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universidade federal de goiás escola de música e artes cênicas ...

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i<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

LÍDIA OLIVEIRA FIALHO CARDOSO<br />

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO PUNHO NA OBRA<br />

“VARIAÇÕES SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA<br />

Goiânia<br />

2011


TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E<br />

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG<br />

Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> titular dos direitos <strong>de</strong> autor, autorizo a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

(UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações<br />

(BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, <strong>de</strong> acordo com a Lei nº 9610/98, o documento<br />

conforme permissões assinaladas abaixo, para fins <strong>de</strong> leitura, impressão e/ou download,<br />

a título <strong>de</strong> divulgação da produção científica brasileira, a partir <strong>de</strong>sta data.<br />

1. I<strong>de</strong>ntificação do material bibliográfico: [ x ] Dissertação [ ] Tese<br />

2. I<strong>de</strong>ntificação da Tese ou Dissertação<br />

Autor (a): Lídia Oliveira Fialho Cardoso<br />

E-mail: lfialhoc@hotmail.com<br />

Seu e-mail po<strong>de</strong> ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não<br />

Vínculo empregatício do autor Não tem<br />

Agência <strong>de</strong> fomento:<br />

Sigla:<br />

País: UF: CNPJ:<br />

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO PUNHO NA OBRA “VARIAÇÕES SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA<br />

Título:<br />

Palavras-chave:<br />

punho, Piano,Variações Sérias, Ronaldo Miranda.<br />

Título em outra língua:<br />

POSSIBILITIES FOR USE IN THE WORK OF THE FIST "SERIOUS CHANGES" OF<br />

RONALDO MIRANDA<br />

Palavras-chave em outra língua:<br />

wrist, Piano, Serious Variations, Ronaldo Miranda<br />

Área <strong>de</strong> concentração: Música Criação e Expressão<br />

Data <strong>de</strong>fesa: (dd/mm/aaaa) 11/04/2012<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação: Strictu Sensu<br />

Orientador (a): Dr. Carlos Costa<br />

E-mail: costacarlosh@yahoo.com.br<br />

Co-orientador<br />

(a):*<br />

E-mail:<br />

*Necessita do CPF quando não constar no SisPG<br />

3. Informações <strong>de</strong> acesso ao documento:<br />

Concorda com a liberação total do documento [ x ] SIM [ ] NÃO 1<br />

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s)<br />

arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.<br />

O sistema da Biblioteca Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos<br />

contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes <strong>de</strong> sua disponibilização,<br />

receberão procedimentos <strong>de</strong> segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração <strong>de</strong><br />

conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.<br />

________________________________________<br />

Assinatura do (a) autor (a)<br />

Data: ____ / ____ / _____<br />

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. A extensão <strong>de</strong>ste prazo suscita<br />

justificativa junto à coor<strong>de</strong>nação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período <strong>de</strong><br />

embargo.


ii<br />

LÍDIA OLIVEIRA FIALHO CARDOSO<br />

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO PUNHO NA OBRA<br />

“VARIAÇÕES SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA<br />

Trabalho Final (produção artística e artigo) apresentado ao<br />

Curso <strong>de</strong> Mestrado em Música da Escola <strong>de</strong> Música e<br />

Artes Cênicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, como<br />

requisito parcial para a obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em<br />

Música.<br />

Área <strong>de</strong> Concentração: Música, Criação e Expressão<br />

Linha <strong>de</strong> Pesquisa: Performance Musical e suas<br />

Interfaces<br />

Orientador: Prof. Dr. Carlos Costa<br />

Goiânia<br />

2011


MESTRADO<br />

C1796p<br />

Cardoso, Lídia Oliveira Fialho<br />

Possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização do punho na obra “variações sérias <strong>de</strong> Ronaldo<br />

Miranda. / Lídia Oliveira Fialho Cardoso. - Goiânia: EMAC/UFG, Escola <strong>de</strong> Música e<br />

Artes Cênicas, 2012.<br />

75 p.: il.<br />

Professor Orientador: Prof. Dr. Carlos Costa<br />

Dissertação (mestrado). Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás UFG, Escola <strong>de</strong> Música e<br />

Artes Cênicas EMAC.<br />

Referências bibliográficas: f. 38<br />

1. Dissertação Mestrado. 2. Punho. 3. Piano. 4. Variações sérias. 5. Ronaldo<br />

Miranda I. Título.<br />

CDU: 78.08:681.83(043.3)


iii<br />

A Deus, pela vida concedida, aos meus pais José<br />

Fialho e Olícia Rodrigues pelo incentivo e apoio,<br />

ao meu amado marido Josué Cardoso pelo<br />

carinho, paciência, esforço e incentivo em todos os<br />

momentos <strong>de</strong>sta etapa e as minhas queridas filhas<br />

Ana Sara e Ana Lídia por tudo que são e por me<br />

apoiarem em todos os momentos.


iv<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Costa pelo esforço, <strong>de</strong>dicação e conhecimentos<br />

concedidos.<br />

A Prof. Dra. Maria Helena Jayme pelo incentivo e esforço <strong>de</strong>dicado.<br />

As pianistas Ana Léia Nunes, Larissa Paula, Suzana Fialho e Thalita Calixto pela<br />

<strong>de</strong>dicação e gentileza ao me acompanhar em meus recitais <strong>de</strong> mestrado.<br />

Aos músicos Luciano Pontes, Cindy Folly, Haen<strong>de</strong>l Santos, Moisés Ferreira, Ricardo<br />

Newton, Éverton Luis, Washington Soares e Luís Henrique por <strong>de</strong>dicarem seus talentos<br />

em meu primeiro recital <strong>de</strong> mestrado.<br />

Aos meus queridos pais por me incentivarem na <strong>música</strong>.<br />

Ao meu amado marido por me apoiar em todos os momentos tanto <strong>de</strong> alegria como <strong>de</strong><br />

dificulda<strong>de</strong>.<br />

As minhas filhas por serem especiais e cooperarem com meu trabalho.<br />

A Prof. Dra. Fátima Corvisier por participar da banca <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.


v<br />

RESUMO<br />

Esta pesquisa discorre sobre a utilização dos movimentos do punho na obra<br />

Variações Sérias para piano a quatro mãos <strong>de</strong> Ronaldo Miranda e suas<br />

implicações interpretativas. Primeiramente, uma investigação sobre as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentos do punho tendo como base o trabalho <strong>de</strong><br />

Richerme (1997) se <strong>de</strong>u para <strong>de</strong>finir e nomear tais movimentos para análise <strong>de</strong><br />

trechos selecionados da peça. Em um segundo momento, através <strong>de</strong><br />

experiências, aplicamos os movimentos escolhidos do punho, observando que os<br />

mesmos influenciam o resultado sonoro, a qualida<strong>de</strong> tímbrica, o controle no<br />

ataque da nota e a variação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: punho, Piano,Variações Sérias, Ronaldo Miranda.


vi<br />

ABSTRACT<br />

This research discusses the use of wrist movements in the work “Variações<br />

Sérias” for piano four hands of Ronaldo Miranda and its interpretative<br />

implications. First, an investigation of the possible wrist movements based on<br />

the work of Richerme (1997) was done in or<strong>de</strong>r to <strong>de</strong>fine such movements to<br />

apply in selected portions of the work. Second, through experiments, we apply<br />

the chosen wrist movements in the selected parts, noting that they influence the<br />

resulting sound, timbre quality, control of note attack and dynamic variation.<br />

