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Nº6 ⋅ 2º semestre <strong>de</strong> 2010 ⋅ ano 3 ⋅ ISSN: 1647-5496<br />

EUTRO À TERRA<br />

Revista Técnico-Científica |Nº6| Dezembro <strong>de</strong> 2010<br />

http://www.neutroaterra.blogspot.com<br />

“Manten<strong>do</strong> o compromisso que temos<br />

convosco, voltamos à vossa presença com<br />

mais uma publicação. Esta já é a sexta<br />

publicação da revista “Neutro à Terra”. Os<br />

incentivos que temos recebi<strong>do</strong> dão-nos a<br />

motivação necessária para continuarmos<br />

empenha<strong>do</strong>s em fazer <strong>de</strong>sta revista uma<br />

referência nas áreas da <strong>Engenharia</strong><br />

Electrotécnica em que nos propomos<br />

intervir. Nesta edição merece particular<br />

<strong>de</strong>staque os assuntos relaciona<strong>do</strong>s com as<br />

instalações eléctricas, os veículos eléctricos,<br />

a <strong>do</strong>mótica, os sistemas <strong>de</strong> segurança, as<br />

fibras ópticas e os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> energia<br />

eléctrica.”<br />

Doutor Beleza Carvalho<br />

Instalações<br />

Eléctricas<br />

Pág.5<br />

Máquinas<br />

Eléctricas<br />

Pág. 17<br />

Telecomunicações<br />

Pág. 27<br />

Segurança<br />

Pág. 33<br />

Energias<br />

Renováveis<br />

Pág. 45<br />

Domótica<br />

Pág.51<br />

Eficiência<br />

Energética<br />

Pág. 60<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> – <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica – Área <strong>de</strong> Máquinas e Instalações Eléctricas


EDITORIAL<br />

Doutor José António Beleza Carvalho<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

EUTRO À TERRA<br />

05| Quedas <strong>de</strong> Tensão em Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa Tensão<br />

Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />

António Augusto Araújo Gomes<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

17| Estruturas e Características <strong>de</strong> Veículos Híbri<strong>do</strong>s e Eléctricos<br />

Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

27| Fibras Ópticas – O Paradigma<br />

Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />

IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e Serviços, Lda<br />

33| Segurança Contra Intrusão - Habitação<br />

António Augusto Araújo Gomes<br />

Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

45| Tipos <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-Hídricas<br />

Pedro Daniel Soares Gomes<br />

Pedro Gerar<strong>do</strong> Maia Fernan<strong>de</strong>s<br />

Nelson Ferreira da Silva<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

51| Domótica e a Requalificação <strong>de</strong> Edifícios<br />

José Luís Faria<br />

Touch<strong>do</strong>mo, Lda, <strong>Porto</strong>, Portugal<br />

60| Extinção das tarifas reguladas no sector eléctrico<br />

José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

FICHA TÉCNICA DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho<br />

SUB-DIRECTORES:<br />

Engº António Augusto Araújo Gomes<br />

Engº Roque Filipe Mesquita Brandão<br />

Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos<br />

PROPRIEDADE:<br />

CONTACTOS:<br />

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL: ISSN: 1647-5496<br />

Área <strong>de</strong> Máquinas e Instalações Eléctricas<br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

jbc@isep.ipp.pt ; aag@isep.ipp.pt


EDITORIAL<br />

Caros leitores<br />

Manten<strong>do</strong> o compromisso que temos convosco, voltamos à vossa presença com mais uma publicação. Esta já é a sexta<br />

publicação da revista “Neutro à Terra”. Os incentivos que temos recebi<strong>do</strong> dão-nos a motivação necessária para continuarmos<br />

empenha<strong>do</strong>s em fazer <strong>de</strong>sta revista uma referência nas áreas da <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica em que nos propomos intervir.<br />

Nesta edição merece particular <strong>de</strong>staque os assuntos relaciona<strong>do</strong>s com as instalações eléctricas, os veículos eléctricos, a<br />

<strong>do</strong>mótica, os sistemas <strong>de</strong> segurança, as fibras ópticas e os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> energia eléctrica.<br />

O cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão é fundamental na fase <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas, por um la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir<br />

que as infra-estruturas <strong>de</strong>finidas cumpram os requisitos regulamentares e, por outro la<strong>do</strong>, o bom funcionamento e a<br />

longevida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos e instalações. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que especifica as meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong><br />

cálculo a que se <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r no dimensionamento das quedas <strong>de</strong> tensão em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> energia eléctrica em<br />

baixa-tensão.<br />

Um assunto que actualmente <strong>de</strong>sperta gran<strong>de</strong> interesse tem a ver com os veículos eléctricos. Nas últimas décadas tem-se<br />

assisti<strong>do</strong> a um forte <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, sobretu<strong>do</strong> das soluções híbridas, como resposta aos impactos<br />

ambientais e económicos <strong>do</strong>s combustíveis fosseis. Os <strong>de</strong>safios que se colocam no campo da engenharia são múltiplos e<br />

exigentes, motiva<strong>do</strong>s pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar diversas áreas, tais como, novos materiais e concepções <strong>de</strong> motores<br />

eléctricos, electrónica <strong>de</strong> potência, sistemas <strong>de</strong> controlo e sistemas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia. Nesta revista apresenta-se<br />

um artigo com as principais características <strong>do</strong>s veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos e <strong>do</strong>s veículos puramente eléctricos.<br />

O crescente aumento da criminalida<strong>de</strong>, com especial incidência nos crimes contra a proprieda<strong>de</strong>, levou a um forte incremento<br />

na procura e instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos <strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão. A instalação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>ste tipo torna-se,<br />

assim, fundamental como elemento <strong>de</strong> garantia <strong>do</strong> bem-estar e da segurança das pessoas, velan<strong>do</strong> pela sua salvaguarda e pela<br />

salvaguarda <strong>do</strong>s seus bens, fazen<strong>do</strong> hoje parte <strong>do</strong>s sistemas aplica<strong>do</strong>s no sector da habitação, serviços, comercio e industria.<br />

Nesta publicação, apresenta-se um artigo que aborda os aspectos técnicos e conceptuais, ao nível <strong>do</strong> projecto e da instalação <strong>de</strong><br />

Sistemas Automáticos <strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão.<br />

Outro assunto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse apresenta<strong>do</strong> nesta publicação, tem a ver com a automatização das instalações habitacionais<br />

ou <strong>do</strong>mésticas, impon<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> edifícios “inteligentes”. A <strong>do</strong>mótica tem aqui um papel fundamental. O artigo que é<br />

apresenta<strong>do</strong> refere um estu<strong>do</strong> teórico das tecnologias <strong>do</strong>móticas mais relevantes, <strong>de</strong> uma forma transversal e resumida,<br />

fazen<strong>do</strong> uma aproximação da realida<strong>de</strong> prática a nível <strong>de</strong> implementação das tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios, permitin<strong>do</strong><br />

um conhecimento abrangente e ao mesmo acessível a to<strong>do</strong>s os interessa<strong>do</strong>s.<br />

O sector eléctrico tem vin<strong>do</strong> a sofrer diversas alterações ao longo da sua existência ten<strong>de</strong>ncialmente no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> fomento da<br />

concorrência. Em Portugal a manifestação mais recente <strong>de</strong>ssa tendência e corporizada na publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º<br />

104/2010 que <strong>de</strong>termina a extinção <strong>de</strong> tarifas reguladas com excepção <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos. Esta é uma realida<strong>de</strong> que<br />

impõe aos clientes a procura <strong>de</strong> um comercializa<strong>do</strong>r em merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que<br />

analisa a situação que se verifica actualmente neste sector em Portugal.<br />

Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, po<strong>de</strong>-se ainda encontrar outros assuntos reconhecidamente importantes e<br />

actuais, como um artigo sobre Fibras Ópticas e um artigo sobre Tipos <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-<br />

Hidricas. Nesta publicação dá-se também <strong>de</strong>staque a uma conferência organizada pela Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros<br />

Técnicos, subordinada ao tema Novo Regime ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos. Esta acção contou com o<br />

apoio <strong>do</strong> ISEP, através <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, bem como da Autorida<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Comunicações.<br />

Decorreu em 30 <strong>de</strong> Setembro no Centro <strong>de</strong> Congressos <strong>do</strong> ISEP. No âmbito <strong>do</strong> tema “Divulgação”, que preten<strong>de</strong> divulgar os<br />

laboratórios <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, on<strong>de</strong> são realiza<strong>do</strong>s vários <strong>do</strong>s trabalhos correspon<strong>de</strong>ntes a artigos<br />

publica<strong>do</strong>s nesta revista, apresenta-se o Laboratório <strong>de</strong> Máquinas Eléctricas.<br />

Esperan<strong>do</strong> que esta edição da revista “Neutro à Terra” possa novamente satisfazer as expectativas <strong>do</strong>s nossos leitores,<br />

apresento os meus cordiais cumprimentos.<br />

<strong>Porto</strong>, Dezembro <strong>de</strong> 2010<br />

José António Beleza Carvalho<br />

3


EVENTOS<br />

NOVO REGIME ITED E ITUR PARA ENGENHEIROS E ENGENHEIROS TÉCNICOS<br />

No dia 30 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2010 teve lugar no Auditório Magno <strong>do</strong> ISEP – <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, uma<br />

conferência organizada pela ANET – Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros Técnicos, subordinada ao tema “Novo Regime ITED e<br />

ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”. Esta acção contou o apoio <strong>do</strong> ISEP bem como da ANACOM – Autorida<strong>de</strong><br />

Nacional <strong>de</strong> Comunicações.<br />

O programa <strong>de</strong>ste evento contou com a presença <strong>de</strong> profissionais<br />

da área das infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações em<br />

edifícios, bem com das instalações eléctricas.<br />

A sessão <strong>de</strong> abertura foi presidida pelo Director <strong>do</strong> Departamento<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> ISEP, Professor Doutor José<br />

Beleza Carvalho ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> coadjuva<strong>do</strong> pelo Engº Técº Sequeira<br />

Correia, S.R. Norte da ANET, Engº Vitor Brito, Vice Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Engenheiros (OE), Engº Técº Pedro Brás, Vice-<br />

Presi<strong>de</strong>nte ANET, Engº Hel<strong>de</strong>r Leite, O.E S.R. Norte e pelo Engº<br />

António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM.<br />

Após o término da sessão <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>u-se seguimento às diversas apresentações:<br />

• “Enquadramento estratégico e político visan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento das NGN”, Eng.º António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM;<br />

• “Regime jurídico ITED e ITUR”, Dr. Nuno Castro Luís, ANACOM;<br />

• “Novo Regime Técnico ITED/ITUR”, Eng. António Vilas Boas, Profigaia;<br />

• “O Ensino <strong>de</strong> Telecomunicações no ISEP”, Eng.º Sérgio Ramos, ISEP;<br />

• “Regulação da Profissão na <strong>Engenharia</strong>”, Eng.º Téc.º Pedro Brás, Vice-Presi<strong>de</strong>nte ANET;<br />

• “Novo Regime Posição da Or<strong>de</strong>m Engenheiros”, Engº Francisco Sanchez, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Engª<br />

Electrotécnica da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Engenheiros;<br />

• “Qualificações e Formação Obrigatória em ITED e ITUR”, Eng.º Téc.º Nuno Cota, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Eng.ª Electrónica e<br />

Telecomunicações da Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros Técnicos;<br />

• “Novo Paradigma para a Formação ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”, Engº Sérgio Queirós, Schumal.<br />

No final das apresentações foram colocadas algumas questões ao painel <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate forma<strong>do</strong> pelo Engº Técº Nuno Cota, Engº<br />

Francisco Sanchez, Engº António Vassalo e pelo Engº Sérgio Ramos – ISEP, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste painel o Engº António<br />

Gomes, ISEP.<br />

A presença <strong>de</strong>, aproximadamente, quatro centenas <strong>de</strong> participantes ilustrou sobremaneira o interesse e importância, que as<br />

alterações introduzidas na legislação das infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações em edifícios e urbanizações <strong>de</strong>spertaram no<br />

seio da comunida<strong>de</strong> da engenharia electrotécnica.<br />

4


ARTIGO TÉCNICO<br />

Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva; António Augusto Araújo Gomes<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

QUEDAS DE TENSÃO<br />

EM INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS DE BAIXA TENSÃO<br />

1 ENQUADRAMENTO<br />

Numa instalação eléctrica, por motivos técnicos e funcionais,<br />

a tensão aplicada aos terminais das cargas, isto é, <strong>do</strong>s<br />

equipamentos <strong>de</strong> utilização, <strong>de</strong>ve manter-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s limites.<br />

Cada equipamento possui uma tensão estipulada, fixada pela<br />

norma respectiva. A aplicação <strong>de</strong> tensões abaixo <strong>do</strong>s limites<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong> prejudicar o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sses<br />

equipamentos, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> reduzir a sua vida útil ou mesmo<br />

impedir o seu funcionamento.<br />

As quedas <strong>de</strong> tensão nas instalações <strong>de</strong>vem ser calculadas<br />

durante a fase <strong>de</strong> projecto, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser cumpri<strong>do</strong>s os limites<br />

máximos fixa<strong>do</strong>s pelos respectivos regulamentos aplicáveis.<br />

2 QUEDA DE TENSÃO<br />

- Apenas se levam em conta as impedâncias longitudinais,<br />

resistências e indutâncias, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong>-se as<br />

admitâncias transversais, perditâncias e capacitâncias.<br />

Em instalações <strong>de</strong> Baixa Tensão, o comprimento das<br />

canalizações não vai além das poucas centenas <strong>de</strong><br />

metros e sen<strong>do</strong> a frequência utilizada a frequência<br />

industrial <strong>de</strong> 50Hz é possível <strong>de</strong>sprezar, para as mais<br />

baixas secções, os efeitos da indutância, capacitância e<br />

pelicular, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se assim os condutores como<br />

resistências puramente hómicas. Daí termos:<br />

Z = R + jX ≅ R Y = G + JB ≅ 0<br />

L<br />

- Tomar-se-á uma temperatura <strong>do</strong> condutor igual à<br />

máxima admissível em regime permanente.<br />

Para o receptor da Fig. 1, a queda <strong>de</strong> tensão que importa<br />

observar é a diferença entre os valores absolutos das<br />

tensões à partida e à chegada, isto é,<br />

c<br />

Na <strong>de</strong>dução <strong>de</strong> uma fórmula aplicável à <strong>de</strong>terminação da<br />

queda <strong>de</strong> tensão num circuito ter-se-ão em conta os<br />

seguintes pontos:<br />

- Consi<strong>de</strong>ram-se sistemas trifásicos em regime<br />

equilibra<strong>do</strong>;<br />

U 0 − U 1<br />

Da figura 1 <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

triangular, a diferença entre as leituras <strong>do</strong>s voltímetros V0 e<br />

V1 há-<strong>de</strong> ser menor que a indicação <strong>do</strong> voltímetro Vz. Daí<br />

que esta tensão não nos interesse muito para o objectivo em<br />

vista, isto é, o <strong>do</strong> dimensionamento <strong>do</strong> cabo.<br />

V<br />

R<br />

jω<br />

L<br />

I −<br />

V<br />

V − V −<br />

0<br />

1<br />

V<br />

Fig. 1 – Circuito monofásico RL<br />

5


ARTIGO TÉCNICO<br />

Assim:<br />

− − − −<br />

− jϕ<br />

V = ( R + jX ) I + V I = Ie = I cosϕ<br />

− jIsenϕ<br />

−<br />

0 1<br />

V = RI cosϕ − jRIsenϕ + jXI cosϕ + XIsenϕ<br />

+ V<br />

−<br />

0 1<br />

V = ( RI cosϕ + XIsen ϕ + V ) + j( XI cosϕ − RIsen ϕ)<br />

0 1<br />

V − R I − jX I −<br />

q<br />

V −<br />

f<br />

1<br />

I −<br />

0<br />

− −<br />

Z I<br />

f<br />

d<br />

f<br />

V = V cosθ<br />

− ZI cosδ<br />

1 0<br />

ZI<br />

⎛ ZI ⎞<br />

senθ = senδ cosθ = 1− ⎜ senδ<br />

⎟<br />

V0 ⎝ V0<br />

⎠<br />

2<br />

⎛ Z I ⎞<br />

V1 = V0<br />

1− ⎜ senδ<br />

⎟ − ZI cosδ<br />

⎝ V0<br />

⎠<br />

2<br />

k<br />

Aplican<strong>do</strong> o teorema <strong>de</strong> Taylor ao <strong>de</strong>senvolvimento da raiz, resulta que:<br />

1 1 1 5<br />

2 8 16 128<br />

2 3 4<br />

1+ k = 1 + k − k + k − k + ... k < 1<br />

2 4 6 8<br />

( ZIsen δ ) ( ZIsen δ ) ( ZIsen δ ) 5 × ( ZIsen δ )<br />

V − V = ZI cos δ + + + + + ...<br />

0 1 3 5 7<br />

2V 0<br />

8V 0<br />

16V0 128V<br />

0<br />

( XI − RI ) ( XI − RI ) ( XI − RI ) 5 × ( XI − RI )<br />

V − V = RI + XI + + + + + ...<br />

2 4 6 8<br />

a r a r a r a r<br />

0 1 a r<br />

3 5 7<br />

2V 0<br />

8V 0<br />

16V 0<br />

128V<br />

0<br />

ε<br />

Com Ia = Icosφ e Ir = Isenφ<br />

V − R I − jX I −<br />

0<br />

− −<br />

Z I<br />

6<br />

V −<br />

1<br />

I −<br />

RI cosϕ XIsenϕ


ARTIGO TÉCNICO<br />

Para correntes em atraso relativamente à tensão, ϕ<br />

positivos, e ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração que a queda <strong>de</strong> tensão<br />

máxima terá um valor pequeno, imposto pelos regulamentos<br />

técnicos, os termos não-lineares <strong>de</strong> I são <strong>de</strong>sprezáveis face<br />

aos termos lineares.<br />

Quan<strong>do</strong> a corrente se encontra em avanço nada se po<strong>de</strong><br />

dizer acerca da transcurabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas parcelas.<br />

Como se observa pelo quadro <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s a fórmula<br />

∆V = RIa+XIr<br />

dá-nos valores bastante aproxima<strong>do</strong>s, fixan<strong>do</strong> já os <strong>do</strong>is<br />

primeiros algarismos significativos.<br />

Para um resulta<strong>do</strong> mais correcto po<strong>de</strong> usar-se a fórmula .<br />

Exemplo:<br />

Preten<strong>de</strong>-se calcular a queda <strong>de</strong> tensão no extremo <strong>de</strong> um<br />

cabo trifásico <strong>do</strong> tipo VV, 4 mm 2 <strong>de</strong> secção, comprimento 80<br />

m, percorri<strong>do</strong> por uma corrente <strong>de</strong> 30 A, tensão <strong>de</strong><br />

alimentação 400 V e as características <strong>do</strong> cabo, indicadas na<br />

tabela 1.<br />

A tabela 2, apresenta os resulta<strong>do</strong>s (análise monofásica)<br />

obti<strong>do</strong>s.<br />

ΔV=RI +XI +<br />

a<br />

r<br />

( XI -RI ) 2<br />

a<br />

2V<br />

0<br />

r<br />

A expressão ∆V = RIa, apesar da sua simplicida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong><br />

empregar-se com vantagem em muitos<br />

casos, particularmente na BT e para secções <strong>de</strong> cabos<br />

suficientemente baixas, por permitir relacionar directamente<br />

a queda <strong>de</strong> tensão máxima com a secção <strong>do</strong> cabo a atribuir.<br />

Tab. 1 – Características <strong>do</strong> cabo<br />

Tipo<br />

Secção<br />

mm 2<br />

Comprimento<br />

m<br />

Resistivida<strong>de</strong><br />

a 20°C<br />

Ωmm 2 /m<br />

Resistência<br />

Coeficiente<br />

°C -1 Ω<br />

temperatura a 20°C<br />

Resistência a<br />

70°C<br />

Ω<br />

Reactância<br />

Ω<br />

VV 4 80 17,241.10 -3 3,93.10 -3 0,3448 0,41257 6,4.10 -3<br />

Tab. 2 – Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exemplo<br />

V 0<br />

(V)<br />

V 1<br />

(V)<br />

∆V (real)<br />

(V)<br />

%<br />

RI a<br />

(V)<br />

%<br />

∆V (aproximação)<br />

RI a +XI r<br />

(V)<br />

%<br />

(V)<br />

%<br />

230 219,867 10,132 4,4 9,902 4,305 10,017 4,35 10,132 4,4<br />

7


ARTIGO TÉCNICO<br />

A expressão aproximada ∆V = RIa+XIr po<strong>de</strong> ser reescrita <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> a contemplar quer a situação da sua aplicação a um<br />

circuito trifásico, quer a um circuito monofásico, quer<br />

mesmo ao caso <strong>de</strong> um circuito <strong>de</strong> corrente contínua.<br />

⎛ L<br />

⎞<br />

∆ V = b× ⎜ ρ1 × × cosϕ + λ × L× senϕ<br />

⎟×<br />

Ib<br />

⎝ S<br />

⎠<br />

On<strong>de</strong>:<br />

∆ V queda <strong>de</strong> tensão em V;<br />

B coeficiente igual a 1 para circuitos trifásicos e a 2 para<br />

monofásicos ou <strong>de</strong> corrente contínua;<br />

ρ1 resistivida<strong>de</strong> eléctrica <strong>do</strong>s condutores em serviço<br />

normal, em Ωmm2/m;<br />

L comprimento simples da canalização, em m;<br />

S secção recta <strong>do</strong>s condutores, em mm2;<br />

ϕ ângulo <strong>de</strong> esfasamento entre a tensão simples<br />

respectiva e a corrente (para corrente contínua = 0)<br />

λ reactância linear <strong>do</strong>s condutores (igual a 0 para<br />

circuitos <strong>de</strong> corrente contínua), em Ω/m;<br />

Ib corrente <strong>de</strong> serviço, em A.<br />

A queda <strong>de</strong> tensão percentual virá referida à tensão nominal<br />

<strong>do</strong> sistema:<br />

A partir da expressão<br />

∆ V = RIcosϕ<br />

+ XIsenϕ<br />

= rLIcosϕ<br />

+ xLIsenϕ<br />

= rM + xM<br />

f<br />

<strong>de</strong>fine-se a queda <strong>de</strong> tensão como a soma <strong>do</strong> produto <strong>do</strong><br />

momento da componente em fase da corrente pela<br />

resistência linear com o produto <strong>do</strong> momento da<br />

componente em quadratura da mesma corrente pela<br />

reactância linear <strong>do</strong> cabo.<br />

M<br />

M<br />

f<br />

q<br />

Don<strong>de</strong>:<br />

q<br />

= LIcosϕ<br />

= LIsenϕ<br />

∆ V = ∆ V + ∆ V = ∆ V + ∆V<br />

f q a r<br />

∆ V = RIcosϕ<br />

= RI<br />

a<br />

∆ V = XIsenϕ<br />

= XI<br />

r<br />

a<br />

r<br />

Por aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> da sobreposição é possível<br />

<strong>de</strong>compormos a obtenção da queda <strong>de</strong> tensão mediante a<br />

resolução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is circuitos:<br />

∆V<br />

∆ Vr<br />

= × 100%<br />

U<br />

U = U , tensão simples em CA ou U = U ,em CC<br />

0<br />

3 × ∆V<br />

∆ Vr<br />

= × 100%<br />

U<br />

U = U , tensão composta em CA<br />

c<br />

Para a situação comum <strong>de</strong> uma linha alimentan<strong>do</strong> uma carga<br />

na sua extremida<strong>de</strong>:<br />

N<br />

∆ V = rM = RI<br />

∆ Vr = xMq = XIr<br />

I − a f a<br />

8<br />

L


ARTIGO TÉCNICO<br />

- Características da Impedância <strong>de</strong> um Cabo<br />

A resistência e a reactância <strong>de</strong> um cabo são função da secção <strong>do</strong> condutor - R=R(S) e X=X(S).<br />

Daí que sen<strong>do</strong>:<br />

∆V= ∆ V(R,X) ∆ V= ∆ V(S)<br />

(para uma dada corrente)<br />

l<br />

R = ρ θ = const.<br />

s<br />

Andamento hiperbólico<br />

X - praticamente constante (para um da<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong><br />

canalização)<br />

A figura abaixo apresenta a variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma<br />

temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80° C. Impedâncias em mΩ/m e secções em mm 2 .<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300<br />

Fig. 2 – variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80° C<br />

9


ARTIGO TÉCNICO<br />

3. QUEDAS DE TENSÃO MÁXIMAS ADMISSÍVEIS<br />

3.1 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA<br />

TENSÃO<br />

Ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração o disposto no Regulamento <strong>de</strong><br />

Seguranças <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> energia eléctrica em<br />

baixa tensão, aprova<strong>do</strong> pelo Decreto Regulamentar 90/84 <strong>de</strong><br />

26 <strong>de</strong> Dezembro e os <strong>do</strong>cumentos normativos <strong>do</strong><br />

concessionário da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, DIT-C11-010/N, Maio<br />

2006 - Guia Técnico <strong>de</strong> Urbanizações e DIT-C14-100/N MAI<br />

2007 – Ligação <strong>de</strong> Clientes <strong>de</strong> Baixa Tensão, a queda <strong>de</strong><br />

tensão total, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Posto <strong>de</strong> Transformação Público MT/BT<br />

até ao final da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Baixa Tensão, isto é, à Portinhola<br />

ou, quan<strong>do</strong> esta não existir, ao Quadro <strong>de</strong> Colunas <strong>de</strong> um<br />

edifício ou aos terminais <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> conta<strong>do</strong>r, não <strong>de</strong>ve<br />

ser superior a 8 %, sen<strong>do</strong> que a queda <strong>de</strong> tensão máxima no<br />

ramal 1 não <strong>de</strong>ve ser superior a 2% da tensão nominal.<br />

3.2 INSTALAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA<br />

TENSÃO<br />

Ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração o disposto nas Regras Técnicas <strong>de</strong><br />

Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa Tensão, aprovadas pela<br />

Portaria n.º 949-A/2006 <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Setembro a queda <strong>de</strong><br />

tensão máxima entre a origem da instalação 2 e qualquer<br />

ponto <strong>de</strong> utilização, expressa em função da tensão nominal<br />

da instalação, não <strong>de</strong>ve ser superior aos valores indica<strong>do</strong>s na<br />

tabela 1.<br />

Ao abrigo <strong>do</strong> mesmo regulamento, em Instalações Colectivas<br />

e Entradas as secções <strong>do</strong>s condutores usa<strong>do</strong>s nos diferentes<br />

troços das instalações colectivas e entradas <strong>de</strong>vem ser tais<br />

que não sejam excedi<strong>do</strong>s os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> tensão<br />

seguintes:<br />

a) 1,5 %, para o troço da instalação entre os liga<strong>do</strong>res da<br />

saída da portinhola e a origem da instalação eléctrica (<strong>de</strong><br />

utilização), no caso das instalações individuais;<br />

b) 0,5 %, para o troço correspon<strong>de</strong>nte à entrada ligada a<br />

uma coluna (principal ou <strong>de</strong>rivada) a partir <strong>de</strong> uma caixa<br />

<strong>de</strong> coluna, no caso das instalações não individuais;<br />

c) 1,0 %, para o troço correspon<strong>de</strong>nte à coluna, no caso<br />

das instalações não individuais;<br />

No entanto, quan<strong>do</strong> for técnica e economicamente<br />

justifica<strong>do</strong>, os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> tensão indica<strong>do</strong>s<br />

anteriormente para a coluna e entradas, po<strong>de</strong>m ser<br />

ultrapassa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, no seu conjunto (coluna mais<br />

entrada), não seja ultrapassa<strong>do</strong> o valor <strong>de</strong> 1,5%.<br />

Tab. 3 - Queda <strong>de</strong> tensão máxima entre a origem da instalação e qualquer ponto <strong>de</strong> utilização<br />

Utilização Iluminação Outros usos<br />

Instalações alimentadas directamente a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em<br />

baixa tensão<br />

3 % 5 %<br />

Instalações alimentadas a partir <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Transformação MT/BT (*) 6 % 8 %<br />

(*) Sempre que possível, as quedas <strong>de</strong> tensão nos circuitos finais não <strong>de</strong>vem exce<strong>de</strong>r os valores indica<strong>do</strong>s para a situação A. As<br />

quedas <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>terminadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos <strong>de</strong> utilização com os factores<br />

<strong>de</strong> simultaneida<strong>de</strong> respectivos ou, na falta <strong>de</strong>stes, das correntes <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> cada circuito.<br />

