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A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames

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“sincronização interna”, natural àquele que<br />

lê a montag<strong>em</strong> e percebe a fusão entre os<br />

“el<strong>em</strong>entos plásticos”. O movimento é qu<strong>em</strong><br />

une estes el<strong>em</strong>entos, ele “revelará todos<br />

os substratos da sincronização interna”,<br />

mostrando “o significado e o método do<br />

processo <strong>de</strong> fusão” (EISENSTEIN, 2002, p. 58-<br />

59).<br />

Naturalmente é útil o fato <strong>de</strong>, s<strong>em</strong><br />

contar com os el<strong>em</strong>entos individuais,<br />

a estrutura polifônica obter seu efeito<br />

total através da sensação <strong>de</strong> combinação<br />

<strong>de</strong> todas as peças como um todo. Esta<br />

“fisionomia” da sequência acabada<br />

é uma soma dos aspectos individuais<br />

e da sensação geral produzidos pela<br />

sequência. [...] Ao combinar a música<br />

com a sequência, essa sensação<br />

geral é um fator <strong>de</strong>cisivo, porque<br />

está diretamente ligada à percepção<br />

da imag<strong>em</strong> da música assim como<br />

dos quadros. Isto requer constantes<br />

correções e ajustamentos dos aspectos<br />

individuais para preservar o efeito<br />

geral. Por fazermos um diagrama do<br />

que ocorre na montag<strong>em</strong> vertical,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os visualizá-la como duas linhas,<br />

tendo <strong>em</strong> mente que cada uma <strong>de</strong>ssas<br />

linhas representa todo um complexo <strong>de</strong><br />

uma partitura <strong>de</strong> muitas vozes. A busca<br />

da correspondência <strong>de</strong>ve ocorrer<br />

a partir da interação <strong>de</strong> combinar<br />

quadro e música com a “imag<strong>em</strong>”<br />

geral, complexa, produzida pelo todo<br />

(EISENSTEIN, 2002, p. 56).<br />

Um conceito que <strong>de</strong>fine b<strong>em</strong> os resultados<br />

da relação imag<strong>em</strong>/som é o <strong>de</strong> “valor<br />

agregado”. Segundo Chion (2003), este<br />

termo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como:<br />

Valor sensorial, informativo, s<strong>em</strong>ântico,<br />

narrativo, estrutural ou expressivo que<br />

um som escutado numa cena nos leva<br />

a projetar sobre a imag<strong>em</strong>, até criar a<br />

impressão <strong>de</strong> que v<strong>em</strong>os naquilo o que<br />

na realida<strong>de</strong> ‘audiov<strong>em</strong>os’. Este efeito,<br />

utilizado corretamente, é a maior<br />

parte do t<strong>em</strong>po inconsciente por parte<br />

daqueles que o experimentam (CHION,<br />

2003, apud FLORES, 2006, p.14).<br />

Ao <strong>de</strong>senvolver este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> montag<strong>em</strong><br />

vertical ou polifônico, Eisenstein acredita<br />

que a “impressão” mais profunda será<br />

“imediatamente obtida” logo quando ocorra<br />

“uma coincidência do movimento da música<br />

com o movimento do contorno visual”, pois<br />

este contorno se transforma no “mais vívido<br />

enfatizador da própria idéia do movimento”<br />

(ESENSTEIN, 2002, p. 115).<br />

A estrutura vertical da cena “a corrida <strong>de</strong><br />

Danny”<br />

Nosso exame, que segue <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>a<br />

reduzido, baseado no mo<strong>de</strong>lo Eisensteiniano,<br />

analisará a “corrida <strong>de</strong> Danny” composta por<br />

quatorze fotogramas extraídos dos trinta<br />

e cinco segundos que compõe a cena <strong>de</strong><br />

um único plano sequência. Seu conteúdo<br />

t<strong>em</strong>ático b<strong>em</strong> simples é o passeio <strong>de</strong><br />

Danny pelos corredores do Hotel Overlook.<br />

O diagrama da análise se divi<strong>de</strong> <strong>em</strong> três<br />

quadros.<br />

O primeiro - partitura do som - foi construído<br />

baseado no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> notação musical<br />

não convencional <strong>de</strong> George Self(1967) 3 .<br />

3 “George Self propõe um tipo <strong>de</strong> notação<br />

musical simplificada, particularmente a<strong>de</strong>quada ao<br />

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