Keywords: wrist, Piano, Serious Variations, Ronaldo Miranda


vii<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1 Movimento <strong>de</strong> flexão do punho...................................................15<br />

FIGURA 2 Posição intermediária do punho...................................................16<br />

FIGURA 3 Movimento <strong>de</strong> extensão do punho...............................................16<br />

FIGURA 4 Movimento <strong>de</strong> adução do punho..................................................17<br />

FIGURA 5 Movimento <strong>de</strong> abdução do punho................................................17<br />

FIGURA 6 Movimento <strong>de</strong> circundação do punho no sentido horário e antihorário.................................................................................................................18<br />

FIGURA 7 Canal cárpico.................................................................................18<br />

FIGURA 8 Raio X da mão e punho.................................................................19<br />

FIGURA 9 Excerto da obra - compassos 1 a 8.................................................21<br />

FIGURA10 Excerto da obra - compassos 13 a 16.............................................22<br />

FIGURA11 Excerto da obra - compassos 20 a 30........................................23;24<br />

FIGURA12 Excerto da obra – compassos 75 a 89........................................25;26<br />

FIGURA13 Excerto da obra - compassos 124 a 131.........................................27


viii<br />

SUMÁRIO<br />

RESUMO................................................................................................................iii<br />

ABSTRACT ..........................................................................................................iv<br />

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................v<br />

PARTE A: PRODUÇÃO ARTÍSTICA<br />

1 Programas das Apresentações no SEMPEM E CONPEEX................................2<br />

2.Série <strong>de</strong> Apresentações I.......................................................................................3<br />

3.Série <strong>de</strong> Apresentações II......................................................................................4<br />

4.Programa do 1º Recital <strong>de</strong> Mestrado.....................................................................5<br />

5.Programa do Recital <strong>de</strong> Defesa ............................................................................7<br />

PARTE B: ARTIGO<br />

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO PUNHO NA OBRA<br />

“VARIAÇÕES SÉRIAS”, DE RONALDO MIRANDA.<br />

INTRODUÇÃO ....................................................................................................11<br />

EXPOSIÇÃO DE PENSAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DO<br />

PUNHO AO PIANO.....................................................................................................14<br />

APLICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DO PUNHO NA OBRA “VARIAÇÕES<br />

SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA................................................................20<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................29<br />

REFERÊNCIAS ....................................................................................................30<br />

ANEXO: Variações Sérias - Partitura Manuscrita.................................................31


PARTE A: PRODUÇÃO ARTÍSTICA<br />

ix


x<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA<br />

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA NO VII CONPEEX E X SEMPEM<br />

Camille Saint-Saens<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso(piano1)<br />

AnaLéia Nascimento(piano2)<br />

Luciano Pontes(violino1)<br />

Cindy Folly(violino 2)<br />

Haen<strong>de</strong>l Santos(viola)<br />

Moisés Ferreira(violoncello)<br />

Ricardo Newton(contrabaixo)<br />

Éverton Luis(flauta)<br />

Washington Soares(clarineta)<br />

Luís Henrique(xilofone)<br />

Le Carnaval <strong>de</strong>s Animaux<br />

1.Introduction et Marche<br />

Royale Du Lion<br />

2.Poules et Coqs<br />

3.Animaux véloces<br />

4.Tortues<br />

5.L‟Eléphant<br />

6.Kangourous<br />

7.Aquarium<br />

8.Personnages à longues<br />

oreilles<br />

9.Le Coucou au fond dês<br />

bois<br />

10.Volière<br />

11.Pianistes<br />

12.Fossiles<br />

13.Le Cygne<br />

14.Finale<br />

Goiânia, 20 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />

14:00h<br />

TeatroBelkiss Carneiro <strong>de</strong> Mendonça da EMAC / UFG<br />

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA NO X SEMPEM<br />

Ronaldo Miranda<br />

Frevo<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Larissa Paula Arantes da Silva, piano2<br />

Goiânia,21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />

9:50<br />

Teatro Belkiss Carneiro <strong>de</strong> Mendonça da EMAC / UFG


xi<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA<br />

SÉRIE DE APRESENTAÇÕES I<br />

Paul Hin<strong>de</strong>mith<br />

Ana Léia Nunes do Nascimento, piano1<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano 2<br />

Oito Valsas<br />

Ronaldo Miranda<br />

Frevo<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Larissa Paula Arantes da Silva, piano2<br />

ABERTURA 2º SEMESTRE EMAC 2010<br />

Goiânia,2 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010<br />

18:30hs<br />

Teatro Belkiss Carneiro <strong>de</strong> Mendonça da EMAC / UFG<br />

MEDICINA EM CONCERTO ANO IV – SÉRIE 2010<br />

Goiânia,19 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

20:30 hs<br />

Teatro Aklepiós-Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da UFG<br />

RECITAL NO CENTRO LIVRE DE ARTES<br />

Goiânia<br />

10:00hs<br />

Centro Livre <strong>de</strong> Artes


xii<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA<br />

SÉRIE DE APRESENTAÇÕES II<br />

W. A. Mozart Sonata para Violino e<br />

Piano KV 304 Mi menor<br />

I- Allegro<br />

II- Tempo di Minueto<br />

Cindy Folly, violino<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano<br />

Robert Shumann<br />

Cindy Folly, viola<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano<br />

Marchenbil<strong>de</strong>r fur Piano<br />

und Viola<br />

RECITAL “SEMINÁRIO EM PERFORMANCE”<br />

Goiânia, 03 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2010<br />

17:00hs<br />

Teatro da Praça Universitária da UFG<br />

V COLÓQUIO FILOSOFIA E FICÇÃO-CIDADE DE GOIÁS<br />

Goiás, 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011<br />

20:00hs<br />

Teatro São Joaquim


xiii<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA<br />

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA - 1º RECITAL DE MESTRADO<br />

Paul Hin<strong>de</strong>mith<br />

Ana Léia Nunes do Nascimento, piano1<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano 2<br />

Oito Valsas<br />

Ronaldo Miranda<br />

Frevo<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Larissa Paula Arantes da Silva, piano2<br />

Camille Saint-Saens<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso(piano1)<br />

AnaLéia Nascimento(piano2)<br />

Luciano Pontes(violino1)<br />

Cindy Folly(violino 2)<br />

Haen<strong>de</strong>l Santos(viola)<br />

Moisés Ferreira(violoncello)<br />

Ricardo Newton(contrabaixo)<br />

Éverton Luis(flauta)<br />

Washington Soares(clarineta)<br />

Luís Henrique(xilofone)<br />

Le Carnaval <strong>de</strong>s Animaux<br />

1.Introduction et Marche<br />

Royale Du Lion<br />

2.Poules et Coqs<br />

3.Animaux véloces<br />

4.Tortues<br />

5.L‟Eléphant<br />

6.Kangourous<br />

7.Aquarium<br />

8.Personnages à longues<br />

oreilles<br />

9.Le Coucou au fond dês<br />

bois<br />

10.Volière<br />

11.Pianistes<br />

12.Fossiles<br />

13.Le Cygne<br />

14.Finale<br />

Goiânia, 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010<br />

20:00hs<br />

Teatro Belkiss Carneiro <strong>de</strong> Mendonça da EMAC / UFG<br />

Notas <strong>de</strong> Programa:


xiv<br />

Oito Valsas <strong>de</strong> Paul Hin<strong>de</strong>mith, o conjunto <strong>de</strong> oito valsas para piano a quatro<br />

mãos tem como título: “Três meninas bonitas na Floresta Negra”. Foram escritas<br />

durante um feriado em que Hin<strong>de</strong>mith passou em um hotel <strong>de</strong>ntro da Floresta Negra,<br />

que situa-se no su<strong>de</strong>ste da Alemanha. Apesar do compositor apresentar características<br />

inovadoras em suas obras, e ter como uma das características principais o atonalismo,<br />

essas peças fogem <strong>de</strong> tal característica. Porém apresentam uma harmonia bastante<br />

