gestos musicais na fantasia concertante para piano, clarinete e ...
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Villa-Lobos admitidos ou não como hipótese deste trabalho, dentre os quais podemos citar<br />
o caráter <strong>concertante</strong> da Fantasia, o processo de livre continuidade de criação e o elevado<br />
grau de autenticidade <strong>na</strong> escrita idiomática instrumental do compositor. Ao identificar esses<br />
elementos, espera-se ter criado uma gama significativa de informações que possam<br />
contribuir <strong>para</strong> o aprofundamento da reflexão acerca de decisões de interpretação da obra,<br />
que é um marco <strong>na</strong> música de câmara brasileira <strong>para</strong> <strong>piano</strong> e sopros.<br />
2. Sobre os <strong>gestos</strong> <strong>musicais</strong><br />
Durante o século XX a música foi alvo de atenta observação por diversos<br />
pesquisadores científicos, que buscaram um maior entendimento sobre seus processos<br />
criativos, interpretativos e perceptivos. Neste período a análise musical buscou estabelecer<br />
uma leitura cada vez mais coerente do texto musical ao mesmo tempo em que a prática da<br />
performance instrumental observou de forma cada vez mais racio<strong>na</strong>l os seus próprios<br />
procedimentos. Paralelamente, a pedagogia da música ajudou o intérprete a captar e<br />
traduzir de forma mais <strong>na</strong>tural e consciente as suas próprias manifestações sonoras.<br />
Entre outros fatores, a notável produção de conhecimento ocorrida <strong>na</strong>s mais<br />
diversas áreas de pesquisa em música estimulou o desenvolvimento de uma abordagem que<br />
capaz de apontar <strong>para</strong> as complexas relações existentes entre criação, execução,<br />
contemplação e aprendizagem musical. Esta nova abordagem verificou que <strong>gestos</strong> são<br />
inerentes a qualquer processo artístico e podem ser admitidos como a matéria-prima de<br />
todo e qualquer fenômeno musical.<br />
Um breve estudo etimológico sobre a palavra gesto mostra que ela se referia<br />
anteriormente ape<strong>na</strong>s a uma ação voluntária. No entanto, seu significado acabou<br />
incorporando a expressão de um sentimento interior de um indivíduo. Nota-se hoje no gesto<br />
não só uma ação física, mas também uma intenção. Antônio Houaiss (2001, p. 967) define<br />
gesto como “movimento do corpo, em especial da cabeça e dos braços, ou <strong>para</strong> exprimir<br />
idéias ou sentimentos, ou <strong>para</strong> realçar a expressão”.<br />
Em planos que antecedem os próprios modelos conceituais de linguagem, estudos<br />
como os realizados por Zbikowski (apud R. S. Hatten, 2004, p. 97) exploraram