R - Instituto Superior de Engenharia do Porto
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Nº6 ⋅ 2º semestre <strong>de</strong> 2010 ⋅ ano 3 ⋅ ISSN: 1647-5496<br />
EUTRO À TERRA<br />
Revista Técnico-Científica |Nº6| Dezembro <strong>de</strong> 2010<br />
http://www.neutroaterra.blogspot.com<br />
“Manten<strong>do</strong> o compromisso que temos<br />
convosco, voltamos à vossa presença com<br />
mais uma publicação. Esta já é a sexta<br />
publicação da revista “Neutro à Terra”. Os<br />
incentivos que temos recebi<strong>do</strong> dão-nos a<br />
motivação necessária para continuarmos<br />
empenha<strong>do</strong>s em fazer <strong>de</strong>sta revista uma<br />
referência nas áreas da <strong>Engenharia</strong><br />
Electrotécnica em que nos propomos<br />
intervir. Nesta edição merece particular<br />
<strong>de</strong>staque os assuntos relaciona<strong>do</strong>s com as<br />
instalações eléctricas, os veículos eléctricos,<br />
a <strong>do</strong>mótica, os sistemas <strong>de</strong> segurança, as<br />
fibras ópticas e os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> energia<br />
eléctrica.”<br />
Doutor Beleza Carvalho<br />
Instalações<br />
Eléctricas<br />
Pág.5<br />
Máquinas<br />
Eléctricas<br />
Pág. 17<br />
Telecomunicações<br />
Pág. 27<br />
Segurança<br />
Pág. 33<br />
Energias<br />
Renováveis<br />
Pág. 45<br />
Domótica<br />
Pág.51<br />
Eficiência<br />
Energética<br />
Pág. 60<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> – <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica – Área <strong>de</strong> Máquinas e Instalações Eléctricas
EDITORIAL<br />
Doutor José António Beleza Carvalho<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
EUTRO À TERRA<br />
05| Quedas <strong>de</strong> Tensão em Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa Tensão<br />
Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />
António Augusto Araújo Gomes<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
17| Estruturas e Características <strong>de</strong> Veículos Híbri<strong>do</strong>s e Eléctricos<br />
Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
27| Fibras Ópticas – O Paradigma<br />
Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />
IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e Serviços, Lda<br />
33| Segurança Contra Intrusão - Habitação<br />
António Augusto Araújo Gomes<br />
Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
45| Tipos <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-Hídricas<br />
Pedro Daniel Soares Gomes<br />
Pedro Gerar<strong>do</strong> Maia Fernan<strong>de</strong>s<br />
Nelson Ferreira da Silva<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
51| Domótica e a Requalificação <strong>de</strong> Edifícios<br />
José Luís Faria<br />
Touch<strong>do</strong>mo, Lda, <strong>Porto</strong>, Portugal<br />
60| Extinção das tarifas reguladas no sector eléctrico<br />
José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
FICHA TÉCNICA DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho<br />
SUB-DIRECTORES:<br />
Engº António Augusto Araújo Gomes<br />
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão<br />
Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos<br />
PROPRIEDADE:<br />
CONTACTOS:<br />
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL: ISSN: 1647-5496<br />
Área <strong>de</strong> Máquinas e Instalações Eléctricas<br />
Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
jbc@isep.ipp.pt ; aag@isep.ipp.pt
EDITORIAL<br />
Caros leitores<br />
Manten<strong>do</strong> o compromisso que temos convosco, voltamos à vossa presença com mais uma publicação. Esta já é a sexta<br />
publicação da revista “Neutro à Terra”. Os incentivos que temos recebi<strong>do</strong> dão-nos a motivação necessária para continuarmos<br />
empenha<strong>do</strong>s em fazer <strong>de</strong>sta revista uma referência nas áreas da <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica em que nos propomos intervir.<br />
Nesta edição merece particular <strong>de</strong>staque os assuntos relaciona<strong>do</strong>s com as instalações eléctricas, os veículos eléctricos, a<br />
<strong>do</strong>mótica, os sistemas <strong>de</strong> segurança, as fibras ópticas e os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> energia eléctrica.<br />
O cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão é fundamental na fase <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas, por um la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir<br />
que as infra-estruturas <strong>de</strong>finidas cumpram os requisitos regulamentares e, por outro la<strong>do</strong>, o bom funcionamento e a<br />
longevida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos e instalações. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que especifica as meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong><br />
cálculo a que se <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r no dimensionamento das quedas <strong>de</strong> tensão em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> energia eléctrica em<br />
baixa-tensão.<br />
Um assunto que actualmente <strong>de</strong>sperta gran<strong>de</strong> interesse tem a ver com os veículos eléctricos. Nas últimas décadas tem-se<br />
assisti<strong>do</strong> a um forte <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, sobretu<strong>do</strong> das soluções híbridas, como resposta aos impactos<br />
ambientais e económicos <strong>do</strong>s combustíveis fosseis. Os <strong>de</strong>safios que se colocam no campo da engenharia são múltiplos e<br />
exigentes, motiva<strong>do</strong>s pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar diversas áreas, tais como, novos materiais e concepções <strong>de</strong> motores<br />
eléctricos, electrónica <strong>de</strong> potência, sistemas <strong>de</strong> controlo e sistemas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia. Nesta revista apresenta-se<br />
um artigo com as principais características <strong>do</strong>s veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos e <strong>do</strong>s veículos puramente eléctricos.<br />
O crescente aumento da criminalida<strong>de</strong>, com especial incidência nos crimes contra a proprieda<strong>de</strong>, levou a um forte incremento<br />
na procura e instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos <strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão. A instalação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>ste tipo torna-se,<br />