<strong>de</strong>nsa. A peça mostra a <strong>de</strong>senvoltura <strong>de</strong> Hin<strong>de</strong>mith ao compor uma peça utilizando<br />

técnicas tradicionais, mostrando que além <strong>de</strong> saber lidar com a inovação soube também<br />

lidar com o tradicional.<br />

Frevo <strong>de</strong> Ronaldo Miranda, obra para piano a quatro mãos, composta em<br />

novembro e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, por encomenda do Centro Cultural Banco do Brasil –<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, para o projeto “Do outro lado do Carnaval”. O Frevo foi <strong>de</strong>dicado para o<br />

duo Maria Helena <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Sonia Maria Vieira, apresentando vigor e forma A-B-<br />

A, contendo no início da parte A a marcação “Burlesco” , e adiante “Mais leve e<br />

animado”, posteriormente na parte B a marcação “Malemolente” com andamento em<br />

semínima 56, e volta a parte A. Po<strong>de</strong>mos ver na obra uma varieda<strong>de</strong> rítmica com<br />

melodias se contrapondo entre o piano 1 e o piano 2 que <strong>de</strong>notam as características do<br />

Frevo.<br />

O Carnaval dos Animais, em francês: Le carnaval <strong>de</strong>s animaux, é uma peça<br />

para dois pianos e orquestra do compositor francês Camille Saint-Saëns composta em<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 1886 quando o compositor passava férias na Austria.<br />

O compositor não permitiu que a obra fosse publicada durante a sua vida, pois<br />

temia que ela arruinasse sua reputação <strong>de</strong> "compositor sério". A obra foi publicada<br />

apenas após a sua morte, com exceção do movimento “O Cisne” que por ter caráter<br />

mais sério e lírico foi publicado durante a sua vida. A suíte é composta por 14<br />

movimentos, 13 <strong>de</strong>scritivos às personagens, e o Finale.


xv<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA<br />

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA DO RECITAL DE DEFESA<br />

Schostakowisch Concertino op. 94<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano 1<br />

Suzana Oliveira Fialho Rocha, piano 2<br />

Ronaldo Miranda<br />

Tango<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Thalita Monteiro Calixto, piano2<br />

Ronaldo Miranda<br />

Frevo<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Thalita Monteiro Calixto, piano2<br />

Ronaldo Miranda<br />

Variações Sérias<br />

Lídia Oliveira Fialho Cardoso, piano1<br />

Ana Léia Nunes do Nascimento, piano2<br />

Goiânia, 10 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2012<br />

20:30hs<br />

Teatro Belkiss Carneiro <strong>de</strong> Mendonça da EMAC / UFG


xvi<br />

Notas <strong>de</strong> Programa:<br />

Concertino op. 94 <strong>de</strong> Shostakovich – Uma obra para dois pianos do compositor<br />

russo ( 1906 – 1975), datada <strong>de</strong> 1953. A obra é <strong>de</strong> um caráter brilhante em um<br />

movimento com as seguintes mudanças <strong>de</strong> andamento: Adagio; Allegretto; Adagio;<br />

Allegretto; Adagio; Allegro. Alguns dos traços mais significativos do compositor estão<br />

presentes nesta obra, como: estruturas seccionadas, com temas construídos como um<br />

mosaico, frequente uso dos registros mais agudos ou mais graves, extremos emocionais,<br />

como po<strong>de</strong>mos ver nas linhas melódicas dos Adagios e Allegretos, contraste no<br />

andamento e também <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>.<br />

Tango <strong>de</strong> Ronaldo Miranda - Nascido no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Ronaldo Miranda<br />

(1948–) é um dos compositores brasileiros mais populares entre os duos <strong>de</strong> piano a<br />

quatro mãos. Sua explosiva peça, Tango para piano a quatro mãos, escrito em março e<br />

abril <strong>de</strong> 1993, e conforme diz Thys (2008) que segundo o compositor, reafirmou sua<br />

“paixão pelo teclado – pois, afinal <strong>de</strong> contas, [é] um pianista por formação”. Foi<br />

<strong>de</strong>dicado ao duo Zaida Valentim e Marcelo <strong>de</strong> Alvarenga. O sucesso da sua estréia<br />

realizada em 24 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1993, na Sala Cecília Meireles prenunciou a popularida<strong>de</strong><br />

da mesma, que se tornou parte do repertório “obrigatório” dos duos brasileiros. O<br />

próprio compositor <strong>de</strong>screve-a da seguinte maneira:<br />

É uma obra que preten<strong>de</strong> explorar o instrumento com vigor e energia,<br />

usando como base <strong>de</strong> sua coloração harmônica as escalas octatônicas,<br />

amplamente empregadas por Stravinsky, Debussy e Bartók. Delas<br />

fiquei impregnado em 1992, durante meu doutorado na ECA-USP, ao<br />

dissecar com Marcos Branda Lacerda as tendências harmônicas do<br />

século XX. (...) as utilizei fragmentadamente e sem rigi<strong>de</strong>z, por quase<br />

todos os momentos da obra. (MIRANDA, 2000).<br />

Frevo <strong>de</strong> Ronaldo Miranda – obra para piano a quatro mãos, composta em<br />

novembro e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, por encomenda do Centro Cultural Banco do Brasil –<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, para o projeto “Do outro lado do Carnaval”. O Frevo foi <strong>de</strong>dicado para o<br />

duo Maria Helena <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Sonia Maria Vieira, apresentando vigor e forma A-B-<br />

A, contendo no início da parte A a marcação “Burlesco” , e adiante “Mais leve e


xvii<br />

animado”, posteriormente na parte B a marcação “Malemolente” com andamento em<br />

semínima 56, e volta a parte A. Po<strong>de</strong>mos ver na obra uma varieda<strong>de</strong> rítmica com<br />

melodias se contrapondo entre o piano 1 e o piano 2 que <strong>de</strong>notam as características do<br />

Frevo.<br />

Variações Sérias sobre um tema <strong>de</strong> Anacleto <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> Ronaldo<br />

Miranda – as variações foram compostas originalmente em 1991 para quinteto <strong>de</strong><br />

sopros e transcritas pelo próprio autor para piano a quatro mãos em 1998, versão<br />

