A Tempo - Revista de Pesquisa em Música - n°2 (jan/jun ... - Fames
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história, uma outra dimensão, a qual<br />
compl<strong>em</strong>enta sua existência t<strong>em</strong>poral<br />
e espacial como representações. O que<br />
a trilha sonora preten<strong>de</strong> duplicar é o<br />
som <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong>, não o som do<br />
mundo (BELTON, 1985, apud FLORES,<br />
2006, p. 84).<br />
As correspondências audiovisuais são<br />
<strong>de</strong>corrência do <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
plasticida<strong>de</strong> cin<strong>em</strong>atográfica. É fundamental<br />
que se estabeleça a interação entre a<br />
imag<strong>em</strong> e o som, uma vez que a primeira<br />
também influencia a percepção que t<strong>em</strong>os<br />
do som. Para o cont<strong>em</strong>plador, essa relação<br />
po<strong>de</strong> facilitar a vivência musical, já que<br />
une e explora as linguagens na busca pela<br />
compreensão do objeto arte.<br />
Entretanto, é importante salientar que<br />
não se <strong>de</strong>ve dar maior importância a uma<br />
das linguagens <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento a outra,<br />
na construção cin<strong>em</strong>atográfica, fato<br />
recorrente <strong>em</strong> várias das produções que<br />
exist<strong>em</strong> na atualida<strong>de</strong> (FLORES, 2006). Isto<br />
afeta a compreensão/fruição por parte dos<br />
cont<strong>em</strong>pladores, uma vez que o conteúdo<br />
não cabe sozinho <strong>em</strong> apenas um campo<br />
artístico. Cada representação se vincula a<br />
uma série <strong>de</strong> representações, firmando seu<br />
espaço e reproduzindo o conteúdo anterior.<br />
O cin<strong>em</strong>a age na esfera do entendimento,<br />
da significância, tornando-se matéria<br />
da expressão e da impressão. Por isto, “a<br />
experiência e o sujeito estarão s<strong>em</strong>pre<br />
<strong>jun</strong>tos no ato <strong>de</strong> fruição. Nenhum filme<br />
po<strong>de</strong>rá ser escutado, pelo espectador ou<br />
pelo crítico, s<strong>em</strong> ser a partir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong><br />
vista subjetivo” (FLORES, 2006, p. 47).<br />
O filme: histórico e análise<br />
O filme O Iluminado - Titulo original: The<br />
Shining - foi lançado <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1980,<br />
nos Estado Unidos, colorido, com duração<br />
<strong>de</strong> 144 minutos, gênero terror. Dirigido por<br />
Stanley Kubrick e produzido por Jan Harlan,<br />
Martins Richards e Stanley Kubrick. O<br />
roteiro <strong>de</strong> Diane Johnson e Stanley Kubrick<br />
foi adaptação do livro <strong>de</strong> Stephen King,<br />
lançado <strong>em</strong> 1977. O elenco original do filme<br />
é composto por Jack Nicholson, Shelley<br />
Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers,<br />
Barry Nelson, Philip Stone e Joe Turkel. A<br />
música é <strong>de</strong> Wendy Carlos e Rachel Elkind;<br />
cin<strong>em</strong>atografia <strong>de</strong> John Alcott e edição <strong>de</strong><br />
Ray Lovejoy. Os operadores <strong>de</strong> câmera são<br />
Devis e Kelvin Puke, e operador <strong>de</strong> steadycam<br />
é Garret Brown. Estúdio responsável<br />
Producers Circle, Perrigrine Productions;<br />
distribuição por Warner Bros.<br />
Na adaptação da obra literária <strong>de</strong> Stephen<br />
King (1997), Kubrick (1980) escolhe abrir<br />
sua versão com uma vista aérea que<br />
sobrevoa o rio à marg<strong>em</strong> da estrada on<strong>de</strong> o<br />
solitário fusca da família Torrance percorre<br />
a caminho do Hotel Overlook – local da<br />
trama. De acordo com Vugman (2001, p. 3),<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, “uma atmosfera opressiva é<br />
cuidadosamente construída”. Não há nada<br />
<strong>de</strong> relaxante na paisag<strong>em</strong> montanhosa<br />
composta por estradas sinuosas e <strong>de</strong>sertas:<br />
“a música ameaçadora anula qualquer<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encantamento com o<br />
cenário bucólico, e a câmera <strong>em</strong> nenhum<br />
momento nos dá o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Jack”,<br />
um dos personagens centrais, vivido por<br />
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