assim, fundamental como elemento <strong>de</strong> garantia <strong>do</strong> bem-estar e da segurança das pessoas, velan<strong>do</strong> pela sua salvaguarda e pela<br />
salvaguarda <strong>do</strong>s seus bens, fazen<strong>do</strong> hoje parte <strong>do</strong>s sistemas aplica<strong>do</strong>s no sector da habitação, serviços, comercio e industria.<br />
Nesta publicação, apresenta-se um artigo que aborda os aspectos técnicos e conceptuais, ao nível <strong>do</strong> projecto e da instalação <strong>de</strong><br />
Sistemas Automáticos <strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão.<br />
Outro assunto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse apresenta<strong>do</strong> nesta publicação, tem a ver com a automatização das instalações habitacionais<br />
ou <strong>do</strong>mésticas, impon<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> edifícios “inteligentes”. A <strong>do</strong>mótica tem aqui um papel fundamental. O artigo que é<br />
apresenta<strong>do</strong> refere um estu<strong>do</strong> teórico das tecnologias <strong>do</strong>móticas mais relevantes, <strong>de</strong> uma forma transversal e resumida,<br />
fazen<strong>do</strong> uma aproximação da realida<strong>de</strong> prática a nível <strong>de</strong> implementação das tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios, permitin<strong>do</strong><br />
um conhecimento abrangente e ao mesmo acessível a to<strong>do</strong>s os interessa<strong>do</strong>s.<br />
O sector eléctrico tem vin<strong>do</strong> a sofrer diversas alterações ao longo da sua existência ten<strong>de</strong>ncialmente no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> fomento da<br />
concorrência. Em Portugal a manifestação mais recente <strong>de</strong>ssa tendência e corporizada na publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º<br />
104/2010 que <strong>de</strong>termina a extinção <strong>de</strong> tarifas reguladas com excepção <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos. Esta é uma realida<strong>de</strong> que<br />
impõe aos clientes a procura <strong>de</strong> um comercializa<strong>do</strong>r em merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que<br />
analisa a situação que se verifica actualmente neste sector em Portugal.<br />
Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, po<strong>de</strong>-se ainda encontrar outros assuntos reconhecidamente importantes e<br />
actuais, como um artigo sobre Fibras Ópticas e um artigo sobre Tipos <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-<br />
Hidricas. Nesta publicação dá-se também <strong>de</strong>staque a uma conferência organizada pela Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros<br />
Técnicos, subordinada ao tema Novo Regime ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos. Esta acção contou com o<br />
apoio <strong>do</strong> ISEP, através <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, bem como da Autorida<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Comunicações.<br />
Decorreu em 30 <strong>de</strong> Setembro no Centro <strong>de</strong> Congressos <strong>do</strong> ISEP. No âmbito <strong>do</strong> tema “Divulgação”, que preten<strong>de</strong> divulgar os<br />
laboratórios <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, on<strong>de</strong> são realiza<strong>do</strong>s vários <strong>do</strong>s trabalhos correspon<strong>de</strong>ntes a artigos<br />
publica<strong>do</strong>s nesta revista, apresenta-se o Laboratório <strong>de</strong> Máquinas Eléctricas.<br />
Esperan<strong>do</strong> que esta edição da revista “Neutro à Terra” possa novamente satisfazer as expectativas <strong>do</strong>s nossos leitores,<br />
apresento os meus cordiais cumprimentos.<br />
<strong>Porto</strong>, Dezembro <strong>de</strong> 2010<br />
José António Beleza Carvalho<br />
3
EVENTOS<br />
NOVO REGIME ITED E ITUR PARA ENGENHEIROS E ENGENHEIROS TÉCNICOS<br />
No dia 30 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2010 teve lugar no Auditório Magno <strong>do</strong> ISEP – <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, uma<br />
conferência organizada pela ANET – Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros Técnicos, subordinada ao tema “Novo Regime ITED e<br />
ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”. Esta acção contou o apoio <strong>do</strong> ISEP bem como da ANACOM – Autorida<strong>de</strong><br />
Nacional <strong>de</strong> Comunicações.<br />
O programa <strong>de</strong>ste evento contou com a presença <strong>de</strong> profissionais<br />
da área das infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações em<br />
edifícios, bem com das instalações eléctricas.<br />
A sessão <strong>de</strong> abertura foi presidida pelo Director <strong>do</strong> Departamento<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> ISEP, Professor Doutor José<br />
Beleza Carvalho ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> coadjuva<strong>do</strong> pelo Engº Técº Sequeira<br />
Correia, S.R. Norte da ANET, Engº Vitor Brito, Vice Presi<strong>de</strong>nte da<br />
Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Engenheiros (OE), Engº Técº Pedro Brás, Vice-<br />
Presi<strong>de</strong>nte ANET, Engº Hel<strong>de</strong>r Leite, O.E S.R. Norte e pelo Engº<br />
António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM.<br />
Após o término da sessão <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>u-se seguimento às diversas apresentações:<br />
• “Enquadramento estratégico e político visan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento das NGN”, Eng.º António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM;<br />
• “Regime jurídico ITED e ITUR”, Dr. Nuno Castro Luís, ANACOM;<br />
• “Novo Regime Técnico ITED/ITUR”, Eng. António Vilas Boas, Profigaia;<br />
• “O Ensino <strong>de</strong> Telecomunicações no ISEP”, Eng.º Sérgio Ramos, ISEP;<br />
• “Regulação da Profissão na <strong>Engenharia</strong>”, Eng.º Téc.º Pedro Brás, Vice-Presi<strong>de</strong>nte ANET;<br />
• “Novo Regime Posição da Or<strong>de</strong>m Engenheiros”, Engº Francisco Sanchez, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Engª<br />
Electrotécnica da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Engenheiros;<br />
