A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames
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Consi<strong>de</strong>ramos este mo<strong>de</strong>lo porque a<br />
trilha <strong>de</strong>sta cena não é composta por<br />
música convencional, com notação<br />
tradicional. Nossa partitura não é dividida<br />
<strong>em</strong> compassos, mas <strong>em</strong> segundos, tendo<br />
trinta e cinco segundos notados. As figuras<br />
musicais que a compõ<strong>em</strong> foram criadas<br />
por nós, e representam o conteúdo que<br />
encontramos no som <strong>de</strong>sta cena, tais como<br />
sons trêmulos, sons curtos, sons abafados,<br />
<strong>de</strong>ntre outros. A partitura também t<strong>em</strong><br />
divisão <strong>de</strong> altura. Agudo, meio e grave são<br />
os campos sobrepostos que preench<strong>em</strong> a<br />
linha da partitura do som. Assim, buscamos<br />
posicionar a notação da partitura, tendo<br />
como referência a altura, o segundo e a<br />
duração que o som apresenta durante sua<br />
execução.<br />
No segundo quadro - fotogramas - estão<br />
expostos os quinze fotogramas selecionados<br />
da cena que correspon<strong>de</strong> diretamente ao<br />
som executado. Em relação à partitura, eles<br />
são dispostos <strong>de</strong> acordo com os segundos<br />
<strong>de</strong> som executados referentes à imag<strong>em</strong>, o<br />
que significa que um fotograma po<strong>de</strong> ter<br />
correspondência com nove segundos <strong>de</strong><br />
partitura, ou apenas um segundo. Ainda,<br />
foram selecionados fotogramas <strong>de</strong> acordo<br />
com o momento da cena que representam<br />
e estão diretamente ligados ao conteúdo<br />
sonoro.<br />
som e à estrutura da música cont<strong>em</strong>porânea, <strong>em</strong> que<br />
o timbre e a textura ganham precedência <strong>em</strong> relação<br />
à linha melódica e à exatidão rítmica [...] Pelo fato<br />
<strong>de</strong> a notação musical convencional não dar conta<br />
das questões <strong>de</strong> timbre e estrutura sonora que quer<br />
<strong>de</strong>senvolver <strong>em</strong> seus alunos, a criação <strong>de</strong> um tipo<br />
alternativo <strong>de</strong> notação parece-lhe a única saída”<br />
(FONTERRADA, 2005, p. 168).<br />
O terceiro quadro - diagrama do movimento<br />
- é que une as correspondências sonoras<br />
e visuais. Nele, são consi<strong>de</strong>rados os<br />
movimentos do som e os movimentos das<br />
imagens, unindo-os <strong>em</strong> sincronismo, a fim<br />
<strong>de</strong> mostrar a similarida<strong>de</strong> dos movimentos<br />
fundamentais das duas linguagens. Tanto o<br />
conteúdo visual quanto o sonoro segu<strong>em</strong> o<br />
mesmo contorno.<br />
O diagrama do movimento mostra a<br />
linha reta que Danny segue durante seu<br />
trajeto, que coinci<strong>de</strong> com a dureza do<br />
som. Representamos a correspondência<br />
da imag<strong>em</strong> com o som através <strong>de</strong> uma<br />
linha reta, pela invariabilida<strong>de</strong> que ambas<br />
apresentam. A simplicida<strong>de</strong> da imag<strong>em</strong> e o<br />
conteúdo sujo do som geram a tensão. As<br />
curvas rápidas que Danny faz, nos <strong>de</strong>ixando<br />
por alguns segundo s<strong>em</strong> saber o que v<strong>em</strong><br />
no próximo corredor, e o som gerado<br />
nestes momentos, como que “engolindo”<br />
alguma coisa, traz<strong>em</strong> um texto subjetivo,<br />
informando que essa união evoca algo<br />
assombroso. São afiguradas como <strong>de</strong>clives<br />
arredondados justamente por trazer<strong>em</strong><br />
a sensação <strong>de</strong> queda, <strong>de</strong> “estar sendo<br />
engolido”. A cena finaliza-se com a imag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> Danny seguindo um longo e vazio<br />
corredor <strong>de</strong> hotel, acompanhado pelo som<br />
sujo e granuloso <strong>de</strong> seu triciclo <strong>em</strong> atrito<br />
com o chão, retratado <strong>em</strong> uma linha reta.<br />
Com a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste esqu<strong>em</strong>a, Eisenstein<br />
(2002) conclui que<br />
As imagens musicais e visuais na<br />
realida<strong>de</strong> não são comensuráveis<br />
através <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estritamente<br />
“plásticos”. Se falamos <strong>de</strong> relações<br />
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