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“Comecei a trabalhar antes dos catorze anos, como vendedor. Daí, um dia
uma pessoa me falou desse trabalho... A princípio não sabia o que era,
fiquei assustado. Antes os policias ficavam lá dentro com a gente. O serviço
é mais social. É diferente o tratamento de um presídio, trabalho no sentido
de recuperação.”
“Sempre fui uma pessoa preocupada com o lado social. Antes de trabalhar
com adolescentes infratores, trabalhei em outros setores como: comércio,
vendas. Agora já faz três anos que trabalho nesta área e me vejo em uma
situação de colaboração para a sociedade, em particular para estes
adolescentes, pois meu trabalho vai além do que apenas acompanhá-los no
dia-a-dia. Sinto que posso ajudá-los e trabalho em função desta ideia.”
Os relatos de alguns participantes do grupo II corroboram a pontuação feita
anteriormente sobre a continuidade do trabalho dos profissionais que atuam junto a
adolescentes autores de atos infracionais. Percebemos ainda, mais do que o cumprimento de
funções, um comprometimento com o processo de ressocialização do adolescente.
Serão apresentados a seguir os resultados das outras questões da entrevista.
Imagens e sentimentos em relação ao ambiente de trabalho
Os educadores sociais participantes do grupo I expressaram diferentes opiniões
quando perguntados sobre as imagens e sentimentos em relação ao ambiente de trabalho. É
interessante salientar que muitos deles associaram essas imagens e sentimentos aos
adolescentes. Encontramos, também, pontos em comum, o que possibilitou a constituição de
quatro categorias:
1) Carência: dois educadores evidenciaram imagens relacionadas à carência
afetiva e econômica dos adolescentes e como este sentimento é presente no dia-a-dia da
instituição.
“Há carência, falta de condições financeiras, falta da família e mesmo de
recuperação, pois muitas vezes ela não chega a acontecer de fato.”
“Tenho como imagem do meu ambiente de trabalho uma flor no deserto. Os
adolescentes são as flores. Mas o deserto não é só aqui, a família, muitas
vezes, não está preparada também.”