• “Qualificações e Formação Obrigatória em ITED e ITUR”, Eng.º Téc.º Nuno Cota, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Eng.ª Electrónica e<br />
Telecomunicações da Associação Nacional <strong>do</strong>s Engenheiros Técnicos;<br />
• “Novo Paradigma para a Formação ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”, Engº Sérgio Queirós, Schumal.<br />
No final das apresentações foram colocadas algumas questões ao painel <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate forma<strong>do</strong> pelo Engº Técº Nuno Cota, Engº<br />
Francisco Sanchez, Engº António Vassalo e pelo Engº Sérgio Ramos – ISEP, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste painel o Engº António<br />
Gomes, ISEP.<br />
A presença <strong>de</strong>, aproximadamente, quatro centenas <strong>de</strong> participantes ilustrou sobremaneira o interesse e importância, que as<br />
alterações introduzidas na legislação das infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações em edifícios e urbanizações <strong>de</strong>spertaram no<br />
seio da comunida<strong>de</strong> da engenharia electrotécnica.<br />
4
ARTIGO TÉCNICO<br />
Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva; António Augusto Araújo Gomes<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
QUEDAS DE TENSÃO<br />
EM INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS DE BAIXA TENSÃO<br />
1 ENQUADRAMENTO<br />
Numa instalação eléctrica, por motivos técnicos e funcionais,<br />
a tensão aplicada aos terminais das cargas, isto é, <strong>do</strong>s<br />
equipamentos <strong>de</strong> utilização, <strong>de</strong>ve manter-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s limites.<br />
Cada equipamento possui uma tensão estipulada, fixada pela<br />
norma respectiva. A aplicação <strong>de</strong> tensões abaixo <strong>do</strong>s limites<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong> prejudicar o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sses<br />
equipamentos, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> reduzir a sua vida útil ou mesmo<br />
impedir o seu funcionamento.<br />
As quedas <strong>de</strong> tensão nas instalações <strong>de</strong>vem ser calculadas<br />
durante a fase <strong>de</strong> projecto, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser cumpri<strong>do</strong>s os limites<br />
máximos fixa<strong>do</strong>s pelos respectivos regulamentos aplicáveis.<br />
2 QUEDA DE TENSÃO<br />
- Apenas se levam em conta as impedâncias longitudinais,<br />
resistências e indutâncias, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong>-se as<br />
admitâncias transversais, perditâncias e capacitâncias.<br />
Em instalações <strong>de</strong> Baixa Tensão, o comprimento das<br />
canalizações não vai além das poucas centenas <strong>de</strong><br />
metros e sen<strong>do</strong> a frequência utilizada a frequência<br />
industrial <strong>de</strong> 50Hz é possível <strong>de</strong>sprezar, para as mais<br />
baixas secções, os efeitos da indutância, capacitância e<br />
pelicular, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se assim os condutores como<br />
resistências puramente hómicas. Daí termos:<br />
Z = R + jX ≅ R Y = G + JB ≅ 0<br />
L<br />
- Tomar-se-á uma temperatura <strong>do</strong> condutor igual à<br />
máxima admissível em regime permanente.<br />
Para o receptor da Fig. 1, a queda <strong>de</strong> tensão que importa<br />
observar é a diferença entre os valores absolutos das<br />
tensões à partida e à chegada, isto é,<br />
c<br />
Na <strong>de</strong>dução <strong>de</strong> uma fórmula aplicável à <strong>de</strong>terminação da<br />
queda <strong>de</strong> tensão num circuito ter-se-ão em conta os<br />
seguintes pontos:<br />
- Consi<strong>de</strong>ram-se sistemas trifásicos em regime<br />
equilibra<strong>do</strong>;<br />
U 0 − U 1<br />
Da figura 1 <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />
triangular, a diferença entre as leituras <strong>do</strong>s voltímetros V0 e<br />
V1 há-<strong>de</strong> ser menor que a indicação <strong>do</strong> voltímetro Vz. Daí<br />
que esta tensão não nos interesse muito para o objectivo em<br />
vista, isto é, o <strong>do</strong> dimensionamento <strong>do</strong> cabo.<br />
V<br />
R<br />
jω<br />
L<br />
I −<br />
V<br />
V − V −<br />
0<br />
1<br />
V<br />
Fig. 1 – Circuito monofásico RL<br />
5
ARTIGO TÉCNICO<br />
Assim:<br />
− − − −<br />
− jϕ<br />
V = ( R + jX ) I + V I = Ie = I cosϕ<br />
− jIsenϕ<br />
−<br />
0 1<br />
V = RI cosϕ − jRIsenϕ + jXI cosϕ + XIsenϕ<br />
+ V<br />
−<br />
0 1<br />
V = ( RI cosϕ + XIsen ϕ + V ) + j( XI cosϕ − RIsen ϕ)<br />
0 1<br />
V − R I − jX I −<br />
q<br />
V −<br />
f<br />
1<br />
I −<br />
0<br />
− −<br />
Z I<br />
f<br />
d<br />
f<br />
V = V cosθ<br />
− ZI cosδ<br />
1 0<br />
ZI<br />
⎛ ZI ⎞<br />
senθ = senδ cosθ = 1− ⎜ senδ<br />
⎟<br />
V0 ⎝ V0<br />
⎠<br />
2<br />
⎛ Z I ⎞<br />
V1 = V0<br />
1− ⎜ senδ<br />
⎟ − ZI cosδ<br />
⎝ V0<br />
⎠<br />
2<br />
k<br />
Aplican<strong>do</strong> o teorema <strong>de</strong> Taylor ao <strong>de</strong>senvolvimento da raiz, resulta que:<br />
1 1 1 5<br />
2 8 16 128<br />
2 3 4<br />
1+ k = 1 + k − k + k − k + ... k < 1<br />
2 4 6 8<br />
( ZIsen δ ) ( ZIsen δ ) ( ZIsen δ ) 5 × ( ZIsen δ )<br />
V − V = ZI cos δ + + + + + ...<br />
0 1 3 5 7<br />
2V 0<br />
8V 0<br />
16V0 128V<br />
0<br />
( XI − RI ) ( XI − RI ) ( XI − RI ) 5 × ( XI − RI )<br />
V − V = RI + XI + + + + + ...<br />
2 4 6 8<br />
a r a r a r a r<br />
0 1 a r<br />
3 5 7<br />
2V 0<br />
8V 0<br />
16V 0<br />
128V<br />
0<br />
ε<br />
Com Ia = Icosφ e Ir = Isenφ<br />
V − R I − jX I −<br />
0<br />
− −<br />
Z I<br />
6<br />
V −<br />
1<br />
I −<br />
RI cosϕ XIsenϕ
ARTIGO TÉCNICO<br />
Para correntes em atraso relativamente à tensão, ϕ<br />
positivos, e ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração que a queda <strong>de</strong> tensão<br />
máxima terá um valor pequeno, imposto pelos regulamentos<br />
técnicos, os termos não-lineares <strong>de</strong> I são <strong>de</strong>sprezáveis face<br />
aos termos lineares.<br />
Quan<strong>do</strong> a corrente se encontra em avanço nada se po<strong>de</strong><br />
dizer acerca da transcurabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas parcelas.<br />
Como se observa pelo quadro <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s a fórmula<br />
∆V = RIa+XIr<br />
dá-nos valores bastante aproxima<strong>do</strong>s, fixan<strong>do</strong> já os <strong>do</strong>is<br />