1<br />

Ramal - Canalização eléctrica, sem qualquer <strong>de</strong>rivação, que parte <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> transformação, <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> uma central<br />

gera<strong>do</strong>ra ou <strong>de</strong> uma canalização principal e termina numa portinhola, quadro <strong>de</strong> colunas ou aparelho <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong><br />

utilização.<br />

10


ARTIGO TÉCNICO<br />

Ao abrigo <strong>do</strong> mesmo regulamento, para as instalações<br />

colectivas e entradas <strong>de</strong>verão ser observa<strong>do</strong>s ainda os<br />

seguintes pontos:<br />

- Quan<strong>do</strong> existir “troço comum 3 ” , a queda <strong>de</strong> tensão<br />

neste troço <strong>de</strong>ve ser afectada ao ramal e não à instalação<br />

colectiva.<br />

- A queda <strong>de</strong> tensão, no caso das entradas trifásicas, <strong>de</strong>ve<br />

ser calculada a partir da potência prevista para<br />

alimentação <strong>do</strong>s equipamentos normais previstos para<br />

as instalações eléctricas (<strong>de</strong> utilização) por elas<br />

alimentadas, suposta uniformemente repartida pelas<br />

diferentes fases. O cálculo <strong>de</strong>ve ser feito fase a<br />

fase, como se <strong>de</strong> uma entrada monofásica se<br />

tratasse, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que apenas a fase em análise está<br />

em serviço.<br />

3.3 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO<br />

Para canalizações em que a secção <strong>do</strong> condutor <strong>de</strong> fase seja<br />

igual à <strong>do</strong> condutor neutro, as quedas <strong>de</strong> tensão po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>terminadas a partir da expressão seguinte:<br />

⎛ l<br />

⎞<br />

u = b × ⎜ ρ × × cosϕ + λ × l × senϕ<br />

⎟ × Ib<br />

⎝<br />

1<br />

S<br />

⎠<br />

u<br />

∆u=100 U<br />

0<br />

em que:<br />

u queda <strong>de</strong> tensão, expressa em volts;<br />

∆u queda <strong>de</strong> tensão relativa, expressa em percentagem;<br />

Uo tensão entre fase e neutro, expressa em volts;<br />

b coeficiente igual a 1 para os circuitos trifásicos e a 2<br />

para os monofásicos (os circuitos trifásicos com o<br />

neutro completamente <strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong>, isto é, com<br />

uma só fase carregada, são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong><br />

monofásicos);<br />

r1 resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s condutores à temperatura em serviço<br />

normal,<br />

L comprimento simples da canalização, expresso em<br />

metros;<br />

S secção <strong>do</strong>s condutores, expressa em milímetros<br />

quadra<strong>do</strong>s;<br />

cosϕ factor <strong>de</strong> potência;<br />

Nas instalações <strong>de</strong> utilização às quais se aplicam as<br />

RTIEBT po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o valor cos j =0,8.<br />

Para efeitos <strong>do</strong> cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão nas<br />

entradas das instalações, <strong>de</strong>ve ter-se em consi<strong>de</strong>ração<br />

os valores <strong>de</strong> potências nominais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s para essas<br />

entradas, os quais, na falta <strong>de</strong> elementos mais<br />

precisos, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como resistivos (cos<br />

j = 1).<br />

λ<br />

reactância linear <strong>do</strong>s condutores.<br />

Nas instalações <strong>de</strong> utilização às quais se aplicam as<br />

RTIEBT, na falta <strong>de</strong> outras indicações mais<br />

precisas, po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o valor 0,08 mW/m.<br />

Relativamente à <strong>de</strong>terminação da resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

condutores à temperatura em serviço normal, <strong>de</strong>ver-se-á ao<br />

valor da resistivida<strong>de</strong> a 20°C (0,0225 W.mm²/m para o cobre<br />

e 0,036 W.mm²/m para o alumínio), efectuar a correcção<br />

para a temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s<br />

condutores/cabos.<br />

2<br />

Origem das instalações eléctricas <strong>de</strong> utilização<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se que as instalações eléctricas objecto das Regras Técnicas têm por origem um <strong>do</strong>s pontos indica<strong>do</strong>s nas alíneas seguintes:<br />

a) nas instalações alimentadas directamente por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em baixa tensão:<br />

- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída da portinhola;<br />

- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> colunas, no caso <strong>de</strong> não existir portinhola;<br />

- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> equipamento <strong>de</strong> contagem ou os <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> corte da entrada, quan<strong>do</strong> este estiver a montante <strong>do</strong><br />

equipamento <strong>de</strong> contagem, no caso <strong>de</strong> não existir portinhola nem quadro <strong>de</strong> colunas.<br />

No que se refere às instalações eléctricas (<strong>de</strong> utilização), alimentadas, pelas instalações colectivas e entradas, estas têm, no caso <strong>de</strong> serem<br />

alimentadas por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em baixa tensão, por origem um <strong>do</strong>s pontos seguites:<br />

a) os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> corte da entrada da instalação eléctrica (<strong>de</strong> utilização);<br />

b) os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> contagem, se o aparelho <strong>de</strong> corte da entrada não existir.<br />

b) nas instalações alimentadas por um posto <strong>de</strong> transformação privativo, os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong>(s) quadro(s) <strong>de</strong> entradaTroço comum -<br />

Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro <strong>de</strong> colunas.<br />

3<br />

Troço comum - Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro <strong>de</strong> colunas.<br />

11


ARTIGO TÉCNICO<br />

A tabela 4, apresenta as temperaturas máximas <strong>de</strong><br />

funcionamento <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> isolamentos <strong>de</strong><br />

condutores:<br />

A correcção da resistivida<strong>de</strong> é realizada através da seguinte<br />

expressão:<br />

Rθ = R [1 + α ( θ −20)] Ω/km<br />

20 20<br />

em que:<br />

Rθ resistência eléctrica à temperatura θ °C<br />

R20 resistência eléctrica à temperatura 20 °C<br />

α20 coeficiente <strong>de</strong> temperatura a 20 °C<br />

θ temperatura final em °C<br />

As RTIEBT recomen<strong>de</strong>m a utilização <strong>de</strong> um factor 1,25 para<br />

correcção geral <strong>do</strong> valor da resistivida<strong>de</strong> para a temperatura<br />

<strong>de</strong> serviço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> isolamento <strong>do</strong>s<br />

condutores/cabos, sen<strong>do</strong> uma aproximação ao cálculo<br />

anteriormente apresenta<strong>do</strong>.<br />

Tab. 4 – Temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s condutores em função <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> isolamento<br />

Tipo <strong>de</strong> isolamento<br />

Temperatura máxima <strong>de</strong><br />

funcionamento (1)<br />

(°C)<br />

Policloreto <strong>de</strong> vinilo (PVC) Condutor: 70<br />

Polietileno reticula<strong>do</strong> (XLPE)<br />

Ou<br />

etileno-propileno (EPR)<br />

Condutor: 90<br />

Mineral (com bainha em PVC ou nu e acessível) Bainha metálica: 70<br />

Mineral (nu, inacessível e sem estar em contacto com materiais combustíveis) Bainha metálica: 105 (2)<br />

(1)<br />

- Segun<strong>do</strong> as Normas NP 2356, NP 2357 e NP 2365.<br />

(2)<br />

- Para este tipo <strong>de</strong> condutores po<strong>de</strong>m ser admitidas temperaturas superiores em serviço contínuo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

temperatura <strong>do</strong> cabo e das terminações e com as condições ambientais e outras influências externas.<br />

Tab. 5 - Resistência à Temperatura <strong>do</strong> condutor/cabo a 20°C<br />

``<br />

R 20<br />

θ<br />

Resistência à Temperatura <strong>do</strong> condutor/cabo a 20°C<br />

Temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> condutor/cabo<br />

α 20<br />

coeficiente <strong>de</strong> variação da resistivida<strong>de</strong> com a temperatura a 20°C<br />

α<br />

α<br />

<br />

Cu20<br />

C<br />

<br />

Al20<br />

C<br />

= 3,93.10<br />

= 4,03.10<br />

C<br />

−3 −1<br />

C<br />

−3 −1<br />

12


ARTIGO TÉCNICO<br />

4. METODOLOGIAS DE VERIFICAÇÃO EM OUTROS PAÍSES<br />

França – A norma NF C 15-100, publicada pela Union<br />

Technique <strong>de</strong> l’Electricité (UTE), trata e <strong>de</strong>fine os requisitos<br />

técnicos e <strong>de</strong> segurança das instalações eléctricas <strong>de</strong> baixa<br />

tensão. A norma sofre actualização regular para ter em conta<br />

a evolução da técnica e das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong>.<br />

O artigo 525 da NF C 15-100 fixa os valores máximos da<br />

queda <strong>de</strong> tensão, conforme indica<strong>do</strong> na tabela 3.<br />

No comentário ao Artº 525 da norma é indicada a fórmula a<br />

empregar para cálculo da queda <strong>de</strong> tensão que resulta ser a<br />

mesma usada pelas RTIEBT.<br />

Para a resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s condutores em serviço normal<br />

apresenta os valores, indica<strong>do</strong>s na tabela 4.<br />

O coeficiente 1,25 leva a <strong>de</strong>terminar a queda <strong>de</strong> tensão a<br />

uma temperatura <strong>do</strong> condutor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 82 °C.<br />

A norma remete ainda para o guia da UTE C 15-105, GUIDE<br />

PRATIQUE Détermination <strong>de</strong>s sections <strong>de</strong> conducteurs et<br />

choix <strong>de</strong>s dispositifs <strong>de</strong> protection Métho<strong>de</strong>s pratiques, on<strong>de</strong><br />

são <strong>de</strong>talhadas outras informações bem como, em<br />

particular, quadros com valores <strong>de</strong> reactância linear para<br />

outras configurações <strong>de</strong> canalizações a serem consulta<strong>do</strong>s<br />

para a <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> tensão.<br />

Tab. 6 - Queda <strong>de</strong> tensão máxima nas instalações <strong>de</strong> utilização<br />

Iluminação<br />

Outros usos<br />

Tipo A – instalações alimentadas directamente por uma <strong>de</strong>rivação em BT a partir<br />

<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> distribuição em BT<br />

3%<br />

5%<br />

Tipo B – Instalações alimentadas por um posto <strong>de</strong> entrega(1) ou por um posto <strong>de</strong><br />

transformação a partir duma instalação <strong>de</strong> AT e instalações <strong>do</strong> tipo A em que o<br />

ponto <strong>de</strong> entrega se situa no QGBT dum posto <strong>de</strong> distribuição público.<br />

6%<br />

8%<br />

Quan<strong>do</strong> as canalizações principais da instalação tiverem um comprimento superior a 100 m, as quedas <strong>de</strong> tensão po<strong>de</strong>m ser<br />

aumentadas <strong>de</strong> 0,005 % por metro <strong>de</strong> canalização acima <strong>de</strong> 100 m, sem todavia superar 0,5 %.<br />

As quedas <strong>de</strong> tensão são <strong>de</strong>terminadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos <strong>de</strong> utilização, aplican<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o<br />

caso, factores <strong>de</strong> simultaneida<strong>de</strong>, ou, por omissão, a partir <strong>do</strong>s valores das correntes <strong>de</strong> serviço <strong>do</strong>s circuitos.<br />

Tab. 7 – Resistivida<strong>de</strong> corrigida <strong>do</strong> cobre e alumínio para a temperatura <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s condutores<br />

Cobre<br />

Alumínio<br />

Resistivida<strong>de</strong> ρ 1 = 1,25×ρ 20°C Ωmm 2 /m 0,023 0,037<br />

Obs<br />

Em França não se faz distinção entre postos <strong>de</strong> transformação e subestações <strong>de</strong> transformação. A sua <strong>de</strong>signação genérica é poste <strong>de</strong><br />

transformation, contemplan<strong>do</strong> ambas as instalações. Quan<strong>do</strong> as instalações <strong>de</strong> BT são alimentadas por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição pública em AT,<br />

por intermédio <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> transformação, observan<strong>do</strong> a norma NF C 13-100 a 13-103, o posto <strong>de</strong> transformação é chama<strong>do</strong> poste <strong>de</strong><br />

livraison, posto <strong>de</strong> entrega. Quan<strong>do</strong> forem alimentadas por uma instalação <strong>de</strong> AT por intermédio <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> transformação<br />

observan<strong>do</strong> a norma NF C 13-200, a sua <strong>de</strong>signação é poste <strong>de</strong> transformation, posto <strong>de</strong> transformação.<br />

13


ARTIGO TÉCNICO<br />

Reino Uni<strong>do</strong> – Neste país a norma BS 7671: 2008<br />

Requirements for Electrical Installations IEE Wiring<br />

Regulations, Seventeenth Edition é o padrão normativo<br />

a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> no <strong>do</strong>mínio das instalações eléctricas em BT<br />

quan<strong>do</strong> em 1992 a British Standards Institution (BSI) fez das<br />

regras técnicas IEE Wiring Regulations, 16th<br />

Edition, publicadas pela Institution of Electrical Enginneers<br />

(IEE), sua norma. A BS 7671 é também usada noutros países<br />

<strong>de</strong> língua inglesa.<br />

Os requisitos respeitantes à queda <strong>de</strong> tensão são trata<strong>do</strong>s<br />

nos pontos 525.1 a 525.3. Para uma instalação em BT<br />

alimentada directamente a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distribuição em BT, a queda <strong>de</strong> tensão máxima, especificada<br />

no Apêndice 12, relativamente à tensão nominal, é:<br />

Equipamento <strong>de</strong><br />

Iluminação<br />

Outros<br />

Usos<br />

Queda <strong>de</strong> tensão máxima 3% 5%<br />

O Apêndice 4 da norma contém uma série <strong>de</strong> tabelas<br />

fornecen<strong>do</strong>, para vários tipos <strong>de</strong> cabos e condutores, os<br />

valores das quedas <strong>de</strong> tensão, quer resistivas, quer<br />

reactivas, quer totais, dadas em mV/m/A, calculadas para a<br />

temperatura máxima permitida pelos condutores em regime<br />

normal <strong>de</strong> funcionamento.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

r – queda <strong>de</strong> tensão resistiva em mV/A/m<br />

x – queda <strong>de</strong> tensão reactiva em mV/A/m<br />

A norma prevê a correcção da temperatura <strong>do</strong>s condutores<br />

para uma melhor aproximação <strong>do</strong> cálculo da queda <strong>de</strong><br />

tensão.<br />

Assim a temperatura <strong>de</strong> serviço vem <strong>de</strong>terminada pela<br />

expressão seguinte:<br />

2<br />

⎛<br />

2 2 I ⎞<br />

b<br />

θb = θz − ⎜CgCa − θ<br />

2 ⎟ z<br />

−θa<br />

⎝ Izt<br />

⎠<br />

( )<br />

Θb = temperatura <strong>do</strong> cabo ou condutor, °C<br />

Θz = temperatura máxima em regime normal, °C<br />

Θa = temperatura ambiente, °C<br />

Cg = factor <strong>de</strong> correcção <strong>de</strong> agrupamento<br />

Ca = factor <strong>de</strong> correcção da temperatura ambiente<br />

Ib = corrente <strong>de</strong> serviço, A<br />

Izt = corrente máxima admissível nas condições da tabela, A<br />

A temperatura θb permite agora <strong>de</strong>terminar o factor <strong>de</strong><br />

correcção <strong>de</strong> temperatura Ct:<br />

C<br />

t<br />

230 + θb<br />

=<br />

230 + θ<br />

z<br />

A queda <strong>de</strong> tensão é então calculada da forma seguinte:<br />

V<br />

d<br />

=<br />

m V / m / A tabela<strong>do</strong>s× cosϕ<br />

× Ib<br />

× L<br />

1000<br />

Com<br />

1<br />

<br />

β0<br />

= ≅ 230 C<br />

α<br />

0<br />

valor médio para Cu e Al<br />

Quan<strong>do</strong> a secção <strong>do</strong>s condutores for maior que 16 mm 2<br />

<strong>de</strong>verão consi<strong>de</strong>rar-se a queda <strong>de</strong> tensão resistiva bem como<br />

a queda reactiva.<br />

Teremos então:<br />

V<br />

d<br />

=<br />

( ϕ ϕ )<br />

cos × r + sen × x m V / A/<br />

m× L×<br />

I<br />

1000<br />

b<br />

Para secções até 16 mm2, teremos:<br />

−3<br />

( )<br />

V = C cosϕ<br />

m V / A/ m × L× I × 10<br />

d t b<br />

Para secções acima <strong>de</strong> 16 mm2:<br />

V = ( C cosϕ<br />

× r + sen ϕ × x) × L× I × 10<br />

d t b<br />

−3<br />

14


ARTIGO TÉCNICO<br />

Os valores médios das resistivida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cu e Al a 20°C<br />

usa<strong>do</strong>s na norma são:<br />

ρCu20°C = 18,3 ×10-3 Ωmm 2 /m<br />

ρAl20°C = 30,4 ×10-3 Ωmm 2 /m<br />

Alemanha – Várias são as normas e disposições aplicáveis às<br />

instalações <strong>de</strong> BT. A norma DIN VDE 0100 – Errichten von<br />

Nie<strong>de</strong>rspannungsanlagen, Estabelecimento <strong>de</strong> Instalações <strong>de</strong><br />

BT, contempla na sua parte 520 as prescrições em termos <strong>de</strong><br />

quedas <strong>de</strong> tensão máximas permitidas nas instalações.<br />

Assim, entre a portinhola e o ponto electricamente mais<br />

afasta<strong>do</strong> da instalação a norma fixa, para a máxima queda <strong>de</strong><br />

tensão tolerada, um valor <strong>de</strong> 4% da tensão nominal.<br />

Às instalações resi<strong>de</strong>nciais aplica-se igualmente a norma DIN<br />

18015 – Elektrische Anlagen in Wohngebäu<strong>de</strong>n, Instalações<br />

Eléctricas em Edifícios Resi<strong>de</strong>nciais. De acor<strong>do</strong> com esta<br />

norma a queda máxima entre o conta<strong>do</strong>r e o aparelho<br />

electricamente mais afasta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser 3% da tensão<br />

nominal.<br />

tramos <strong>do</strong> circuito usa-se como corrente <strong>de</strong> serviço o valor<br />

da corrente estipulada <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> protecção contra<br />

sobreintensida<strong>de</strong>s localiza<strong>do</strong> imediatamente a montante.<br />

Outra disposição aplicável às instalações <strong>de</strong> BT pren<strong>de</strong>-se<br />

com as especificações próprias das Associações <strong>de</strong> Energia<br />

Estaduais - Technischen Anschlussbedingungen für <strong>de</strong>n<br />

Anschluss an das Nie<strong>de</strong>rspannungsnetz, Condições Técnicas<br />

para a Ligação à Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> BT, conhecidas por TAB. De acor<strong>do</strong><br />

com as TAB, as máximas quedas <strong>de</strong> tensão entre a portinhola<br />

e o conta<strong>do</strong>r vêm dadas em correspondência com o quadro<br />

seguinte:<br />

Potência Queda <strong>de</strong> tensão Disposição<br />

em kVA admissível em %<br />

Até 100 0,5 AVBEltV (1)<br />

De 100 a 250 1,0 TAB<br />

Mais <strong>de</strong> 250 a 400 1,25 TAB<br />

Acima <strong>de</strong> 400 1,5 TAB<br />

Para a <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> tensão nos diversos<br />

A figura abaixo sintetiza as diversas condições e disposições<br />

aplicáveis:<br />

Fig. 3 – Máxima queda <strong>de</strong> tensão e disposições aplicáveis na Alemanha<br />

Fonte: Sie<strong>de</strong>lhofer ABB<br />

(1)<br />

Verordnung über Allgemeine Bedingungen für die Elektrizitätsversorgung von Tarifkun<strong>de</strong>n, Portaria sobre as Condições Gerais para o<br />

Abastecimento <strong>de</strong> Electricida<strong>de</strong> a Clientes.<br />

15


ARTIGO TÉCNICO<br />

A queda <strong>de</strong> tensão é calculada pela expressão simplificada<br />

para as secções condutoras acima <strong>do</strong>s 16 mm2. Abaixo <strong>de</strong>ste<br />

valor calcula-se somente a queda resistiva. Os da<strong>do</strong>s<br />

seguintes são habitualmente emprega<strong>do</strong>s no cálculo da<br />

resistência:<br />

Bibliografia<br />

[4] Regras Técnicas <strong>de</strong> Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa<br />

Tensão, Decreto-Lei 226/2005, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Dezembro e<br />

Portaria N.º 949-A/2006, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Setembro, 2006;<br />

5. CONCLUSÕES<br />

Condutivida<strong>de</strong><br />

σ Sm/mm2<br />

20°C<br />

circuitos ligeiramente carrega<strong>do</strong>s<br />

50°C<br />

circuitos mo<strong>de</strong>radamente carrega<strong>do</strong>s<br />

70°C<br />

circuitos carrega<strong>do</strong>s<br />

Cu Al<br />

56 35<br />

50 31<br />

47 29<br />

[5] Regulamento <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Distribuição<br />

<strong>de</strong> Energia Eléctrica em Baixa Tensão, Decreto-<br />

Regulamentar n.º 90 / 84 <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Dezembro.<br />

[6] Guia Técnico <strong>de</strong> Urbanizações, DIT-C11-010/N, EDP –<br />

Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção <strong>de</strong><br />

Normalização e Tecnológica, Maio 2006;<br />

[7] Ligação <strong>de</strong> Clientes <strong>de</strong> Baixa Tensão, DIT-C14-<br />

100/N, EDP – Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção<br />

<strong>de</strong> Normalização e Tecnológica, Maio 2007;<br />

O cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão é fundamental na fase <strong>de</strong><br />

projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas, por um la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

garantir que as infra-estruturas <strong>de</strong>finidas cumpram os<br />

requisitos regulamentares e, por outro la<strong>do</strong>, o bom<br />

funcionamento e a longevida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos e<br />

instalações.<br />

Bibliografia<br />

[1] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – UTE C 15-105.<br />

Fontenay-aux-Roses: UTE, 2003.<br />

[2] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – NF C 15-100.<br />

Puteaux: UTE, 2002.<br />

[3] STOKES Geoffrey, Bradley John - A Practical Gui<strong>de</strong> to<br />

the Wiring Regulations: 17th Edition IEE Wiring<br />

Regulations (BS 7671:2008). 4ª Ed. Chichester: John<br />

Wiley & Sons Ltd, 2009. ISBN: 978-1-405-17701-6.<br />

[8] SIEDELHOFER Bernd - Hauptstromversorgung in<br />

Gebäu<strong>de</strong>n [em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]<br />

Disponível em<br />

www:<br />

[9] SCHULTKE Hans – Aktuelles aus <strong>de</strong>r Welt <strong>de</strong>r Normen<br />

[em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]<br />

Disponível em<br />

www:<br />

[10] VEWSaar e. V. - Erläuterungen <strong>de</strong>s Verban<strong>de</strong>s zu <strong>de</strong>n<br />

Technischen Anschlussbedingungen für <strong>de</strong>n Anschluss<br />

an das Nie<strong>de</strong>rspannungsnetz (TAB) [em linha].<br />

[Consult. 06 Dez 2010]<br />

Disponível em<br />

www:<br />

16


ARTIGO TÉCNICO<br />

Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

ESTRUTURAS E CARACTERÍSTICAS<br />

DE VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉCTRICOS<br />

RESUMO<br />

Nas últimas décadas tem-se assisti<strong>do</strong> a um forte<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, sobretu<strong>do</strong> das<br />

soluções híbridas, como resposta aos impactos ambientais e<br />

económicos <strong>do</strong>s combustíveis fósseis. Os <strong>de</strong>safios que se<br />

colocam no campo da engenharia são múltiplos e exigentes,<br />

motiva<strong>do</strong>s pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar diversas áreas, tais<br />

como, novos materiais e concepções <strong>de</strong> motores eléctricos,<br />

electrónica <strong>de</strong> potência, sistemas <strong>de</strong> controlo e sistemas <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> energia.<br />

Neste artigo procura-se apresentar as principais<br />

características <strong>do</strong>s veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos (VH) e <strong>do</strong>s<br />

veículos puramente eléctricos (VE).<br />

Começa-se por uma breve referência à origem e evolução<br />

<strong>de</strong>stes veículos. Segue-se uma abordagem às diferentes<br />

configurações <strong>de</strong> VH e VE – principalmente no que se refere<br />

aos sistemas <strong>de</strong> propulsão e armazenamento <strong>de</strong> energia –,<br />

realçan<strong>do</strong> as suas vantagens e <strong>de</strong>svantagens. Por fim,<br />

referem-se alguns <strong>do</strong>s factores mais relevantes para a<br />

evolução tecnológica e aceitação <strong>de</strong>stes veículos.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Os conceitos <strong>de</strong> veículo eléctrico e híbri<strong>do</strong> eléctrico<br />

remontam às origens <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> próprio<br />

automóvel, em finais <strong>do</strong> séc. XIX. Numa época on<strong>de</strong> as<br />

preocupações ambientais e <strong>de</strong> eficiência não existiam, a<br />

finalida<strong>de</strong> era incrementar os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s<br />

motores <strong>de</strong> combustão interna (MCI) ou melhorar a<br />

autonomia <strong>do</strong>s veículos basea<strong>do</strong>s em motores eléctricos.<br />

Com efeito, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes motores encontravase<br />

ainda numa fase inicial, estan<strong>do</strong> a tecnologia associada às<br />

máquinas eléctricas num nível superior. É nesta época que se<br />

regista a implementação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> frenagem<br />

regenerativa, que permitem recuperar a energia cinética que<br />

o veículo per<strong>de</strong>, em consequência <strong>de</strong> uma travagem, sen<strong>do</strong><br />

armazenada nas baterias. Trata-se <strong>de</strong> uma contribuição<br />

fundamental para a eficiência <strong>de</strong>stes veículos e respectiva<br />

autonomia – questão <strong>de</strong>terminante para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong>s veículos eléctricos [1].<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1920, a enorme evolução verificada<br />

nos motores a gasolina (principalmente, no aumento da<br />

potência disponível e rendimento, com menores dimensões)<br />

tornou-os prepon<strong>de</strong>rantes face aos motores eléctricos. A<br />

maior dificulda<strong>de</strong> no seu controlo (basea<strong>do</strong> em contactos<br />

mecânicos e resistências, com baixos níveis <strong>de</strong> eficácia,<br />

comprometen<strong>do</strong> o próprio <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> veículo), a<br />

reduzida autonomia, peso e custo mais eleva<strong>do</strong>s, são os<br />

principais motivos que explicam aquela supremacia [1].<br />

As crises energéticas ocorridas na década <strong>de</strong> 1970 e o<br />

aumento das preocupações ambientais (principalmente nas<br />

socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais), juntamente como <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da electrónica <strong>de</strong> potência, que permitiu a criação <strong>de</strong><br />

sistemas eficazes <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> motores eléctricos,<br />

<strong>de</strong>spertaram interesse para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> veículos<br />

puramente eléctricos, <strong>de</strong> que é exemplo a gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protótipos construí<strong>do</strong>s na década <strong>de</strong> 1980.<br />

Na década <strong>de</strong> 1990 as concepções híbridas foram ganhan<strong>do</strong><br />

interesse, face à tomada <strong>de</strong> consciência das dificulda<strong>de</strong>s em<br />

superar as limitações <strong>do</strong>s veículos eléctricos, relativamente<br />

aos veículos convencionais com MCI. Nesse senti<strong>do</strong>, vários<br />

fabricantes <strong>de</strong> automóveis <strong>de</strong>senvolveram diversos<br />

protótipos <strong>de</strong> versões híbridas, não ten<strong>do</strong>, no entanto,<br />

atingi<strong>do</strong> a fase <strong>de</strong> comercialização.<br />

O maior esforço no <strong>de</strong>senvolvimento e comercialização <strong>de</strong><br />

veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos foi feito por fabricantes<br />

japoneses: em 1997, a Toyota lançou o mo<strong>de</strong>lo Prius e a<br />

Honda lançou as versões híbridas <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los Insight e<br />

Civic. Actualmente, estes e outros mo<strong>de</strong>los híbri<strong>do</strong>s –<br />

entretanto lança<strong>do</strong>s por outros fabricantes –, são<br />

comercializa<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> bons<br />

<strong>de</strong>sempenhos dinâmicos e níveis <strong>de</strong> consumo [1], [2].<br />

Quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, o maior<br />

obstáculo à sua comercialização e difusão resi<strong>de</strong> no esta<strong>do</strong><br />

em que se encontra a tecnologia das baterias.<br />

17


ARTIGO TÉCNICO<br />

Não obstante os progressos e esforços que têm si<strong>do</strong> feitos<br />

no seu <strong>de</strong>senvolvimento, o <strong>de</strong>sempenho das baterias mais<br />

recentes continua aquém das exigências requeridas pelos<br />

veículos eléctricos, principalmente, ao nível da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia (por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peso e volume) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

potência. Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às distâncias relativamente curtas que<br />

caracterizam os trajectos nos centros urbanos, será aqui que<br />

resi<strong>de</strong> o maior potencial <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong>stes veículos.<br />

Nas últimas décadas, vários fabricantes <strong>de</strong> automóveis têm<br />

feito alguns investimentos no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

tecnologia das células <strong>de</strong> combustível, com vista à aplicação<br />

em veículos eléctricos. Os maiores <strong>de</strong>safios ao seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e proliferação resi<strong>de</strong>m na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produção, armazenamento e distribuição <strong>de</strong> hidrogénio. A<br />

evolução <strong>de</strong>sta tecnologia tem ainda um longo caminho a<br />

percorrer, sen<strong>do</strong> também incerta a opção futura por esta<br />

solução.<br />

2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS VH E VE<br />

As alternativas aos veículos convencionais, basea<strong>do</strong>s em<br />

MCI, po<strong>de</strong>m ser classificadas <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>:<br />