<strong>de</strong>dicada ao duo Patrícia Bretas e Josiane Kevorkian. Segundo o compositor, a<br />

abrangência expressiva do tema <strong>de</strong> Anacleto “permitiu projetar uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> abordagens e atmosferas da <strong>música</strong> carioca urbana <strong>de</strong> sabor seresteiro (e origens<br />

lusitanas) ao espírito lúdico, quase circense, das bandas <strong>de</strong> coreto do interior do país”<br />

(MIRANDA, 2002); e na opinião <strong>de</strong> Tugny (2004, p. 6) é “um refinado panorama das<br />

possibilida<strong>de</strong>s musicais do gênero „piano a quatro mãos‟”.


xviii<br />

PARTE B: ARTIGO<br />

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DO PUNHO NA OBRA<br />

“VARIAÇÕES SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA.


xix<br />

INTRODUÇÃO<br />

A execução <strong>de</strong> uma obra pianística exige do intérprete movimentos que atuam<br />

auxiliando e facilitando cada trecho da peça. Sabemos que cada intérprete se <strong>de</strong>sdobra<br />

na <strong>de</strong>scoberta dos movimentos a<strong>de</strong>quados para <strong>de</strong>terminadas passagens, toques, escalas,<br />

entre outros elementos que fazem parte <strong>de</strong> uma interpretação.<br />

Dominar os conhecimentos musicais e <strong>de</strong>senvolvê-los com a própria<br />

experiência, vivenciá-los a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r expressá-los com a flui<strong>de</strong>z necessária à boa<br />

interpretação <strong>de</strong> uma obra musical é tarefa complexa. Complexo também é o domínio<br />

dos movimentos necessários à execução do instrumento, <strong>de</strong> acordo com a interpretação<br />

<strong>de</strong>sejada. Consi<strong>de</strong>rando este último aspecto, vemos que os estudantes <strong>de</strong> piano<br />

encontram os maiores entraves na sequencia do progresso que gostariam <strong>de</strong> atingir por<br />

executarem repetições <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong>snecessários, sem a <strong>de</strong>vida orientação<br />

profissional, po<strong>de</strong>ndo causar até um transtorno muscular.<br />

Para Tamura (1997), o piano, instrumento cujo som é produzido por um único<br />

toque, é capaz <strong>de</strong> oferecer uma gama <strong>de</strong> variações sonoras pela forma como os braços<br />

são posicionados, pela maneira <strong>de</strong> tocar as teclas e pela velocida<strong>de</strong> do próprio toque. Ela<br />

continua dizendo que ao executar um trecho <strong>de</strong> uma peça ao piano, em legato, por<br />

exemplo, po<strong>de</strong>mos perceber que existem diversas interpretações para este trecho, seja<br />

pela sonorida<strong>de</strong>, pela articulação dos <strong>de</strong>dos, ou pela habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização dos<br />

punhos. Segundo a autora, Cortot e Tagliaferro chegaram à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir<br />

todas as cores dos sons ao piano, <strong>de</strong>senvolvendo suas habilida<strong>de</strong>s na utilização <strong>de</strong> mãos,<br />

punhos e <strong>de</strong>dos.<br />

Po<strong>de</strong>mos perceber que cada peça tem suas peculiarida<strong>de</strong>s e exige <strong>de</strong>terminados<br />

movimentos para atingir a sonorida<strong>de</strong> e interpretação <strong>de</strong>sejadas, tanto pelo intérprete,<br />

como as exigidas pela compositor.<br />

Segundo Richerme (1997), alguns teóricos não têm uma preocupação especial<br />

com os processos e problemas fisiológicos e mecânicos do estudo pianístico e pregam<br />

que este <strong>de</strong>ve ser adquirido naturalmente através do <strong>de</strong>senvolvimento musical e da<br />

experiência individual, sem uma orientação específica. Para ele, não se po<strong>de</strong> ir contra


xx<br />

um pensamento com tal visão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que produza resultados satisfatórios. O autor<br />

continua dizendo que, para estes teóricos, os movimentos são adquiridos naturalmente<br />

através <strong>de</strong> estudos psicológicos. O que basta ao pianista é a consciência plena dos<br />

conhecimentos musicais e dos objetivos a serem atingidos, e o sistema nervoso<br />

<strong>de</strong>scobrirá por si os movimentos que levarão o pianista a realizar seus objetivos.<br />

Entretanto, para Richerme, os que assim pensam muitas vezes se <strong>de</strong>cepcionam,<br />

porque os que <strong>de</strong>scobrem instintivamente as soluções para os problemas técnicos<br />

exigidos em um trecho musical, ou os movimentos necessários para aquele trecho, sem<br />

orientação específica, são exceções. Richerme diz que:<br />

O aprendizado é, sem dúvida, um processo psicológico. A<br />

automatização <strong>de</strong> uma técnica ocorre <strong>de</strong> fato no sistema nervoso<br />

central. Mas, quando se fazem perguntas sobre o que se <strong>de</strong>ve<br />

apren<strong>de</strong>r, que movimentos ou que tipos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação muscular<br />

<strong>de</strong>vem ser automatizados com vistas a <strong>de</strong>terminados resultados ( e<br />

ainda muitas outras perguntas), as respostas po<strong>de</strong>m não estar mais<br />

diretamente relacionadas à Psicologia, mas sim à Fisiologia e<br />

Mecânica. (1997)<br />

Nessa linha <strong>de</strong> pensamento, este trabalho visa investigar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

movimentação especificamente do punho e suas implicações nas possíveis sonorida<strong>de</strong>s<br />

e fraseados. Buscamos pesquisar o conhecimento dos meios físicos e anatômicos do<br />

punho que influenciam diretamente a interpretação <strong>de</strong> uma obra para piano. Para isso<br />

escolhemos as “Variações Sérias”, <strong>de</strong> Ronaldo Miranda, peça para piano a 4 mãos.<br />

A escolha da peça se <strong>de</strong>u por ser esta uma obra dividida em introdução e 10<br />

variações contrastantes em dinâmica, andamento, articulação e fraseado. Cada uma das<br />

variações tem marcações <strong>de</strong> andamentos tais como allegro, obstinado, tranqüilo, lírico,<br />

buliçoso, com expectativa, entre outros. A vasta gama <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s interpretativas<br />

que a obra oferece justifica sua escolha para nos <strong>de</strong>bruçarmos e pesquisarmos a relação<br />

entre os movimentos do punho e os resultados interpretativos. O fato <strong>de</strong> a obra ser a<br />

quatro mãos exigiu <strong>de</strong>sta autora passar os conhecimentos adquiridos para o segundo<br />

pianista, o que resultou em um melhor entendimento dos processos técnicointerpretativos<br />

envolvidos e uma reflexão mais profunda acerca da execução da obra.


xxi<br />

A obra “Variações Sérias” sobre um tema <strong>de</strong> Anacleto <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, <strong>de</strong> Ronaldo<br />

Miranda divi<strong>de</strong>-se em Introdução: Com expressão, semínima 66; Variação I: Allegro,<br />

semínima 144 / Com expectativa, semínima 69; Variação II: Lírico, semínima 84 /<br />

Buliçoso, semínima 100; Variação III: Obstinado, semínima 92; Variação IV:<br />

L‟istesso tempo, semínima 92; Variação V: Sonhador, semínima 63 / Poco piu mosso,<br />

semínima 69 / Com expectativa, semínima 80; Variação VI: Incisivo, semínima 104;<br />

