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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - Prefeitura ...

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autor, tais lógicas produziriam cinco formas de não existência: o<br />

ignorante, o residual, o inferior, o local e o improdutivo.<br />

Como substituição a esses Cinco modos de Produção da Não<br />

Existência, Santos (2008) propôs cinco Ecologias onde a diversidade se<br />

configuraria como principal contraponto ao caráter monocultural<br />

imposto pela modernidade. As Ecologias propostas pelo autor foram:<br />

Ecologia dos Saberes; Ecologia das Temporalidades; Ecologia dos<br />

Reconhecimentos; Ecologia das Trans-escalas; Ecologia das<br />

Produtividades.<br />

Tomando como referências as discussões de Santos (2008), penso<br />

ser pertinente, a preocupação de que a avaliação qualitativa possa estar<br />

respaldando as práticas classificatórias no campo educacional, uma vez<br />

que essa lógica da classificação social ainda é bastante presente nos<br />

processos de avaliação de nossos sistemas escolares, inclusive na<br />

educação infantil, pois esta “[...] cumpre sua função seletiva e<br />

hierarquizadora em todos os níveis escolares. [...]” (SACRISTÁN, 1998,<br />

p.325)<br />

A lógica da classificação social sustenta a ideia da existência de<br />

uma única cultura reconhecida socialmente e, por conseguinte, que as<br />

diferenças existentes entre os indivíduos no que diz respeito as suas<br />

realidades socioeconômicas sejam naturais, o que justificaria o fato de<br />

algumas pessoas terem um acesso “maior” ou “menor” aos<br />

conhecimentos e riquezas produzidas pela humanidade e, por isso,<br />

podem ser consideradas “mais ou menos importantes” numa<br />

determinada sociedade, gerando um hierarquia reconhecida por todos.<br />

Isso, de certa forma, embora não justifique, explica a existência<br />

de mais estudos sobre uma determinada área do conhecimento, sobre um<br />

determinado tema e, por conseguinte, a pouca produção sobre a temática<br />

avaliação na educação infantil. Por outro lado, de forma perversa,<br />

também acaba explicando um maior ou menor investimento financeiro<br />

em determinadas áreas sociais, como é o caso da educação infantil, que<br />

embora hoje tenha sido reconhecida legalmente na legislação brasileira,<br />

inclusive no que tange ao financiamento, ainda vive de migalhas, o que<br />

contribui com a contradição entre o direito e a garantia de acesso das<br />

crianças de zero a cinco anos a esses espaços educativos.<br />

De acordo com Santos (2008, p.97) “[...] para haver mudanças<br />

profundas na estruturação dos conhecimentos é necessário começar por<br />

mudar a razão que preside tanto aos conhecimentos como a estruturação<br />

deles [...]” e, nesse sentido me parece interessante sua proposta de uma<br />

Ecologia dos Reconhecimentos como contraponto a Lógica da<br />

Classificação Social. Ainda de acordo com os argumentos deste autor, a

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