EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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uma “canção desencadeante” (BRITO, 2001, p. 96-7), já que por não apresentar “estranheza
cultural e/ou musical” aos membros do grupo configurou-se como um recurso facilitador do
processo grupal, permitindo que estes se expressassem, além de evidenciar que as
musicoterapeutas estavam em consonância com o universo sonoro do grupo.
Diminuindo o andamento da canção gradativamente, finalizamos o aquecimento.
Com o grupo mais centrado, aplicamos a técnica de re-criação musical a partir da visualização
de imagens. Este foi um momento marcado por períodos de silêncio, que mostrava o
envolvimento dos participantes com a atividade e também certo constrangimento em
expressarem-se. No entanto, o grupo parecia bastante interessado na exposição de cada
educador e, em alguns momentos, ajudavam-nos a lembrar trechos da canção escolhida.
Algumas das canções que emergiram foram: “O que é o que é?” de autoria de Gonzaguinha;
“É preciso saber viver” de autoria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; “Sobre o tempo” de
autoria de Jonh Ulhoa, interpretada pela banda Pato Fu; “Eu vou morar no céu”, interpretada
pelo cantor evangélico Lázaro; “Parabéns a você” interpretada pela cantora Aline Barros;
“Vida boa” interpretada pela dupla sertaneja Victor e Léo.
Tereza, uma das participantes que mais nos chamou a atenção, escolheu uma
figura que continha um homem puxando um burro em um cenário com uma vegetação seca
(Anexo IV), e disse que se sentia assim, trabalhando em um lugar árido. Para ela, a imagem
revelava um contraste entre vida e morte, mas sentia que tinha uma eterna esperança e
acreditava no que fazia. Então cantou “mas é claro que o sol vai voltar amanhã, espera que o
sol já vem”, um trecho da canção “Mais uma vez” de Renato Russo. Sandra disse que a
imagem de um médico com um paciente remeteu ao tema trabalho (Anexo V). Evocando o
seu próprio trabalho, afirmou que mesmo sem concordar com algumas condições, com o
desrespeito com o humano, com o pensamento muito técnico, ela continuava a cumprir suas
obrigações e, logo em seguida, trouxe a música “Construção”, de autoria de Chico Buarque.
Como não conseguiu se lembrar da letra desta música, Tereza cantou “amou daquela vez
como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se
fosse o único”. Essa canção evidencia o trabalho repetitivo e sua melodia aliada a uma
tonalidade menor traz uma sensação melancólica. Assim, texto e música deixam transparecer
uma insatisfação com a condição de vida, porém sem uma ação para mudança, traçando
proximidade ao relato de Sandra.
Os comentários de Sandra e Tereza mobilizaram os outros participantes do grupo,
possivelmente devido à identificação dos temas que emergiram com o ambiente em que