Variação VII: Tranquilo, semínima 56; Variação VIII: Brilhante, semínima 144;<br />

Variação IX: Apaixonado, semínima 52; Variação X: Enérgico, semínima 84. A<br />

marcação do metrônomo varia <strong>de</strong> semínima 52 a 144, sendo que aproximadamente 60%<br />

das variações estão em andamento tranqüilo.<br />

As discussões levantadas foram fundamentadas nos pensamentos dos seguintes<br />

autores: Cláudio Richerme, que discute sobre a técnica pianística com uma abordagem<br />

científica, <strong>de</strong>dicando alguns capítulos à discussão sobre o punho e Berna<strong>de</strong>te Castelan<br />

Povoas que também segue uma abordagem geral sobre a técnica pianística. Já os autores<br />

Asako Tamura, Marie Prentner e Tarcisio Gomes Filho abordam a técnica <strong>de</strong> pianistas<br />

específicos, respectivamente Magda Tagliaferro, Leschetizky e Vengerova. Nas<br />

leituras dos textos acima nos <strong>de</strong>paramos com uma variação <strong>de</strong> utilização dos termos<br />

punho e pulso para <strong>de</strong>nominar a parte do corpo em questão. Para Filho (2008), o nome<br />

correto utilizado pelos fisiologistas é punho, sendo pulso um nome popularmente usado.<br />

Encontramos nas normas e manuais técnicos do Glossário Temático Traumatologia e<br />

Ortopedia (2008) a seguinte <strong>de</strong>signação para o termo punho: “junção entre as<br />

extremida<strong>de</strong>s distais da ulna e o rádio com os ossos do carpo”. Enten<strong>de</strong>mos que o termo<br />

técnico para a articulação estudada é punho, portanto escolhemos este termo para<br />

utilizarmos em nosso trabalho.<br />

Dividimos o trabalho em duas p<strong>artes</strong>:<br />

- Exposição dos pensamentos teóricos dos autores citados sobre a utilização do punho;<br />

- Aplicação <strong>de</strong>stes conhecimentos na preparação da obra “Variações Sérias” <strong>de</strong> Ronaldo<br />

Miranda.


xxii<br />

EXPOSIÇÃO DE PENSAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DO<br />

PUNHO AO PIANO<br />

Vários autores concordam com o pensamento <strong>de</strong> que a utilização do punho po<strong>de</strong><br />

influenciar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção sonora ao piano. Para Filho (2008), o punho é<br />

utilizado como ativador da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque das teclas e está diretamente ligado à<br />

produção <strong>de</strong> acentos e controle da sonorida<strong>de</strong>. No mesmo sentido, sobre a técnica da<br />

professora e pianista russa Vengerova, Josep Rezits (apud GOMES FILHO 2008)<br />

comenta que: “(...) um dos pontos mais valiosos da técnica do punho é a capacida<strong>de</strong> do<br />

pianista ter indiscutível controle sobre os infinitos níveis <strong>de</strong> volume e,<br />

consequentemente, sobre a infinita varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores sonoras” (REZITS, 1995. Op.<br />

Cit. p. 15).<br />

Ainda sobre a interferência dos movimentos do punho na qualida<strong>de</strong> sonora, os<br />

pedagogos Myriam Ciarlini e Maurílio Rafael (apud GOMES FILHO, 2008) explicam<br />

que:<br />

A flexibilda<strong>de</strong> do [punho], propiciando várias formas <strong>de</strong> movimentos<br />

(...) permite o ajustamento da mão às várias posições exigidas pela<br />

escritura. Funcionando como uma ponte resistente, mas flexível,<br />

interfere na qualida<strong>de</strong> do som, na produção do legato, na beleza do<br />

fraseado, na facilida<strong>de</strong> da execução e, consequentemente, no prazer <strong>de</strong><br />

tocar piano (CIARLINI; RAFAEL, 1994. Op. Cit. P.44)<br />

Deste modo, acreditamos que a flexibilida<strong>de</strong> do punho é uma chave importante na<br />

execução <strong>de</strong> obras pianísticas.<br />

A utilização do punho na performance pianística não advém <strong>de</strong> estudos recentes.<br />

Segundo Hertel (2006), entre os séculos XVIII e XX, <strong>de</strong>ntre as três principais <strong>escola</strong>s<br />

<strong>de</strong> técnica pianística, que segundo ela são: <strong>escola</strong> dos <strong>de</strong>dos, <strong>escola</strong> anatômicofisiológica<br />

e a <strong>escola</strong> psicomotora, a segunda <strong>escola</strong> citada empregava o peso do braço<br />

fazendo uso <strong>de</strong> todo membro superior para extrair a sonorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada. Isto nos leva a<br />

concluir que o punho fazia necessariamente parte do processo dos movimentos para a<br />

produção sonora. Na execução <strong>de</strong>ssa técnica a transferência do peso <strong>de</strong> uma nota à<br />

outra, ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>do ao outro, causa a movimentação do punho. Um dos primeiros


xxiii<br />

gran<strong>de</strong>s pianistas a aplicar técnica <strong>de</strong> peso representantes <strong>de</strong>sta <strong>escola</strong>, conforme Hertel<br />

foi Beethoven (1770 – 1827), com suas i<strong>de</strong>ias composicionais inovadoras e<br />

revolucionárias. É interessante notar também que a utilização do punho se intensificou<br />

conforme o instrumento <strong>de</strong> teclado foi se <strong>de</strong>senvolvendo do cravo para piano forte e,<br />

finalmente, o piano mo<strong>de</strong>rno como conhecemos hoje. Isto se dá pelo fato do<br />

aprimoramento do mecanismo oferecer possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinâmica, variação <strong>de</strong><br />

articulação e spectrum sonoro pelo toque, maior resistência do mecanismo e a<br />

transformação da técnica <strong>de</strong>corrente da transformação do instrumento como colocado<br />

no parágrafo anterior.<br />

De acordo com Richerme o punho executa movimentos ativos e passivos. O<br />

passivo é feito com os movimentos do antebraço levantando e abaixando o punho, e<br />

trabalhando a circundação do mesmo sem nenhum movimento ativo do punho, ou seja,<br />

o punho é um canal que conduz a energia que vem do antebraço até os <strong>de</strong>dos. Para este<br />

tipo <strong>de</strong> movimento do punho os <strong>de</strong>dos <strong>de</strong>vem estar fortalecidos e preparados para sua<br />

utilização. Por outro lado, o movimento ativo do punho, segundo o autor, é gerado pela<br />

energia advinda da própria musculatura do punho.<br />

Dentro <strong>de</strong>ssa divisão exposta por Richerme <strong>de</strong>finimos abaixo alguns<br />

movimentos <strong>de</strong> punho, que po<strong>de</strong>m ser executados tanto através do movimento passivo<br />

quanto do movimento ativo do punho, a saber: flexão - abaixar a mão a partir do punho<br />

(fig. 1); extensão - levantar a mão a partir do punho (fig. 3); adução - inclinação lateral<br />

do punho no sentido do 5º <strong>de</strong>do (fig. 4); abdução - inclinação no sentido do polegar<br />

(fig. 5); circundação - combinação dos movimentos anteriores (fig. 6). A posição<br />

intermediária entre a flexão e a extensão do punho será utilizada nas discussões abaixo<br />