Veículos híbri<strong>do</strong>s (VH) – Em termos gerais, um veículo<br />

híbri<strong>do</strong> é caracteriza<strong>do</strong> por incluir <strong>do</strong>is ou mais sistemas <strong>de</strong><br />

propulsão. Os mais usuais são os veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos<br />

– combinação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is sistemas <strong>de</strong> propulsão: um basea<strong>do</strong> no<br />

MCI, o segun<strong>do</strong> assente em um ou vários motores eléctricos<br />

(ME). Existem várias configurações possíveis para estes<br />

veículos: série, paralelo e série-paralelo (esta última com<br />

duas variantes);<br />

Veículos eléctricos (VE) – apenas incluem motores<br />

eléctricos. Em termos <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia empregues há a<br />

distinguir as baterias das células <strong>de</strong> combustível.<br />

2.1 VEÍCULOS HÍBRIDOS<br />

A concepção <strong>de</strong> base <strong>do</strong>s veiculos híbri<strong>do</strong>s assenta na<br />

conjugação das vantagens <strong>do</strong>s veículos convencionais (MCI)<br />

e <strong>do</strong>s veiculos eléctricos: elevada autonomia e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> energia e potência (MCI); eleva<strong>do</strong>s rendimentos e<br />

emissões nulas a nível local (VE).<br />

18<br />

Por outro la<strong>do</strong>, procura-se superar também as limitações <strong>de</strong><br />

ambos: no caso <strong>do</strong>s MCI, utilização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis e emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong><br />

estufa; para os VE há a referir as autonomias reduzidas,<br />

eleva<strong>do</strong>s tempos <strong>de</strong> carregamento <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> energia e maior custo inicial [2], [3].<br />

Na utilização <strong>de</strong> motores eléctricos nos VH há <strong>do</strong>is objectivos<br />

bem vinca<strong>do</strong>s: o primeiro é a optimização <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong><br />

MCI; a recuperação da energia cinética na frenagem <strong>do</strong><br />

veículo (armazenada nas baterias) é o segun<strong>do</strong> objectivo.<br />

Este apenas é possível pela presença <strong>do</strong>(s) motor(es)<br />

eléctrico(s).<br />

Existem vários mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento possíveis,<br />

associa<strong>do</strong>s às características <strong>do</strong>s próprios motores [1]:<br />

O MCI propulsiona integralmente o veículo. Esta situação<br />

po<strong>de</strong> ocorrer quan<strong>do</strong> as baterias estão praticamente<br />

<strong>de</strong>scarregadas e a potência disponível no veio <strong>do</strong> MCI é<br />

integralmente necessária para a tracção; estan<strong>do</strong> as<br />

baterias à plena carga, um cenário semelhante ocorre no<br />

caso da potência <strong>de</strong> tracção exigida correspon<strong>de</strong>r a um<br />

regime <strong>de</strong> funcionamento óptimo <strong>do</strong> MCI;<br />

Propulsão puramente eléctrica (MCI <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>). Justificase<br />

para os regimes <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> MCI com baixos<br />

rendimento (ex., nas baixas velocida<strong>de</strong>s) ou em<br />

ambientes com limitações <strong>de</strong> emissões elevadas;<br />

Propulsão híbrida (MCI+ME), se no esforço <strong>de</strong> tracção<br />

são exigidas elevadas potências (por ex., em subidas e<br />

elevadas acelerações);<br />

Frenagem regenerativa, na qual a energia cinética <strong>do</strong><br />

veículo é recuperada – o motor funciona agora como<br />

gera<strong>do</strong>r – e armazenada nas baterias, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser<br />

posteriormente utilizada na tracção <strong>do</strong> veículo;<br />

O MCI efectua o carregamento das baterias, haven<strong>do</strong><br />

diferentes cenários a consi<strong>de</strong>rar: veículo imobiliza<strong>do</strong> ou<br />

numa <strong>de</strong>scida sem mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tracção e frenagem nos<br />

sistemas <strong>de</strong> propulsão;<br />

O MCI e o(s) ME(s) – em mo<strong>do</strong> regenerativo –, carregam<br />

simultaneamente as baterias <strong>do</strong> veículo;<br />

O MCI propulsiona o veículo, bem como efectua o<br />

carregamento das baterias;<br />

O MCI carrega as baterias e estas alimentam o(s) ME(s);


ARTIGO TÉCNICO<br />

O eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento nos veículos<br />

híbri<strong>do</strong>s, tornam-os muito flexíveis; no entanto, acresce a<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> propulsão, o que implica a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas complexos <strong>de</strong> controlo, bem como<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s fluxos <strong>de</strong><br />

energia, capazes <strong>de</strong> optimizarem a eficiência <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

funcionamento anteriores.<br />

Em seguida, <strong>de</strong>screvem-se as três configurações<br />

mencionadas para os VH, as quais se distinguem pelo mo<strong>do</strong><br />

como o MCI é inseri<strong>do</strong> no sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica.<br />

Configuração Série – O MCI apenas acciona um gera<strong>do</strong>r que<br />

alimenta o ME <strong>de</strong> tracção <strong>do</strong> veículo; o gera<strong>do</strong>r também<br />

efectua o carregamento das baterias. Em termos <strong>de</strong><br />

concepção, trata-se <strong>de</strong> um VE assisti<strong>do</strong> por um MCI [2] –<br />

Figura 1.<br />

Energia <strong>de</strong> propulsão/Carregamento das baterias: o<br />

sistema MCI/gera<strong>do</strong>r fornece a energia para<br />

propulsionar o veículo e carrega as baterias;<br />

Frenagem regenerativa: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o ME<br />

funciona como gera<strong>do</strong>r, efectuan<strong>do</strong> o carregamento das<br />

baterias;<br />

Carregamento das baterias: o(s) ME(s) não são<br />

alimenta<strong>do</strong>s; o sistema MCI/gera<strong>do</strong>r somente carrega as<br />

baterias;<br />

Carregamento híbri<strong>do</strong> das baterias: o sistema<br />

MCI/gera<strong>do</strong>r e o(s) ME(s) – funcionan<strong>do</strong> como<br />

gera<strong>do</strong>r(es) – efectuam o carregamento das baterias.<br />

Não existin<strong>do</strong> ligação mecânica entre o MCI e o sistema <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> potência, os seus regimes <strong>de</strong> funcionamento<br />

tornam-se mais flexíveis, permitin<strong>do</strong> optimizar o<br />

funcionamento <strong>do</strong> MCI (referi<strong>do</strong> anteriormente). No<br />

entanto, a existência <strong>de</strong> três máquinas (MCI, gera<strong>do</strong>r e ME)<br />

tornam o sistema <strong>de</strong> propulsão <strong>do</strong> veículo mais<br />

complexo, normalmente mais pesa<strong>do</strong> e com menores<br />

rendimentos em relação às outras configurações.<br />

Figura 1 – VH: Configuração Série<br />

Configuração Paralela – Existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> MCI e <strong>do</strong><br />

ME fornecerem potência, em paralelo, às rodas <strong>de</strong> tracção<br />

<strong>do</strong> veículo. Conceptualmente, trata-se <strong>de</strong> um veículo<br />

convencional (MCI) com assistência eléctrica (MEs) [2]. Desta<br />

forma, ambos os motores estão acopla<strong>do</strong>s ao veio <strong>de</strong><br />

transmissão através <strong>de</strong> duas embraiagens<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, pelo que a propulsão po<strong>de</strong> ser efectuada<br />

pelo MCI, pelo ME ou por ambos (Figura 2).<br />

Em princípio, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os seguintes mo<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> funcionamento [1], [2]:<br />

Energia <strong>de</strong> propulsão – baterias: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>, a<br />

energia <strong>de</strong> propulsão provém unicamente das baterias;<br />

Energia <strong>de</strong> propulsão – MCI: a energia <strong>de</strong> propulsão é<br />

somente garantida pelo sistema MCI/gera<strong>do</strong>r; não há<br />

qualquer fluxo <strong>de</strong> energia nas baterias;<br />

Energia <strong>de</strong> propulsão – mo<strong>do</strong> híbri<strong>do</strong>: a potência <strong>de</strong><br />

tracção é garantida pelo MCI e pelas baterias;<br />

Figura 2 – VH: Configuração Paralela<br />

19


ARTIGO TÉCNICO<br />

Também aqui a optimização <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> MCI é<br />

conseguida. O motor eléctrico po<strong>de</strong> funcionar como gera<strong>do</strong>r<br />

para carregar as baterias, haven<strong>do</strong> duas possibilida<strong>de</strong>s:<br />

- Frenagem regenerativa;<br />

- No caso da potência mecânica disponível no veio <strong>do</strong> MCI<br />

ser superior ao necessário para o esforço <strong>de</strong> tracção, o<br />

exce<strong>de</strong>nte é forneci<strong>do</strong> ao gera<strong>do</strong>r.<br />

Para <strong>de</strong>sempenhos semelhantes é também <strong>de</strong> referir o uso<br />

<strong>de</strong> MCI e ME <strong>de</strong> menores potências, relativamente à<br />

configuração série.<br />

Configuração Série-Paralela – Esta estrutura integra as<br />

características das duas anteriores, procuran<strong>do</strong> assimilar as<br />

vantagens <strong>de</strong> ambas. A figura 3 apresenta esta configuração.<br />

Os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento possíveis são os seguintes:<br />

Propulsão ME: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o veículo é<br />

propulsiona<strong>do</strong> apenas pelo ME;<br />

Propulsão MCI: o contrário <strong>do</strong> anterior, o veículo é<br />

propulsiona<strong>do</strong> apenas pelo MCI;<br />

Propulsão Híbrida: ambos os motores (MCI e ME)<br />

contribuem para a propulsão <strong>do</strong> veículo;<br />

Propulsão MCI dividida: uma parte da potência no veio<br />

<strong>do</strong> MCI é usada na propulsão; a outra parte carrega as<br />

baterias, o que implica ter o ME a funcionar como<br />

gera<strong>do</strong>r;<br />

Fenagem simples (apenas regenerativa): o MCI é<br />

<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o ME funciona como gera<strong>do</strong>r, efectuan<strong>do</strong> o<br />

carregamento das baterias;<br />

Frenagem regenerativa e mecânica: ME funciona como<br />

gera<strong>do</strong>r; MCI funciona como freio mecânico.<br />

Na configuração paralela há apenas duas máquinas (MCI e<br />

ME).<br />

Figura 3 – VH: Configuração Série-Paralela<br />

Em comparação com a estrutura série, há mais uma ligação<br />

mecânica ao veio <strong>de</strong> transmissão; relativamente à estrutura<br />

paralela, existe mais uma máquina eléctrica. O acoplamento<br />

mecânico das três máquinas po<strong>de</strong> ser efectua<strong>do</strong> através da<br />

inclusão <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> engrenagens planetário [1], [4].<br />

A figura 4 ilustra a sua estrutura.<br />

Figura 4 – Sistema <strong>de</strong> Engrenagens Planetário<br />

20


ARTIGO TÉCNICO<br />

Este sistema tem a vantagem <strong>de</strong> permitir o funcionamento<br />

<strong>do</strong> MCI num regime <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> constante (permitin<strong>do</strong> a<br />

sua optimização): a variação da velocida<strong>de</strong> no veio <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>do</strong> veículo é conseguida através da regulação da<br />

potência <strong>de</strong>bitada pelo gera<strong>do</strong>r.<br />

Trata-se, pois, <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> transmissão variável <strong>de</strong><br />

potência em mo<strong>do</strong> contínuo, mais concretamente, um<br />

sistema electrónico <strong>de</strong> transmissão variável.<br />

Comparativamente aos sistemas puramente mecânicos <strong>de</strong><br />

transmissão contínua, este sistema electrónico é mais<br />

simples, fiável e com melhores rendimentos, uma vez que<br />

não existem embraiagens, conversores <strong>de</strong> binário e caixa <strong>de</strong><br />

engrenagens.<br />

Com vista ao aumento <strong>do</strong> rendimento, fiabilida<strong>de</strong> e<br />

robustez, novas concepções <strong>de</strong> sistemas electrónicos <strong>de</strong><br />

transmissão foram <strong>de</strong>senvolvidas, as quais assentam na<br />

eliminação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> engrenagens planetário. Nesse<br />

senti<strong>do</strong> refere-se:<br />

- Combinação <strong>de</strong> duas máquinas eléctricas concêntricas<br />

[3];<br />

- Uma única máquina com <strong>do</strong>is rotores [4], [5].<br />

Configuração Série-Paralela “Complexa” - A configuração<br />

representada na figura 5 apresenta semelhanças com a<br />

estrutura série-paralela (1 MCI e 2 ME).<br />

Há, no entanto, uma diferença importante na máquina<br />

eléctrica ligada mecanicamente ao MCI: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fluxo <strong>de</strong> energia bidireccional, ou seja, o funcionamento<br />

como motor ou gera<strong>do</strong>r.<br />

O potencial e versatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta estrutura são superiores à<br />

configuração série-paralela, pois acrescenta um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

funcionamento com três motores, o qual não existe naquela<br />

configuração.<br />

Naturalmente, também o nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>(s)<br />

sistema(s) <strong>de</strong> propulsão é gran<strong>de</strong>, o que torna o seu custo<br />

mais eleva<strong>do</strong>, juntamente com maiores exigências ao nível<br />

<strong>do</strong> controlo <strong>do</strong> veículo, bem como <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />

energia. Não obstante, é <strong>de</strong> referir a opção por esta<br />

configuração em algumas das séries mais recentes <strong>de</strong> VH<br />

[1], [2].<br />

Figura 5 – VH: Configuração Série-Paralela “Complexa”<br />

2.2 Veículos Eléctricos<br />

Na figura 6 está representada a estrutura básica <strong>de</strong>ste tipo<br />

<strong>de</strong> veículo [1].<br />

Existem três componentes fundamentais:<br />

<br />

Sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica;<br />

Sistema <strong>de</strong> alimentação/armazenamento <strong>de</strong> energia;<br />

Sistema auxiliar.<br />

O sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica é composto pelos seguintes<br />

elementos:<br />

- controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> veículo<br />

- conversor estático <strong>de</strong> potência <strong>de</strong> tracção<br />

- motor eléctrico<br />

- transmissão mecânica<br />

- rodas <strong>de</strong> tracção.<br />

O sistema <strong>de</strong> fornecimento/armazenamento <strong>de</strong> energia<br />

inclui os seguintes elementos:<br />

- fonte <strong>de</strong> energia e/ou sistema <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />

energia<br />

- sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia<br />

- unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reabastecimento.<br />

O sistema auxiliar inclui múltiplas unida<strong>de</strong>s, tais como: a<br />

direcção assistida, climatização, etc.<br />

21


ARTIGO TÉCNICO<br />

Trata-se <strong>de</strong> um sistema comum a qualquer tipo <strong>de</strong><br />

veículo, seja convencional, híbri<strong>do</strong> ou eléctrico.<br />

Os sinais emiti<strong>do</strong>s pelos pedais <strong>do</strong> acelera<strong>do</strong>r e travão<br />

(acciona<strong>do</strong>s pelo condutor <strong>do</strong> veículo) são recebi<strong>do</strong>s pelo<br />

controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> veículo, o qual actua no sistema <strong>de</strong> controlo<br />

<strong>do</strong> conversor <strong>de</strong> tracção <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a regular os fluxos <strong>de</strong><br />

energia entre o motor eléctrico e o sistema <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> energia. A actuação <strong>do</strong> controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

veículo é também função <strong>do</strong>s sinais recebi<strong>do</strong>s pelo sistema<br />

<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia. São várias as funções <strong>de</strong>ste<br />

sistema, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> referir o controlo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> frenagem<br />

regenerativa e respectivo armazenamento <strong>de</strong> energia, a<br />

regulação das operações <strong>de</strong> reabastecimento e a<br />

monitorização <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />

energia.<br />

Tal como nos VH, o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia é<br />

fundamental neste tipo <strong>de</strong> veículos.<br />

O sistema auxiliar fornece a energia necessária às unida<strong>de</strong>s<br />

já referidas (tipicamente com vários níveis <strong>de</strong> tensão).<br />

Como referi<strong>do</strong>, a estrutura apresentada na figura 6 é<br />

elementar.<br />

Existem várias configurações possíveis para o sistema <strong>de</strong><br />

propulsão <strong>do</strong>s VE, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

funcionamento <strong>do</strong>s motores eléctricos. Na figura seguinte<br />

são apresenta<strong>do</strong>s alguns exemplos, que se julgam ser<br />

representativos <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> configurações [1].<br />

Actualmente, este é um assunto que continua a merecer a<br />

atenção <strong>de</strong> fabricantes e investiga<strong>do</strong>res.<br />

Figura 6 – Configuração Básica <strong>de</strong> um VE<br />

22


ARTIGO TÉCNICO<br />

Figura 7 – Sistemas <strong>de</strong> Propulsão para VE<br />

a) Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às zonas possíveis <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s<br />

motores eléctricos – binário constante (baixas<br />

velocida<strong>de</strong>s); potência constante (gama ampla <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>s) – o sistema habitual <strong>de</strong> engrenagens com<br />

múltiplas relações (várias velocida<strong>de</strong>s) po<strong>de</strong> ser<br />

substituí<strong>do</strong> por um sistema com uma relação fixa. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, a embraiagem é eliminada, reduzin<strong>do</strong> o peso e<br />

tamanho <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> transmissão mecânica; o<br />

controlo <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> propulsão torna-se mais simples.<br />

b) Nesta configuração, o diferencial mecânico é substituí<strong>do</strong><br />

por <strong>do</strong>is motores eléctricos. Naturalmente, são os<br />

respectivos sistemas <strong>de</strong> controlo que garantem<br />

velocida<strong>de</strong>s distintas em trajectos curvilíneos.<br />

c) Com vista a tornar mais simples o sistema <strong>de</strong><br />

propulsão, os motores eléctricos são fixa<strong>do</strong>s à própria<br />

roda <strong>de</strong> tracção, através <strong>de</strong> engrenagens (sistema inwheel).<br />

Esta concepção coloca <strong>de</strong>safios vários ao motor<br />

(dimensões, peso, robustez, fiabilida<strong>de</strong>, ...).<br />

d) Relativamente à concepção anterior, é elimina<strong>do</strong> o<br />

sistema <strong>de</strong> engrenagens: os rotores <strong>do</strong>s motores são<br />

monta<strong>do</strong>s directamente nas rodas <strong>de</strong> tracção, pelo que o<br />

controlo da velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> veículo correspon<strong>de</strong> ao<br />

controlo directo da velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s motores.<br />

As exigências colocadas a estes motores são<br />

várias, nomeadamente, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

eleva<strong>do</strong>s binários no arranque. De referir que uma<br />

abordagem às tendências actuais <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> motores<br />

eléctricos aplica<strong>do</strong>s em VE foi apresentada num artigo<br />

anterior.<br />

Neste tipo <strong>de</strong> veículos, as emissões locais associadas são<br />

nulas. Naturalmente, esta afirmação não consi<strong>de</strong>ra as fontes<br />

<strong>de</strong> energia utilizadas no carregamento das baterias. Com<br />

efeito, as emissões globais po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>ráveis, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da proveniência da energia<br />

armazenada nas baterias.<br />

No momento actual, as principais <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>stes<br />

veículos resi<strong>de</strong>m no eleva<strong>do</strong> peso e custo inicial das<br />

baterias, autonomias limitadas, tempos longos <strong>de</strong><br />

carregamento e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potência reduzidas. Não<br />

obstante, nos últimos anos têm si<strong>do</strong> empreendi<strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s<br />

esforços, no meio académico e industrial, com vista ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos tipos <strong>de</strong> baterias [6], bem como<br />

<strong>de</strong> estruturas híbridas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia –<br />

baterias, super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res e flywheels (esta última em<br />

menor grau).<br />

23


ARTIGO TÉCNICO<br />

Como foi referi<strong>do</strong>, actualmente há a consi<strong>de</strong>rar duas<br />

variantes <strong>de</strong> VE, associadas ao tipo <strong>de</strong> alimentação <strong>do</strong><br />

veículo. As principais características <strong>de</strong> ambas são<br />

apresentadas a seguir.<br />

2.2.1 Tipos <strong>de</strong> Baterias<br />

Actualmente, as baterias mais usadas nos VE (e também nos<br />

VH) são as <strong>de</strong> chumbo/áci<strong>do</strong> (PB) convencionais, <strong>de</strong> hidratos<br />

metálicos <strong>de</strong> níquel (NiMH) e <strong>de</strong> iões <strong>de</strong> lítio (Li Ion).<br />

Particularmente nestas últimas, têm si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s aumentos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis nos valores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia (<strong>de</strong><br />

momento apresentam valores muito superiores aos<br />

restantes tipos <strong>de</strong> baterias). Há uma clara tendência para a<br />

sua integração com super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res, aproveitan<strong>do</strong> os<br />

eleva<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência <strong>de</strong>stes últimos<br />

[3], [7]. Tais sistemas híbri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia<br />

são mais complexos, necessitan<strong>do</strong> da inclusão <strong>de</strong><br />

conversores estáticos <strong>de</strong> potência e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />

energia específicos. De acor<strong>do</strong> com [8] há diversas vantagens<br />

a consi<strong>de</strong>rar nestes sistemas, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> realçar o<br />

<strong>de</strong>sacoplamento <strong>do</strong> controlo <strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> energia e<br />

potência (esta última é essencial nas frenagens); também a<br />

eficiência na gestão <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />

armazenamento vem melhorada.<br />

Existem diversos factores que condicionam os <strong>de</strong>sempenhos<br />

das baterias, <strong>do</strong>s quais se enumeram alguns <strong>do</strong>s mais<br />

relevantes:<br />

Nível <strong>de</strong> carga – State of Charge (SOC);<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento;<br />

Tensões e correntes;<br />

Frequência das cargas e <strong>de</strong>scargas;<br />

Temperatura <strong>de</strong> funcionamento;<br />

Ida<strong>de</strong> da bateria.<br />

As baterias usadas nos veículos <strong>de</strong> tracção estão sujeitas a<br />

ambientes e condições <strong>de</strong> funcionamento muito agressivos<br />

(amplas variações <strong>de</strong> temperatura, ciclos <strong>de</strong> carga exigentes,<br />

choques e vibrações mecânicas). Estes aspectos po<strong>de</strong>m<br />

contribuir para um envelhecimento precoce, traduzi<strong>do</strong> pela<br />

diminuição da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento e<br />

aumento da resistência interna. [9]<br />

O sistema <strong>de</strong> gestão das baterias (Battery Management<br />

System) é fundamental, não apenas na monitorização <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> das baterias e sua protecção, mas também para<br />

permitir as operações <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga, em coor<strong>de</strong>nação<br />

com o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

funcionamento em frenagem regenerativa é <strong>do</strong>s mais<br />

críticos a consi<strong>de</strong>rar, uma vez que as correntes envolvidas e<br />

respectivos gradientes po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>struir as baterias. Em<br />

particular, as baterias <strong>de</strong> lítio exigem condições <strong>de</strong><br />

funcionamento muito bem controladas, sob pena <strong>de</strong> se<br />

danificarem. Com efeito, são muito sensíveis a sobretensões,<br />

sobrecorrentes e à temperatura <strong>de</strong> funcionamento.<br />

2.2.2 Células <strong>de</strong> Combustível<br />

São dispositivos gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> energia eléctrica, resultante <strong>de</strong><br />

reacções electroquímicas baseadas em hidrogénio<br />

(combustível não poluente, com elevada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia). Sublinha-se o facto <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

energia, enquanto as baterias são armazena<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

energia. Uma característica importante a referir é que o<br />

produto das reacções é apenas vapor <strong>de</strong> água. As principais<br />

vantagens resi<strong>de</strong>m na elevada eficiência energética das<br />

reacções electroquímicas, emissões locais nulas e tempos<br />

curtos <strong>de</strong> abastecimento (<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> hidrogénio). [2], [3]<br />

A energia eléctrica produzida nas células <strong>de</strong> combustível é<br />

usada na propulsão <strong>do</strong> veículo ou no carregamento das<br />

baterias e super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res para uso futuro.<br />

3 Alimentação Externa <strong>de</strong> Energia Eléctrica (Plug-in)<br />

Estes veículos po<strong>de</strong>m ser liga<strong>do</strong>s a um sistema <strong>de</strong><br />

carregamento exterior das baterias.<br />

Os veículos híbri<strong>do</strong>s Plug-in têm sistemas <strong>de</strong> propulsão<br />

semelhantes aos híbri<strong>do</strong>s convencionais. Para distâncias<br />

curtas, o veículo funciona em mo<strong>do</strong> puramente eléctrico,<br />

com as baterias a fornecer a energia necessária à propulsão.<br />

24


ARTIGO TÉCNICO<br />

Nas distâncias longas, quan<strong>do</strong> a carga das baterias é inferior<br />

a um valor especifica<strong>do</strong>, o veículo passa a funcionar no mo<strong>do</strong><br />

híbri<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, conseguem-se funcionamentos que se<br />

aproximam mais <strong>do</strong>s veículos puramente eléctricos [10].<br />

É <strong>de</strong> referir que as baterias usadas nos VH Plug-in têm <strong>de</strong> ter<br />

características semelhantes às exigidas para os VE. De mo<strong>do</strong><br />

geral, os VE são sempre <strong>do</strong> tipo Plug-in.<br />

4 Conclusões<br />

Os custos e limitações das reservas <strong>de</strong> combustíveis fósseis e<br />

os impactos ambientais <strong>de</strong>correntes da sua utilização<br />

intensa, conduziram a um aumento no interesse e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos e híbri<strong>do</strong>s, não<br />

apenas por parte da comunida<strong>de</strong> científica mas também ao<br />

nível <strong>do</strong>s governos e opiniões públicas mundiais.<br />

Os veículos Plug-in po<strong>de</strong>rão também interagir com a re<strong>de</strong><br />

pública <strong>de</strong> energia, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> contribuir para uniformizar o<br />

diagrama <strong>de</strong> cargas: durante o perío<strong>do</strong> nocturno (menor<br />

procura <strong>de</strong> energia) efectua-se o carregamento; nas horas<br />

diurnas (maior procura <strong>de</strong> energia), haven<strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

energia armazenada nos veículos, este po<strong>de</strong> ser injecta<strong>do</strong> na<br />

re<strong>de</strong> [10], [11].<br />

A Tabela 1 apresenta uma síntese das características <strong>do</strong>s<br />

tipos <strong>de</strong> veículos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s.<br />

Até ao momento, os veículos híbri<strong>do</strong>s têm conheci<strong>do</strong> um<br />

maior grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que se reflecte na<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los comercialmente disponibiliza<strong>do</strong>s<br />

pelos principais fabricantes e automóveis. Os principais<br />

<strong>de</strong>safios que continuam a ser enfrenta<strong>do</strong>s estão no controlo<br />

e optimização das diferentes fontes <strong>de</strong> energia (o que<br />

implica <strong>de</strong>senvolver sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia<br />

eficazes, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> actuação em tempo real) e no<br />

custo final <strong>do</strong> veículo.<br />

Tabela 1 – Características <strong>de</strong> VH e VE [2]<br />

VH VE (baterias) VE (cél. <strong>de</strong> combust.)<br />

Sistema <strong>de</strong> Propulsão<br />

- Motores eléctricos<br />

- MCI<br />

- Motores<br />

eléctricos<br />

- Motores eléctricos<br />

Sistema <strong>de</strong> Armazenamento<br />

<strong>de</strong> Energia<br />

Fontes <strong>de</strong> Energia e Infraestruturas<br />

Características<br />

Principais Desvantagens<br />

- Baterias<br />

- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />

- Combustíveis fósseis ou<br />

alternativos<br />

- Estações <strong>de</strong> gasolina<br />

- Pontos <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong><br />

energia (“Plug-in” híbri<strong>do</strong>)<br />

- Emissões locais baixas<br />

- Elevada economia <strong>de</strong><br />

combustível<br />

- Depen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

combustíveis fósseis<br />

- Autonomia longa<br />

- Disponível<br />

- Desempenhos das baterias<br />

- Controlo e optimização <strong>de</strong><br />

consumos; gestão <strong>de</strong> várias<br />

fontes <strong>de</strong> energia<br />

- Custo superior ao <strong>do</strong>s<br />

veículos convencionais<br />

(MCI)<br />

- Baterias<br />

- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />

- Pontos <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong><br />

energia (“Plug-in”)<br />

- Emissões locais nulas<br />

-Rendimentos eleva<strong>do</strong>s<br />

-Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> directam. <strong>de</strong><br />

combustíveis fósseis<br />

- Autonomia limitada<br />

- Disponível<br />

- Desempenhos e tempos <strong>de</strong><br />

vida útil das baterias<br />

- Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos<br />

<strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong> energia<br />

- Eleva<strong>do</strong> custo inicial<br />

- Depósito <strong>de</strong> H2<br />

- Baterias<br />

- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />

- H2<br />

-Produção <strong>de</strong> H2; infraestruturas<br />

<strong>de</strong> transporte<br />

- Emissões locais nulas<br />

-Rendimentos eleva<strong>do</strong>s<br />

- Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> directamente<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />

