EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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“tenho como imag<strong>em</strong> do meu ambiente de trabalho uma flor no deserto. Os<br />
adolescentes são as flores. Mas o deserto não é só aqui, a família, muitas<br />
vezes, não está preparada também.”<br />
Pod<strong>em</strong>os presumir que as características que un<strong>em</strong> a flor ao adolescente refer<strong>em</strong>se<br />
à beleza, à vida, e mesmo à fragilidade. Enquanto o deserto pode associar-se a estas<br />
instituições de privação de liberdade por ser um lugar árido, ter uma vegetação pobre e<br />
adaptada à escassez de água, e ainda por ser um espaço de solidão, desabitado, despovoado.<br />
Fica evidenciado nessa imag<strong>em</strong> um contraste, um estranhamento, e até mesmo uma aura<br />
miraculosa. Afinal, o que faz uma flor no deserto? E como ela sobrevive ali? Da mesma<br />
forma questiona-se o que faz um adolescente <strong>em</strong> uma instituição de privação de liberdade,<br />
pois acreditamos que essa é uma fase de descobertas, possibilidades e liberdade.<br />
Outro ponto significativo verificado é que a presença do sentimento de esperança<br />
ou a falta deste não está associada ao t<strong>em</strong>po de trabalho na instituição. Alguns dos relatos de<br />
“esperança” foram de profissionais que estão há mais de dez anos na instituição, e outros de<br />
profissionais recém-contratados. O mesmo ocorre com os relatos de “frustração”. É possível<br />
considerarmos então que cada indivíduo não está sujeito apenas às representações sociais<br />
vigentes naquelas instituições, mas às representações de outros grupos sociais. Dependendo<br />
das representações de certos grupos frequentados como igreja, família, amigos, estas pod<strong>em</strong><br />
interferir na compreensão dos fatos vividos, no des<strong>em</strong>penho da função desses educadores e na<br />
motivação para continuar<strong>em</strong> ali.<br />
Quanto às imagens e sentimentos do ambiente de trabalho dos educadores sociais<br />
participantes do grupo II, respostas distintas também foram obtidas, constituindo cinco<br />
categorias:<br />
1) Empatia: um educador relatou ter vivido inicialmente momentos de pânico e<br />
medo ao se deparar com a realidade da instituição. No entanto, atualmente mostra ter um<br />
sentimento de <strong>em</strong>patia, ou seja, é capaz de compreender a situação dos adolescentes ao se<br />
colocar no lugar destes.<br />
“No primeiro momento, tive sentimentos de pânico e medo. Hoje tenho mais<br />
clareza e vejo os adolescentes como seres humanos que comet<strong>em</strong> erros.”