(fig 2).


xxiv<br />

Figura 1 – flexão<br />

Figura 2 – posição intermediária


xxv<br />

Figura 3 - extensão<br />

Figura 4 - adução


xxvi<br />

Figura 5 – abdução<br />

Figura 6 – circundação no sentido horário ou anti-horário<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos um pouco sobre o mecanismo <strong>de</strong> articulação do punho,<br />

selecionamos duas figuras que expõem os elementos fisiológicos, tendões, nervos e<br />

ossos (figuras 7 e 8).


xxvii<br />

Figura 7 – canal cárpico - adaptação científica <strong>de</strong> Ana Correia e validação científica <strong>de</strong> Lobo<br />

Antunes <strong>de</strong> Harvard Medical School (2011).<br />

Como po<strong>de</strong>mos ver na figura 7, o punho (carpo) é um canal <strong>de</strong> articulação entre<br />

o antebraço e as mãos. Através <strong>de</strong>sta articulação temos movimentos que po<strong>de</strong>mos<br />

utilizar para pesquisar sonorida<strong>de</strong>s e fraseado em uma obra pianística. Para esta autora,<br />

estes movimentos que a articulação proporciona são <strong>de</strong> suma importância na realização<br />

<strong>de</strong> uma interpretação musical.<br />

Já na figura 8 vemos os ossos do punho que fazem a ligação entre os ossos do<br />

antebraço e os da mão. Os ossos não impe<strong>de</strong>m a flexibilida<strong>de</strong> do punho, mas dão<br />

sustentação. Estes não envolvem o canal cárpico que, conforme Lobo Antunes (2011),<br />

<strong>de</strong>ixam um espaço reduzido para a passagem dos nervos e tendões. Portanto, existem<br />

limitações físicas que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas ao selecionarmos o movimento i<strong>de</strong>al para<br />

<strong>de</strong>terminado trecho e aplicá-lo. Para tanto <strong>de</strong>vemos levar em consi<strong>de</strong>ração certas<br />

limitações do punho para evitar problemas como síndrome do canal cárpico, ler, dort,<br />

entre outros.


xxviii<br />

Figura 8 – Raio X da mão e punho<br />

Richerme (1996) aponta que, um pianista, ao analisar os próprios movimentos e<br />

coor<strong>de</strong>nações musculares observando em que aspectos po<strong>de</strong>m ser melhorados, tem uma<br />

atitu<strong>de</strong> sábia. O autor continua dizendo que, uma vez escolhidos os movimentos, é<br />

necessário saber como coor<strong>de</strong>ná-los, dominá-los e automatizá-los. Abaixo sugerimos<br />

algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização do punho em um obra específica, enten<strong>de</strong>ndo que<br />

este processo po<strong>de</strong> ser utilizado em outras obras contendo o mesmo <strong>de</strong>senho<br />

fraseológico.<br />

APLICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DO PUNHO NA OBRA “VARIAÇÕES<br />

SÉRIAS” DE RONALDO MIRANDA<br />

A utilização do punho acontece em diferentes níveis <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

um trecho musical. Simplesmente para <strong>de</strong>finir o ataque <strong>de</strong> cada nota, ou para conduzir a<br />

ligação fraseológica entre duas notas ligadas, ou mesmo para permitir a realização <strong>de</strong><br />

uma frase ou semifrase com crescendos e diminuendos naturais. Com isso em mente,<br />

discutimos os diferentes movimentos do punho em cinco excertos selecionados do piano<br />

I da obra “Variações Sérias” <strong>de</strong> Ronaldo Miranda. Excertos esses que propõem<br />

articulações, dinâmicas e caráter distintos. A autora investigou o piano I e transmitiu


xxix<br />

os movimentos para a pianista do piano II que continha o mesmo material musical. Com<br />

essa metodologia a autora pô<strong>de</strong> rever seus procedimentos e refletir uma vez mais sobre<br />

os movimentos com base na experiência da segunda pianista.<br />

Na exposição do tema, do compasso 1 ao 8, temos um período <strong>de</strong> duas frases<br />

on<strong>de</strong> o tema é exposto, com marcação “com expressão”, em andamento lento, semínima<br />

66, e toque legato, como po<strong>de</strong>mos ver na figura 9.<br />

Figura 9 – Excerto da obra – compassos 1 a 8<br />

Para selecionarmos o movimento i<strong>de</strong>al do punho nesta passagem na mão direita,<br />

primeiramente experimentamos o uso do toque legato, com ataque mais individualizado<br />

das notas, e uma dosagem maior <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> braço. Para Gomes Filho (2008), o uso do<br />

peso do braço não quer dizer que o mesmo esteja passivo ao movimento. Com isso<br />

utilizamos o movimento passivo do punho, pois este foi conduzido pelo braço. O<br />

resultado sonoro foi <strong>de</strong> um toque firme, mas fosco o que nos levou a uma segunda<br />

experimentação. Utilizamos então o punho ativamente, ou seja, utilizando energia


xxx<br />

advinda da articulação do punho com os <strong>de</strong>dos firmes. Aplicamos o movimento <strong>de</strong><br />

circundação do punho tanto no sentido horário quanto anti-horário. O resultado foi <strong>de</strong><br />

um som mais brilhante.<br />

Portanto, uma maior flexibilida<strong>de</strong> do punho ajudou na variação da dinâmica<br />

proposta pela ligadura indicada pelo compositor. Cada frase caminha com uma<br />

seqüência <strong>de</strong> notas ligadas, on<strong>de</strong> uma nota é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da outra, por se tratar <strong>de</strong> um<br />

fraseado expressivo, com uma dinâmica que inicia piano, conduz ao mezzo forte e<br />

retorna ao piano para concluir a frase.<br />

Detalhadamente inicia-se a primeira frase com o punho na posição mais baixa, e<br />

vai se elevando gradativamente em conformida<strong>de</strong> com o crescendo da dinâmica. Depois<br />

a dinâmica <strong>de</strong>cresce e o punho flexível novamente acompanha com o movimento para<br />

baixo completando o movimento <strong>de</strong> circundação. Vemos então que a interpretação nesta<br />

parte teve na movimentação ativa do punho um papel fundamental para o tipo <strong>de</strong><br />

sonorida<strong>de</strong> e controle <strong>de</strong> dinâmica.<br />

Ainda na exposição, nos compassos 13, 14, 15 e 16, temos um trecho <strong>de</strong> oitavas<br />

e acor<strong>de</strong>s quebrados na mão direita, como mostra na figura 10.<br />

Figura 10 – Excerto da obra – compassos 13 a 16


xxxi<br />

Com ligaduras <strong>de</strong> duas em duas notas, on<strong>de</strong> utilizamos um movimento vertical<br />

do punho para dar ataque à primeira nota e a elevação do punho ao tocar a segunda nota,<br />

para sugerir uma finalização fraseológica, proporcionando um fraseado que mostra<br />