primeiros algarismos significativos.<br />
Para um resulta<strong>do</strong> mais correcto po<strong>de</strong> usar-se a fórmula .<br />
Exemplo:<br />
Preten<strong>de</strong>-se calcular a queda <strong>de</strong> tensão no extremo <strong>de</strong> um<br />
cabo trifásico <strong>do</strong> tipo VV, 4 mm 2 <strong>de</strong> secção, comprimento 80<br />
m, percorri<strong>do</strong> por uma corrente <strong>de</strong> 30 A, tensão <strong>de</strong><br />
alimentação 400 V e as características <strong>do</strong> cabo, indicadas na<br />
tabela 1.<br />
A tabela 2, apresenta os resulta<strong>do</strong>s (análise monofásica)<br />
obti<strong>do</strong>s.<br />
ΔV=RI +XI +<br />
a<br />
r<br />
( XI -RI ) 2<br />
a<br />
2V<br />
0<br />
r<br />
A expressão ∆V = RIa, apesar da sua simplicida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong><br />
empregar-se com vantagem em muitos<br />
casos, particularmente na BT e para secções <strong>de</strong> cabos<br />
suficientemente baixas, por permitir relacionar directamente<br />
a queda <strong>de</strong> tensão máxima com a secção <strong>do</strong> cabo a atribuir.<br />
Tab. 1 – Características <strong>do</strong> cabo<br />
Tipo<br />
Secção<br />
mm 2<br />
Comprimento<br />
m<br />
Resistivida<strong>de</strong><br />
a 20°C<br />
Ωmm 2 /m<br />
Resistência<br />
Coeficiente<br />
°C -1 Ω<br />
temperatura a 20°C<br />
Resistência a<br />
70°C<br />
Ω<br />
Reactância<br />
Ω<br />
VV 4 80 17,241.10 -3 3,93.10 -3 0,3448 0,41257 6,4.10 -3<br />
Tab. 2 – Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exemplo<br />
V 0<br />
(V)<br />
V 1<br />
(V)<br />
∆V (real)<br />
(V)<br />
%<br />
RI a<br />
(V)<br />
%<br />
∆V (aproximação)<br />
RI a +XI r<br />
(V)<br />
%<br />
(V)<br />
%<br />
230 219,867 10,132 4,4 9,902 4,305 10,017 4,35 10,132 4,4<br />
7
ARTIGO TÉCNICO<br />
A expressão aproximada ∆V = RIa+XIr po<strong>de</strong> ser reescrita <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> a contemplar quer a situação da sua aplicação a um<br />
circuito trifásico, quer a um circuito monofásico, quer<br />
mesmo ao caso <strong>de</strong> um circuito <strong>de</strong> corrente contínua.<br />
⎛ L<br />
⎞<br />
∆ V = b× ⎜ ρ1 × × cosϕ + λ × L× senϕ<br />
⎟×<br />
Ib<br />
⎝ S<br />
⎠<br />
On<strong>de</strong>:<br />
∆ V queda <strong>de</strong> tensão em V;<br />
B coeficiente igual a 1 para circuitos trifásicos e a 2 para<br />
monofásicos ou <strong>de</strong> corrente contínua;<br />
ρ1 resistivida<strong>de</strong> eléctrica <strong>do</strong>s condutores em serviço<br />
normal, em Ωmm2/m;<br />
L comprimento simples da canalização, em m;<br />
S secção recta <strong>do</strong>s condutores, em mm2;<br />
ϕ ângulo <strong>de</strong> esfasamento entre a tensão simples<br />
respectiva e a corrente (para corrente contínua = 0)<br />
λ reactância linear <strong>do</strong>s condutores (igual a 0 para<br />
circuitos <strong>de</strong> corrente contínua), em Ω/m;<br />
Ib corrente <strong>de</strong> serviço, em A.<br />
A queda <strong>de</strong> tensão percentual virá referida à tensão nominal<br />
<strong>do</strong> sistema:<br />
A partir da expressão<br />
∆ V = RIcosϕ<br />
+ XIsenϕ<br />
= rLIcosϕ<br />
+ xLIsenϕ<br />
= rM + xM<br />
f<br />
<strong>de</strong>fine-se a queda <strong>de</strong> tensão como a soma <strong>do</strong> produto <strong>do</strong><br />
momento da componente em fase da corrente pela<br />
resistência linear com o produto <strong>do</strong> momento da<br />
componente em quadratura da mesma corrente pela<br />
reactância linear <strong>do</strong> cabo.<br />
M<br />
M<br />
f<br />
q<br />
Don<strong>de</strong>:<br />
q<br />
= LIcosϕ<br />
= LIsenϕ<br />
∆ V = ∆ V + ∆ V = ∆ V + ∆V<br />
f q a r<br />
∆ V = RIcosϕ<br />
= RI<br />
a<br />
∆ V = XIsenϕ<br />
= XI<br />
r<br />
a<br />
r<br />
Por aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> da sobreposição é possível<br />
<strong>de</strong>compormos a obtenção da queda <strong>de</strong> tensão mediante a<br />
resolução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is circuitos:<br />
∆V<br />
∆ Vr<br />
= × 100%<br />
U<br />
U = U , tensão simples em CA ou U = U ,em CC<br />
0<br />
3 × ∆V<br />
∆ Vr<br />
= × 100%<br />
U<br />
U = U , tensão composta em CA<br />
c<br />
Para a situação comum <strong>de</strong> uma linha alimentan<strong>do</strong> uma carga<br />
na sua extremida<strong>de</strong>:<br />
N<br />
∆ V = rM = RI<br />
∆ Vr = xMq = XIr<br />
I − a f a<br />
8<br />
L
ARTIGO TÉCNICO<br />
- Características da Impedância <strong>de</strong> um Cabo<br />
A resistência e a reactância <strong>de</strong> um cabo são função da secção <strong>do</strong> condutor - R=R(S) e X=X(S).<br />
Daí que sen<strong>do</strong>:<br />
∆V= ∆ V(R,X) ∆ V= ∆ V(S)<br />
(para uma dada corrente)<br />
l<br />
R = ρ θ = const.<br />
s<br />
Andamento hiperbólico<br />
X - praticamente constante (para um da<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong><br />
canalização)<br />
A figura abaixo apresenta a variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma<br />
temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80° C. Impedâncias em mΩ/m e secções em mm 2 .<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300<br />
Fig. 2 – variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80° C<br />
9
ARTIGO TÉCNICO<br />
3. QUEDAS DE TENSÃO MÁXIMAS ADMISSÍVEIS<br />
3.1 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA<br />
TENSÃO<br />
Ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração o disposto no Regulamento <strong>de</strong><br />
Seguranças <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> energia eléctrica em<br />
baixa tensão, aprova<strong>do</strong> pelo Decreto Regulamentar 90/84 <strong>de</strong><br />
26 <strong>de</strong> Dezembro e os <strong>do</strong>cumentos normativos <strong>do</strong><br />
concessionário da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, DIT-C11-010/N, Maio<br />
2006 - Guia Técnico <strong>de</strong> Urbanizações e DIT-C14-100/N MAI<br />
2007 – Ligação <strong>de</strong> Clientes <strong>de</strong> Baixa Tensão, a queda <strong>de</strong><br />
tensão total, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Posto <strong>de</strong> Transformação Público MT/BT<br />
até ao final da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Baixa Tensão, isto é, à Portinhola<br />