- Em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

- Custo eleva<strong>do</strong> das células<br />

<strong>de</strong> combustível, ciclos <strong>de</strong><br />

vida curtos, fiabilida<strong>de</strong><br />

-Produção <strong>de</strong> H2; criação <strong>de</strong><br />

infra-estruturas <strong>de</strong><br />

transporte<br />

- Custo eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> veículo<br />

25


ARTIGO TÉCNICO<br />

Nos últimos anos, os veículos eléctricos têm vin<strong>do</strong> a<br />

conhecer um maior <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s seus subsistemas,<br />

sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar: novas concepções <strong>de</strong> máquinas eléctricas<br />

e conversores <strong>de</strong> potência, estruturas híbridas nos sistemas<br />

<strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia (baterias integradas com<br />

super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res e respectivos conversores <strong>de</strong><br />

potência). O gran<strong>de</strong> obstáculo continua a residir nas<br />

características das baterias disponíveis (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

energia, ciclos <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga, custos). Também aqui o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia em<br />

tempo real será um factor <strong>de</strong>terminante no sucesso <strong>de</strong>stes<br />

veículos.<br />

A opção pelas células <strong>de</strong> combustível é ainda uma incógnita<br />

gran<strong>de</strong>: não só a sua tecnologia se encontra numa fase muito<br />

inicial, como também esta via implicará a disseminação em<br />

larga escala <strong>de</strong> infra-estruturas para a produção, distribuição<br />

e armazenamento <strong>de</strong> hidrogénio.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> múltiplos <strong>do</strong>mínios<br />

científicos e tecnológicos, tais como, indústria automóvel,<br />

máquinas eléctricas e respectivo controlo, electrónica <strong>de</strong><br />

potência e sistemas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia, com<br />

<strong>de</strong>sempenhos semelhantes aos <strong>do</strong>s veículos convencionais<br />

(MCI), coloca eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> exigência à concepção <strong>do</strong>s<br />

VH e VE. Como tal, a mo<strong>de</strong>lização e simulação <strong>de</strong>stes<br />

sistemas assume um papel <strong>de</strong>terminante no seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, uma vez que permite a concepção e teste<br />

<strong>de</strong> novas estruturas e sistemas <strong>de</strong> controlo, sem gran<strong>de</strong>s<br />

exigências em termos materiais e <strong>de</strong> tempo. Também no<br />

campo <strong>do</strong> diagnóstico <strong>de</strong> avarias é <strong>de</strong> salientar a mais-valia<br />

conseguida com ferramentas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lização e simulação.<br />

Por último, o futuro <strong>do</strong>s VH e VE passará seguramente pela<br />

integração das opiniões públicas mundiais e respectivos<br />

governos com os interesses <strong>de</strong> múltiplos sectores, tais como,<br />

indústria automóvel, transportes, comunida<strong>de</strong> académica e<br />

empresas <strong>do</strong> ramo energético.<br />

Bibliografia<br />

[1] Ehsani, Mehrdad, Gao,Yimin, E.<br />

Gay, Sebastien, Emadi, Ali (2005). “Mo<strong>de</strong>rn<br />

Electric, Hybrid Electric and Fuel Cell Vehicles –<br />

Fundamentals, Theory and Design”, CRC Press.<br />

[2] Chan, C.C. (2007). “The State of the Art of<br />

Electric, Hybrid, and Fuel Cell Vehicles”, Proceedings of<br />

the IEEE, Vol. 95, No. 4, pp. 704-718.<br />

[3] Chan, C.C. et al. (2010). “Electric, Hybrid and Fuel- Cell<br />

Vehicles: Architectures and Mo<strong>de</strong>ling”, IEEE Transactions<br />

on Vehicular Technology, Vol.59, No2, pp. 589-598.<br />

[4] K. T. Chau and C. C. Chan (2007). “Emerging energyefficient<br />

technologies for Hybrid Electric Vehicle”, Proc.<br />

IEEE, vol. 95, no. 4, pp. 821–835.<br />

[5] Hoeijmakers, Martin J., Ferreira, Jan A. (2006). “The<br />

Electric Variable Transmission”, IEEE Transactions on<br />

Industry Applications, Vol.42, No4, pp. 1092-1100.<br />

[6] Affanni, Antonio et al. (2005). “Battery Choice and<br />

Management for New-Generation Electric Vehicles”, IEEE<br />

Transactions on Industrial Electronics, Vol.52, No5, pp.<br />

1343-1349.<br />

[7] Sun, Liqing et al. (2008). “State of Art of Energy System<br />

for New Energy Vehicles”, IEEE Vehicle Power and<br />

Propulsion Conference (VPPC), September 3-5, China.<br />

[8] Miller, John M., Startorelli, Gianni (2010). “Battery and<br />

Ultracapacitor Combinations – Where Should the<br />

Converter Go?”, IEEE Vehicle Power and Propulsion<br />

Conference (VPPC), September 1-3, France.<br />

[9] http://www.mpoweruk.com<br />

[10]Amjad, Shaik al. (2010). “Review of Design<br />

Consi<strong>de</strong>rations and Technological Challenges for<br />

Successful Development and Deployment of Plug-in<br />

Hybrid Electric Vehicles”, Renewable and Sustainable<br />

Energy Reviews, No14, pp. 1104-1110, Elsevier.<br />

[11]Somayajula, Deepak et al. (2009). “Designing Efficient<br />

Hybrid Electric Vehicles”, IEEE Vehicular Technology<br />

Magazine, Vol.4, no.2, pp. 65-72.<br />

26


ARTIGO TÉCNICO<br />

Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />

IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e Serviços, Lda<br />

FIBRAS ÓPTICAS<br />

O PARADIGMA<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Com a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>tar to<strong>do</strong>s os edifícios e<br />

urbanizações com instalações <strong>de</strong> fibra óptica <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

Decreto-Lei 123/2009, to<strong>do</strong>s os projectistas, retalhistas,<br />

instala<strong>do</strong>res e promotores <strong>de</strong>param-se com a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> implementar algo ainda estranho para muitos.<br />

Se, por um la<strong>do</strong> a legislação obriga ao uso das fibras<br />

monomo<strong>do</strong>, in<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontro à compatibilização com as<br />

tecnologias que os opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> telecomunicações já<br />

estavam a implementar ( ex: Gigabit Ethernet – Passive<br />

Optical Network (GE-PON) nas FTTH (Fiber To The<br />

Home), por outro temos as re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> Complexos<br />

Empresariais e Fabris ou mesmo edifícios comerciais, cuja<br />

distribuição interior inter-basti<strong>do</strong>res, continua a ser<br />

implementada em fibras multimo<strong>do</strong> <strong>de</strong> última geração, pois<br />

a nível <strong>de</strong> custos <strong>do</strong>s conversores electro-ópticos (ONT)<br />

ainda há uma diferença substancial <strong>de</strong> valor entre os<br />

monomo<strong>do</strong> e os multimo<strong>do</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a constante evolução, os fabricantes ten<strong>de</strong>m<br />

a <strong>de</strong>senvolver produtos optimiza<strong>do</strong>s para as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

agora e as que se perspectivam para um futuro próximo.<br />

Figura 1 – Exemplo <strong>de</strong> Solução <strong>de</strong> Transporte IP baseada em GEPON<br />

27


ARTIGO TÉCNICO<br />

2 A FIBRA ÓPTICA NAS INSTALAÇÕES ITED<br />

As principais razões para a utilização da fibra óptica são:<br />

- Segurança na transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s: a fibra óptica não<br />

emite radiação electromagnética, como tal não é<br />

possível interceptar as comunicações remotamente.<br />

- Largura <strong>de</strong> banda: A fibra óptica tem uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s muito superior ao cobre.<br />

- Distância na transmissão: A atenuação <strong>do</strong>s sistemas<br />

ópticos é muito inferior aos sistemas <strong>de</strong> cobre, logo os<br />

da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser transmiti<strong>do</strong>s a distâncias mais longas.<br />

- Sem risco <strong>de</strong> interferências (EMI e RFI): A fibra óptica é<br />

construída maioritariamente em vidro, logo é imune a<br />

influências electromagnéticas (EMI) e <strong>de</strong> rádio<br />

frequência (RFI).<br />

As distâncias <strong>de</strong> transmissão num link (ligação entre <strong>do</strong>is<br />

activos) estão limitadas quer pela atenuação, quer pela<br />

largura <strong>de</strong> banda. Nas instalações cujo limite é a<br />

atenuação, a perda individual <strong>de</strong> cada componente <strong>de</strong>ve ser<br />

soma<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os componentes <strong>do</strong> link e o valor da<br />

atenuação <strong>de</strong>ve ficar <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> perda para o canal<br />

(<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> na norma).<br />

Na figura apresenta-se um resumo das distâncias possíveis<br />

em links <strong>de</strong> fibra óptica basea<strong>do</strong> em protocolos específicos<br />

utilizan<strong>do</strong> 2 Conectores / Emendas (fusões). Componentes e<br />

cabos com melhores características <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, que as<br />

<strong>de</strong>finidas nas normas (standards) po<strong>de</strong>m ser necessários<br />

para atingir as distâncias máximas indicadas.<br />

O fabricante europeu Brand-Rex, é um <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong> na tecnologia <strong>do</strong>s cabos <strong>de</strong> fibra óptica. Os seus<br />

produtos exce<strong>de</strong>m to<strong>do</strong>s os parâmetros das normas que são<br />

<strong>de</strong>finidas para estes cabos e ainda <strong>de</strong>senvolvem sistemas<br />

inova<strong>do</strong>res e revolucionários, como veremos a seguir.<br />

A gama <strong>de</strong> produtos FibrePlus tem aplicação tanto em<br />

cablagens estruturadas convencionais, como em sistemas<br />

centraliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> fibra óptica. Esta gama <strong>de</strong><br />

produtos suporta os 2000m em instalações <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s locais<br />

conforme <strong>de</strong>scrito na norma ISO 11801:2002, bem com os<br />

300m <strong>de</strong>scritos na norma TSB72 (Directrizes sobre sistemas<br />

<strong>de</strong> centraliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fibra óptica) e na TIA568B/EIA.<br />

Figura 2 – I<strong>de</strong>ntificação da Distância <strong>de</strong> Transmissão<br />

Figura 3 – Distância <strong>de</strong> Transmissão em cata tipo <strong>de</strong> fibra óptica<br />

28


ARTIGO TÉCNICO<br />

Os imites <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na norma, são os indica<strong>do</strong>s<br />

na figura 4.<br />

O UFS 01 (Optical Unitube Fire Survival Cable) é usa<strong>do</strong> nos<br />

locais on<strong>de</strong> a transmissão <strong>de</strong> informação crítica <strong>de</strong>ve<br />

continuar mesmo que o edifício ou a estrutura on<strong>de</strong> está<br />

instala<strong>do</strong> esteja em chamas. Por essa razão, o seu uso em<br />

gran<strong>de</strong>s edifícios públicos, tais como data-centers,<br />

aeroportos, estações ferroviárias, estádios e estruturas<br />

industriais está a tornar-se cada vez mais comum.<br />

O uso <strong>do</strong> cabo nos sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> edifício, sistemas<br />

<strong>de</strong> segurança e incêndio, significa que estes sistemas vitais<br />

permanecerão em funcionamento em caso <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes<br />

que ponham a vida humana em risco e obriguem à<br />

evacuação <strong>do</strong> edifício.<br />

Figura 4 – Limites <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na norma<br />

No actual ambiente <strong>de</strong> negócios, a manutenção em<br />

funcionamento <strong>do</strong>s sistemas críticos <strong>do</strong> negócio, em caso <strong>de</strong><br />

emergência é um pré-requisito fundamental. Nesse senti<strong>do</strong><br />

já está disponível no merca<strong>do</strong> o cabo <strong>de</strong> fibra óptica<br />

resistente ao fogo.<br />

O cabo UFS 01 Fire Survival Cable foi <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> para<br />

cumprir as normas IEC60794 e exce<strong>de</strong>r as norma IEC60331 –<br />

part25.<br />

Figura 6 – Teste <strong>de</strong> fogo IEC60331<br />

O teste <strong>de</strong> fogo IEC60331, vulgarmente conheci<strong>do</strong> por teste<br />

<strong>de</strong> sobrevivência ao fogo, foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para cabos eléctricos.<br />

Mas a “part25”, publicada em 1999 já refere os cabos <strong>de</strong><br />

fibra óptica.<br />

Esta norma <strong>de</strong>fine o teste a uma temperatura mínima <strong>de</strong><br />

chama <strong>de</strong> 750°C, com uma duração <strong>de</strong> aplicação<br />

recomendada <strong>de</strong> 90min., mais 15min. para arrefecimento. A<br />

norma só <strong>de</strong>fine como critério <strong>de</strong> aprovação, a manutenção<br />

da integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> circuito.<br />

O fabricante (Brand-Rex) foi mais além e <strong>de</strong>finiu como<br />

critério extra para aprovação, não exce<strong>de</strong>r 1.5dB no<br />

aumento da atenuação nestas condições <strong>de</strong> teste.<br />

Figura 5 – Composição <strong>do</strong> UFS 01<br />

29


ARTIGO TÉCNICO<br />

Para <strong>de</strong>monstrar o <strong>de</strong>sempenho ao teste <strong>de</strong><br />

sobrevivência ao fogo prolonga<strong>do</strong>, o<br />

fabricante (Brand-Rex) testou o cabo<br />

segun<strong>do</strong> a norma BS8434-2.<br />

Esta norma <strong>de</strong>fine o teste <strong>do</strong> cabo a uma<br />

temperatura <strong>de</strong> 930°C por<br />

120min., incluin<strong>do</strong> o choque mecânico e<br />

jactos <strong>de</strong> água como <strong>de</strong>fine a BSEN<br />

50200, provan<strong>do</strong> que o cabo UFS 01 Fire<br />

Survival Cable po<strong>de</strong> superar os testes mais<br />

rigorosos.<br />

Figura 7 - Alteração da atenuação ao longo <strong>do</strong> tempo<br />

(IEC60331)<br />

Já a norma BSEN 50200:2000 Classe PH120<br />

<strong>de</strong>fine o teste <strong>do</strong> cabo a uma temperatura<br />

maior (830°C), choques mecânicos<br />

adicionais e spray <strong>de</strong> água durante o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> "chama”.<br />

Este reforço <strong>de</strong> exigência simula uma<br />

situação real <strong>de</strong> fogo com sistemas <strong>de</strong><br />

compartimentação em funcionamento e<br />

potenciais impactos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos cain<strong>do</strong><br />

sobre o cabo.<br />

Figura 8 – Alteração da atenuação ao longo <strong>do</strong> tempo<br />

(BSEN 50200:2000)<br />

Figura 9 – Comparação <strong>do</strong>s testes IEC60331, BSEN 50200 e BS 8434-2<br />

30


ARTIGO TÉCNICO<br />

Sistema <strong>de</strong> fibra óptica Pré-Conecteriza<strong>do</strong> MT Connect<br />

A tecnologia <strong>do</strong> conector MT<br />

MT Connect é um sistema <strong>de</strong> cabos fibra óptica <strong>de</strong> alto<br />

<strong>de</strong>sempenho, pré-conecteriza<strong>do</strong>s, modulares, basea<strong>do</strong> na<br />

tecnologia <strong>do</strong> conector MPO.<br />

Este sistema po<strong>de</strong>rá ser usa<strong>do</strong> em projectos convencionais<br />

para diminuir o tempo <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong>s links <strong>de</strong> backbone<br />

(ligações entre basti<strong>do</strong>res), em distribuição horizontal na<br />

fibra ao posto <strong>de</strong> trabalho ou data-centers on<strong>de</strong> as multiplas<br />

ligações ponto-a-ponto em fibra óptica entre basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

distribuição e basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong> equipamentos activos po<strong>de</strong>m<br />

ser rápida e eficientemente instaladas, mantidas e alteradas<br />

conforme as necessida<strong>de</strong>s.<br />

O conector MPO é a parte mais importante <strong>do</strong> sistema MT<br />

Connect.<br />

Este conector acomoda até 12 fibras graças à alta precisão <strong>de</strong><br />

fabrico das partes <strong>de</strong> termoplástico e guias metálicas, que<br />

garantem o alinhamento e a manutenção da polarida<strong>de</strong> das<br />

fibras, sen<strong>do</strong> a sua ligação ao painel por encaixe, com um<br />

Click audivel para garantir que as ligações estão bem<br />

efectuadas.<br />

Instalação<br />

O sistema MT Connect é <strong>de</strong> instalação simples e rápida.<br />

1. Coloca-se os cabos <strong>de</strong> backbonne no lugar.<br />

2. Instala-se os paineis nos basti<strong>do</strong>res.<br />

3. Liga-se os cabos <strong>de</strong>ntro das caixas LGX.<br />

4. Monta-se as caixas LGX nos paineis.<br />

O tempo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong>ste sistema é uma fracção <strong>do</strong><br />

tempo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> fibra convencional.<br />

Ligar 12 fibras pré-conecterizadas é muito mais simples e<br />

rápi<strong>do</strong> que fundir 12 pigtails em cada ponta <strong>do</strong> cabo.<br />

Figura 10 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems<br />

O sistema MT Connect tem vantagens únicas em relação aos<br />

sistemas convencionais:<br />

• Cabos pré-conecteriza<strong>do</strong>s com 12 fibras por conector<br />

MPO assegura uma instalação mais rápida <strong>de</strong> vários links<br />

<strong>de</strong> fibra.<br />

• Cabos com menor secção poupam espaço nos caminhos<br />

<strong>de</strong> cabos e basti<strong>do</strong>res favorecen<strong>do</strong> a circulação <strong>de</strong> ar<br />

• Construção modular favorece a simples e rápida<br />

manutenção e reparação.<br />

• Link ponta-a-ponta assegura<strong>do</strong> com os melhores<br />

<strong>de</strong>sempenhos obti<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> conecterização <strong>de</strong><br />

fábrica.<br />

Figura 11 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems<br />

A manutenção e acrescentos ao sistema é também mais<br />

simples graças à sua concepção modular.<br />

31


ARTIGO TÉCNICO<br />

Cabos <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />

O fabrico <strong>de</strong> um cabo MT Connect é feito com até 12 fibras<br />

LSOH num só cabo terminan<strong>do</strong> nas duas pontas com um<br />

conector MPO (sem pinos). Estes cabos são usa<strong>do</strong>s nos<br />

backbones ou na interligação horizontal <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

distribuição.<br />

Estão disponívei para fibras OM3, OM3 melhorada (Z50) e<br />

OS1(008) e com comprimentos standard <strong>de</strong> 1, 3, 5, 10, 20, 50<br />

e 100mts.<br />

O painel <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sistema MT connect é modular, pelo<br />

que permite a utilização <strong>do</strong>s diversos componentes num só<br />

painel. Po<strong>de</strong> ser equipa<strong>do</strong> com 3 modulos, sejam eles caixas<br />

LGX (para conectores LC ou SC em OM3, OM3(Z50) ou OS1),<br />

placa <strong>de</strong> 6 acopola<strong>do</strong>res MPO ou tampas cegas.<br />

Com este sistema po<strong>de</strong>mos ter até 216 fibras num só painel<br />

<strong>de</strong> 1U/19” (usan<strong>do</strong> 3 x 6 MPO), ou 36 LC duplex usan<strong>do</strong> as<br />

caixas LGX.<br />

6 way MPO Adaptor plate<br />

Blanking plate<br />

Figura 12 – Cabo <strong>de</strong> fibra <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />

19” Panel LGX Module<br />

Figura 15 – Painel <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sistema MT Connect<br />

3 OBSERVAÇÕES FINAIS<br />

Figura 13 – Cabo <strong>de</strong> inter-ligação tipo “C” <strong>do</strong> sistema MT Connect<br />

Para a ligação <strong>do</strong> sistema MT Connect aos equipamentos<br />

activos nos basti<strong>do</strong>res é necessário usar este cabo hibri<strong>do</strong><br />

constituíi<strong>do</strong> por até 12 fibras LSOH num só cabo termina<strong>do</strong><br />

numa ponta com o conector MPO e na outra ponta por<br />

conetores LC ou SC após as fibras terem si<strong>do</strong> separadas na<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divisão.<br />

Observan<strong>do</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico nos<br />

produtos <strong>de</strong> fibra óptica não se centra só nas fibras<br />

monomo<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos concluir que as fibras multimo<strong>do</strong><br />

ainda terão uma gran<strong>de</strong> aplicação nos próximos anos nas<br />

infra-estruturas <strong>de</strong> comunicações.<br />

Bibliografia<br />

1. Documentação técnica <strong>do</strong> fabricante Brand-Rex (www.brandrex.com)<br />

2. Documentação técnica <strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r IEMS (www.iems.pt)<br />

Figura 14 – Cabo Hibri<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />

32


ARTIGO TÉCNICO<br />

António Augusto Araújo Gomes; Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

SEGURANÇA CONTRA INTRUSÃO<br />

HABITAÇÃO<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O crescente aumento da criminalida<strong>de</strong>, com especial<br />

incidência nos crimes contra a proprieda<strong>de</strong>, levou a um forte<br />

incremento na procura e instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos<br />

<strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão (SADI).<br />

A instalação <strong>de</strong> um SADI não po<strong>de</strong> ser analisada numa<br />

perspectiva exclusivamente monetária, ignoran<strong>do</strong>-se uma<br />

série <strong>de</strong> outros aspectos, como por exemplo, o facto <strong>de</strong>,<br />

aquan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um assalto, além <strong>do</strong> roubo e/ou vandalismo <strong>de</strong><br />

bens <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor comercial, po<strong>de</strong>r ocorrer também o<br />

roubo e/ou vandalismo <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> baixo valor comercial,<br />

mas <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor sentimental, além <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m<br />

também ocorrer danos físicos e/ou psicológicos nos<br />

ocupantes das instalações.<br />

A instalação <strong>de</strong> um SADI torna-se, assim, fundamental como<br />

elemento <strong>de</strong> garantia <strong>do</strong> bem-estar e da segurança das<br />

pessoas, velan<strong>do</strong> pela sua salvaguarda e pela salvaguarda<br />

<strong>do</strong>s seus bens, fazen<strong>do</strong> hoje (quase), obrigatoriamente,<br />

parte <strong>do</strong>s sistemas aplica<strong>do</strong>s no sector da habitação,<br />

serviços, comércio e indústria.<br />

A instalação <strong>de</strong> sistemas automáticos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

intrusão tornou-se, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, hoje em dia, uma<br />

necessida<strong>de</strong> e um facto generaliza<strong>do</strong>, em to<strong>do</strong>s os sectores<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o comércio, serviços, industria até á<br />

habitação, motiva<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

proce<strong>de</strong>r à protecção <strong>de</strong> pessoas e bens, mas também, pela<br />

confiabilida<strong>de</strong> e baixo preço <strong>de</strong>stes sistemas.<br />

2 CONSTITUIÇÃO DE UM SISTEMA DE DETECÇÃO DE INTRUSÃO<br />

É um equipamento ou conjunto <strong>de</strong> equipamentos integra<strong>do</strong>s<br />

entre si, com o intuito <strong>de</strong> vigiar <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço e, que<br />

em caso <strong>de</strong> intrusão (tentativa <strong>de</strong> entrada concretizada ou<br />

não), accione meios sonoros (Sirene), luminosos (Flash) ou<br />

ainda electrónicos (Comunica<strong>do</strong>res Telefónicos, liga<strong>do</strong>s ou<br />

não a Centrais <strong>de</strong> Recepção <strong>de</strong> Alarmes, etc), com vista à<br />

dissuasão <strong>do</strong>s actores <strong>do</strong> acto.<br />

Tipicamente, um SADI para uma moradia é constituí<strong>do</strong> por<br />

uma central <strong>de</strong> intrusão por zonas, com um número <strong>de</strong> zonas<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as dimensões e características<br />

arquitectónicas da instalação, um ou vários painéis <strong>de</strong><br />

coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema localiza<strong>do</strong>s nas entradas/saídas,<br />

<strong>de</strong>tectores automáticos normalmente passivos <strong>de</strong><br />

infravermelhos ou <strong>de</strong> dupla tecnologia, contactos <strong>de</strong> alarme<br />

e meios <strong>de</strong> sinalização, regra geral uma sirene óptico<br />

acústica auto alimentada <strong>de</strong> exterior e uma sirene acústica<br />

<strong>de</strong> interior, bem como, um sistema <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong><br />

alarme, normalmente um comunica<strong>do</strong>r telefónico.<br />

A figura 1, mostra a arquitectura geral <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão.<br />

Gestão Técnica<br />

Centralizada<br />

Detectores<br />

Automáticos<br />

Contactos<br />

Botões <strong>de</strong><br />

Alrme<br />

Pedais <strong>de</strong><br />

Alarme<br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

Controlo<br />

Painel <strong>de</strong><br />

Operação<br />

Sinalização<br />

Óptico/Acústica<br />

Sinalização à<br />

Distância<br />

Um sistema automático <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão é um<br />

sistema que automaticamente <strong>de</strong>tecta e sinaliza uma<br />

tentativa <strong>de</strong> intrusão.<br />

Outros<br />

Inputs<br />

Alimentação<br />

da Re<strong>de</strong><br />

Outros Outputs<br />

Alimentação <strong>de</strong><br />

Socorro<br />

Figura 1 – Constituição geral <strong>de</strong> sistema um SADI<br />

33


ARTIGO TÉCNICO<br />

2.1 CENTRAL DE INTRUSÃO<br />

A Central <strong>de</strong> Intrusão (CI) é o cérebro <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema. É a<br />

este equipamento que são liga<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os periféricos<br />

(Detectores, Painéis <strong>de</strong> Operação, Sirenes, …) e, a partir <strong>do</strong><br />

qual po<strong>de</strong>rá ser enviada uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> acção, em função<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s periféricos.<br />

zonas por meio <strong>de</strong> interfaces <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reçamento<br />

conseguin<strong>do</strong>-se, assim, soluções mais funcionais e mais<br />

fáceis <strong>de</strong> gerir. Embora este equipamento seja mais<br />

caro, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o equipamento <strong>do</strong>s sistemas<br />

<strong>de</strong> zonas, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> economia em cablagem e em<br />

mão-<strong>de</strong>-obra, aquan<strong>do</strong> da realização da instalação, contribui<br />

para uma atenuação <strong>do</strong> diferencial <strong>de</strong> custos.<br />

2.1.1 SELECÇÃO DO TIPO DE CENTRAL<br />

2.1.2 LOCALIZAÇÃO<br />

A selecção <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> Central <strong>de</strong> Intrusão é um aspecto<br />

fundamental para realizar uma eficaz protecção das<br />

instalações e <strong>de</strong>verá ser realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong><br />

instalação que se está a projectar.<br />

Os principais elementos a ter em conta na escolha da central<br />

<strong>de</strong> intrusão, são: o número <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> base, a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expansão <strong>do</strong> número <strong>de</strong> zonas, o número <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong><br />

operação necessários, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registo em memória<br />

<strong>de</strong> eventos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração com sistemas <strong>de</strong><br />

gestão centralizada, a fiabilida<strong>de</strong> e, obviamente, o preço<br />

bem como a estética <strong>do</strong> equipamento.<br />

O tipo e a capacida<strong>de</strong> da CI <strong>de</strong>verão, assim, ser escolhi<strong>do</strong>s<br />

em função <strong>do</strong>s parâmetros anteriormente menciona<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> entre to<strong>do</strong>s a dimensão da instalação a<br />

proteger e o número <strong>de</strong> zonas requeridas pelo sistema.<br />

Com efeito, para instalações <strong>de</strong> pequena/média dimensão,<br />

são normalmente utilizadas centrais por zonas, on<strong>de</strong> cada<br />

zona <strong>de</strong>verá correspon<strong>de</strong>r a uma área protegida. Existem no<br />

merca<strong>do</strong> variadas gamas com 4, 6, 8, 10, 12 e 16 zonas,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mesmo chegar às centenas <strong>de</strong> zonas.<br />

Para instalações <strong>de</strong> média/gran<strong>de</strong> dimensão, cujos sistemas<br />

requeri<strong>do</strong>s são, normalmente, <strong>de</strong> maior dimensão e mais<br />

complexos, sen<strong>do</strong> necessárias um número bastante eleva<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> zonas e em que as distâncias <strong>do</strong>s locais a proteger à<br />

Central <strong>de</strong> Intrusão possam ser significativas, será vantajosa<br />

a utilização <strong>de</strong> sistemas en<strong>de</strong>reçáveis. Estes sistemas<br />

contemplam a existência e um bus on<strong>de</strong> estarão ligadas as<br />

34<br />

A localização da CI <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá essencialmente <strong>do</strong> facto <strong>de</strong><br />

esta ter, ou não, painel <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>.<br />

Se a CI não tiver painel <strong>de</strong> controlo incorpora<strong>do</strong>, que é o caso<br />

mais frequente, esta po<strong>de</strong>rá e <strong>de</strong>verá ser instalada numa<br />

zona técnica, em local seguro e protegi<strong>do</strong>, já que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

realizada a sua cablagem e programação, todas as restantes<br />

operações estarão disponíveis nos painéis <strong>de</strong> controlo.<br />

Se a CI tiver painel <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>, como é o caso<br />

<strong>de</strong> pequenos sistemas, esta <strong>de</strong>verá ficar localizada num lugar<br />

<strong>de</strong> fácil acesso que permita, além da sua cablagem e<br />

programação, um acesso fácil aos futuros utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

sistema.<br />

2.1.3 SELECÇÃO DO TIPO D E ZONA<br />

Embora possam variar <strong>de</strong> fabricante para fabricante <strong>de</strong><br />

equipamento, <strong>de</strong> uma forma geral, são consi<strong>de</strong>radas as<br />

seguintes funcionalida<strong>de</strong>s das zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção:<br />

• Zona <strong>de</strong> Intrusão<br />

- Instantânea<br />

Quan<strong>do</strong> o sistema se encontra “activa<strong>do</strong>” esta zona tem<br />

um funcionamento instantâneo.<br />

- Entrada/saída<br />

- Seguimento <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> entrada/saída<br />

• Zona <strong>de</strong> Pânico<br />

• Zona <strong>de</strong> Ataque<br />

• Zona <strong>de</strong> Incêndio<br />

• Zona <strong>de</strong> Sabotagem<br />

• Zona Técnica<br />

(Gás, Inundação, Humida<strong>de</strong>, Temperatura,...)


