gestos musicais na fantasia concertante para piano, clarinete e ...
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Na música ocidental temas são geralmente considerados os sujeitos do discurso<br />
musical. Sobre os tipos de tratamento aplicados a um tema, Hatten considera que:<br />
(...) dependendo do gênero e da escolha composicio<strong>na</strong>l, um tema pode ser variado<br />
(o que implica que seu comprimento e sua forma são preservados), ou os seus<br />
motivos podem ser transformados e desenvolvidos, talvez em situações passageiras,<br />
talvez em uma seção se<strong>para</strong>da dedicada ao desenvolvimento, como <strong>na</strong> forma so<strong>na</strong>ta<br />
(Hatten, 2004, p. 177).<br />
Arnold Schoenberg (apud R. S. Hatten, 2004, p. 178) detectou <strong>na</strong> obra de Johannes<br />
Brahms um terceiro tipo de procedimento, caracterizado por um processo contínuo de<br />
evolução temática e definido pelo próprio compositor vienense como ‘variação de<br />
desenvolvimento’ (developing variation). Em sua própria obra, Schoenberg também<br />
considera que o tema (Grundgestalt, ou idéia fundamental) pode ser transformado através<br />
de técnicas de desenvolvimento como inversão, expansão rítmica ou intervalar,<br />
fragmentação e reorientação métrica, entre outros.<br />
No primeiro movimento da Fantasia, Villa-Lobos procura tratar os <strong>gestos</strong> temáticos<br />
utilizando procedimentos semelhantes, tanto de variação quanto de transformação. O<br />
padrão de articulação non legato, evidenciado no primeiro compasso pela não utilização de<br />
ligadura de frase, permanece ainda no gesto motívico do segundo compasso (Fig. 7a),<br />
gerando uma sensação de continuidade temática. Contudo, isso não significa que este<br />
padrão não possa ser modificado. No compasso 165, por exemplo, Villa-Lobos propõe ao<br />
<strong>piano</strong> a execução do segundo gesto motívico do fagote <strong>na</strong> forma legato (Fig. 7b).<br />
Figura 7a: Gesto motívico de A (non legato), c. 2-4.