ou, quan<strong>do</strong> esta não existir, ao Quadro <strong>de</strong> Colunas <strong>de</strong> um<br />
edifício ou aos terminais <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> conta<strong>do</strong>r, não <strong>de</strong>ve<br />
ser superior a 8 %, sen<strong>do</strong> que a queda <strong>de</strong> tensão máxima no<br />
ramal 1 não <strong>de</strong>ve ser superior a 2% da tensão nominal.<br />
3.2 INSTALAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA<br />
TENSÃO<br />
Ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração o disposto nas Regras Técnicas <strong>de</strong><br />
Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa Tensão, aprovadas pela<br />
Portaria n.º 949-A/2006 <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Setembro a queda <strong>de</strong><br />
tensão máxima entre a origem da instalação 2 e qualquer<br />
ponto <strong>de</strong> utilização, expressa em função da tensão nominal<br />
da instalação, não <strong>de</strong>ve ser superior aos valores indica<strong>do</strong>s na<br />
tabela 1.<br />
Ao abrigo <strong>do</strong> mesmo regulamento, em Instalações Colectivas<br />
e Entradas as secções <strong>do</strong>s condutores usa<strong>do</strong>s nos diferentes<br />
troços das instalações colectivas e entradas <strong>de</strong>vem ser tais<br />
que não sejam excedi<strong>do</strong>s os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> tensão<br />
seguintes:<br />
a) 1,5 %, para o troço da instalação entre os liga<strong>do</strong>res da<br />
saída da portinhola e a origem da instalação eléctrica (<strong>de</strong><br />
utilização), no caso das instalações individuais;<br />
b) 0,5 %, para o troço correspon<strong>de</strong>nte à entrada ligada a<br />
uma coluna (principal ou <strong>de</strong>rivada) a partir <strong>de</strong> uma caixa<br />
<strong>de</strong> coluna, no caso das instalações não individuais;<br />
c) 1,0 %, para o troço correspon<strong>de</strong>nte à coluna, no caso<br />
das instalações não individuais;<br />
No entanto, quan<strong>do</strong> for técnica e economicamente<br />
justifica<strong>do</strong>, os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> tensão indica<strong>do</strong>s<br />
anteriormente para a coluna e entradas, po<strong>de</strong>m ser<br />
ultrapassa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, no seu conjunto (coluna mais<br />
entrada), não seja ultrapassa<strong>do</strong> o valor <strong>de</strong> 1,5%.<br />
Tab. 3 - Queda <strong>de</strong> tensão máxima entre a origem da instalação e qualquer ponto <strong>de</strong> utilização<br />
Utilização Iluminação Outros usos<br />
Instalações alimentadas directamente a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em<br />
baixa tensão<br />
3 % 5 %<br />
Instalações alimentadas a partir <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Transformação MT/BT (*) 6 % 8 %<br />
(*) Sempre que possível, as quedas <strong>de</strong> tensão nos circuitos finais não <strong>de</strong>vem exce<strong>de</strong>r os valores indica<strong>do</strong>s para a situação A. As<br />
quedas <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>terminadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos <strong>de</strong> utilização com os factores<br />
<strong>de</strong> simultaneida<strong>de</strong> respectivos ou, na falta <strong>de</strong>stes, das correntes <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> cada circuito.<br />
1<br />
Ramal - Canalização eléctrica, sem qualquer <strong>de</strong>rivação, que parte <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> transformação, <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> uma central<br />
gera<strong>do</strong>ra ou <strong>de</strong> uma canalização principal e termina numa portinhola, quadro <strong>de</strong> colunas ou aparelho <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong><br />
utilização.<br />
10
ARTIGO TÉCNICO<br />
Ao abrigo <strong>do</strong> mesmo regulamento, para as instalações<br />
colectivas e entradas <strong>de</strong>verão ser observa<strong>do</strong>s ainda os<br />
seguintes pontos:<br />
- Quan<strong>do</strong> existir “troço comum 3 ” , a queda <strong>de</strong> tensão<br />
neste troço <strong>de</strong>ve ser afectada ao ramal e não à instalação<br />
colectiva.<br />
- A queda <strong>de</strong> tensão, no caso das entradas trifásicas, <strong>de</strong>ve<br />
ser calculada a partir da potência prevista para<br />
alimentação <strong>do</strong>s equipamentos normais previstos para<br />
as instalações eléctricas (<strong>de</strong> utilização) por elas<br />
alimentadas, suposta uniformemente repartida pelas<br />
diferentes fases. O cálculo <strong>de</strong>ve ser feito fase a<br />
fase, como se <strong>de</strong> uma entrada monofásica se<br />
tratasse, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que apenas a fase em análise está<br />
em serviço.<br />
3.3 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO<br />
Para canalizações em que a secção <strong>do</strong> condutor <strong>de</strong> fase seja<br />
igual à <strong>do</strong> condutor neutro, as quedas <strong>de</strong> tensão po<strong>de</strong>m ser<br />
<strong>de</strong>terminadas a partir da expressão seguinte:<br />
⎛ l<br />
⎞<br />
u = b × ⎜ ρ × × cosϕ + λ × l × senϕ<br />
⎟ × Ib<br />
⎝<br />
1<br />
S<br />
⎠<br />
u<br />
∆u=100 U<br />
0<br />
em que:<br />
u queda <strong>de</strong> tensão, expressa em volts;<br />
∆u queda <strong>de</strong> tensão relativa, expressa em percentagem;<br />
Uo tensão entre fase e neutro, expressa em volts;<br />
b coeficiente igual a 1 para os circuitos trifásicos e a 2<br />
para os monofásicos (os circuitos trifásicos com o<br />
neutro completamente <strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong>, isto é, com<br />
uma só fase carregada, são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong><br />
monofásicos);<br />
r1 resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s condutores à temperatura em serviço<br />
normal,<br />
L comprimento simples da canalização, expresso em<br />
metros;<br />
S secção <strong>do</strong>s condutores, expressa em milímetros<br />
quadra<strong>do</strong>s;<br />
cosϕ factor <strong>de</strong> potência;<br />
Nas instalações <strong>de</strong> utilização às quais se aplicam as<br />
RTIEBT po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o valor cos j =0,8.<br />