ARTIGO TÉCNICO<br />

A programação da funcionalida<strong>de</strong> da zona <strong>de</strong>verá ser<br />

realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a finalida<strong>de</strong> da mesma.<br />

Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> equipamento, esta po<strong>de</strong>rá ser<br />

realizada através <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> operação e/ou através <strong>de</strong><br />

software via computa<strong>do</strong>r.<br />

2.3 DETECTORES AUTOMÁTICOS<br />

Os Detectores automáticos são os “olhos” <strong>do</strong> sistema, são<br />

eles os elementos responsáveis pela <strong>de</strong>tecção da tentativa<br />

<strong>de</strong> intrusão e respectiva comunicação à Central <strong>de</strong> Intrusão.<br />

2.2 PAINEL DE OPERAÇÃO<br />

Os Painéis <strong>de</strong> Operação são os equipamentos que permitem<br />

o acesso ao sistema, quer para programação, quer para<br />

utilização.<br />

O princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores e a filosofia <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção a utilizar, vai <strong>de</strong>terminar a escolha correcta <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> intrusão.<br />

2.3.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO<br />

Em pequenos sistemas, os Painéis <strong>de</strong> Operação po<strong>de</strong>m<br />

encontrar-se integra<strong>do</strong>s na própria Central <strong>de</strong> Intrusão,<br />

reunin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sta forma a central e o painel <strong>de</strong> operação<br />

num só equipamento. No entanto, o mais vulgar é que a<br />

central e os painéis se encontrem separa<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> estes<br />

interliga<strong>do</strong>s e instala<strong>do</strong>s em diversos locais da instalação.<br />

O acesso aos Painéis <strong>de</strong> Operação <strong>de</strong>ve ser protegi<strong>do</strong> por<br />

códigos <strong>de</strong> segurança, que inibam as entradas in<strong>de</strong>vidas no<br />

sistema. Normalmente, existem códigos diferencia<strong>do</strong>s para<br />

“Código Mestre”, que tem acesso a todas as funções, com<br />

excepção da programação <strong>do</strong> sistema, “Código Engenheiro”,<br />

com acesso à programação e testes <strong>do</strong> sistema e “Códigos <strong>de</strong><br />

Utiliza<strong>do</strong>r” que usualmente tem acesso a armar e <strong>de</strong>sarmar o<br />

sistema, leitura <strong>de</strong> incidências, alarme parcial e inibição <strong>de</strong><br />

zonas.<br />

Os <strong>de</strong>tectores automáticos agrupam-se em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s<br />

grupos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o seu princípio <strong>de</strong> funcionamento:<br />

• Passivos, que funcionam como receptores e que através<br />

<strong>de</strong> um sensor, registam alterações na sua área <strong>de</strong><br />

cobertura. São exemplo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, os<br />

<strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos, <strong>de</strong>tectores<br />

acústicos <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> vidros e os <strong>de</strong>tectores sísmicos.<br />

• Activos, que funcionam como um transmissor e um<br />

receptor, sen<strong>do</strong> que o transmissor envia um sinal ao<br />

receptor, que o recebe e avalia, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />

variação em relação a um valor padrão origina o envio <strong>de</strong><br />

um sinal para a central. Transmissor e receptor, po<strong>de</strong>m<br />

constituir elementos separa<strong>do</strong>s, ou estar incluí<strong>do</strong>s numa<br />

mesma unida<strong>de</strong>. São exemplo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tectores, as Barreiras <strong>de</strong> infravermelhos, os <strong>de</strong>tectores<br />

ultra-sónicos e os <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> micro-ondas.<br />

Existe também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em situações particulares,<br />

permitir o aceso ao sistema através <strong>de</strong> chave, dispositivo<br />

codifica<strong>do</strong> via rádio ou via infravermelhos.<br />

2.3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO<br />

<br />

Detectores Passivos <strong>de</strong> Infravermelhos<br />

O número <strong>de</strong> Painéis <strong>de</strong> Controlo que po<strong>de</strong>rão ser utiliza<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características da CI que estiver a ser utilizada.<br />

Sen<strong>do</strong> Os Painéis <strong>de</strong> Controlo o interface utiliza<strong>do</strong>r/sistema,<br />

são uma parte importantíssima <strong>do</strong> sistema. Por isso, <strong>de</strong>verão<br />

estar localiza<strong>do</strong>s em locais com acesso fácil e rápi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong>(s) percurso(s) normais <strong>de</strong> entrada (entrada principal,<br />

garagem, etc. ), <strong>de</strong> forma a que o tempo necessário para<br />

activação e <strong>de</strong>sactivação <strong>do</strong> alarme seja o mais curto<br />

possível.<br />

São os <strong>de</strong>tectores automáticos, mais utiliza<strong>do</strong>s, pois<br />

permitem realizar a protecção <strong>de</strong> uma forma eficiente em<br />

praticamente todas as situações.<br />

O seu princípio <strong>de</strong> funcionamento baseia-se no facto <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os elementos (pare<strong>de</strong>s, mobiliário, animais, corpo<br />

humano, etc.) irradiarem energia na zona <strong>do</strong><br />

infravermelho, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a temperatura das suas<br />

superfícies.<br />

35


ARTIGO TÉCNICO<br />

Essa energia é recebida por um sensor piroeléctrico coloca<strong>do</strong><br />

no <strong>de</strong>tector, através <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> vigilância, crian<strong>do</strong> aquan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> arme <strong>do</strong> sistema uma imagem da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

infravermelho no espaço <strong>de</strong> vigilância.<br />

Quan<strong>do</strong> alguém penetra na zona <strong>de</strong> vigilância <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, a<br />

temperatura medida sofre alteração, geran<strong>do</strong>-se então o<br />

sinal <strong>de</strong> alarme.<br />

A geração <strong>do</strong> sinal <strong>de</strong> alarme, é feita pela temperatura<br />

medida e pela taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong>sta temperatura.<br />

Estes <strong>de</strong>tectores, embora sen<strong>do</strong> os mais baratos, po<strong>de</strong>rão,<br />

em certas situações particulares, não garantir o melhor<br />

funcionamento <strong>do</strong> sistema e provocar alarmes<br />

intempestivos, como é o caso da protecção <strong>de</strong> locais em que<br />

possam existir fontes <strong>de</strong> calor (lareiras, radia<strong>do</strong>res) ou<br />

janelas com a incidência directa <strong>do</strong> sol que po<strong>de</strong>rão variar<br />

bruscamente <strong>de</strong> temperatura.<br />

O princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector passivo <strong>de</strong> infravermelhos<br />

já foi referi<strong>do</strong> anteriormente. Relativamente ao<br />

princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um ultra-sónico <strong>de</strong><br />

movimento, baseia-se na existência <strong>de</strong> um transmissor que<br />

envia continuamente ondas sonoras a frequências não<br />

audíveis para a área <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção.<br />

Um receptor <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um microfone, recebe e avalia a<br />

frequência <strong>de</strong>tectada.<br />

Se algum elemento (pessoa, animal, objecto, etc.), penetrar<br />

na área <strong>de</strong> protecção <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao Efeito<br />

Doppler, vai verificar-se um aumento <strong>de</strong> frequência <strong>do</strong> sinal<br />

emiti<strong>do</strong>, se o intruso se aproximar <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector e uma<br />

diminuição, caso se esteja a afastar. O <strong>de</strong>tector ao <strong>de</strong>tectar a<br />

alteração da frequência <strong>do</strong> sinal, gera a informação <strong>de</strong><br />

alarme.<br />

Detectores Acústicos <strong>de</strong> Quebra <strong>de</strong> Vidros<br />

A existência <strong>de</strong> falsos alarme é um factor <strong>de</strong>cisivo para a<br />

perda <strong>de</strong> confiança e <strong>de</strong>scrédito no sistema, pelo que <strong>de</strong>verá<br />

ser sempre minimiza<strong>do</strong>, através da escolha certa <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tector a utilizar, em função das suas condições particulares<br />

<strong>de</strong> implementação.<br />

Assim, em instalações on<strong>de</strong> se possam verificar qualquer<br />

uma das situações anteriormente <strong>de</strong>scritas, recomenda-se a<br />

utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> dupla tecnologia (Passivos <strong>de</strong><br />

Infravermelhos e <strong>de</strong> Micro Ondas), que permitem minimizar<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falsos alarmes.<br />

Detectores <strong>de</strong> Dupla Tecnologia (Passivos <strong>de</strong><br />

Infravermelhos e <strong>de</strong> Micro-Ondas)<br />

A actuação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> dupla tecnologia, assenta na<br />

combinação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sinais <strong>de</strong> alarme, <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector passivos<br />

<strong>de</strong> Infravermelhos e <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> micro-ondas, reduzin<strong>do</strong><br />

assim o risco <strong>do</strong>s falsos alarmes anteriormente referi<strong>do</strong>s.<br />

36<br />

Para situações particulares, nomeadamente para protecção<br />

periféricam, po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong> outro tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tectores, sen<strong>do</strong> os mais usuais os <strong>de</strong>tectores acústicos <strong>de</strong><br />

quebra <strong>de</strong> vidros.<br />

O seu princípio <strong>de</strong> funcionamento baseia-se na existência <strong>de</strong><br />

uma superfície em contacto com o vidro, por on<strong>de</strong> são<br />

transmitidas a um sensor piezoeléctrico, as vibrações <strong>de</strong>sse<br />

mesmo vidro.<br />

Aquan<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> intrusão, quan<strong>do</strong> o vidro se<br />

parte, gera frequências entre os 0,1 MHz e 1 MHz. O sensor<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>tector avalia a amplitu<strong>de</strong>, frequência e duração <strong>de</strong>sse<br />

sinal, geran<strong>do</strong> o alarme, quan<strong>do</strong> se ultrapassam certos<br />

valores, pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.<br />

Barreiras <strong>de</strong> Infra-vermelhos<br />

São constituídas por um transmissor e um receptor. O<br />

receptor emite para o receptor, um feixe <strong>de</strong> luz na zona <strong>do</strong><br />

infravermelho, modula<strong>do</strong>, para protecção contra luz<br />

exterior.


ARTIGO TÉCNICO<br />

O receptor me<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> e frequência <strong>do</strong> feixe,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda medir também a sua fase.<br />

Ao haver interposição <strong>de</strong> um corpo entre o transmissor e o<br />

receptor, as características <strong>do</strong> feixe são alteradas ou o feixe é<br />

interrompi<strong>do</strong>, o que gera sinalização <strong>de</strong> alarme.<br />

- Detectores <strong>de</strong> pressão para vitrinas<br />

- Sistema <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> quadros<br />

- Detectores quebra-vidros<br />

- Detectores <strong>de</strong> vibrações<br />

- Detectores <strong>de</strong> metais<br />

- Sistemas <strong>de</strong> raio X<br />

São normalmente utilizadas para a vigilância <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res,<br />

passagens, pare<strong>de</strong>s, janelas, portas, etc..<br />

Existem, também, versões para utilização no exterior, para a<br />

realização <strong>de</strong> uma protecção perimétrica, mas a sua<br />

utilização po<strong>de</strong> originar falsos alarmes, por exemplo, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

à presença <strong>de</strong> nevoeiro.<br />

Cabo Electrostático Subterrâneo<br />

É composto por um par <strong>de</strong> cabos enterra<strong>do</strong>s, em cuja malha<br />

existem pontos favoráveis ao estabelecimento <strong>de</strong> um campo<br />

electromagnético (sinal <strong>de</strong> 40 MHz), que se estabelece ente<br />

os <strong>do</strong>is, um o transmissor e outro o receptor.<br />

A entrada <strong>de</strong> um intruso, provoca alteração no corpo<br />

electromagnético, que conduz á sinalização <strong>de</strong> alarme.<br />

É utiliza<strong>do</strong> para protecção perimétrica, sen<strong>do</strong> imune aos<br />

fenómenos atmosféricos, como por exemplo o nevoeiro e o<br />

vento.<br />

Outros Detectores Automáticos<br />

Além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores anteriormente <strong>de</strong>scritos, ocupam um<br />

lugar privilegia<strong>do</strong> na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, existe, no<br />

merca<strong>do</strong> uma vasta gama <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, nomeadamente,<br />

para <strong>de</strong>tecção em condições muito especificas, para as quais<br />

os <strong>de</strong>tectores anteriormente <strong>de</strong>scritos não são apropria<strong>do</strong>s.<br />

Dentre esses <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong>stacamos:<br />

- Barreiras <strong>de</strong> micro-ondas<br />

- Detectores ultra-sónicos <strong>de</strong> movimento<br />

- Detectores movimento por microondas<br />

- Detectores sísmicos<br />

De entre este conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, os normalmente, mais<br />

utiliza<strong>do</strong>s são os <strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos e os<br />

<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> dupla tecnologia (Passivos <strong>de</strong> Infravermelhos<br />

e <strong>de</strong> Micro Ondas), pois permitem realizar a protecção <strong>de</strong><br />

uma forma eficiente em praticamente todas as situações.<br />

Contu<strong>do</strong>, para situações particulares po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong><br />

outro tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, sen<strong>do</strong> os mais usuais os <strong>de</strong>tectores<br />

acústicos <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> vidros, <strong>de</strong>tectores sísmicos ou<br />

<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> pressão.<br />

Os <strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos, embora sen<strong>do</strong><br />

mais baratos que os <strong>de</strong> dupla tecnologia, po<strong>de</strong>rão, em certas<br />

situações particulares, não garantir o melhor funcionamento,<br />

como é o caso da protecção <strong>de</strong> locais em que possam existir<br />

fontes <strong>de</strong> calor (lareiras, radia<strong>do</strong>res) ou janelas com a<br />

incidência directa <strong>do</strong> sol que po<strong>de</strong>rão variar bruscamente <strong>de</strong><br />

temperatura. Estas condições po<strong>de</strong>rão provocar alarmes<br />

intempestivos.<br />

A localização e instalação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores automáticos serão<br />

outros <strong>do</strong>s aspectos a estudar cuida<strong>do</strong>samente, na fase <strong>de</strong><br />

projecto, pois a sua localização será um factor <strong>de</strong>terminante<br />

no correcto funcionamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema.<br />

Conforme foi referi<strong>do</strong>, há que analisar potenciais fontes <strong>de</strong><br />

calor que po<strong>de</strong>rão interferir no funcionamento <strong>do</strong> sensor,<br />

causan<strong>do</strong> falsos alarmes. Também a presença <strong>de</strong> animais e<br />

as janelas ou vidraças são também aspectos a ter em conta.<br />

A especificação e instalação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r<br />

aos requisitos menciona<strong>do</strong>s na sua ficha técnica,<br />

nomeadamente, no que se refere à sua área <strong>de</strong> protecção,<br />

altura <strong>de</strong> instalação e distância a outros objectos.<br />

37


ARTIGO TÉCNICO<br />

Normalmente os <strong>de</strong>tectores são instala<strong>do</strong>s a uma altura <strong>de</strong><br />

2,20 metros e na interligação <strong>de</strong> duas pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong> volume a<br />

proteger.<br />

Relativamente à sua ligação, os <strong>de</strong>tectores possuem a<br />

ligação da alimentação vinda da CI, três contactos <strong>de</strong> ligação<br />

<strong>do</strong> relé <strong>de</strong> alarme, “Comum”, “Normalmente Aberto” e<br />

“Normalmente Fecha<strong>do</strong>” que irão mudar <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> em caso<br />

<strong>de</strong> intrusão e comunicar esse alarme à CI e ainda um<br />

contacto <strong>de</strong> tamper que se <strong>de</strong>stina a impedir a sabotagem<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, quan<strong>do</strong> o sistema se encontra em<br />

funcionamento “mo<strong>do</strong> dia” e por conseguinte com a<br />

informação <strong>de</strong> alarme inibida na CI.<br />

Assim, os Contactos Magnéticos e Contactos <strong>de</strong> Pressão,<br />

além <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção po<strong>de</strong>rão, também, ter a<br />

função acessória <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, como complemento à<br />

<strong>de</strong>tecção realizada pelos <strong>de</strong>tectores automáticos. No caso <strong>de</strong><br />

entradas/saídas <strong>de</strong>verão, assim, ser utiliza<strong>do</strong>s os contactos<br />

<strong>de</strong> alarme nas portas para <strong>de</strong>finição da temporização da<br />

zona <strong>de</strong> entrada/saída <strong>de</strong> forma a que os <strong>de</strong>tectores<br />

automáticos <strong>de</strong>ssa zona só tenham uma temporização <strong>de</strong><br />

actuação se antes for actua<strong>do</strong> o contacto da porta. Este<br />

procedimento visa garantir que se a zona <strong>de</strong> entrada/saída<br />

não for a <strong>de</strong>finida previamente (por exemplo se uma janela<br />

for arrombada) o sistema instantaneamente dê o alarme,<br />

minimizan<strong>do</strong> os efeitos da tentativa <strong>de</strong> intrusão ou da<br />

intrusão.<br />

2.4 CONTACTOS DE ALARME<br />

São, normalmente, utiliza<strong>do</strong>s para realizar uma protecção<br />

localizada em portas, janelas ou objectos, como<br />

complemento à protecção volumétrica <strong>de</strong> interior, realizada<br />

pelos <strong>de</strong>tectores automáticos <strong>de</strong> intrusão.<br />

São baratos e não provocam falsos alarmes.<br />

2.4.1 CONTACTOS MAGNÉTICOS<br />

2.5 BOTÕES MANUAIS E PEDAIS DE ALARME<br />

Os Botões e Pedais <strong>de</strong> Alarme são elementos<br />

complementarres <strong>de</strong> protecção, <strong>de</strong> actuação manual, <strong>de</strong><br />

complemento à <strong>de</strong>tecção realizada pelos outros elementos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, cuja actuação será realizada pelos próprios<br />

utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, por pânico<br />

ou emergência, mesmo quan<strong>do</strong> o sistema se encontra<br />

<strong>de</strong>sarma<strong>do</strong>.<br />

São constituí<strong>do</strong>s por um magnete permanente e por um<br />

interruptor. Quan<strong>do</strong> o magnete está posiciona<strong>do</strong> junto ao<br />

interruptor, este está fecha<strong>do</strong>, não haven<strong>do</strong> alarme, se o<br />

magnete se afastar, o interruptor abre, geran<strong>do</strong> alarme.<br />

2.4.2 CONTACTOS DE VIGILÂNCIA<br />

São constituí<strong>do</strong>s por um micro-interruptor, que quan<strong>do</strong><br />

pressiona<strong>do</strong>, mantém o circuito fecha<strong>do</strong>, não existin<strong>do</strong><br />

alarme. Se <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> existir esta pressão, ele abre, geran<strong>do</strong> o<br />

alarme.<br />

Os contactos <strong>de</strong> alarme são normalmente utiliza<strong>do</strong>s para<br />

realizar uma protecção localizada em portas, janelas ou<br />

objectos e <strong>de</strong>finir temporizações para actuação <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>tectores localiza<strong>do</strong>s nos percursos <strong>de</strong> entrada/saída.<br />

São dispositivos que quan<strong>do</strong> pressiona<strong>do</strong>s, actuam um<br />

contacto que vai gerar o alarme.<br />

São elementos acessórios <strong>de</strong> protecção, <strong>de</strong> actuação manual,<br />

<strong>de</strong> complemento à <strong>de</strong>tecção realizada pelos outros<br />

elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, cuja actuação será realizada pelos<br />

próprios utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>.<br />

2.6 OUTROS INPUTS<br />

Além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores automáticos, contactos <strong>de</strong> alarme e<br />

botões e pedais <strong>de</strong> alarme o sistema po<strong>de</strong> receber outros<br />

tipos <strong>de</strong> informações, caso o utiliza<strong>do</strong>r entenda po<strong>de</strong>rem<br />

servir <strong>de</strong> complemento aos elementos <strong>de</strong>scritos.<br />

38


ARTIGO TÉCNICO<br />

2.6 SINALIZADORES DE ALARME<br />

Existem, basicamente, <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> sinaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alarme:<br />

os sinaliza<strong>do</strong>res óptico-acústicos auto-alimenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

exterior e os sinaliza<strong>do</strong>res acústicos <strong>de</strong> interior.<br />

Existem em diversas formas, tamanhos e cores e a sua<br />

finalida<strong>de</strong> é, em caso <strong>de</strong> alarme, emitirem sinais sonoros<br />

e/ou luminosos, sinalizan<strong>do</strong> assim uma situação<br />

potencialmente anormal.<br />

Os sinaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alarme óptico-acústicos autoalimenta<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> exterior têm como função dar um alarme no<br />

exterior das instalações para que alguém possa tomar<br />

conhecimento <strong>do</strong> alarme e agir em conformida<strong>de</strong> com essa<br />

mesma situação. Deverão ser instala<strong>do</strong>s em locais bem<br />

visíveis e <strong>de</strong> difícil acesso. Na maioria das instalações é<br />

suficiente a instalação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes dispositivos.<br />

Para sinalização <strong>do</strong> alarme no interior da instalação <strong>de</strong>verá<br />

ser prevista a colocação <strong>de</strong> sirenes interiores, <strong>de</strong>vidamente<br />

distribuídas, para que o alarme seja audível em to<strong>do</strong>s os<br />

locais da instalação.<br />

- Se preten<strong>de</strong>r alertar os proprietários quan<strong>do</strong> estes se<br />

encontrem ausentes<br />

- Se pretenda a realização <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> vigilância<br />

com uma empresa <strong>de</strong> segurança<br />

- Se pretenda a comunicação da intrusão ou da tentativa<br />

<strong>de</strong> intrusão às forças policiais.<br />

Assim, esta sinalização po<strong>de</strong>rá ser realizada recorren<strong>do</strong> a<br />

meios <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> alarme, <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>stacamos:<br />

• Comunica<strong>do</strong>r telefónico<br />

É o meio mais generaliza<strong>do</strong> e económico <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong><br />

alarme à distância. Em caso <strong>de</strong> alarme a Central <strong>de</strong> Intrusão<br />

envia um sinal ao comunica<strong>do</strong>r telefónico que<br />

posteriormente efectua uma ou várias chamadas telefónicas<br />

para números pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s para transmissão da informação<br />

<strong>de</strong> alarme. Desta forma, se existir um alarme, o cliente será<br />

alerta<strong>do</strong> pelo próprio sistema, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim tomar a<br />

atitu<strong>de</strong> que consi<strong>de</strong>rar mais a<strong>de</strong>quada (telefonar à<br />

polícia, alertar o vizinho, etc.).<br />

• Sistema Transmissor/Receptor<br />

A instalação <strong>de</strong> um alarme sonoro, pressupõe a Declaração<br />

<strong>de</strong> Instalação <strong>de</strong> Alarme Sonoro, nos termos <strong>do</strong> DL 297/99,<br />

<strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> Agosto, que refere que após a instalação <strong>do</strong> sistema<br />

<strong>de</strong> alarme sonoro, e antes da sua colocação em<br />

funcionamento, o proprietário ou o utiliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá<br />

proce<strong>de</strong>r à entrega da Declaração <strong>de</strong> Instalação <strong>de</strong> Alarme<br />

Sonoro, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> para isso dirigir-se ao Governo Civil <strong>do</strong><br />

Distrito on<strong>de</strong> foi instala<strong>do</strong> o alarme e entregar a respectiva<br />

<strong>de</strong>claração.<br />

2.7 SINALIZAÇÃO DE ALARME À DISTÂNCIA<br />

Tão importante como o alarme local po<strong>de</strong>rá ser a<br />

transmissão à distância <strong>de</strong>sse alarme.<br />

A sinalização <strong>do</strong> alarme à distância <strong>de</strong>ver-se-á utilizar nas<br />

seguintes situações:<br />

- A instalação se encontrar isolada<br />

É um sistema para aviso à distância <strong>de</strong> qualquer situação <strong>de</strong><br />

alarme ou avaria, via par telefónico privativo. Embora exija<br />

uma linha telefónica <strong>de</strong>dicada, po<strong>de</strong> em algumas<br />

circunstâncias, ser mais fiável <strong>do</strong> que o comunica<strong>do</strong>r<br />

telefónico, pois não há forma <strong>de</strong> interromper o sinal sem<br />

que tal seja <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>.<br />

É constituí<strong>do</strong> por um órgão emissor <strong>de</strong> sinal instala<strong>do</strong> junto<br />

da Central <strong>de</strong> Intrusão e por uma unida<strong>de</strong> receptora<br />

instalada na entida<strong>de</strong> receptora <strong>de</strong> alarmes.<br />

O órgão receptor é alimenta<strong>do</strong> pelo órgão emissor via par<br />

telefónico privativo, o qual tem energia <strong>de</strong> socorro garantida<br />

pela Central <strong>de</strong> Intrusão. Incorpora, ainda, uma bateria<br />

alcalina para que, em caso <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> linha<br />

telefónica, sinalize óptica e acusticamente a situação.<br />

Dispõe, também, <strong>de</strong> um botão <strong>de</strong> impulso para paragem <strong>do</strong><br />

acústico.<br />

39


ARTIGO TÉCNICO<br />

De acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong> comunica<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> as<br />

necessida<strong>de</strong>s ao nível <strong>do</strong> projecto serão:<br />

- Utilização da re<strong>de</strong> fixa<br />

Prever a existência <strong>de</strong> um comunica<strong>do</strong>r e uma linha<br />

telefónica<br />

- Utilização da re<strong>de</strong> móvel<br />

Prever a existência <strong>de</strong> um comunica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> GSM<br />

- Utilização <strong>de</strong> um sistema emissor/receptor<br />

Prever a existência <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong>dicada e um sistema<br />

emissor/receptor<br />

Além <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> sinalização <strong>de</strong> alarme <strong>de</strong>scritos, po<strong>de</strong>mos<br />

ter outros tipos meios, ou o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong><br />

acções, caso a instalação assim o exija.<br />

2.8 ALIMENTAÇÃO<br />

A alimentação <strong>de</strong> energia eléctrica <strong>do</strong> sistema em condições<br />

normais <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>verá ser realizada através da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia eléctrica <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> para o efeito ser prevista<br />

uma alimentação vinda <strong>do</strong> Quadro Eléctrico da instalação.<br />

Estes sistemas <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> alarme à distância são<br />

normalmente coloca<strong>do</strong>s junto da central <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

intrusão, em zona técnica prevista para esse efeito.<br />

O sistema <strong>de</strong>verá ainda ter uma alimentação própria <strong>de</strong><br />

emergência que garanta o seu funcionamento em caso <strong>de</strong><br />

falha da alimentação normal da re<strong>de</strong>.<br />

Figura 2 – Equipamento diverso <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão<br />

40


ARTIGO TÉCNICO<br />

2.9 CABLAGEM<br />

O tipo e número <strong>de</strong> condutores a utilizar para a interligação<br />

<strong>do</strong>s diversos equipamentos anteriormente<br />

apresenta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> equipamento que<br />

estiver a ser utiliza<strong>do</strong> e, por conseguinte, <strong>de</strong>verá ser<br />

verifica<strong>do</strong> nos manuais <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong>s equipamentos<br />

disponibiliza<strong>do</strong>s pelos fabricantes <strong>do</strong>s mesmos.<br />

No entanto, é usual a utilização <strong>do</strong>s seguintes condutores:<br />

- Painéis <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong><br />

Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />

condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos<br />

teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 3x2x0,8<br />

mm2.<br />

- Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores automáticos<br />

Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes condutores <strong>de</strong><br />

secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos teremos os<br />

cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8 mm 2 .<br />

<strong>do</strong>s cabos possuam cerca <strong>de</strong> 20 cm exce<strong>de</strong>ntes, para<br />

realização das respectivas ligações.<br />

Igualmente, <strong>de</strong>verão ser previstas pontas com o<br />

comprimento suficiente para a realização das cablagens no<br />

interior da CI, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a sua base se <strong>de</strong>ve situar a<br />