<strong>de</strong>pendência entre as notas. Segundo Schich.<br />

“o movimento <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong>ve ser realizado com o levantar do punho<br />

até o ponto on<strong>de</strong> não se perca a curvatura dos <strong>de</strong>dos, que por sua vez,<br />

não <strong>de</strong>vem também per<strong>de</strong>r o contato com as teclas. No primeiro<br />

momento o punho <strong>de</strong>ve se dirigir rapidamente para baixo,<br />

transferindo, ao mesmo tempo, a energia para a ponta do <strong>de</strong>do polegar<br />

abaixando a tecla <strong>de</strong>sejada” (apud GOMES FILHO, 2008).<br />

Aplicado este procedimento sugerido por Schich vimos que a continuação do<br />

movimento, em um segundo momento, acontece com a elevação do punho para liberar o<br />

peso atacado na primeira nota e juntamente com essa liberação <strong>de</strong> peso, tocar a segunda<br />

nota com controle <strong>de</strong> sonorida<strong>de</strong> não articulando o <strong>de</strong>do. Concordamos com Filho<br />

(2008) quando afirma que “o acento é obtido não pela força do <strong>de</strong>do que pressiona a<br />

tecla, nem pela percussão do mesmo e sim pela velocida<strong>de</strong> gerada no ataque.” Na ação<br />

<strong>de</strong> ataque do polegar e, posteriormente, do quinto <strong>de</strong>do, prestamos atenção em manter o<br />

tônus mínimo conforme Gomes Filho aponta e verificamos que há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<br />

<strong>de</strong>dos firmes para tal execução.<br />

Para Tamura (1997), o objetivo do exercício <strong>de</strong> queda e elevação do punho no<br />

piano é <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir cada ação com vigor. Segundo a autora, a tonalida<strong>de</strong> e o colorido do<br />

som se alteram <strong>de</strong> acordo com a maneira <strong>de</strong> preparar os braços, punhos e mãos antes <strong>de</strong><br />

se tocar. Concluímos que, na execução da oitava quebrada com ligadura entre as notas,<br />

a primeira nota, que sofreu a queda do <strong>de</strong>do pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queda do punho, cantou<br />

mais do que a segunda nota, que teve a elevação do punho liberando o peso do braço.<br />

Na Variação l, selecionamos os <strong>de</strong>z primeiros compassos que apresentam uma<br />

frase dividida em três membros <strong>de</strong> frases com blocos <strong>de</strong> acor<strong>de</strong>s nas duas mãos em<br />

staccato conforme a figura 11.


xxxii<br />

Figura 11 – Excerto da obra – compassos 20 a 30<br />

A frase neste trecho está dividida em três membros <strong>de</strong> frases que gradualmente<br />

crescem para fortíssimo. Dentro <strong>de</strong> cada membro <strong>de</strong> frase po<strong>de</strong>mos criar variações <strong>de</strong><br />

dinâmica para <strong>de</strong>linear o fraseado. Primeiramente, sobre a escolha <strong>de</strong> toque para a<br />

execução do staccato apontamos duas possibilida<strong>de</strong>s, percutindo com os <strong>de</strong>dos, ou pelo<br />

ataque guiado pelo braço com punho passivo e <strong>de</strong>dos firmes. Segundo Richerme:<br />

“a qualida<strong>de</strong> tímbrica <strong>de</strong> uma nota vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> como a tecla é<br />

abaixada. Toques percussivos produzem staccatos <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>. O<br />

movimento passivo <strong>de</strong> [punho] po<strong>de</strong> produzir staccatos muito mais<br />

musicais e <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> tímbrica, com ou sem acento.” ( 1997 )<br />

Escolhemos o ataque com <strong>de</strong>dos firmes e punho passivo para obter o staccato brilhante.<br />

Para Richerme, acor<strong>de</strong>s, como estes do trecho citado, em qualquer intensida<strong>de</strong>, se<br />

realizam muito mais facilmente com o movimento passivo <strong>de</strong> punho e não com<br />

movimentos exclusivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>do. Para realizarmos a variação <strong>de</strong> dinâmica <strong>de</strong>ntro do


xxxiii<br />

membro <strong>de</strong> frase utilizamos movimentos <strong>de</strong> circundação do punho. Este procedimento<br />

gerou flexão e extensão gradativas e passivas do punho <strong>de</strong> forma tal que pudéssemos<br />

atingir naturalmente uma dinâmica com crescendos e <strong>de</strong>crescendos. Selecionamos entre<br />

duas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> circundação – iniciando com o punho por cima e<br />

girando em movimento anti-horário ou iniciando por baixo e girando em movimento<br />

horário por meio <strong>de</strong> tentativas. O movimento mais natural para criarmos o fraseado<br />

neste trecho foi o <strong>de</strong> circundação no sentido horário.<br />

Quando passamos pelas Variações III e IV encontramos 14 compassos on<strong>de</strong> a<br />

mão direita contém notas em semicolcheias durante as duas variações, em graus<br />

predominantemente conjuntos com articulação staccato. Na mão esquerda temos blocos<br />

<strong>de</strong> acor<strong>de</strong>s também em staccato agrupados <strong>de</strong> três em três, ou <strong>de</strong> um em um ou<br />

dobrando a mão direita. Tem a função <strong>de</strong> acompanhamento harmônico. Na figura 12<br />

po<strong>de</strong>mos ver este trecho.


xxxiv<br />

Figura 12 – Excerto da obra – compassos 75 a 89<br />

Ao começar minha análise experimental sobre a utilização do punho neste trecho<br />

percebi que po<strong>de</strong>ria utilizar os staccatos com articulação apenas dos <strong>de</strong>dos com o punho


xxxv<br />

passivo ou utilizar articulação do punho, ou seja, punho ativo. Prentner (2005) <strong>de</strong>screve<br />

que Leschetizky utilizava o punho para guiar os <strong>de</strong>dos firmes na execução <strong>de</strong> trechos<br />

como este com staccato. Concluímos que com a utilização <strong>de</strong> articulação do punho neste<br />

trecho, os <strong>de</strong>dos ficam menos ativos e não precisam forçar o toque, pois o punho faz o<br />

trabalho <strong>de</strong> ataque, ou seja, não há articulação excessiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos e o punho participa<br />

do movimento sem excluir ação digital e sem exagerar nos movimentos. Através <strong>de</strong>ste<br />

toque o som sai com clareza.<br />

Seguimos com nossa análise pela peça “Variações Sérias” e chegamos na<br />

Variação VI no compasso 124. Inicia-se um gran<strong>de</strong> trecho com oito compassos <strong>de</strong><br />

acor<strong>de</strong>s nas duas mãos alternadas, em andamento rápido e incisivo, sendo que todos os<br />

acor<strong>de</strong>s são staccato conforme mostra a figura 13. Este excerto contém um período<br />

dividido em duas frases, sendo que cada frase pe<strong>de</strong> um crescendo e um <strong>de</strong>crescendo.<br />

Experimentando as possibilida<strong>de</strong>s tímbricas neste trecho, procuramos movimentos que<br />

também facilitassem o controle <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> e a duração <strong>de</strong> cada nota a ser tocada<br />

para cumprir o fraseado e articulação propostas.