Para efeitos <strong>do</strong> cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão nas<br />
entradas das instalações, <strong>de</strong>ve ter-se em consi<strong>de</strong>ração<br />
os valores <strong>de</strong> potências nominais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s para essas<br />
entradas, os quais, na falta <strong>de</strong> elementos mais<br />
precisos, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como resistivos (cos<br />
j = 1).<br />
λ<br />
reactância linear <strong>do</strong>s condutores.<br />
Nas instalações <strong>de</strong> utilização às quais se aplicam as<br />
RTIEBT, na falta <strong>de</strong> outras indicações mais<br />
precisas, po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o valor 0,08 mW/m.<br />
Relativamente à <strong>de</strong>terminação da resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
condutores à temperatura em serviço normal, <strong>de</strong>ver-se-á ao<br />
valor da resistivida<strong>de</strong> a 20°C (0,0225 W.mm²/m para o cobre<br />
e 0,036 W.mm²/m para o alumínio), efectuar a correcção<br />
para a temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s<br />
condutores/cabos.<br />
2<br />
Origem das instalações eléctricas <strong>de</strong> utilização<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se que as instalações eléctricas objecto das Regras Técnicas têm por origem um <strong>do</strong>s pontos indica<strong>do</strong>s nas alíneas seguintes:<br />
a) nas instalações alimentadas directamente por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em baixa tensão:<br />
- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída da portinhola;<br />
- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> colunas, no caso <strong>de</strong> não existir portinhola;<br />
- os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> equipamento <strong>de</strong> contagem ou os <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> corte da entrada, quan<strong>do</strong> este estiver a montante <strong>do</strong><br />
equipamento <strong>de</strong> contagem, no caso <strong>de</strong> não existir portinhola nem quadro <strong>de</strong> colunas.<br />
No que se refere às instalações eléctricas (<strong>de</strong> utilização), alimentadas, pelas instalações colectivas e entradas, estas têm, no caso <strong>de</strong> serem<br />
alimentadas por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição (pública) em baixa tensão, por origem um <strong>do</strong>s pontos seguites:<br />
a) os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> corte da entrada da instalação eléctrica (<strong>de</strong> utilização);<br />
b) os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saída <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> contagem, se o aparelho <strong>de</strong> corte da entrada não existir.<br />
b) nas instalações alimentadas por um posto <strong>de</strong> transformação privativo, os liga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong>(s) quadro(s) <strong>de</strong> entradaTroço comum -<br />
Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro <strong>de</strong> colunas.<br />
3<br />
Troço comum - Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro <strong>de</strong> colunas.<br />
11
ARTIGO TÉCNICO<br />
A tabela 4, apresenta as temperaturas máximas <strong>de</strong><br />
funcionamento <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> isolamentos <strong>de</strong><br />
condutores:<br />
A correcção da resistivida<strong>de</strong> é realizada através da seguinte<br />
expressão:<br />
Rθ = R [1 + α ( θ −20)] Ω/km<br />
20 20<br />
em que:<br />
Rθ resistência eléctrica à temperatura θ °C<br />
R20 resistência eléctrica à temperatura 20 °C<br />
α20 coeficiente <strong>de</strong> temperatura a 20 °C<br />
θ temperatura final em °C<br />
As RTIEBT recomen<strong>de</strong>m a utilização <strong>de</strong> um factor 1,25 para<br />
correcção geral <strong>do</strong> valor da resistivida<strong>de</strong> para a temperatura<br />
<strong>de</strong> serviço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> isolamento <strong>do</strong>s<br />
condutores/cabos, sen<strong>do</strong> uma aproximação ao cálculo<br />
anteriormente apresenta<strong>do</strong>.<br />
Tab. 4 – Temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s condutores em função <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> isolamento<br />
Tipo <strong>de</strong> isolamento<br />
Temperatura máxima <strong>de</strong><br />
funcionamento (1)<br />
(°C)<br />
Policloreto <strong>de</strong> vinilo (PVC) Condutor: 70<br />
Polietileno reticula<strong>do</strong> (XLPE)<br />
Ou<br />
etileno-propileno (EPR)<br />
Condutor: 90<br />
Mineral (com bainha em PVC ou nu e acessível) Bainha metálica: 70<br />
Mineral (nu, inacessível e sem estar em contacto com materiais combustíveis) Bainha metálica: 105 (2)<br />
(1)<br />
- Segun<strong>do</strong> as Normas NP 2356, NP 2357 e NP 2365.<br />
(2)<br />
- Para este tipo <strong>de</strong> condutores po<strong>de</strong>m ser admitidas temperaturas superiores em serviço contínuo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />
temperatura <strong>do</strong> cabo e das terminações e com as condições ambientais e outras influências externas.<br />
Tab. 5 - Resistência à Temperatura <strong>do</strong> condutor/cabo a 20°C<br />
``<br />
R 20<br />
θ<br />
Resistência à Temperatura <strong>do</strong> condutor/cabo a 20°C<br />
Temperatura máxima <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> condutor/cabo<br />
α 20<br />
coeficiente <strong>de</strong> variação da resistivida<strong>de</strong> com a temperatura a 20°C<br />
α<br />
α<br />
<br />
Cu20<br />
C<br />
<br />
Al20<br />
C<br />
= 3,93.10<br />
= 4,03.10<br />
C<br />
−3 −1<br />
C<br />
−3 −1<br />
12
ARTIGO TÉCNICO<br />
4. METODOLOGIAS DE VERIFICAÇÃO EM OUTROS PAÍSES<br />
França – A norma NF C 15-100, publicada pela Union<br />
Technique <strong>de</strong> l’Electricité (UTE), trata e <strong>de</strong>fine os requisitos<br />
técnicos e <strong>de</strong> segurança das instalações eléctricas <strong>de</strong> baixa<br />
tensão. A norma sofre actualização regular para ter em conta<br />
a evolução da técnica e das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />
electricida<strong>de</strong>.<br />
O artigo 525 da NF C 15-100 fixa os valores máximos da<br />
queda <strong>de</strong> tensão, conforme indica<strong>do</strong> na tabela 3.<br />