1,40 metros <strong>do</strong> solo.<br />

Não são permitidas emendas entre condutores nos<br />

percursos entre equipamentos e entre estes e a CI, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong><br />

as interligações entre aqueles equipamentos ser realizadas<br />

unicamente a partir <strong>do</strong>s terminais existentes nas respectivas<br />

bases para esse efeito, não <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> se usadas caixas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>rivação, mas apenas caixas <strong>de</strong> passagem, quan<strong>do</strong><br />

necessárias.<br />

Deverá ser prevista uma alimentação <strong>de</strong> energia eléctrica<br />

monofásica, para a CI, realizada, normalmente, em condutor<br />

H07V-U3G1,5mm 2 .<br />

3 INTEGRAÇÃO DE VALÊNCIAS NO SISTEMA AUTOMÁTICO DE<br />

DETECÇÃO DE INTRUSÃO<br />

- Sirene auto-alimentada <strong>de</strong> exterior<br />

Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />

condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos<br />

teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm 2 ou JY(st)Y 3x2x0,8<br />

mm 2 .<br />

- Sirene acústica <strong>de</strong> interior<br />

Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />

condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos<br />

teremos os cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8<br />

mm 2 .<br />

Estes circuitos <strong>de</strong>verão ser, normalmente, enfia<strong>do</strong>s em tubo<br />

VD, embebi<strong>do</strong>s em pare<strong>de</strong>s, tectos e pavimento, à vista em<br />

abraça<strong>de</strong>iras em zonas técnicas, à vista em abraça<strong>de</strong>iras<br />

sobre tectos falsos, se acessíveis, ou em calha técnica, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com as características da instalação em causa.<br />

Nos locais <strong>de</strong> montagem <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores, sirenes <strong>de</strong> alarme e<br />

painéis <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, <strong>de</strong>verá prever-se que as extremida<strong>de</strong>s<br />

Cada vez mais os edifícios são centros integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

tecnologia e sistemas, que visam dar resposta aos requisitos<br />

<strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong><br />

funcionalida<strong>de</strong>, fiabilida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong>, eficiência<br />

energética, conforto e <strong>de</strong> integração, requiri<strong>do</strong>s na sua<br />

utilização, mas nos quais a redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> execução e<br />

exploração são cada vez mais <strong>de</strong>terminantes no sucesso <strong>do</strong>s<br />

mesmos.<br />

As moradias não fogem à regra <strong>de</strong>sta evolução, ten<strong>do</strong>, cada<br />

vez mais, uma participação activa na vida das pessoas, sen<strong>do</strong><br />

cada vez maiores as exigências nos <strong>do</strong>mínios referi<strong>do</strong>s.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, no que se refere à segurança, a protecção <strong>de</strong><br />

pessoas e bens numa moradia não se <strong>de</strong>ve, nem<br />

po<strong>de</strong>, circunscrever somente à protecção contra tentativas<br />

<strong>de</strong> intrusão, mas também outras áreas importantes como a<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndio, inundação, gases combustíveis e<br />

monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono.<br />

41


ARTIGO TÉCNICO<br />

A crescente utilização <strong>do</strong> gás como fonte <strong>de</strong> energia, quer<br />

para fogões, quer para aquecimento <strong>de</strong> água e aquecimento<br />

ambiente, implica também o crescente perigo da existência<br />

<strong>de</strong> fugas as quais po<strong>de</strong>rão trazer graves consequências quer<br />

para os utiliza<strong>do</strong>res quer para as próprias moradias, pois<br />

uma fuga <strong>de</strong> gás po<strong>de</strong> conduzir a uma intoxicação ou a uma<br />

explosão.<br />

Um outro perigo, que nem sempre é encara<strong>do</strong><br />

conscientemente como um perigo real e presente, é o risco<br />

<strong>de</strong> incêndio, motiva<strong>do</strong> pela enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

substâncias combustíveis que se encontram <strong>de</strong>ntro das<br />

habitações bem como ao crescente número <strong>de</strong><br />

equipamentos eléctricos que equipam as mesmas.<br />

Essa ou essas zonas da central d eintrusão, <strong>de</strong>verão ser<br />

programadas como zonas <strong>de</strong> fogo. Desta forma, conseguirse-á<br />

<strong>de</strong>tectar e sinalizar um incêndio na sua fase inicial<br />

facilitan<strong>do</strong>, assim, o combate e extinção <strong>do</strong><br />

mesmo, minimizan<strong>do</strong> os riscos <strong>do</strong> mesmo.<br />

A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> gás po<strong>de</strong>rá ser<br />

realizada através da colocação <strong>de</strong> um ou vários <strong>de</strong>tectores<br />

<strong>de</strong> gás que, encontran<strong>do</strong>-se interliga<strong>do</strong>s a uma ou várias<br />

zonas da central <strong>de</strong> intrusão, informam esta da ocorrência <strong>de</strong><br />

uma fuga <strong>de</strong> gás, a qual realizará a sinalização <strong>do</strong> alarme.<br />

Adicionalmente, à sinalização <strong>do</strong> alarme, po<strong>de</strong>rão ser<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas acções <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, nomeadamente o fecho<br />

<strong>de</strong> uma electroválvula <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> gás.<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> inundações <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

rebentamento <strong>de</strong> canos <strong>de</strong> água ou ao mau funcionamento<br />

<strong>de</strong> equipamentos como máquinas <strong>de</strong> lavar, máquinas <strong>de</strong><br />

secar ou ainda pelo esquecimento <strong>de</strong> uma simples torneira<br />

aberta, constitui também uma situação <strong>de</strong> risco.<br />

Este tipo <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco está sempre presente no<br />

nosso dia-a-dia e, não haven<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as<br />

excluir, po<strong>de</strong>mos com a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> sistemas a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s<br />

criar condições para que, caso se verifiquem, sejam<br />

<strong>de</strong>tectadas e sinalizadas o mais ce<strong>do</strong> possível <strong>de</strong> forma a que<br />

os danos materiais e pessoais que possam vir a causar sejam<br />

minimiza<strong>do</strong>s.<br />

A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> inundação po<strong>de</strong>rá ser realizada<br />

através da colocação <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> inundação nos locais<br />

com maior risco <strong>de</strong> fugas <strong>de</strong> água, como casas <strong>de</strong> banho e<br />

cozinhas. A integração <strong>de</strong>sta valência po<strong>de</strong> ser realizada<br />

através da utilização <strong>de</strong> módulos <strong>de</strong> interface, aos quais são<br />

liga<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> inundação ou através <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores<br />

<strong>de</strong> inundação, autonomos, com contacto “seco” <strong>de</strong> alarme. A<br />

informação <strong>de</strong> inundação é transmitida a uma ou várias<br />

zonas da central <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, que sinalizará o<br />

evento. Em complemento com a sinalização da ocorrência<br />

po<strong>de</strong>rão ser, também, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas acções <strong>de</strong> coman<strong>do</strong><br />

como por exemplo o fecho <strong>de</strong> uma electroválvula <strong>de</strong> corte<br />

da alimentação <strong>de</strong> água.<br />

Para que se consiga alcançar esse objectivo <strong>de</strong> forma simples<br />

e a baixo custo po<strong>de</strong>r-se-á optar pela integração no sistema<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão das diferentes áreas <strong>de</strong><br />

segurança anteriormente referidas.<br />

A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> incêndios po<strong>de</strong> ser integrada<br />

neste sistema mediante a utilização <strong>de</strong> um ou vários<br />

<strong>de</strong>tectores automáticos <strong>de</strong> fumos ou<br />

termovelocimétricos, <strong>do</strong> tipo colectivo, acopla<strong>do</strong>s a uma<br />

interface <strong>de</strong> incêndio, ou através <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores com<br />

contacto “seco” <strong>de</strong> alarme, liga<strong>do</strong>s a uma ou várias zonas da<br />

central <strong>de</strong> intrusão.<br />

As zonas da central <strong>de</strong> intrusão previstas para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

presença <strong>de</strong> gás e inundação <strong>de</strong>verão ser programadas como<br />

zonas “24 horas” <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir que a protecção se<br />

encontra activa 24 horas por dia, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

protecção <strong>de</strong> intrusão se encontrar activada ou <strong>de</strong>sactivada.<br />

Deste mo<strong>do</strong> consegue-se a integração no sistema <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão as valências <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

incêndio, gás combustível, monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono e<br />

inundação <strong>de</strong> uma forma simples, fiável e económica.<br />

42


ARTIGO TÉCNICO<br />

4 CONCLUSÕES<br />

Este artigo visou abordar aspectos técnicos e conceptuais, ao<br />

nível <strong>do</strong> projecto e da instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos <strong>de</strong><br />

Detecção <strong>de</strong> Intrusão.<br />

A consciencialização da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> pessoas<br />

e bens, a par da evolução tecnológica <strong>do</strong>s equipamentos,<br />

proporcionam formas eficazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e sinalização<br />

precoce <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> intrusão e, consequentemente, a<br />

protecção <strong>do</strong>s bens materiais das populações.<br />

A escolha e implementação <strong>de</strong>stes sistemas são, hoje em<br />

dia, um elemento dissuasor e inibi<strong>do</strong>r da criminalida<strong>de</strong><br />

contra pessoas e bens.<br />

Actualmente, existe uma panóplia <strong>de</strong> sistemas e<br />

equipamentos em que a sua correcta utilização e instalação<br />

requer, à priori, uma colaboração estreita com técnicos<br />

<strong>de</strong>vidamente cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s, nomeadamente Engenheiros<br />

Electrotécnicos e empresas especializadas neste sector.<br />

A escolha <strong>do</strong> melhor sistema e equipamentos requer uma<br />

análise cuidada das pretensões <strong>do</strong> requerente, bem como<br />

das especificida<strong>de</strong>s próprias da instalação.<br />

Assim, cada projecto é trata<strong>do</strong> individualmente, sen<strong>do</strong> alvo<br />

<strong>de</strong> uma análise cuidada por parte <strong>do</strong>s técnicos<br />

especializa<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> diferir <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais projectos.<br />

Embora estes sistemas representem um pequeno custo<br />

adicional ao valor global da instalação <strong>de</strong>verá ser sempre<br />

equacionada a sua instalação uma vez que é relativamente<br />

diminuto quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com os potenciais prejuízos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s actos que o sistema preten<strong>de</strong> evitar.<br />

Salienta-se ainda que sempre que se vai projectar, construir<br />

ou remo<strong>de</strong>lar uma moradia, além da consi<strong>de</strong>ração no<br />

sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão, da função<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, é fundamental a integração <strong>de</strong> outras<br />

valências <strong>de</strong> segurança, como a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndio, gases<br />

combustíveis, monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono e inundação.<br />

Essa integração po<strong>de</strong> ser realizada <strong>de</strong> uma forma simples e<br />

económica, aumentan<strong>do</strong> significativamente a protecção <strong>do</strong>s<br />

utiliza<strong>do</strong>res das instalações e a salvaguarda <strong>do</strong>s seus bens.<br />

43


DIVULGAÇÃO<br />

LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ELÉCTRICAS<br />

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA<br />

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO<br />

O Laboratório <strong>de</strong> Máquinas Eléctricas (LME) é uma instalação <strong>de</strong> apoio ao ensino e aos trabalhos <strong>de</strong> investigação e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento no âmbito <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Mestra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

O LME é utiliza<strong>do</strong> por uma equipa constituída por <strong>do</strong>centes, técnico e alunos da área <strong>do</strong>s Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia<br />

(Licenciatura e Mestra<strong>do</strong>), Electrónica e Computa<strong>do</strong>res (Licenciatura) e Mecânica (Licenciatura), que dispõem <strong>de</strong> equipamento<br />

técnico e laboratorial que proporciona a realização <strong>de</strong> ensaios simula<strong>do</strong>s e reais <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> energia, que contribui<br />

positivamente para a preparação prática <strong>do</strong>s estudantes.<br />

Esta infra-estrutura é constituída por equipamentos <strong>de</strong> controlo (velocida<strong>de</strong>, binário e posição) e instrumentação que permite a<br />

realização <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> máquinas eléctricas (transforma<strong>do</strong>res, motores e gera<strong>do</strong>res), segun<strong>do</strong> as normas vigentes, incluin<strong>do</strong><br />

varia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, sensores dinâmicos <strong>de</strong> binário, cargas mecânicas dinâmicas e analisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia.<br />

TRABALHOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO:<br />

• Ensaios <strong>de</strong> transforma<strong>do</strong>res monofásicos e trifásicos<br />

• Ensaios <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> indução trifásicas<br />

• Ensaios <strong>de</strong> máquinas síncronas trifásicas<br />

• Ensaios <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> corrente continua<br />

• Ensaios <strong>de</strong> servomotores<br />

• Ensaios <strong>de</strong> tracção eléctrica<br />

• Simulação computacional (Matlab) <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> máquinas eléctricas<br />

Director Laboratório<br />

Doutor António Andra<strong>de</strong><br />

|44


ARTIGO TÉCNICO<br />

Pedro Daniel S. Gomes , Pedro Gerar<strong>do</strong> M. Fernan<strong>de</strong>s , Nelson Ferreira da Silva<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

TIPOS DE TECNOLOGIAS DE TURBINAS<br />

UTILIZADAS NAS CENTRAIS MINI-HÍDRICAS<br />

RESUMO<br />

2 TURBINAS DE ACÇÃO OU IMPULSO<br />

De to<strong>do</strong>s os elementos que constituem uma central minihídrica<br />

as turbinas e os gera<strong>do</strong>res são os que mais dizem<br />

respeito à engenharia electrotécnica. Este artigo preten<strong>de</strong><br />

apresentar os tipos <strong>de</strong> turbinas utilizadas nas centrais minihídricas.<br />

Estas po<strong>de</strong>m ser classificadas por duas tecnologias<br />

distintas: turbinas <strong>de</strong> acção ou turbinas <strong>de</strong> reacção. As<br />

turbinas <strong>de</strong> acção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo Pelton ou Banki-<br />

Mitchell. As turbinas <strong>de</strong> reacção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo<br />

Francis, Kaplan ou Hélice.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

De entre os elementos constituintes <strong>de</strong> uma central minihídrica,<br />

as turbinas são <strong>do</strong>s equipamentos que mais dizem<br />

respeito à área da engenharia electrotécnica.<br />

A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da<br />

central e <strong>de</strong>verá ter sempre em conta três parâmetros: a<br />

queda, o caudal e a potência.<br />

As turbinas po<strong>de</strong>m ser divididas em turbinas <strong>de</strong> acção (ou<br />

impulso) ou <strong>de</strong> reacção, consoante o seu princípio <strong>de</strong><br />

operação. Estas são máquinas primárias que têm por missão<br />

converter a energia potencial gravítica e/ou cinética em<br />

energia mecânica e necessitam <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> manutenção<br />

periódica uma vez que sofrem um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

acção da água.<br />

A turbina hidráulica correspon<strong>de</strong> a uma parcela muito<br />

significativa <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> uma central mini-hídrica pelo que se<br />

torna essencial e se reveste <strong>de</strong> particular interesse estudar<br />

criteriosamente qual o tipo <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> turbina a<br />

implementar em cada solução [1].<br />

Como turbinas <strong>de</strong> acção para aproveitamentos<br />

hidroeléctricos <strong>de</strong> pequena escala, referem-se as turbinas<br />

Pelton e Banki-Mitchell, as quais se a<strong>de</strong>quam a uma<br />

utilização caracterizada por quedas relativamente elevadas e<br />

baixos caudais [2]. Nestas, a roda é actuada pela água à<br />

pressão atmosférica.<br />

As turbinas <strong>de</strong> acção em comparação com as <strong>de</strong> reacção<br />

apresentam um maior número <strong>de</strong> vantagens: são mais<br />

tolerantes a areias e outras partículas existentes na água; a<br />

sua estrutura permite maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabrico e melhor<br />

acesso em caso <strong>de</strong> manutenção; são menos sujeitas ao<br />

fenómeno <strong>de</strong> cavitação (embora em aproveitamentos com<br />

gran<strong>de</strong>s quedas torna-se difícil evitar tal fenómeno).<br />

Aquan<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> um dispositivo regula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fluxo<br />

ou varia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> número <strong>de</strong> jactos, estas possuem um<br />

rendimento mais eleva<strong>do</strong> e uniforme.<br />

A maior <strong>de</strong>svantagem das turbinas <strong>de</strong> acção é que são, na<br />

maioria <strong>do</strong>s casos, <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quadas para aproveitamentos <strong>de</strong><br />

pequena queda [4].<br />

2.1 TURBINAS PELTON<br />

As turbinas Pelton são turbinas <strong>de</strong> acção porque utilizam a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fluxo da água para provocar o movimento <strong>de</strong><br />

rotação.<br />

A sua constituição física consiste num rotor, em torno <strong>do</strong><br />

qual estão fixadas as conchas, por uma tubagem forçada <strong>de</strong><br />

adução conten<strong>do</strong> um ou mais injectores e por blindagens<br />

metálicas. O jacto <strong>de</strong> água que inci<strong>de</strong> nas conchas é<br />

tangencial, motivo que leva a que estas turbinas se<br />

<strong>de</strong>nominem tangenciais. Os injectores po<strong>de</strong>m ser reguláveis.<br />

.<br />

45


ARTIGO TÉCNICO<br />

A figura 1 apresenta o esquema e uma fotografia <strong>de</strong> uma<br />

turbina Pelton no seu campo <strong>de</strong> trabalho.<br />

As vantagens <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> turbinas são a facilida<strong>de</strong> com que<br />

se po<strong>de</strong> trocar peças, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir as<br />

sobrepressões nas tubagens e a exigência <strong>de</strong> pouco caudal.<br />

A potência mecânica fornecida por estas turbinas é regulada<br />

pela actuação nas válvulas <strong>de</strong> agulha <strong>do</strong>s injectores [5].<br />

As turbinas Pelton po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> eixo vertical ou horizontal e<br />

são utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos<br />

caracteriza<strong>do</strong>s por pequenos caudais e elevadas quedas<br />

úteis. Nos pequenos aproveitamentos hidroeléctricos<br />

costuma-se utilizar turbinas <strong>de</strong> eixo horizontal, porque assim<br />

utiliza-se um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> eixo que tem um custo menor.<br />

São caracterizadas por terem um baixo número <strong>de</strong><br />

rotações, ten<strong>do</strong>, no entanto, um rendimento até 93%.<br />

2.2 TURBINAS BANKI-MITCHELL<br />

Este tipo <strong>de</strong> turbina é usa<strong>do</strong> principalmente na gama <strong>de</strong><br />

baixas potências [3].<br />

O seu rendimento é inferior aos das turbinas <strong>de</strong> projecto<br />

convencional, mas mantém-se eleva<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> uma<br />

extensa gama <strong>de</strong> caudais. Esta característica torna-a<br />

a<strong>de</strong>quada à operação num espectro largo <strong>de</strong> caudais.<br />

Estas turbinas apenas apresentam veios horizontais e uma<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação diminuta, sen<strong>do</strong> frequente a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> multiplica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

entre elas e os gera<strong>do</strong>res.<br />

Em máquinas mais sofisticadas alcançam-se eficiências na<br />

or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 85 % e nas máquinas mais simples na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s<br />

60 a 75%. A sua eficiência po<strong>de</strong> ser mantida elevada em<br />

situações <strong>de</strong> caudal parcial, até cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> caudal [6].<br />

Para tal é necessária ou a inclusão <strong>de</strong> um dispositivo<br />

reparti<strong>do</strong>r <strong>de</strong> caudal, que <strong>de</strong>termina que partes da turbina<br />

são usadas ou através da orientação <strong>de</strong> um direcciona<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

caudal, que po<strong>de</strong>rá fazer uma gestão <strong>do</strong> caudal que será<br />

turbina<strong>do</strong>.<br />

É possível afirmar que esta máquina se torna bastante<br />

apelativa para aproveitamentos <strong>de</strong> pequena escala <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

<strong>do</strong>is motivos. Apresenta um <strong>de</strong>sign ajusta<strong>do</strong> para uma vasta<br />

gama <strong>de</strong> quedas e potências, e são <strong>de</strong> fácil construção. Ao<br />

po<strong>de</strong>rem ser implementadas recorren<strong>do</strong> a técnicas simples<br />

<strong>de</strong> construção tornam-se uma solução interessante para<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O seu <strong>de</strong>sign simples torna-a barata e fácil <strong>de</strong><br />

reparar, especialmente no caso <strong>de</strong> o rotor ser danifica<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao eleva<strong>do</strong> stress mecânico a que é sujeito.<br />

.<br />

Figura 1 – Turbina Pelton<br />

46


ARTIGO TÉCNICO<br />

As turbinas Banki-Mitchell possuem uma baixa eficiência<br />

quan<strong>do</strong> comparadas com outras turbinas, e a elevada perda<br />

<strong>de</strong> queda útil, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao espaço entre o rotor e a água a<br />

jusante. Estes factores <strong>de</strong>vem ser ti<strong>do</strong>s em conta quan<strong>do</strong> se<br />

lida com quedas baixas ou médias. No caso <strong>de</strong> altas quedas<br />

as turbinas po<strong>de</strong>m também sofrer problemas <strong>de</strong><br />

fiabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao ainda mais eleva<strong>do</strong> stress mecânico a<br />

que são sujeitas.<br />

Representam uma alternativa interessante para quan<strong>do</strong> se<br />

possui água suficiente, necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potência bem<br />

<strong>de</strong>finidas e fracos po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> investimento, como no caso <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> electrificação rural [6].<br />

A figura 2 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Banki-<br />

Mitchell.<br />

3 TURBINAS DE REACÇÃO<br />

Neste tipo <strong>de</strong> turbinas, a água circula entre as pás, varian<strong>do</strong><br />

a velocida<strong>de</strong> e a pressão. Esta, por não ser constante, obriga<br />

a variação da secção transversal aproveitan<strong>do</strong>-se, assim, a<br />

energia da água, uma parte na forma <strong>de</strong> energia cinética e o<br />

resto na forma <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> pressão.<br />

Nas turbinas <strong>de</strong> reacção distinguem-se <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos:<br />

Turbinas radiais, <strong>do</strong> tipo Francis, que são turbinas<br />

a<strong>de</strong>quadas para operação com condições intermédias <strong>de</strong><br />

queda e <strong>de</strong> caudal;<br />

Turbinas axiais, <strong>do</strong> tipo Kaplan e Hélice, que são indicadas<br />

para funcionamento sob queda baixa e caudais eleva<strong>do</strong>s.<br />

Em comparação com as turbinas <strong>de</strong> acção, as <strong>de</strong> reacção<br />

possuem alguns elementos comuns, como a câmara <strong>de</strong><br />

entrada, o distribui<strong>do</strong>r, o rotor e o difusor. No entanto, o seu<br />

fabrico é mais sofistica<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto da alta qualida<strong>de</strong><br />

nas lâminas. No entanto, a <strong>de</strong>spesa extra é compensada pela<br />

elevada eficiência e pelas altas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rotação<br />

obtidas em aproveitamentos <strong>de</strong> pequenas quedas e com<br />

máquinas relativamente compactas.<br />

As turbinas <strong>de</strong> reacção possuem por norma uma velocida<strong>de</strong><br />

específica elevada, advin<strong>do</strong> daí uma vantagem, visto que<br />

permitem o acoplamento directo ao gera<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>de</strong>snecessários os sistemas regula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />

As turbinas <strong>de</strong> reacção estão no entanto sujeitas ao<br />

fenómeno <strong>de</strong> cavitação, contribuin<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>créscimo da<br />

sua eficiência se não forem tomadas medidas resolução.<br />

Figura 2 – Turbina Banki-Mitchell<br />

47


ARTIGO TÉCNICO<br />

3.1 TURBINAS FRANCIS<br />

As turbinas Francis são turbinas <strong>de</strong> reacção porque o<br />

escoamento na zona da roda se processa a uma pressão<br />

inferior à pressão atmosférica.<br />

Esta turbina caracteriza-se por ter uma roda formada por<br />

uma coroa <strong>de</strong> aletas fixas, que constituem uma série <strong>de</strong><br />

canais hidráulicos que recebem a água radialmente e a<br />

orientam para a saída <strong>do</strong> rotor numa direcção axial. Os<br />

outros componentes <strong>de</strong>sta turbina são a câmara <strong>de</strong><br />

entrada, o distribui<strong>do</strong>r, constituí<strong>do</strong> por uma roda <strong>de</strong> aletas<br />

fixas ou móveis, que regulam o caudal, e o tubo <strong>de</strong> saída da<br />

água.<br />

Figura 3 - Turbina Francis<br />

Estas turbinas utilizam-se em quedas úteis superiores aos 20<br />

metros, e possuem uma gran<strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong> a diferentes<br />

quedas e caudais e, relativamente às Pelton, têm um<br />

rendimento máximo mais eleva<strong>do</strong>, velocida<strong>de</strong>s maiores e<br />

menores dimensões [5].<br />

As turbinas Kaplan são reguladas através da acção <strong>do</strong><br />

distribui<strong>do</strong>r e com auxílio da variação <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> ataque<br />

das pás <strong>do</strong> rotor o que lhes confere uma gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> regulação.<br />

A figura 3 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Francis.<br />

3.2 TURBINAS KAPLAN E HÉLICE<br />

As turbinas Kaplan e Hélice têm normalmente o eixo vertical,<br />

mas po<strong>de</strong>m existir turbinas <strong>de</strong>ste tipo com eixo horizontal,<br />

as quais se <strong>de</strong>signam por turbinas Bolbo [5].<br />

São turbinas <strong>de</strong> reacção, adaptadas às quedas fracas e<br />

caudais eleva<strong>do</strong>s.<br />

São constituídas por uma câmara <strong>de</strong> entrada<br />

que po<strong>de</strong> ser aberta ou fechada, por um<br />

distribui<strong>do</strong>r e por uma roda com quatro ou<br />

cinco pás em forma <strong>de</strong> hélice.<br />

A figura 4 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Kaplan.<br />

Quan<strong>do</strong> estas pás são fixas diz-se que a<br />

turbina é <strong>do</strong> tipo Hélice.<br />

Se as pás são móveis o que permite variar o<br />

ângulo <strong>de</strong> ataque por meio <strong>de</strong> um<br />

mecanismo <strong>de</strong> orientação que é controla<strong>do</strong><br />

pelo regula<strong>do</strong>r da turbina, diz-se que a<br />

turbina é <strong>do</strong> tipo Kaplan.<br />

Figura 4 - Turbina Kaplan<br />

48


ARTIGO TÉCNICO<br />

4 SÍNTESE GRÁFICA DE APLICAÇÃO DE CADA TURBINA<br />

Na figura 5, apresenta-se um gráfico que resume o campo <strong>de</strong><br />

aplicação <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> turbina e que relaciona a altura da<br />

queda com o caudal disponível.<br />

No que diz respeito a turbinas <strong>de</strong> acção estas po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong><br />

tipo Pelton ou Banki-Mitchell. As turbinas Pelton são<br />

utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos<br />

caracteriza<strong>do</strong>s por pequenos caudais e elevadas quedas<br />

úteis.<br />

As turbinas Banki-Mitchell<br />

aplicam-se numa gama <strong>de</strong><br />

baixas potências. As turbinas <strong>de</strong><br />

reacção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo<br />

Francis, Kaplan ou Hélice.<br />

As turbinas Francis têm<br />

aplicação nos aproveitamentos<br />

hidroeléctricos com condições<br />

intermédias <strong>de</strong> queda e caudal<br />

e o seu rendimento é maior<br />

quanto maior for a potência.<br />

As turbinas Kaplan e Hélice são<br />

turbinas aplicáveis em<br />

condições <strong>de</strong> queda baixa e<br />

caudal eleva<strong>do</strong>.<br />

Figura 5 - Campo <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> turbina<br />

5 CONCLUSÕES<br />

As turbinas são máquinas primárias que têm por missão<br />

converter a energia (potencial gravítica e/ou cinética)<br />

armazenada na água ou em qualquer outro fluí<strong>do</strong> em<br />

energia mecânica.<br />

Necessitam <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> manutenção periódica uma vez<br />

que sofrem um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à acção da água,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> em alguns anos <strong>de</strong> funcionar <strong>de</strong> forma rentável.<br />

A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da<br />

central. Cada caso terá que ser estuda<strong>do</strong> ao pormenor para<br />

não se cometer erros na escolha da turbina.<br />

As turbinas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> acção ou reacção.<br />

Bibliografia<br />

[1] Rui M. G. Castro, “Energias Renováveis e Produção<br />

Descentralizada – Introdução à Energia Mini-Hídrica”, <strong>Instituto</strong><br />

<strong>Superior</strong> Técnico, Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa, Março 2008<br />

[2] Teixeira da Costa, David Santos e Rui Lança, “Turbo Máquinas<br />

Hidráulicas (Turbinas)”, Escola <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> Tecnologia da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Algarve, Fev. 2001<br />

[3] Teresa Nogueira, “Estu<strong>do</strong> da Energia Mini-Hídrica – Produção<br />

Distribuída e Merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Energia”, <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, 2010<br />

[4] Aníbal Traça <strong>de</strong> Almeida, “Hidroelectricida<strong>de</strong> –<br />

Desenvolvimento Sustentável”, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e<br />

Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />

[5] Paulo Moisés Almeida da Costa, “As Máquinas Primárias”, Escola<br />

<strong>Superior</strong> <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Viseu, 1999<br />

[6] João P. Rocha, “Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizada basea<strong>do</strong>s em Energia<br />

