EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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“Quando comecei a trabalhar com adolescentes infratores sonhava muito<br />
com eles, ficava preocupada. Foi difícil. Eu me envolvia com a situação.<br />
Depois deixei para lá, não dá para trabalhar pensando no que ele fez. Hoje<br />
estou muito cansada, é muita pressão de todos os lados. Da segurança, do<br />
adolescente... Tenho vontade de me desligar do trabalho."<br />
“Tenho sentimentos de desvalorização, falta de cuidado, às vezes me sinto<br />
como „qualquer coisa‟."<br />
“No começo, visão diferente, nova, muito boa. Hoje <strong>em</strong> dia, sinto frustração.<br />
Me pergunto como estou trabalhando.”<br />
Em uma primeira leitura flutuante pod<strong>em</strong>os ponderar que as respostas apontam<br />
para direções díspares. No entanto, ao retomarmos as falas e refletirmos sobre a situação das<br />
políticas públicas do país e sobre a realidade da Educação Social, o fenômeno tratado é<br />
multifacetado, o que torna todas essas categorias não excludentes. Ou seja, é possível ter<br />
sentimentos e imagens relacionadas à “violência e medo” e também ter “esperança”, assim<br />
como <strong>em</strong> alguns momentos ou perante determinados acontecimentos, sentir “frustração”.<br />
Ao solicitarmos que os entrevistados pensass<strong>em</strong> <strong>em</strong> imagens e sentimentos,<br />
buscamos o afastamento da linguag<strong>em</strong> verbal, de um discurso racional e a aproximação a uma<br />
linguag<strong>em</strong> visual, no intuito de acessar materiais do inconsciente e evidenciar representações.<br />
Notamos, no entanto, que muitos dos educadores permaneceram na linguag<strong>em</strong> verbal, não<br />
dando lugar à produção de imagens mentais.<br />
Segundo Roncolatto (2007),<br />
o surgimento das imagens mentais dá orig<strong>em</strong> ao processo de metaforização.<br />
Certos el<strong>em</strong>entos da realidade social, da História, dos costumes, da<br />
religiosidade, da constituição física do ser humano, etc., são selecionados e,<br />
por meio de sua reinterpretação, surg<strong>em</strong> as metáforas. A realidade é s<strong>em</strong>pre<br />
ampla e global e cada comunidade de falantes faz um recorte do todo,<br />
escolhendo aspectos que considera relevantes para suprir suas necessidades<br />
expressivas <strong>em</strong> determinado momento histórico e sociocultural (p.3).<br />
Na metáfora, uma propriedade, característica ou estado inerente a um objeto passa<br />
a caracterizar outro que pode pertencer a uma classe totalmente diferente (CARNEADO<br />
MORÉ E TRISTÁ, apud RONCOLATTO, 2007). Por isso, quando o educador, <strong>em</strong> uma das<br />
poucas imagens trazidas, relata: