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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - Prefeitura ...

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93<br />

De forma congruente com esta ideologia do<br />

gerencialismo ou managerialismo, assistimos<br />

também a uma tendência no sentido da neotaylorização<br />

do trabalho dos professores, isto é, a<br />

uma crescente pressão política e económica para<br />

estes sejam reconhecidos, sobretudo, como<br />

técnicos eficientes e eficazes na transmissão de<br />

saberes – saberes que outros produzem e que eles<br />

apenas reproduzem. Estes saberes, de natureza<br />

predominantemente cognitiva, devem ser<br />

mensuráveis e quantificáveis através de provas e<br />

testes supostamente neutros ou objectivos,<br />

permitindo igualmente avaliar a sua competência<br />

como professores com base nos resultados<br />

acadêmicos dos alunos. Finalmente, esses mesmos<br />

resultados (ou outputs) devem ser vistos como<br />

uma base segura e legítima para estabelecer o<br />

mérito de alunos e de professores, induzindo<br />

efeitos de competição e de emulação e<br />

constituindo assim uma outra estratégia para<br />

justificar novas hierarquias educacionais e novas<br />

desigualdades sociais.<br />

Ao contrapor as avaliações exigidas e as avaliações necessárias<br />

em texto apresentado com nome semelhante no XI Encontro Nacional<br />

de Didática e Prática de Ensino (Endipe) Dalben (2002) apresentava os<br />

argumentos utilizados pelo governo federal para justificar os processos<br />

de avaliação sistêmica. De acordo com essa autora, a ideia do governo<br />

federal consistia em “[...] fornecer aos sujeitos parâmetros de análise e<br />

comparação entre sistemas de diferentes regiões, dando suporte à<br />

discussão das políticas implementadas e das necessidades evidenciadas.<br />

[...]” (DALBEN, 2002, p.32) O problema com esses processos,<br />

entretanto, estaria no fato de ser<br />

[...] comum ocorrer a mitificação dos processos<br />

matemáticos de tratamento dos dados como se<br />

eles fossem capazes de dizer por si mesmos. É<br />

nesse contexto que os sistemas de avaliação se<br />

transformam em problemas. Os números falam a<br />

sua linguagem. A tradução dessa linguagem está à<br />

mercê dos diferentes referenciais de avaliação que<br />

a comunidade educacional possa ter. É preciso<br />

estar atento para essas traduções e consciente de<br />

que a desconfiança e o questionamento fazem

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