Hídrica”, FEUP, Julho <strong>de</strong> 2008<br />

49


ARTIGO TÉCNICO<br />

José Luís Faria<br />

Touch<strong>do</strong>mo, Lda, <strong>Porto</strong>, Portugal<br />

DOMÓTICA<br />

E A REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS<br />

RESUMO<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Para a elaboração <strong>de</strong>ste artigo técnico foi necessário a<strong>do</strong>ptar<br />

uma estrutura que possibilitasse fornecer um estu<strong>do</strong> teóricoprático,<br />

transversal e equilibra<strong>do</strong>, das diferentes tecnologias<br />

<strong>do</strong>móticas.<br />

“Os edifícios que são planea<strong>do</strong>s e funcionam <strong>de</strong> forma eficaz<br />

ao nível energético já não são novida<strong>de</strong>s exclusivas. Até a<br />

<strong>de</strong>signação um edifício inteligente começa a per<strong>de</strong>r a sua<br />

natureza exótica.<br />

Inicialmente realizou-se um pequeno estu<strong>do</strong> teórico das<br />

tecnologias <strong>do</strong>móticas mais relevantes, <strong>de</strong> uma forma<br />

transversal e resumida (Capítulo 2).<br />

Ambas as tendências estão agora a revolucionar a<br />

arquitectura cada vez mais ambiciosa e a abrir caminho na<br />

luta mundial contra as alterações climáticas.”<br />

Em função <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> teórico <strong>do</strong> capítulo anterior, no<br />

Capítulo 3 realizou-se uma análise mais prática, em que ao<br />

invés <strong>de</strong> abordar um caso prático existente, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

instalações com o seu valor emblemático, optou-se por<br />

utilizar como mo<strong>de</strong>lo o edifício F <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> e apresentar uma das soluções possíveis<br />

<strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios já<br />

existentes (aplicação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> requalificação <strong>de</strong><br />

edifícios).<br />

Depois da exposição <strong>do</strong> caso prático, expôs-se o futuro e<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica ou sistema <strong>de</strong><br />

gestão técnica centralizada, mais focaliza<strong>do</strong> para o mun<strong>do</strong><br />

académico (Capítulo 4).<br />

Por fim, são tecidas as conclusões e consi<strong>de</strong>rações finais <strong>do</strong><br />

artigo (capitulo 5).<br />

Esse artigo foi elabora<strong>do</strong> sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r.<br />

Por outras palavras, procurou-se realizar uma aproximação<br />

da realida<strong>de</strong> prática a nível <strong>de</strong> implementação das<br />

tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios, ao dar uma linha <strong>de</strong><br />

conhecimento abrangente e ao mesmo acessível aos<br />

leitores, que muitas das vezes esse tema acaba por transmitir<br />

conceitos erra<strong>do</strong>s.<br />

As tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (também conhecida como<br />

“automação <strong>de</strong> edifícios”) existem já há algumas décadas.<br />

Contu<strong>do</strong>, essas tecnologias sempre estiveram associadas a<br />

habitações particulares <strong>de</strong> alto nível ou a edifícios e<br />

instalações fabris <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas.<br />

Mas a partir <strong>do</strong> momento em que ocorreu a actual crise<br />

energética (início <strong>do</strong> séc. XXI), em que o aumento da procura<br />

<strong>do</strong>s combustíveis fósseis não acompanhava a oferta, a<br />

<strong>do</strong>mótica ganhou mais relevância, pelas vantagens que<br />

apresenta a nível <strong>de</strong> poupança energética e <strong>de</strong> gestão. Por<br />

isso mesmo, tornou-se mais rentável implementá-la nos<br />

edifícios actuais, construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> raiz ou requalifica<strong>do</strong>s.<br />

As vantagens que a <strong>do</strong>mótica apresenta serviram como<br />

reforço motiva<strong>do</strong>r da elaboração da dissertação:<br />

• Edifícios/empresas: eficiência<br />

energética, segurança, etc.;<br />

• Habitações particulares: conforto, segurança e<br />

incremento <strong>do</strong> valor das habitações, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao luxo e<br />

ostentação que exibem.<br />

Actualmente a área da <strong>do</strong>mótica (automação <strong>de</strong> casas e<br />

edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal<br />

relevância nos países mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, com um<br />

crescimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10% ao ano.<br />

51


ARTIGO TÉCNICO<br />

2 ESTADO DA ARTE DAS TECNOLOGIAS DOMÓTICAS<br />

Quer se trate <strong>do</strong> Terminal 5 <strong>do</strong> aeroporto <strong>de</strong> Heathrow, ou<br />

<strong>de</strong> uma habitação comum, uma norma uniforme para o<br />

controlo <strong>de</strong> diversos dispositivos existente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

edifício facilitaria imenso a implementação <strong>de</strong><br />

funcionalida<strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras e complexas. Aqui o<br />

funcionamento em re<strong>de</strong>, máximo <strong>de</strong> abrangência <strong>de</strong><br />

funcionalida<strong>de</strong>s possíveis e eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong><br />

fiabilida<strong>de</strong>, bem como a utilização económica da energia, são<br />

critérios importantes para a rentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses edifícios.<br />

Como tal, as instalações eléctricas/electrónicas padrão só<br />

po<strong>de</strong>m cumprir estes requisitos até um certo<br />

ponto, exigin<strong>do</strong> além disso mais trabalho e diferentes tipos<br />

<strong>de</strong> materiais e instalações.<br />

Assim, os projectistas e investi<strong>do</strong>res escolhem cada vez mais<br />

diferentes tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica para edifícios com base<br />

em protocolos normaliza<strong>do</strong>s internacionais (p. ex.:<br />

KNX, LonWorks, BACnet, etc.), com provas comprovadas das<br />

suas vantagens e potencialida<strong>de</strong>s nos diferentes tipos <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong>s. Também é razão <strong>de</strong> escolha das tecnologias KNX e<br />

LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca <strong>de</strong> 300 e<br />

4200 fabricantes afilia<strong>do</strong>s, mostran<strong>do</strong> o seu gran<strong>de</strong> nível <strong>de</strong><br />

interoperabilida<strong>de</strong>.<br />

climatização, iluminação, persianas/lamelas, segurança, etc.,<br />

po<strong>de</strong>m ser baseadas num sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />

conveniente, rentável e muito flexível, ao garantir em<br />

qualquer momento a sua interoperabilida<strong>de</strong>.<br />

Uma das outras gran<strong>de</strong>s vantagens é a sua topologia <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>, em que ao utilizar um único cabo <strong>de</strong> par<br />

entrança<strong>do</strong>, que na maioria <strong>do</strong>s casos prova ser o suficiente<br />

para realizar a interligação <strong>de</strong> inúmeros dispositivos numa só<br />

re<strong>de</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, a nível <strong>de</strong> topologia <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, existem<br />

quatro tipos para o meio TP (mais utiliza<strong>do</strong>):<br />

• Topologia em linha (Fig. 1– Ponto 1);<br />

• Topologia <strong>de</strong> estrela (Fig. 1– Ponto 2);<br />

• Topologia em anel, sen<strong>do</strong> apenas para a tecnologia<br />

LonWorks (Fig. 1– Ponto 3);<br />

• Topologia mista, sen<strong>do</strong> a mais utilizada em<br />

edifícios, porque é a que apresenta menos obstáculos<br />

para expansões futuras da re<strong>de</strong> (Fig. 1– Ponto 4).<br />

Um outro factor referente à existência <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> número<br />

<strong>de</strong> fabricantes afilia<strong>do</strong>s às tecnologias baseiam-se <strong>de</strong>stas<br />

serem <strong>de</strong>nominadas como tecnologias <strong>de</strong> protocolos<br />

abertos, em que qualquer fabricante é livre <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver e<br />

comercializar novos produtos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam cumpridas<br />

os requisitos das tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica em questão. Este<br />

gran<strong>de</strong> facto acaba por criar uma outra gran<strong>de</strong><br />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas tecnologias, em que para uma<br />

qualquer funcionalida<strong>de</strong> que seja necessário cumprir ou<br />

satisfazer <strong>de</strong> uma da<strong>do</strong> edifício, terá sempre um ou mais<br />

produtos que conseguirão correspon<strong>de</strong>r às expectativas.<br />

O seu conceito base consiste em utilizar módulos actua<strong>do</strong>res<br />

e sensores com várias funcionalida<strong>de</strong>s, as instalações <strong>de</strong><br />

Figura 1 – Diferentes tipos <strong>de</strong> topologia <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />

Como tal, cada vez mais as empresas <strong>de</strong> construção civil e<br />

clientes finais estão a mostrar um aumento da<br />

implementação em edifícios novos e requalifica<strong>do</strong>s.<br />

A flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização é muito importante por vários<br />

motivos. Frequentemente, durante o planeamento da<br />

construção, não são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s a utilização subsequente e<br />

futuros requisitos <strong>de</strong> modificação e optimização <strong>do</strong> espaço.<br />

Esta neglicência po<strong>de</strong> tornar-se rapidamente<br />

dispendiosa, pois as alterações subsequentes envolvem<br />

normalmente custos eleva<strong>do</strong>s.<br />

52


ARTIGO TÉCNICO<br />

Ao implementar um sistema com um eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />

flexibilida<strong>de</strong>, permite que o sistema <strong>de</strong> bus seja altamente<br />

flexível e ser simplesmente reprograma<strong>do</strong> a baixo custo.<br />

Contu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> não é suficiente o cabo entrança<strong>do</strong> (TP –<br />

Y(st)Y 2x2x0,8 mm 2 ), po<strong>de</strong>-se utilizar outros meios tais como<br />

radiofrequência (RF), PowerLine (PL), re<strong>de</strong> Ethernet ou até<br />

mesmo fibra óptica.<br />

Quan<strong>do</strong> necessário po<strong>de</strong>mos expandir ainda mais a re<strong>de</strong> ao<br />

interligar na mesma re<strong>de</strong> várias tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou<br />

<strong>de</strong> automação (DALI, DMX, LonWorks, Bacnet, etc.).<br />

Ao invés <strong>de</strong> apresentar casos práticos em instalações com<br />

sistemas <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas implementadas (p. ex. Terminal 5 <strong>do</strong><br />

aeroporto <strong>de</strong> Heathrow, Estádio Olímpico <strong>de</strong> Pequim, etc.),<br />

que por um la<strong>do</strong> já foram apresenta<strong>do</strong>s em artigos<br />

anteriores da revista “Neutro à Terra”, casos esses que são<br />

bastante conheci<strong>do</strong>s (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua projecção), por vezes<br />

sente-se um distanciamento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>sses casos com<br />

a maioria das instalações <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas existentes em to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong> e com a percepção genérica <strong>do</strong> público em geral. Por<br />

outras palavras, o principal merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica, por<br />

motivos históricos confina-se ao utiliza<strong>do</strong>r particular<br />

(habitações).<br />

To<strong>do</strong>s os produtos <strong>de</strong> diferentes tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica<br />

(KNX e LonWorks), antes <strong>de</strong> serem lança<strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong><br />

são <strong>de</strong>vidamente testa<strong>do</strong>s e certifica<strong>do</strong>s, por organismos<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, e se aprova<strong>do</strong>s são lança<strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong><br />

com a sua certificação visível nos produtos (inclusão <strong>do</strong><br />

logótipo). Ou seja, além <strong>do</strong>s diferentes protocolos serem<br />

fiáveis e funcionais, to<strong>do</strong>s os produtos que funcionam em<br />

re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s protocolos também transmitem a sua fiabilida<strong>de</strong> e<br />

segurança.<br />

Por fim, uma outra característica que as tecnologias <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica apresentam é que a sua base <strong>de</strong> funcionamento é<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong>. Ou seja, to<strong>do</strong>s os produtos funcionam<br />

<strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que ao falhar um da<strong>do</strong> dispositivo<br />

não implica a paragem <strong>de</strong> funcionamento da restante re<strong>de</strong>.<br />

3 CASO PRÁTICO: EDIFÍCIO F DO INSTITUTO SUPERIOR DE<br />

ENGENHARIA DO PORTO<br />

Contu<strong>do</strong> é necessário relembrar que cada vez mais as<br />

instalações <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica são instaladas em edifícios <strong>de</strong><br />

serviços, industrias, hospitais, etc. A principal razão é pelo<br />

facto <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> edifícios possuírem uma elevada taxa <strong>de</strong><br />

utilização, que aliada à eficiência energética que a <strong>do</strong>mótica<br />

oferece, o retorno <strong>do</strong> seu custo <strong>de</strong> implementação po<strong>de</strong><br />

ocorrer num espaço <strong>de</strong> alguns anos.<br />

Para terminar as notas genéricas sobre os edifícios, segun<strong>do</strong><br />

alguns estu<strong>do</strong>s, o custo construção <strong>de</strong> um edifício face ao<br />

seu custo global (custo <strong>de</strong> construção e manutenção<br />

continuada durante a sua vida útil) raramente ultrapassa os<br />

45%.<br />

Como to<strong>do</strong>s nós sabemos, a eficiência energética é uns <strong>do</strong>s<br />

factores <strong>de</strong> peso (senão o maior) para a a<strong>do</strong>pção ou<br />

implementação <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num edifício<br />

como o caso <strong>do</strong> edifício F <strong>do</strong> ISEP.<br />

Antes <strong>de</strong> começar a abordar o caso prático iremos expor as<br />

razões que levaram a uma instalação <strong>de</strong> uma instituição<br />

pública <strong>de</strong> renome.<br />

Em primeiro lugar, é preciso referir que actualmente não<br />

existe nenhuma instalação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou <strong>de</strong> gestão técnica<br />

centralizada no Edifício F <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

É <strong>de</strong> realçar que não se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma,<br />

incentivar ou forçar a instalação <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> sistema<br />

no edifício em estu<strong>do</strong>. O que <strong>de</strong>seja é mostrar a sua<br />

aplicabilida<strong>de</strong> a um edifício português, permitin<strong>do</strong> aos<br />

leitores terem umas noções mais precisas e intuitivas e claro,<br />

uma parte <strong>do</strong>s leitores são <strong>de</strong> alguma forma, frequenta<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> local em estu<strong>do</strong>.<br />

53


ARTIGO TÉCNICO<br />

3.1 Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong><br />

O edifício é constituí<strong>do</strong> por 7 níveis/pisos, estan<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong> a<br />

garagem/cave, constituí<strong>do</strong>s basicamente por laboratórios,<br />

salas <strong>de</strong> ensino e gabinetes <strong>de</strong> <strong>do</strong>centes.<br />

Para o estu<strong>do</strong> ser mais simples <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r iremos<br />

dividir o estu<strong>do</strong> em duas partes:<br />

• Implementação <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> gestão técnica<br />

centralizada;<br />

• Implementação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num laboratório<br />

típico.<br />

Essa consola central actual possui um gran<strong>de</strong> problema, <strong>de</strong><br />

não apresentar o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong> iluminação (liga<strong>do</strong><br />

ou <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>), o que em certos casos po<strong>de</strong> induzir ao<br />

accionamento erra<strong>do</strong> <strong>de</strong> certos circuitos por parte <strong>do</strong>s<br />

seguranças presentes. Por exemplo não é pouco comum ver<br />

alguns circuitos <strong>de</strong> iluminação em funcionamento <strong>de</strong> forma<br />

ina<strong>de</strong>quada durante a noite ou durante o dia. Foi também<br />

realiza<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no programa <strong>de</strong> estágio para<br />

estudar a viabilida<strong>de</strong> financeira <strong>de</strong> tornar operacional a<br />

apresentação <strong>do</strong>s diferentes esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong><br />

iluminação, mas por questões financeiras não se avançou<br />

com a solução.<br />

A implementação será realizada com o objectivo <strong>de</strong><br />

requalificar o edifício, ao aproveitar ao máximo possível as<br />

tubagens existentes.<br />

A questão das tubagens, sempre problemática, só permitirá<br />

uma instalação integral <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (nível <strong>de</strong><br />

campo) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer um levantamento <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> e actual<br />

<strong>de</strong> toda a instalação, <strong>de</strong> forma a elaborar um projecto<br />

preciso e sem <strong>de</strong>rrapagens orçamentais (e ao mesmo tempo<br />

permitirá saber as limitações a nível <strong>de</strong> actualizações futura,<br />

a nível <strong>de</strong> equipamento).<br />

3.1.1 Implementação <strong>de</strong> uma Solução <strong>de</strong> Gestão Técnica<br />

Centralizada<br />

Um sistema <strong>de</strong> gestão centralizada significa gerir o máximo<br />

<strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s presentes no edifício basea<strong>do</strong> num ou<br />

mais sistemas <strong>de</strong> automação (KNX, LonWorks, BACnet, etc.).<br />

Mas a palavra “gestão” não exclui o controlo, monitorização<br />

e optimização <strong>de</strong> todas as funcionalida<strong>de</strong>s presentes.<br />

Voltan<strong>do</strong> para o edifício em estu<strong>do</strong>, ao invés <strong>de</strong> existir a<br />

consola central, presente na entrada principal <strong>do</strong> edifício F,<br />

em que permite uma gestão muito básica <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

circuitos <strong>de</strong> iluminação, to<strong>do</strong> o controlo é realiza<strong>do</strong> através<br />

<strong>de</strong> qualquer computa<strong>do</strong>r com ligação à re<strong>de</strong> local ou à<br />

Internet (ver Fig. 2).<br />

Para o/s segurança/s responsável/eis po<strong>de</strong>rão realizar o<br />

controlo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o edifício quer a nível <strong>de</strong>:<br />

• Circuitos <strong>de</strong> iluminação;<br />

• Circuitos <strong>de</strong> aquecimento (radia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>)<br />

• Sistema HVAC presente no edifício;<br />

• Controlo <strong>do</strong>s portões da garagem;<br />

• Sistema <strong>de</strong> acessos às salas e laboratórios, incluin<strong>do</strong><br />

saber o local <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> cada <strong>do</strong>cente e/ou alunos<br />

(uma boa ferramenta <strong>de</strong> informação);<br />

• Gastos <strong>de</strong> energia (electricida<strong>de</strong>, gás natural, etc) e <strong>de</strong><br />

água (que po<strong>de</strong>rá ser uma excelente forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<br />

<strong>de</strong> fugas ou gastos <strong>de</strong>snecessários);<br />

• Eleva<strong>do</strong>res (p. ex. em função da afluência activar o<br />

numero <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>res necessário para menor uso<br />

<strong>de</strong>snecessário);<br />

• Monitorização <strong>de</strong> janelas abertas, por motivos<br />

energéticos (fugas <strong>de</strong> calor) e por motivos <strong>de</strong> segurança;<br />

• Etc.<br />

As funcionalida<strong>de</strong>s atrás referidas são apenas algumas que é<br />

possível implementar. Mais outras funcionalida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

ser implementadas sem requerem a compra a fornece<strong>do</strong>res<br />

terceiros. Po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidas internamente, pelos<br />

laboratórios <strong>de</strong> investigação ou pelos programas <strong>de</strong> estágios<br />

para alunos para aquisição <strong>de</strong> uma maior experiencia nessa<br />

área em crescimento (ver Cap. 4).<br />

54


ARTIGO TÉCNICO<br />

A nível <strong>de</strong> monitorização po<strong>de</strong>mos terminar com a <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> controlo/monitorização. Por<br />

exemplo, o/s segurança/s po<strong>de</strong>rão proce<strong>de</strong>r apenas ao<br />

controlo e monitorização da maioria <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong><br />

diferentes funcionalida<strong>de</strong>s, mas os altos responsáveis <strong>do</strong><br />

universo ISEP ou IPP po<strong>de</strong>rão realizar uma gestão global e<br />

sem restrições <strong>de</strong> toda a instalação.<br />

3.1.2 Implementação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Domótica num<br />

Laboratório Típico<br />

Depois <strong>de</strong> se abordar a implementação <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong><br />

gestão técnica centralizada no edifício F, iremos abordar a<br />

implementação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num laboratório típico<br />

(baseada na tecnologia KNX).<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar o estu<strong>do</strong> da implementação em causa, é<br />

preciso referir que a solução equacionada <strong>de</strong> gestão técnica<br />

centralizada no edifício F proposto no subcapítulo 3.1.1<br />

permite gerir, monitorizar e controlo todas as<br />

funcionalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> edifício (interligadas com o<br />

sistema), incluin<strong>do</strong> todas as salas <strong>de</strong> ensino, laboratórios e<br />

gabinetes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes.<br />

Asrazões para aprofundar na solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica para um<br />

laboratório típico são:<br />

• São as divisões on<strong>de</strong> a taxa <strong>de</strong> ocupação é a mais<br />

elevada;<br />

• Em muito <strong>do</strong>s casos é on<strong>de</strong> ocorrem maior <strong>de</strong>sperdício<br />

<strong>de</strong> energia (em termos <strong>de</strong> percentagens, em relação às<br />

áreas comuns presentes nos edifícios);<br />

• Permitem, ao adaptar os hábitos <strong>de</strong> cada utiliza<strong>do</strong>r ou<br />

grupo <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res, ajustar da melhor forma os<br />

gastos, sem sacrificar o conforto, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e<br />

<strong>de</strong> concentração.<br />

• Etc.<br />

Figura 2 – Esquema <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão técnica centralizada<br />

55


ARTIGO TÉCNICO<br />

Irá ser exposta uma das soluções possíveis <strong>de</strong><br />

implementar, dividida em vários parâmetros:<br />

- Iluminação<br />

Possivelmente a variável mais significativa no gasto global <strong>de</strong><br />

utilização (não se po<strong>de</strong> confundir com os gastos <strong>de</strong> materiais<br />

<strong>de</strong> laboratórios, <strong>de</strong> manutenção e outros) mas ao mesmo<br />

tempo é a variável mais ajustável ou mais susceptível a<br />

maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlo com o sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica.<br />

as janelas estão abertas) e para controlo <strong>de</strong> segurança.<br />

Normalmente a esse tipo <strong>de</strong> controlo recorre-se ao uso <strong>de</strong><br />

contactos magnéticos.<br />

Por fim, o terceiro controlo, menos utiliza<strong>do</strong>, é o controlo<br />

remoto da abertura das janelas. A sua gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

reflecte-se para manutenção <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> CO 2 e como forma<br />

<strong>de</strong> controlo adicional para os sistema <strong>de</strong> climatização,<br />

sempre que for necessário.<br />

Ao incluir um ou mais <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> presença<br />

(<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dimensão <strong>do</strong> laboratório) permite fazer uma<br />

gestão automática <strong>de</strong> iluminação em função da existência <strong>de</strong><br />

movimento no seu interior (p. ex. presença <strong>de</strong> alunos) com a<br />

luminosida<strong>de</strong> interior. Mas o <strong>de</strong>tector permite ainda realizar<br />

os seus cálculos matemáticos <strong>de</strong> forma a realizar a regulação<br />

contínua da iluminação <strong>de</strong> forma a manter uma iluminação<br />

constante 1 .<br />

Por fim, a regulação da iluminação po<strong>de</strong> ser feita<br />

directamente ou através da tecnologia 1-10V ou<br />

DALI, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em qualquer momento ser<br />

<strong>de</strong>sabilitada/habilitada o controlo automático através <strong>de</strong><br />

umas das teclas <strong>de</strong> pressão presentes na entrada <strong>do</strong><br />

laboratório.<br />

- Janelas<br />

Po<strong>de</strong>rão ser realiza<strong>do</strong>s três tipos <strong>de</strong> controlos.<br />

O controlo mais comum é o controlo das persianas <strong>de</strong><br />

lamelas (que apesar <strong>do</strong> investimento inicial ser mais eleva<strong>do</strong><br />

que as persianas normais), permitem um controlo da<br />

entrada <strong>de</strong> iluminação natural e também um controlo da<br />

entrada <strong>de</strong> luz directa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provém a radiação<br />

infravermelhos como uma das formas <strong>de</strong> aquecimento <strong>do</strong><br />

laboratório sempre que a temperatura interior seja baixa.<br />

O segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> controlo que po<strong>de</strong>rá ser feito é o esta<strong>do</strong><br />

das janelas (aberta ou fechada), em que é muito útil para o<br />

sistema <strong>de</strong> climatização (que não irá funcionar sempre que<br />

- Climatização<br />

O sistema <strong>de</strong> climatização a ser controla<strong>do</strong> será separa<strong>do</strong> em<br />

<strong>do</strong>is tipos.<br />

O primeiro tipo <strong>de</strong> climatização, aquecimento por cal<strong>de</strong>ira,<br />

que irá fornecer água quente aos radia<strong>do</strong>res presentes no<br />

laboratório.<br />

O segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> climatização, HVAC, proce<strong>de</strong>rá ao<br />

arrefecimento e aquecimento (menos eficiente que o<br />

aquecimento por cal<strong>de</strong>ira). Para um correcto funcionamento<br />

<strong>do</strong> sistema HVAC em todas as divisões, essas têm que<br />

comunicar com o sistema <strong>de</strong> gestão técnica centralizada para<br />

que accione o sistema HVAC central (controla<strong>do</strong> através <strong>de</strong><br />

controla<strong>do</strong>res basea<strong>do</strong>s na tecnologia BACnet ou LonWorks)<br />

sempre que for necessário (através <strong>de</strong> cálculos matemáticos<br />

e <strong>de</strong> históricos <strong>de</strong> utilização anteriores).<br />

O sistema <strong>de</strong> climatização é controla<strong>do</strong> com base nos valores<br />

apresenta<strong>do</strong>s pelo/s sensor/es <strong>de</strong> temperatura presentes na<br />

divisão. O valor <strong>de</strong> setpoint (valor <strong>de</strong> temperatura interior<br />

que se pretenda) po<strong>de</strong>rá ou não ser ajusta<strong>do</strong> em tempo real,<br />

pelos <strong>do</strong>centes ou outro tipo <strong>de</strong> pessoal autoriza<strong>do</strong>.<br />

- Níveis <strong>de</strong> CO 2<br />

Ao monitorizar os valores <strong>de</strong> CO 2 permitem usufruir <strong>de</strong> duas<br />

gran<strong>de</strong>s mais-valias. A mais notória é controlar os níveis <strong>de</strong><br />

CO 2 , <strong>de</strong> forma que as condições <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> estar<br />

nos laboratórios sejam as i<strong>de</strong>ais (evitan<strong>do</strong> o muito conheci<strong>do</strong><br />

efeito <strong>de</strong> “ar abafa<strong>do</strong>” ou “satura<strong>do</strong>”).<br />

1<br />

Esta ao realizar a regulação <strong>de</strong> iluminação, permite um menor consumo <strong>de</strong> energia eléctrica, aumentan<strong>do</strong> o tempo <strong>de</strong> vida útil das lâmpadas.<br />

Por exemplo, uma dada lâmpada a 50% <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> durar até 20 vezes mais que uma lâmpada em funcionamento pleno<br />

56


ARTIGO TÉCNICO<br />

A outra vantagem que po<strong>de</strong>rá apresentar é ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

como mais uma variável <strong>de</strong> controlo por parte <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />

climatização. Por exemplo, em função <strong>do</strong>s diferentes níveis<br />

<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s das diferentes variáveis <strong>de</strong> controlo <strong>do</strong><br />

sistema <strong>de</strong> climatização (apenas HVAC por permitir<br />

circulação <strong>de</strong> ar) e eventualmente controlo das janelas<br />

po<strong>de</strong>rá contribuir para uma maior poupança energética.<br />

Por outro la<strong>do</strong> preten<strong>de</strong>-se referir que um sistema <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica ou gestão técnica centralizada por si só não é uma<br />

solução eficaz e significativa para redução da factura<br />

energética <strong>de</strong> um edifício (uns <strong>do</strong>s factores mais<br />

significativos para o sucesso ou fracasso no factor <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> implementação), <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à solução arquitectónica a nível<br />

<strong>de</strong> estrutura e <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção.<br />

- Controlo <strong>de</strong> acessos<br />

Apesar <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> acessos existir, ao reportar<br />

a presença <strong>do</strong>s diferentes utiliza<strong>do</strong>res, não possui outras<br />

funcionalida<strong>de</strong>s. Ao interligar com o sistema <strong>de</strong> gestão<br />

técnica centralizada permite usufruir <strong>de</strong> inúmeras vantagens.<br />

Por exemplo, o accionamento <strong>do</strong>s diferentes circuitos <strong>de</strong><br />

iluminação, persianas e climatização só será realiza<strong>do</strong><br />

sempre que o <strong>do</strong>cente <strong>de</strong>r como entrada na divisão,<br />

evitan<strong>do</strong> accionamento in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> por terceiros.<br />

Possibilita também, referi<strong>do</strong> no capítulo 3.1.1, saber em<br />

tempo real on<strong>de</strong> está um da<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>r (<strong>do</strong>cente, aluno ou<br />

outro tipo <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res) para uma maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

encontro.<br />

- Medição <strong>de</strong> energia<br />

Em qualquer altura, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da existência <strong>do</strong> medi<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> energia na divisão (energia eléctrica e <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />

climatização em unida<strong>de</strong>s British Thermal Unit - BTU), po<strong>de</strong>rse-á<br />

utilizar os seus valores para controlo <strong>de</strong> custos em<br />

tempo real, i<strong>de</strong>ntificar os valores <strong>de</strong> gastos <strong>de</strong> energia por<br />

utiliza<strong>do</strong>r ou até mesmo monitorizar a qualida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong><br />

eléctrica.<br />

Por fim, apesar <strong>de</strong> ser um caso teórico, permite dar uma<br />

outra sensibilida<strong>de</strong> aos leitores o leque <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s<br />

que po<strong>de</strong>rão ser implementadas, que forma e as suas razões.<br />

4 FUTURO E OPORTUNIDADES DE MERCADO A DOMÓTICA OU<br />

SISTEMA DE GESTÃO TÉCNICA CENTRALIZADA<br />

Depois <strong>de</strong> fazer uma análise <strong>do</strong> caso pratico, irão ser<br />

expostas as tendências futuras da área da <strong>do</strong>mótica e da<br />

área da gestão técnica centralizada.<br />

Actualmente a área da <strong>do</strong>mótica (automação <strong>de</strong> casas e<br />

edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal<br />

relevância nos países mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, com um<br />

crescimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10% ao ano.<br />

Existem inúmeras razões para a crescente implantação da<br />

<strong>do</strong>mótica em edifícios, entre as quais a maior eficiência<br />

energética, o aumento da segurança e a redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong><br />

aquisição das tecnologias. No que diz respeito às habitações<br />

particulares, acrescenta-se essencialmente o aumento <strong>do</strong><br />

conforto <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao grau <strong>de</strong> automação trazi<strong>do</strong> pela<br />

<strong>do</strong>mótica.<br />

3.2 Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

Preten<strong>de</strong>-se relembrar que foi proposto uma das muitas<br />

soluções possíveis <strong>de</strong> implementar, mostran<strong>do</strong> a<br />

versatilida<strong>de</strong> da implementação <strong>de</strong> uma sistema <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica num da<strong>do</strong> ambiente (edifício F pertencente ao<br />

ISEP).<br />

A nível <strong>de</strong> previsões futuras, prevê um crescimento cada vez<br />

mais acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> implementação, embora haja ainda hoje<br />

muita falta <strong>de</strong> informação, que por vezes totalmente errada.<br />

Uma outra vertente muito cativante (oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong>) é a nível académico (opinião baseada no universos<br />

<strong>do</strong>s alunos universitários) que há um gran<strong>de</strong> interesse na<br />

continuação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas tecnologias mais é muito<br />

pouco aposta<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> académico nacional.<br />

57


ARTIGO TÉCNICO<br />

Umas das vertentes a explorar, é por exemplo, a continuação<br />

em <strong>de</strong>senvolver ou melhorar as tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas<br />

actuais.<br />

Antes <strong>de</strong> se expor as diferentes alternativas serão<br />

justificadas as razões que levaram a abordar esse assunto.<br />

Em primeiro lugar espera-se que seja consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um<br />

"incentivo” para que os diferentes pólos <strong>de</strong> investigação<br />

presentes no ISEP e outras faculda<strong>de</strong>s existentes em<br />

Portugal comecem a olhar para o merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica<br />

como uma aposta na área da investigação.<br />

É preciso realçar que uma solução completa ou não <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como uma solução <strong>de</strong><br />

eleva<strong>do</strong> retorno <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua eficiência energética e outros<br />

factores. Ou seja, uma verda<strong>de</strong>ira solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou<br />

gestão técnica centralizada além <strong>de</strong> possuir uma re<strong>de</strong> a nível<br />

<strong>de</strong> campo, a nível <strong>de</strong> re<strong>de</strong> e quan<strong>do</strong> necessário também a<br />

nível <strong>de</strong> supervisão to<strong>do</strong>s os sistemas que estejam a operar<br />

em concordância com o sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (tais como<br />

sistemas <strong>de</strong> iluminação, sistemas <strong>de</strong> climatização, sistemas<br />

<strong>de</strong> persianas/lamelas, etc) têm que ser igualmente<br />

eficientes.<br />

Para ser visto como um foco <strong>de</strong> investigação, a <strong>do</strong>mótica tem<br />

que ser estudada sob várias frentes. Estas po<strong>de</strong>rão ser, ao<br />

utilizar como linha <strong>de</strong> referência os diferentes pólos <strong>de</strong><br />

investigação existentes no ISEP.<br />

As (algumas) alternativas/frentes que existem são:<br />

• Apesar <strong>de</strong> existirem imensas tecnologias <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica, cada vez mais o merca<strong>do</strong> está inclina<strong>do</strong> para<br />

tecnologia baseadas em protocolos abertos (tais como<br />

KNX, LonWorks, etc), cujo seu sucesso comercial está<br />

mais que comprova<strong>do</strong>. Em vez se focar no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos protocolos <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mótica, proce<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />

produtos ou novos tipos <strong>de</strong> produtos aplicáveis em<br />

contextos e ambiente, que até ao momento não foram<br />

satisfeitos;<br />

• Relativamente ao ponto anterior, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao actual<br />

panorama financeiro nacional, cujo ensino superior<br />

acaba <strong>de</strong> sofrer um corte significativo no seu orçamento,<br />

para o ISEP continuar ou melhorar o seu nível <strong>de</strong> ensino,<br />

ao <strong>de</strong>senvolver novos produtos para o merca<strong>do</strong> (com<br />

vantagens competitivas a nível <strong>de</strong> prestigio e financeiro),<br />

fomenta na globalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ISEP (alunos e <strong>do</strong>centes) ao<br />

criarem novos produtos. Por outro la<strong>do</strong>, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

obter financiamento face às empresas privadas para a<br />

criação <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> produção e venda <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>de</strong> uma área em crescimento é outro facto <strong>de</strong> peso,<br />

acaba por ser uma forma <strong>de</strong> obter fun<strong>do</strong>s para<br />

manutenção e melhoramento <strong>do</strong> universo ISEP;<br />

• Como se referiu anteriormente, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos envolve a engenharia electrónica (que po<strong>de</strong>m<br />

ou não estar envolvi<strong>do</strong>s os laboratórios LSA, CISTER,<br />

etc.), engenharia mecânica (acondicionamento e<br />

formatos mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a nível mecânico <strong>do</strong>s produtos<br />

ou até mesmo conhecimentos termodinâmicos –<br />

sistemas <strong>de</strong> climatização), engenharia informática<br />

(software <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong> supervisão, etc.), engenharia civil<br />

(estu<strong>do</strong> da concepção <strong>de</strong> edifícios mais ecológicos e/ou<br />

optimização <strong>do</strong>s edifícios actuais), engenharia <strong>de</strong><br />

sistemas eléctricos, etc.;<br />

• Continuação <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia sem-fios<br />

ZigBee, pelo laboratório CISTER, que ao interligar com os<br />

sistemas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica permitirá aumentar a versatilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> implementação da <strong>do</strong>mótica e <strong>de</strong> aplicações<br />

SmartGrid (re<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensores sem fios);<br />

• Etc.<br />

6 CONCLUSÕES FINAIS<br />

Depois <strong>de</strong> realizar um breve esta<strong>do</strong> da arte das tecnologias<br />

<strong>do</strong>móticas,<strong>de</strong> seguida elaborou-se uma exposição a um caso<br />

prático, pon<strong>do</strong> em prática a aplicação das diferentes<br />

tecnologias <strong>do</strong>móticas (KNX, LonWorks e BACnet).<br />

58


ARTIGO TÉCNICO<br />

Em jeito <strong>de</strong> conclusão geral, fin<strong>do</strong> este trabalho, po<strong>de</strong>rá-seão<br />

tecer as seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />

• Em função <strong>do</strong> contexto da sua aplicação, as vantagens<br />

das tecnologias <strong>do</strong>móticas são evi<strong>de</strong>ntes ao reduzirem a<br />

factura energética <strong>de</strong> um edifício, fornecen<strong>do</strong> o mesmo<br />

nível <strong>de</strong> conforto, oferecen<strong>do</strong> uma versatilida<strong>de</strong> mais<br />

elevada na utilização das diferentes funcionalida<strong>de</strong>s<br />

existente no edifício face a um edifício tradicional e entre<br />

outros;<br />

• Por outro la<strong>do</strong>, ao oferecer um nível eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

escalabilida<strong>de</strong> (maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futuras expansões <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>), é cria<strong>do</strong> um nível eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança,<br />

fiabilida<strong>de</strong> e diferentes tipos <strong>de</strong> topologias <strong>de</strong> re<strong>de</strong>;<br />

• A nível da interoperabilida<strong>de</strong>, as tecnologias KNX e<br />

LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca <strong>de</strong><br />

300 e 4200 fabricantes afilia<strong>do</strong>s, oferecem uma gran<strong>de</strong><br />

versatilida<strong>de</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong> po<strong>de</strong>mos concluir que além <strong>de</strong> se provar um<br />

claro crescimento das tecnologias <strong>do</strong>móticas nos merca<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à aceitação crescentes das vantagens que estas<br />

oferecem, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como uma excelente<br />

área <strong>de</strong> investigação para as faculda<strong>de</strong>s e politécnicos<br />

portugueses.<br />

Bibliografia<br />

[1] Echelon Corporation<br />

http://www.echelon.com/<br />

[2] ECHELON - LonWorksEngeneering Bulletin 005-0025-<br />

01D, 1996<br />

[3] KNX Organization - KNX Handbook for Home and<br />

Building Control. 3º Release. Bélgique, 1999<br />

[4] KNX Organization<br />

http://knx.org/<br />

[5] LonMarkInternacional<br />

http://www.lonmark.org/<br />

[6] LonMark of Germany<br />

http://www.lno.<strong>de</strong><br />

[7] Partner’s KNX<br />

http://www.knx.org/knx-partners/knxeib-partners/list/<br />

[8] SCADA<br />

http://www.scadaengine.com/<br />

[9] SYSMIK GmBH DRESDEN<br />

http://www.sysmik.co<br />

[10] ZIGBEE ALLIANCE<br />

http://www.zigbee.org/<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

(Edifício F)<br />

59


José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

ARTIGO TÉCNICO<br />

EXTINÇÃO DAS TARIFAS REGULADAS NO SECTOR ELÉCTRICO<br />

1 ENQUADRAMENTO<br />

2 MERCADO REGULADO<br />

O sector eléctrico foi, historicamente, um sector <strong>de</strong><br />

monopólio natural, controla<strong>do</strong> por uma única entida<strong>de</strong> a<br />

qual assegurava as diversas activida<strong>de</strong>s relacionadas com o<br />

fornecimento da energia eléctrica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua<br />

produção, transporte e distribuição até ao abastecimento ao<br />

consumi<strong>do</strong>r final. Esta é uma realida<strong>de</strong> que tem vin<strong>do</strong> a ser<br />

radicalmente alterada nas últimas décadas.<br />

Após longos anos <strong>de</strong> actuação em regime <strong>de</strong> monopólio<br />

(público, priva<strong>do</strong> ou misto) verticalmente<br />

integra<strong>do</strong>, verificaram-se em diversos países, em diferentes<br />

latitu<strong>de</strong>s, várias experiências que resultaram em processos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sverticalização <strong>do</strong> sector com separação das suas<br />

activida<strong>de</strong>s. O primeiro <strong>de</strong>stes exemplos ocorreu no Chile no<br />

final da década <strong>de</strong> 70 <strong>do</strong> século XX, ten<strong>do</strong> as alterações<br />

consisti<strong>do</strong>, basicamente, no fim <strong>do</strong>s monopólios da energia<br />

eléctrica e na introdução duma lógica <strong>de</strong> concorrência no<br />

merca<strong>do</strong> da electricida<strong>de</strong>. Esta passou a verificar-se na<br />

produção e na comercialização, manten<strong>do</strong>-se como<br />

monopólios as activida<strong>de</strong>s ligadas a infra-estruturas <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />

como são o transporte e a distribuição.<br />

Também em Portugal a EDP funcionou, durante muito<br />

tempo, como a empresa vertical, que actuan<strong>do</strong> em toda a<br />

ca<strong>de</strong>ia, assegurava a produção, o transporte, a distribuição e<br />

a comercialização da energia eléctrica.<br />

Esta realida<strong>de</strong> teve um ponto <strong>de</strong> inflexão significativo após a<br />

a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> Portugal à, então, CEE. Em 1988 foi publica<strong>do</strong> um<br />

importante pacto legislativo que, entre outras<br />

inovações, consagrou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao sector<br />

pelos pequenos produtores priva<strong>do</strong>s na área da produção<br />

hidroeléctrica (mini-hídricas) e cogeração, obrigan<strong>do</strong> a EDP a<br />

adquirir toda a energia por eles produzida a um preço<br />

regula<strong>do</strong>.<br />

É também nesse perío<strong>do</strong> que cessa a exclusivida<strong>de</strong> da<br />

concessão à EDP, sen<strong>do</strong> liberalizadas algumas das<br />

activida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sector. Tal teve como objectivo a abertura <strong>do</strong><br />

investimento no sector à iniciativa privada, permitin<strong>do</strong><br />

canalizar verbas públicas para outros investimentos<br />

e, funcionan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>, permitir uma redução <strong>de</strong> preços<br />

com benefícios para os consumi<strong>do</strong>res.<br />

Fig. 1 - Activida<strong>de</strong>s tradicionais no sector eléctrico<br />

60


ARTIGO TÉCNICO<br />

Com uma progressiva abertura <strong>do</strong> sector a um ambiente <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong> concorrencial, emergiu o papel das entida<strong>de</strong>s<br />

regula<strong>do</strong>ras como garantia <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tratamento, <strong>de</strong> transparência e <strong>de</strong> não discriminação no<br />

acesso <strong>de</strong> produtores e <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res às re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

transporte e <strong>de</strong> distribuição. Em 1995 é criada a ERSE<br />

(Entida<strong>de</strong> Regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Sector Eléctrico) pela publicação <strong>do</strong><br />

Decreto-Lei n.º 187/95, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> Julho.<br />

Das suas competências constam:<br />

• O estabelecimento <strong>do</strong>s valores das tarifas e preços para a<br />

energia eléctrica a aplicar anualmente<br />

• A protecção <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res em relação<br />

a preços, serviços e qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> abastecimento<br />

• Fomentar a concorrência<br />

• Contribuir para uma utilização eficiente da energia<br />

eléctrica<br />

Em 2002 são aprova<strong>do</strong>s novos estatutos da ERSE pela<br />

publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei nº 97/2002 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Abril. A ERSE<br />

vê as suas competências alargadas com a inclusão da<br />

regulação das activida<strong>de</strong>s relativas ao gás natural, passan<strong>do</strong><br />

a <strong>de</strong>signar-se Entida<strong>de</strong> Regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s Serviços<br />

Energéticos, embora manten<strong>do</strong> a sigla original.<br />

3 MERCADO LIBERALIZADO<br />

O processo <strong>de</strong> liberalização <strong>do</strong> sector eléctrico ocorreu, na<br />

maior parte <strong>do</strong>s países europeus, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> fasea<strong>do</strong>. Estes<br />

processos começaram tipicamente por contemplar os<br />

clientes <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> tensão mais eleva<strong>do</strong>s e com maiores<br />

consumos. Também em Portugal, ainda na década <strong>de</strong> 90 <strong>do</strong><br />

século passa<strong>do</strong>, foi publicada legislação que abria o merca<strong>do</strong><br />

apenas aos maiores clientes, ten<strong>do</strong> o processo si<strong>do</strong><br />

progressivamente estendi<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os clientes.<br />

A abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> concorrencial teve como objectivo<br />

dinamizar o sector e impor-se como solução para o encontro<br />

entre a oferta e a procura, reflectin<strong>do</strong>-se numa expectável<br />

<strong>de</strong>scida <strong>do</strong>s preços e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço.<br />

Este é um novo paradigma on<strong>de</strong> é concedida a cada<br />

consumi<strong>do</strong>r a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r,<br />

implican<strong>do</strong> alterações profundas em to<strong>do</strong> o enquadramento<br />

legislativo e regulatório bem como no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> actuação das<br />

diversas entida<strong>de</strong>s intervenientes. Potencia ainda o<br />

aparecimento <strong>de</strong> novos produtores e comercializa<strong>do</strong>res,<br />

aumentan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> intervenientes no sector e a<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> mesmo.<br />

Fig. 2 - Calendário <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em Portugal (ERSE)<br />

61


ARTIGO TÉCNICO<br />

A Directiva n.º 2003/54/CE, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Junho, <strong>de</strong>finiu como<br />

data limite o dia 1 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2007, para abertura <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os clientes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>s seus<br />

consumos e da tensão <strong>de</strong> alimentação. A Directiva foi<br />

transposta para a or<strong>de</strong>m jurídica nacional pela publicação <strong>do</strong><br />

Decreto-Lei n.º 29/2006, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Fevereiro. Aí, no âmbito<br />

da protecção <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, consagra-se a figura <strong>do</strong><br />

comercializa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> último recurso o qual assume o papel <strong>de</strong><br />

garante <strong>do</strong> fornecimento <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> aos consumi<strong>do</strong>res.<br />

Para Portugal continental foi estabelecida a data <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />

Setembro <strong>de</strong> 2006 como aquela a partir da qual to<strong>do</strong>s os<br />

clientes <strong>de</strong> energia eléctrica po<strong>de</strong>riam escolher livremente o<br />

seu fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> energia eléctrica.<br />

Este foi um processo que apresentou alguns<br />

percalços, nomeadamente, no final <strong>de</strong> 2007 com vários<br />

comercializa<strong>do</strong>res a não aceitarem novos contratos <strong>de</strong><br />

fornecimento <strong>de</strong> energia eléctrica nem renovarem contratos<br />

já existentes, alegan<strong>do</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concorrência com<br />

as tarifas reguladas. No final <strong>de</strong> 2008 e, principalmente, em<br />

2009 e assistiu-se a um retorno <strong>de</strong> muitos clientes ao<br />

merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>. Actualmente a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> novos<br />

clientes ao merca<strong>do</strong> apresenta-se como uma forte<br />

tendência.<br />

Fig. 3 - Evolução <strong>do</strong> consumo no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />

Fig. 4 - Número total <strong>de</strong> clientes no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />

62


ARTIGO TÉCNICO<br />

2.2.1.3 CAIXA REDUTORA<br />

Fig. 5 - Consumo (GWh) no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />

Figura 9 - Diagrama <strong>de</strong> blocos Simulink da caixa redutora com varia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

Fig. 6 - Peso relativo <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />

4 NOVO MODELO<br />

Com a recente publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 104/2010 <strong>de</strong> 29<br />

<strong>de</strong> Setembro verifica-se uma nova “revolução” no sector<br />

eléctrico, com a extinção das tarifas reguladas <strong>de</strong><br />

fornecimento <strong>de</strong> energia eléctrica em Portugal continental, a<br />

partir <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2011. Por este diploma são<br />

abrangi<strong>do</strong>s os clientes cuja alimentação seja em muito alta<br />

tensão (MAT), alta tensão (AT), média tensão (MT) ou baixa<br />

tensão especial (BTE). Significa que to<strong>do</strong>s os clientes, com<br />

excepção daqueles que são alimentação em baixa tensão<br />

normal (BTN), <strong>de</strong>verão, no próximo ano, passar a ser<br />

abasteci<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>.<br />

Esta é uma nova mudança <strong>de</strong> paradigma alteran<strong>do</strong>, em<br />

pouco anos, o fornecimento no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

direito <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r para uma obrigação.<br />

63


ARTIGO TÉCNICO<br />

A legislação prevê que os clientes que, à data <strong>de</strong> entrada em<br />

vigor <strong>do</strong> diploma, tivessem como fornece<strong>do</strong>r um<br />

comercializa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> último recurso (CUR) e que entretanto<br />

não estabeleçam um contrato no merca<strong>do</strong><br />

liberaliza<strong>do</strong>, possam continuar a ser abasteci<strong>do</strong> pelo CUR até<br />

à data limite <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2011. Para esse fim<br />

serão <strong>de</strong>finidas pela ERSE tarifas transitórias <strong>de</strong>terminadas<br />

pela soma das tarifas <strong>de</strong> energia, comercialização e acesso às<br />

re<strong>de</strong>s, sen<strong>do</strong> agravada por uma percentagem a <strong>de</strong>finir pela<br />

ERSE.<br />

O CUR <strong>de</strong>verá notificar por carta registada to<strong>do</strong>s os seus<br />

clientes até 30 dias após a entrada em vigor <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />

n.º 104/2010 prestan<strong>do</strong>-lhes toda a informação necessária à<br />

mudança <strong>de</strong> comercializa<strong>do</strong>r. Este não é um processo<br />

automático caben<strong>do</strong> a cada cliente consultar o merca<strong>do</strong> e<br />

optar por um comercializa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>.<br />

Os comercializa<strong>do</strong>res autoriza<strong>do</strong>s a actuar no merca<strong>do</strong><br />

liberaliza<strong>do</strong> em Portugal obtém licenciamento junto da<br />

Direcção-Geral <strong>de</strong> Geologia e Energia. A ERSE disponibiliza na<br />

sua página <strong>de</strong> Internet (www.erse.pt) a lista com a<br />

i<strong>de</strong>ntificação e os contactos <strong>do</strong>s comercializa<strong>do</strong>res que se<br />

encontram a actuar no merca<strong>do</strong>.<br />

Deverão ainda ser toma<strong>do</strong>s em conta outros aspectos como,<br />

por exemplo, que o ciclo mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (semanal ou diário)<br />

ao funcionamento das instalações é o que consta na<br />

proposta, ou a explicitação <strong>de</strong> a quem competirá suportar<br />

eventuais alterações <strong>de</strong> custos com as tarifas <strong>de</strong> acesso às<br />

re<strong>de</strong>s no <strong>de</strong>correr da vigência <strong>do</strong> contrato.<br />

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O sector eléctrico tem vin<strong>do</strong> a sofrer diversas alterações ao<br />

longo da sua existência ten<strong>de</strong>ncialmente no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

fomento da concorrência.<br />

Em Portugal a manifestação mais recente <strong>de</strong>ssa tendência é<br />

corporizada na publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 104/2010 que<br />

<strong>de</strong>termina a extinção <strong>de</strong> tarifas reguladas com excepção <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos. Esta é uma realida<strong>de</strong> que impõe<br />

aos clientes a procura <strong>de</strong> um comercializa<strong>do</strong>r em merca<strong>do</strong><br />

liberaliza<strong>do</strong>. Este é um <strong>de</strong>safio que po<strong>de</strong>rá potenciar a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada cliente <strong>de</strong>dicar mais atenção aos<br />

aspectos relaciona<strong>do</strong>s com a energia eléctrica que consome,<br />

eventualmente conseguin<strong>do</strong> obter condições mais<br />

vantajosas e incrementar a eficiência energética e a<br />

utilização racional da energia nas suas instalações.<br />

A mudança <strong>de</strong> comercializa<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> ser efectuada até<br />

quatro vezes em cada <strong>do</strong>ze meses consecutivos, não<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser invocadas razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica para<br />

impedir essa mudança, nomeadamente as características <strong>do</strong>s<br />

conta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> energia.<br />

De notar que, sen<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> livre, cada comercializa<strong>do</strong>r<br />

po<strong>de</strong> apresentar uma proposta comercial que po<strong>de</strong>rá não<br />

ser facilmente comparável com a <strong>de</strong> um seu concorrente.<br />

Cabe a cada cliente obter junto <strong>de</strong> cada comercializa<strong>do</strong>r os<br />

esclarecimentos necessários à sua <strong>de</strong>cisão, garantin<strong>do</strong> que<br />

estão acautela<strong>do</strong>s os seus interesses e que esses serão<br />

verti<strong>do</strong>s no contrato a estabelecer.<br />

Esta não é contu<strong>do</strong> a única novida<strong>de</strong> no sector, haven<strong>do</strong><br />

alterações ao nível da introdução <strong>de</strong> escalões no consumo <strong>de</strong><br />

energia reactiva, já no início <strong>de</strong> 2011. Prevê-se ainda que,<br />

num futuro mais longínquo, se possam verificar alterações<br />

significativas no que diz respeito à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço e à<br />

poluição da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada consumi<strong>do</strong>r.<br />

www.galpenergia.com<br />

Referências<br />

www.erse.pt<br />

www.edp.pt<br />

www.dgge.pt<br />

www.unionfenosa.pt<br />

www.dre.pt<br />

64


CURIOSIDADE<br />

65


COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:<br />

António Augusto Araújo Gomes<br />

(aag@isep.ipp.pt)<br />

Mestre (pré-bolonha) em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica e Computa<strong>do</strong>res, pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Doutoran<strong>do</strong> na Área Científica <strong>de</strong> Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia (UTAD).<br />

Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Obras na CERBERUS - <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Segurança, entre 1997 e 1999.<br />

Prestação, para diversas empresas, <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas,<br />

telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consulta<strong>do</strong>ria técnica.<br />

Investiga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> GECAD (Grupo <strong>de</strong> Investigação em <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> Conhecimento e Apoio à<br />

Decisão), <strong>do</strong> ISEP, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />

Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />

Engº Técnico Electrotécnico – Sistemas <strong>de</strong> Energia (ISEP 1995), inscrito na ANET (1555).<br />

(SCorreia@iems.pt)<br />

Director <strong>de</strong> Operações da Delegação Norte da IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e<br />

Serviços, Lda <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000.<br />

Nota curricular da empresa:<br />

Fundada em 1993, a IEMS, começou a operar como uma empresa fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> acessórios para<br />

sistemas <strong>de</strong> cablagem e presta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços associa<strong>do</strong>s. A IEMS tem acompanha<strong>do</strong> o rápi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento da indústria das tecnologias <strong>de</strong> informação, evoluin<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos, para a<br />

comercialização <strong>de</strong> produtos nas áreas <strong>de</strong> cablagem estruturada, <strong>de</strong><br />

telecomunicações, equipamentos activos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong>-se especializa<strong>do</strong> em adaptar soluções <strong>de</strong><br />

fabricantes mundiais, lí<strong>de</strong>res no merca<strong>do</strong>, às realida<strong>de</strong>s e exigências nacionais. Neste âmbito, tem<br />

uma vasta experiência em instalação e manuseamento das Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Fibra Óptica, estan<strong>do</strong> sempre<br />

na vanguarda com os produtos mais avança<strong>do</strong>s disponíveis no merca<strong>do</strong>.<br />

Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />

(hjs@isep.ipp.pt)<br />

Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, em 1979, pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, opção <strong>de</strong> Produção, Transporte e Distribuição <strong>de</strong> Energia.<br />

Diploma <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em Informática e Electrónica Industrial pela Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Minho. Mestre em Ciências na área da Electrónica Industrial.<br />

Professor Adjunto Equipara<strong>do</strong> <strong>do</strong> ISEP, leccionan<strong>do</strong> na área da Teoria da Electricida<strong>de</strong> e Instalações<br />

Eléctricas.<br />

José Luís Almeida Marques <strong>de</strong> Faria<br />

(jlamfaria@gmail.com)<br />

Mestre em <strong>Engenharia</strong> Electrónica e <strong>de</strong> Computa<strong>do</strong>res, na área <strong>de</strong> Sistemas e Planeamento<br />

Industrial (Plano <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s Bolonha - 120ECTS), <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>).<br />

Director técnico na empresa Touch<strong>do</strong>mo.<br />

Fornece serviços à Industria Azeve<strong>do</strong>s, com a função <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r KNX e EnOcean.<br />

Forma<strong>do</strong>r na área da <strong>do</strong>mótica e engenharia electrónica/eléctrica.<br />

Funcionário da empresa Intelbus, Soluções para edifícios, Lda, com a função <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r KNX e<br />

LonWorks, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2008 até Junho <strong>de</strong> 2010.<br />

66<br />

José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />

(joc@isep.ipp.pt)<br />

Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia, pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Doutoran<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trás-os-Montes e Alto Douro na Área Cientifica <strong>de</strong> Sistemas<br />

Eléctricos <strong>de</strong> Energia.<br />

Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 e investiga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> GECAD (Grupo<br />

<strong>de</strong> Investigação em <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> Conhecimento e Apoio à Decisão).<br />

Docente no ensino secundário, na área da electrotecnia entre 2001 e 2004.<br />

Forma<strong>do</strong>r no Curso <strong>de</strong> Especialização Pós-Graduada em Eficiência Energética e Utilização Racional<br />

<strong>de</strong> Energia Eléctrica, <strong>do</strong> ISEP. Forma<strong>do</strong>r na Pós-Graduação em Gestão <strong>de</strong> Energia – Eficiência<br />

Energética, no <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Soldadura e Qualida<strong>de</strong> (ISQ), Taguspark, Oeiras e em Grijó, V.N. Gaia.


COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:<br />

Nelson Ferreira da Silva<br />

(1071169@isep.ipp.pt)<br />

Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>de</strong> Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia no ISEP.<br />

Encontra-se a frequentar o Mestra<strong>do</strong> em Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia no ISEP.<br />

Pedro Daniel Soares Gomes<br />

(1071106@isep.ipp.pt)<br />

A frequentar o 1º ano <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica – Sistemas Eléctricos <strong>de</strong><br />

Energia, no <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (2010/2011)<br />

Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (2007/2008 - 2009/2010)<br />

Pedro Gerar<strong>do</strong> Maia Fernan<strong>de</strong>s<br />

(1070172@isep.ipp.pt)<br />

Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Eléctrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia, no <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Encontra-se a frequentar o curso Mestra<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong><br />

Energia.<br />

Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />

(pma@isep.ipp.pt)<br />

Mestre em Automação, Instrumentação e Controlo pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Aluno <strong>do</strong> Programa Doutoral em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica e <strong>de</strong> Computa<strong>do</strong>res, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001.<br />

Desenvolveu activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projectista <strong>de</strong> instalações eléctricas <strong>de</strong> BT na DHV-TECNOPOR.<br />

67

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