversamos e ficou decidido que ela participaria no encontro seguinte. Outro ponto que ressaltamos foi a necessidade de iniciarmos no horário acordado, já que alguns participantes estavam atrasando-se repetidamente, o que provocava a extensão do horário de término e o prejuízo para alguns participantes que trabalhavam no período da tarde. Como forma de retomarmos o que havia sido trabalhado no último encontro e estimular a expressão sonoro-musical dos participantes, aproximando-os da produção de corpos sonoros, optamos pela técnica da improvisação livre com instrumentos musicais. O grupo, ao ter contato com os instrumentos, pareceu bastante interessado. Cada participante escolheu um instrumento que mais lhe chamou a atenção e então solicitamos que cada um observasse suas diferentes características, individualmente. Quando demos a possibilidade de troca, todos tiveram a curiosidade de explorar outro instrumento. Assim, os instrumentos permaneceram com cada participante da seguinte forma: tamborim, Catarina; pandeiro, Denise; sino, Júlia; alfaia, Mariana; chocalho, Sandra; metalofone pequeno, Vanessa; e queixada, Walter. Ao solicitarmos que procurassem interagir com o grupo, em um primeiro momento os participantes ficaram um período perdidos, ainda na experimentação. Em um segundo momento, permaneceram por algum tempo executando a mesma célula rítmica, transcrita abaixo, e houve contato visual constante entre todos.

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Ainda nesse atendimento Sandra questionou se além da filmag<strong>em</strong>, estávamos<br />

sendo observados por outras pessoas, devido à existência de uma sala de espelho situada ao<br />

lado da sala de atendimento. Após os devidos esclarecimentos, nos atentamos mais para o<br />

fato da filmag<strong>em</strong> poder inibir o envolvimento do grupo. Analisamos ainda que esta pergunta<br />

poderia estar vinculada a uma insegurança da participante <strong>em</strong> relação à proposta da<br />

musicoterapia e a uma possível resistência <strong>em</strong> expor seus sentimentos ao grupo. Outra<br />

possível leitura é que Sandra estaria des<strong>em</strong>penhando o papel de porta-voz do grupo e<br />

verbalizando a insatisfação de estar<strong>em</strong> sendo filmados.<br />

Devido a um feriado, o quarto encontro foi realizado quinze dias após o anterior,<br />

o que causou novamente uma interrupção no processo. Sete participantes estiveram presentes:<br />

Catarina, Denise, Júlia, Mariana, Sandra, Vanessa e Walter. Paula, uma educadora que havia<br />

sido selecionada para participar da pesquisa mas estava de licença, retornou ao trabalho e<br />

solicitou a entrada no grupo. Conversamos e ficou decidido que ela participaria no encontro<br />

seguinte. Outro ponto que ressaltamos foi a necessidade de iniciarmos no horário acordado, já<br />

que alguns participantes estavam atrasando-se repetidamente, o que provocava a extensão do<br />

horário de término e o prejuízo para alguns participantes que trabalhavam no período da tarde.<br />

Como forma de retomarmos o que havia sido trabalhado no último encontro e<br />

estimular a expressão sonoro-musical dos participantes, aproximando-os da produção de<br />

corpos sonoros, optamos pela técnica da improvisação livre com instrumentos musicais. O<br />

grupo, ao ter contato com os instrumentos, pareceu bastante interessado. Cada participante<br />

escolheu um instrumento que mais lhe chamou a atenção e então solicitamos que cada um<br />

observasse suas diferentes características, individualmente. Quando d<strong>em</strong>os a possibilidade de<br />

troca, todos tiveram a curiosidade de explorar outro instrumento. Assim, os instrumentos<br />

permaneceram com cada participante da seguinte forma: tamborim, Catarina; pandeiro,<br />

Denise; sino, Júlia; alfaia, Mariana; chocalho, Sandra; metalofone pequeno, Vanessa; e<br />

queixada, Walter.<br />

Ao solicitarmos que procurass<strong>em</strong> interagir com o grupo, <strong>em</strong> um primeiro<br />

momento os participantes ficaram um período perdidos, ainda na experimentação. Em um<br />

segundo momento, permaneceram por algum t<strong>em</strong>po executando a mesma célula rítmica,<br />

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