No comentário ao Artº 525 da norma é indicada a fórmula a<br />
empregar para cálculo da queda <strong>de</strong> tensão que resulta ser a<br />
mesma usada pelas RTIEBT.<br />
Para a resistivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s condutores em serviço normal<br />
apresenta os valores, indica<strong>do</strong>s na tabela 4.<br />
O coeficiente 1,25 leva a <strong>de</strong>terminar a queda <strong>de</strong> tensão a<br />
uma temperatura <strong>do</strong> condutor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 82 °C.<br />
A norma remete ainda para o guia da UTE C 15-105, GUIDE<br />
PRATIQUE Détermination <strong>de</strong>s sections <strong>de</strong> conducteurs et<br />
choix <strong>de</strong>s dispositifs <strong>de</strong> protection Métho<strong>de</strong>s pratiques, on<strong>de</strong><br />
são <strong>de</strong>talhadas outras informações bem como, em<br />
particular, quadros com valores <strong>de</strong> reactância linear para<br />
outras configurações <strong>de</strong> canalizações a serem consulta<strong>do</strong>s<br />
para a <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> tensão.<br />
Tab. 6 - Queda <strong>de</strong> tensão máxima nas instalações <strong>de</strong> utilização<br />
Iluminação<br />
Outros usos<br />
Tipo A – instalações alimentadas directamente por uma <strong>de</strong>rivação em BT a partir<br />
<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> distribuição em BT<br />
3%<br />
5%<br />
Tipo B – Instalações alimentadas por um posto <strong>de</strong> entrega(1) ou por um posto <strong>de</strong><br />
transformação a partir duma instalação <strong>de</strong> AT e instalações <strong>do</strong> tipo A em que o<br />
ponto <strong>de</strong> entrega se situa no QGBT dum posto <strong>de</strong> distribuição público.<br />
6%<br />
8%<br />
Quan<strong>do</strong> as canalizações principais da instalação tiverem um comprimento superior a 100 m, as quedas <strong>de</strong> tensão po<strong>de</strong>m ser<br />
aumentadas <strong>de</strong> 0,005 % por metro <strong>de</strong> canalização acima <strong>de</strong> 100 m, sem todavia superar 0,5 %.<br />
As quedas <strong>de</strong> tensão são <strong>de</strong>terminadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos <strong>de</strong> utilização, aplican<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o<br />
caso, factores <strong>de</strong> simultaneida<strong>de</strong>, ou, por omissão, a partir <strong>do</strong>s valores das correntes <strong>de</strong> serviço <strong>do</strong>s circuitos.<br />
Tab. 7 – Resistivida<strong>de</strong> corrigida <strong>do</strong> cobre e alumínio para a temperatura <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s condutores<br />
Cobre<br />
Alumínio<br />
Resistivida<strong>de</strong> ρ 1 = 1,25×ρ 20°C Ωmm 2 /m 0,023 0,037<br />
Obs<br />
Em França não se faz distinção entre postos <strong>de</strong> transformação e subestações <strong>de</strong> transformação. A sua <strong>de</strong>signação genérica é poste <strong>de</strong><br />
transformation, contemplan<strong>do</strong> ambas as instalações. Quan<strong>do</strong> as instalações <strong>de</strong> BT são alimentadas por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição pública em AT,<br />
por intermédio <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> transformação, observan<strong>do</strong> a norma NF C 13-100 a 13-103, o posto <strong>de</strong> transformação é chama<strong>do</strong> poste <strong>de</strong><br />
livraison, posto <strong>de</strong> entrega. Quan<strong>do</strong> forem alimentadas por uma instalação <strong>de</strong> AT por intermédio <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> transformação<br />
observan<strong>do</strong> a norma NF C 13-200, a sua <strong>de</strong>signação é poste <strong>de</strong> transformation, posto <strong>de</strong> transformação.<br />
13
ARTIGO TÉCNICO<br />
Reino Uni<strong>do</strong> – Neste país a norma BS 7671: 2008<br />
Requirements for Electrical Installations IEE Wiring<br />
Regulations, Seventeenth Edition é o padrão normativo<br />
a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> no <strong>do</strong>mínio das instalações eléctricas em BT<br />
quan<strong>do</strong> em 1992 a British Standards Institution (BSI) fez das<br />
regras técnicas IEE Wiring Regulations, 16th<br />
Edition, publicadas pela Institution of Electrical Enginneers<br />
(IEE), sua norma. A BS 7671 é também usada noutros países<br />
<strong>de</strong> língua inglesa.<br />
Os requisitos respeitantes à queda <strong>de</strong> tensão são trata<strong>do</strong>s<br />
nos pontos 525.1 a 525.3. Para uma instalação em BT<br />
alimentada directamente a partir <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
distribuição em BT, a queda <strong>de</strong> tensão máxima, especificada<br />
no Apêndice 12, relativamente à tensão nominal, é:<br />
Equipamento <strong>de</strong><br />
Iluminação<br />
Outros<br />
Usos<br />
Queda <strong>de</strong> tensão máxima 3% 5%<br />
O Apêndice 4 da norma contém uma série <strong>de</strong> tabelas<br />
fornecen<strong>do</strong>, para vários tipos <strong>de</strong> cabos e condutores, os<br />
valores das quedas <strong>de</strong> tensão, quer resistivas, quer<br />
reactivas, quer totais, dadas em mV/m/A, calculadas para a<br />
temperatura máxima permitida pelos condutores em regime<br />
normal <strong>de</strong> funcionamento.<br />
On<strong>de</strong>:<br />
r – queda <strong>de</strong> tensão resistiva em mV/A/m<br />
x – queda <strong>de</strong> tensão reactiva em mV/A/m<br />
A norma prevê a correcção da temperatura <strong>do</strong>s condutores<br />
para uma melhor aproximação <strong>do</strong> cálculo da queda <strong>de</strong><br />
tensão.<br />
Assim a temperatura <strong>de</strong> serviço vem <strong>de</strong>terminada pela<br />
expressão seguinte:<br />
2<br />
⎛<br />
2 2 I ⎞<br />
b<br />
θb = θz − ⎜CgCa − θ<br />
2 ⎟ z<br />
−θa<br />
⎝ Izt<br />
⎠<br />
( )<br />
Θb = temperatura <strong>do</strong> cabo ou condutor, °C<br />
Θz = temperatura máxima em regime normal, °C<br />
Θa = temperatura ambiente, °C<br />
Cg = factor <strong>de</strong> correcção <strong>de</strong> agrupamento<br />
Ca = factor <strong>de</strong> correcção da temperatura ambiente<br />
Ib = corrente <strong>de</strong> serviço, A<br />
Izt = corrente máxima admissível nas condições da tabela, A<br />
