02.09.2014 Views

A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames

A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames

A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Consi<strong>de</strong>rações iniciais<br />

O presente trabalho é resultado das<br />

discussões e sist<strong>em</strong>atizações que realizei<br />

como requisito parcial para aprovação na<br />

disciplina Tópicos Especiais V, ministrada pela<br />

professora Sara Cohen, no programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação <strong>em</strong> <strong>Música</strong> da Escola <strong>de</strong> <strong>Música</strong><br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(UFRJ). Nesta disciplina tive contato com a<br />

Cartilha Rítmica para piano <strong>de</strong> Almeida Prado<br />

e, contato também, com discussões sobre a<br />

natureza do ritmo na música do século XX;<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análises rítmicas; relações<br />

entre performance e análise da estrutura<br />

métrica <strong>de</strong> uma peça, entre outros.<br />

Apresentar<strong>em</strong>os a seguir: (a) breve revisão<br />

<strong>de</strong> literatura sobre questões rítmicas na<br />

música tonal; (b) apresentação da Cartilha<br />

Rítmica para piano <strong>de</strong> Almeida Prado; (c)<br />

análise <strong>de</strong> três composições <strong>de</strong> Almeida<br />

Prado: Mudanças <strong>de</strong> Compassos; Valsa <strong>em</strong><br />

Quatro Andamentos; Diferentes articulações;<br />

(d) consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

Ressaltamos que as análises que<br />

apresentar<strong>em</strong>os não correspon<strong>de</strong>m a uma<br />

análise formalista/estruturalista. Optamos<br />

por realizar uma análise musical apoiada <strong>em</strong><br />

el<strong>em</strong>entos fornecidos pela escuta musical<br />

atenta, el<strong>em</strong>entos visuais presentes na<br />

partitura (representação gráfico-musical) e<br />

relações entre escuta e leitura <strong>de</strong> mundo,<br />

b<strong>em</strong> como, relações ‘intertextuais’, el<strong>em</strong>ento<br />

presente e característico na Obra <strong>de</strong> Prado.<br />

Introdução: A ‘probl<strong>em</strong>ática’ do ‘ritmo’<br />

“O fenômeno da música nos é dado com o<br />

único propósito <strong>de</strong> estabelecer uma or<strong>de</strong>m<br />

nas coisas, incluindo, particularmente, a<br />

coor<strong>de</strong>nação entre o hom<strong>em</strong> e o t<strong>em</strong>po”<br />

(STRAVINSKY, 1962, apud WINOLD, 1975,<br />

p. 268, tradução nossa). O aspecto rítmico<br />

é um dos mais <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos e difíceis <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finir <strong>em</strong> música.<br />

Se observarmos atentamente, perceber<strong>em</strong>os<br />

que na literatura atual, <strong>de</strong>senvolvida<br />

<strong>em</strong> pesquisas <strong>em</strong> música, pelo menos no<br />

Brasil, são poucas as que abordam questões<br />

rítmicas. Pensando no dil<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Agostinho<br />

talvez ali encontr<strong>em</strong>os a resposta: “Então, o<br />

que é o t<strong>em</strong>po? Se ninguém me pergunta,<br />

eu sei; Se eu for explicar isso a alguém, então<br />

eu não sei” (AGOSTINHO, Confessions XI. 17,<br />

apud MORAIS, 2003, p. 123, tradução nossa).<br />

Abordando questões rítmicas, abordamos<br />

também, implicitamente, questões sobre o<br />

t<strong>em</strong>po, sobre t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong>, relações crono-intervalares,<br />

entre outras.<br />

A maior parte dos músicos, ou mesmo<br />

apreciadores <strong>de</strong> música, compreen<strong>de</strong>m que<br />

o ‘ritmo’ é um aspecto importante da música.<br />

Ele é qu<strong>em</strong> apresenta o tom vivificante e<br />

torna este fenômeno, a música, realizável.<br />

“[A]dmite-se que o ritmo é para a música,<br />

especialmente a música tonal, o el<strong>em</strong>ento<br />

fundamental, ou mesmo fundante” (MORAIS,<br />

2003, p. 122). Dessa forma,<br />

cada músico, seja intérprete,<br />

compositor, ou teórico vai concordar<br />

que ‘No princípio era o ritmo’. Porque o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação do ritmo e, mais<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!