xxxvi<br />

Figura 13 – Excerto da obra – compassos 124 a 131<br />

Após experimentação com toque articulando os <strong>de</strong>dos e punho flexível, e <strong>de</strong>dos<br />

firmes com punho em movimento passivo resultado da condução do braço, escolhemos<br />

para a realização <strong>de</strong>ste trecho, a última opção. Iniciamos com o punho em uma posição<br />

mais baixa, paralela ao teclado, e <strong>de</strong>dos firmes. Depois, em movimento <strong>de</strong> extensão do<br />

punho, gradualmente levantamos, on<strong>de</strong> o punho se move em cada acor<strong>de</strong>, até a meta<strong>de</strong><br />

da primeira frase e abaixamos o que facilitou a <strong>de</strong>lineação da dinâmica, ou seja, o punho<br />

se move em cada acor<strong>de</strong> em movimento <strong>de</strong> circundação. Isto se <strong>de</strong>ve ao fato da altura<br />

do punho influenciar no peso com que a nota é tocada.<br />

Outro aspecto observado é que o punho <strong>de</strong>ve ser relaxado após cada ataque,<br />

esteja este flexionado, estendido ou em posição intermediária, pois este relaxamento<br />

assegura a qualida<strong>de</strong> sonora. Fisicamente, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque é diferenciada


xxxvii<br />

influenciando a propagação do som e consequentemente resultando em diferença <strong>de</strong><br />

toque. Notamos que quando o punho estava na posição intermediária, o relaxamento<br />

requereu uma maior atenção, pois existia controle muscular envolvido. Já com o punho<br />

em posição flexionada a mão estava solta, ou seja, o punho não precisava segurar o peso<br />

da mão. Dentro do aspecto <strong>de</strong> produção sonora a pesquisa e investigação <strong>de</strong>stes<br />

procedimentos nos leva a consi<strong>de</strong>rar as posições <strong>de</strong> punho estendida e intermediária<br />

passíveis <strong>de</strong> maior atenção.<br />

Também notamos que o punho com um movimento ativo conduz a mão <strong>de</strong> um<br />

acor<strong>de</strong> ao outro em movimentos <strong>de</strong> adução e abdução. Povoas (2007), <strong>de</strong>fine o uso do<br />

gesto <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento do punho no sentido lateral como um recurso que permite a<br />

mudança <strong>de</strong> direção das notas em uma trajetória sem a interrupção do movimento.<br />

Vemos então que o movimento final é uma combinação <strong>de</strong> movimentos passivos e<br />

ativos do punho, bem como <strong>de</strong> extensão, flexão, adução e abdução. Com isso<br />

enten<strong>de</strong>mos que a movimentação do punho é complexa, mas cada movimento é<br />

relacionado a algum elemento musical, seja este <strong>de</strong> dinâmica, <strong>de</strong> timbre ou articulação.


xxxviii<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Percebemos com esse exercício investigatório, que o punho como ferramenta <strong>de</strong><br />

trabalho na realização <strong>de</strong> um trecho musical oferece inúmeras possibilida<strong>de</strong>s ao pianista.<br />

Este proporciona uma riqueza <strong>de</strong> movimentos que auxiliam a interpretação musical ao<br />

piano, permitindo assim a pesquisa da qualida<strong>de</strong> tímbrica, variação <strong>de</strong> dinâmica e<br />

articulações. Também enten<strong>de</strong>mos a complexida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses movimentos.<br />

Como citamos acima, precisamos ter cuidado na escolha dos mesmos, pois o punho<br />

como todos os órgãos do corpo humano tem suas restrições e suas limitações <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>radas, evitando assim algum entrave.<br />

A experiência <strong>de</strong>sta autora no processo da <strong>de</strong>scoberta dos melhores movimentos<br />

do punho para <strong>de</strong>terminados trechos musicais evi<strong>de</strong>ncia a facilitação <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> sonora, comando do ataque ao piano, domínio dos toques staccatos, legatos e<br />

portatos e da variação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, o que corrobora com os pensamentos dos teóricos<br />

citados.<br />

A obra <strong>de</strong> Ronaldo Miranda cumpriu seu papel <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> pesquisa enquanto<br />

fornecedor <strong>de</strong> material musical para verificação dos mecanismos e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

utilização do punho. Neste caso a utilização criteriosa e analisada dos movimentos <strong>de</strong><br />

punho em cada excerto da peça só trouxe benefícios ao intérprete.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que qualquer que seja a técnica utilizada como base para a<br />

interpretação, o pianista não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scartar as possibilida<strong>de</strong>s que os movimentos do<br />

punho oferecem, pois comprovadamente o mesmo proporciona facilida<strong>de</strong>s para a<br />

performance virtuosística e expressiva.


xxxix<br />

REFERÊNCIAS<br />

ANTUNES, Lobo. O que é o síndrome do Canal Cárpico. Disponível em<br />

http://hmsportugal.wordpress.com/category/neurologia/. Acessado em 04 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

2012.<br />

ESCOBAR, A. Encarte do CD: Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini – Schumann,<br />

Krieger, Miranda, Brahms, Villa-Lobos, Escobar – piano a 4 mãos. [s.e.], CSMR001,<br />

1998.<br />

FILHO, Tarcísio Gomes. O legado pedagógico <strong>de</strong> Isabelle Vengerova: Um estudo <strong>de</strong><br />

ampliação dos conceitos sobre técnica pianística. Dissertação (Mestrado em Música).<br />

Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Música na Unicamp, Campinas, S.P. 2008.<br />

HERTEL, Cynthia Regina. Um olhar sobre o processo evolutivo da técnica<br />

pianística. In: Anais IV Fórum <strong>de</strong> pesquisa científica em Arte. Escola <strong>de</strong> Música e<br />

Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2006.<br />

MIRANDA, R. Encarte do CD: Trajetórias. Rio Arte Digital, RD-020, 2000.<br />

POVOAS, Maria Berna<strong>de</strong>te Castelan. Ação pianística e coor<strong>de</strong>nação motora:<br />

relações interdisciplinares. In: Anais do III Simpósio <strong>de</strong> Cognição e Artes Musicais.<br />

Salvador: EDUFBA, 2007.<br />

PRENTNER, Marie. Leschetizky’s Fundamental Principles of Piano Technique.<br />

Dover Publications, Inc., 31 East 2nd Street, Mineola, N. Y. 2005.<br />

RICHERME, Cláudio. A técnica pianística: uma abordagem científica. São João da<br />

Boa Vista, SP: AIR Musical Editora,1996.<br />

SETIAN, Nuvarte. Crescimento saudável. Disponível em<br />

http://veja.abril.com.br/especiais_online/crescimento-saudavel/tamanho-filho.shtml.<br />

Acessado em 04 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2012.<br />

TAMURA, Azako. A arte pianística <strong>de</strong> Magda Tagliaferro.1ª Edição: 1990.<br />

Tradução <strong>de</strong> Dirce Kimyo Miyamura. São Paulo: Fundação Magda Tagliaferro, 1997.<br />

THYS, Marcelo G. O piano a quatro mãos no Brasil, Claves n.º 5 – João Pessoa:<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Música da UFPB, 2008 .


xl<br />

ANEXO<br />

Variações Sérias <strong>de</strong> Ronaldo Miranda<br />

Partitura manuscrita


xli


xlii


xliii


xliv


xlv


xlvi


xlvii


xlviii


xlix


lii


liii


liv


lvi


lvii


lviii


lix


lxi


lxii


lxiii


lxiv


lxv


lxvi


lxvii


lxviii


lxix


lxx


lxxi


lxxii


lxxiii


lxxiv


lxxv


lxxvi

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