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A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames

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Então,<br />

Para isso, ter<strong>em</strong>os <strong>de</strong> extrair da nossa<br />

experiência do cin<strong>em</strong>a mudo um<br />

ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> polifônica, na<br />

qual um plano é ligado a outro não<br />

apenas através <strong>de</strong> uma indicação – <strong>de</strong><br />

movimento, valores <strong>de</strong> iluminação,<br />

pausa na exposição do enredo, ou algo<br />

s<strong>em</strong>elhante -, mas através <strong>de</strong> um avanço<br />

simultâneo <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> múltiplas<br />

linhas, cada qual contribuindo para<br />

o curso <strong>de</strong> composição total da<br />

sequência (EISENSTEIN, 2002, p. 55).<br />

Para Eisenstein, os sentidos são vistos<br />

como linhas <strong>de</strong> composição, assim,<br />

quando unificados – com imag<strong>em</strong> e som se<br />

relacionando – os resultados são vistos tanto<br />

na unida<strong>de</strong> quanto na estrutura. “Nossos<br />

sentidos apreen<strong>de</strong>m a atração <strong>de</strong> cada plano<br />

e nossos <strong>de</strong>sejos interiores compartilham<br />

essas atrações através da s<strong>em</strong>elhança ou<br />

do contraste, criando uma unida<strong>de</strong> superior<br />

e uma interação <strong>de</strong> planos específicos<br />

que produz significado” (ANDREW, 2002,<br />

p. 53). O cineasta acredita que “este<br />

movimento também po<strong>de</strong> estar ligado ao<br />

movimento <strong>em</strong>ocional” (EISENSTEIN, 2002,<br />

p. 120). Consi<strong>de</strong>rando o cin<strong>em</strong>a como um<br />

organismo, Eisenstein enten<strong>de</strong> que cada<br />

célula <strong>de</strong>sse corpo <strong>de</strong>ve se relacionar com<br />

as outras para fazer do resultado final uma<br />

unida<strong>de</strong> coesa e coerente. Através <strong>de</strong> uma<br />

estrutura “calculada <strong>de</strong> atrações”, o cineasta<br />

acreditava ser possível moldar os processos<br />

mentais do espectador, respeitando seus<br />

po<strong>de</strong>res sensoriais, e os “misteriosos<br />

trabalhos da percepção e compreensão”,<br />

compondo o filme <strong>de</strong> maneira a chamar<br />

atenção da percepção. Ao se compreen<strong>de</strong>r<br />

o conteúdo perceptivo do sujeito, po<strong>de</strong>se<br />

oferecer algo que atenda aos interesses<br />

<strong>de</strong>sta área, já que<br />

A Arte estava reservada para aqueles<br />

tipos <strong>de</strong> efeitos e mensagens não<br />

disponíveis ao discurso comum. Isto é,<br />

a arte visa antes <strong>de</strong> tudo as <strong>em</strong>oções, e<br />

apenas <strong>em</strong> segundo lugar a razão. Ela<br />

causa um efeito que não é disponível<br />

à linguag<strong>em</strong> comum. A arte, então, é<br />

s<strong>em</strong>elhante a outros veículos retóricos,<br />

mas é <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m superior, capaz <strong>de</strong><br />

transmitir mensagens completas e <strong>de</strong><br />

envolver todo ser humano (ANDREW,<br />

2002, p. 67).<br />

Esse sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> combinações faz as<br />

impressões psicológicas se relacionar<strong>em</strong> e se<br />

combinar<strong>em</strong> a fim <strong>de</strong> gerar a impressão final<br />

da obra, estabelecendo o relacionamento<br />

do fruidor com o cin<strong>em</strong>a. Cada um dos<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>ste organismo atinge uma área<br />

perceptiva, e, no todo, atua gerando reações<br />

e relações, criando a impressão final.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> vertical <strong>de</strong><br />

Eisenstein traz ferramentas <strong>de</strong>talhistas<br />

e peculiares não encontradas <strong>em</strong><br />

nenhum outro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> montag<strong>em</strong><br />

cin<strong>em</strong>atográfica (ANDREW, 2002, p. 53).<br />

Segundo Eisenstein, “parece o diagrama<br />

<strong>de</strong> uma <strong>jun</strong>ção porque a montag<strong>em</strong> é na<br />

realida<strong>de</strong> um amplo movimento t<strong>em</strong>ático <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, progredindo através <strong>de</strong> um<br />

diagrama”. Por tratar <strong>de</strong> “<strong>jun</strong>ções individuais”,<br />

é preciso encontrar uma “sincronização<br />

interna entre a imag<strong>em</strong> tangível e os<br />

sons percebidos <strong>de</strong> modo diferente” para<br />

que haja compreensão. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

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