A temperatura θb permite agora <strong>de</strong>terminar o factor <strong>de</strong><br />
correcção <strong>de</strong> temperatura Ct:<br />
C<br />
t<br />
230 + θb<br />
=<br />
230 + θ<br />
z<br />
A queda <strong>de</strong> tensão é então calculada da forma seguinte:<br />
V<br />
d<br />
=<br />
m V / m / A tabela<strong>do</strong>s× cosϕ<br />
× Ib<br />
× L<br />
1000<br />
Com<br />
1<br />
<br />
β0<br />
= ≅ 230 C<br />
α<br />
0<br />
valor médio para Cu e Al<br />
Quan<strong>do</strong> a secção <strong>do</strong>s condutores for maior que 16 mm 2<br />
<strong>de</strong>verão consi<strong>de</strong>rar-se a queda <strong>de</strong> tensão resistiva bem como<br />
a queda reactiva.<br />
Teremos então:<br />
V<br />
d<br />
=<br />
( ϕ ϕ )<br />
cos × r + sen × x m V / A/<br />
m× L×<br />
I<br />
1000<br />
b<br />
Para secções até 16 mm2, teremos:<br />
−3<br />
( )<br />
V = C cosϕ<br />
m V / A/ m × L× I × 10<br />
d t b<br />
Para secções acima <strong>de</strong> 16 mm2:<br />
V = ( C cosϕ<br />
× r + sen ϕ × x) × L× I × 10<br />
d t b<br />
−3<br />
14
ARTIGO TÉCNICO<br />
Os valores médios das resistivida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cu e Al a 20°C<br />
usa<strong>do</strong>s na norma são:<br />
ρCu20°C = 18,3 ×10-3 Ωmm 2 /m<br />
ρAl20°C = 30,4 ×10-3 Ωmm 2 /m<br />
Alemanha – Várias são as normas e disposições aplicáveis às<br />
instalações <strong>de</strong> BT. A norma DIN VDE 0100 – Errichten von<br />
Nie<strong>de</strong>rspannungsanlagen, Estabelecimento <strong>de</strong> Instalações <strong>de</strong><br />
BT, contempla na sua parte 520 as prescrições em termos <strong>de</strong><br />
quedas <strong>de</strong> tensão máximas permitidas nas instalações.<br />
Assim, entre a portinhola e o ponto electricamente mais<br />
afasta<strong>do</strong> da instalação a norma fixa, para a máxima queda <strong>de</strong><br />
tensão tolerada, um valor <strong>de</strong> 4% da tensão nominal.<br />
Às instalações resi<strong>de</strong>nciais aplica-se igualmente a norma DIN<br />
18015 – Elektrische Anlagen in Wohngebäu<strong>de</strong>n, Instalações<br />
Eléctricas em Edifícios Resi<strong>de</strong>nciais. De acor<strong>do</strong> com esta<br />
norma a queda máxima entre o conta<strong>do</strong>r e o aparelho<br />
electricamente mais afasta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser 3% da tensão<br />
nominal.<br />
tramos <strong>do</strong> circuito usa-se como corrente <strong>de</strong> serviço o valor<br />
da corrente estipulada <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> protecção contra<br />
sobreintensida<strong>de</strong>s localiza<strong>do</strong> imediatamente a montante.<br />
Outra disposição aplicável às instalações <strong>de</strong> BT pren<strong>de</strong>-se<br />
com as especificações próprias das Associações <strong>de</strong> Energia<br />
Estaduais - Technischen Anschlussbedingungen für <strong>de</strong>n<br />
Anschluss an das Nie<strong>de</strong>rspannungsnetz, Condições Técnicas<br />
para a Ligação à Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> BT, conhecidas por TAB. De acor<strong>do</strong><br />
com as TAB, as máximas quedas <strong>de</strong> tensão entre a portinhola<br />
e o conta<strong>do</strong>r vêm dadas em correspondência com o quadro<br />
seguinte:<br />
Potência Queda <strong>de</strong> tensão Disposição<br />
em kVA admissível em %<br />
Até 100 0,5 AVBEltV (1)<br />
De 100 a 250 1,0 TAB<br />
Mais <strong>de</strong> 250 a 400 1,25 TAB<br />
Acima <strong>de</strong> 400 1,5 TAB<br />
Para a <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> tensão nos diversos<br />
A figura abaixo sintetiza as diversas condições e disposições<br />
aplicáveis:<br />
Fig. 3 – Máxima queda <strong>de</strong> tensão e disposições aplicáveis na Alemanha<br />
Fonte: Sie<strong>de</strong>lhofer ABB<br />
(1)<br />
Verordnung über Allgemeine Bedingungen für die Elektrizitätsversorgung von Tarifkun<strong>de</strong>n, Portaria sobre as Condições Gerais para o<br />
Abastecimento <strong>de</strong> Electricida<strong>de</strong> a Clientes.<br />
15
ARTIGO TÉCNICO<br />
A queda <strong>de</strong> tensão é calculada pela expressão simplificada<br />
para as secções condutoras acima <strong>do</strong>s 16 mm2. Abaixo <strong>de</strong>ste<br />
valor calcula-se somente a queda resistiva. Os da<strong>do</strong>s<br />
seguintes são habitualmente emprega<strong>do</strong>s no cálculo da<br />
resistência:<br />
Bibliografia<br />
[4] Regras Técnicas <strong>de</strong> Instalações Eléctricas <strong>de</strong> Baixa<br />
Tensão, Decreto-Lei 226/2005, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Dezembro e<br />
Portaria N.º 949-A/2006, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Setembro, 2006;<br />
5. CONCLUSÕES<br />
Condutivida<strong>de</strong><br />
σ Sm/mm2<br />
20°C<br />
circuitos ligeiramente carrega<strong>do</strong>s<br />
50°C<br />
circuitos mo<strong>de</strong>radamente carrega<strong>do</strong>s<br />
70°C<br />
circuitos carrega<strong>do</strong>s<br />
Cu Al<br />
56 35<br />
50 31<br />
47 29<br />
[5] Regulamento <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Distribuição<br />
<strong>de</strong> Energia Eléctrica em Baixa Tensão, Decreto-<br />
Regulamentar n.º 90 / 84 <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Dezembro.<br />
[6] Guia Técnico <strong>de</strong> Urbanizações, DIT-C11-010/N, EDP –<br />
Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção <strong>de</strong><br />
Normalização e Tecnológica, Maio 2006;<br />
[7] Ligação <strong>de</strong> Clientes <strong>de</strong> Baixa Tensão, DIT-C14-<br />
100/N, EDP – Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção<br />
<strong>de</strong> Normalização e Tecnológica, Maio 2007;<br />
O cálculo das quedas <strong>de</strong> tensão é fundamental na fase <strong>de</strong><br />
projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas, por um la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
garantir que as infra-estruturas <strong>de</strong>finidas cumpram os<br />
requisitos regulamentares e, por outro la<strong>do</strong>, o bom<br />
funcionamento e a longevida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos e<br />
instalações.<br />
Bibliografia<br />
[1] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – UTE C 15-105.<br />
Fontenay-aux-Roses: UTE, 2003.<br />
[2] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – NF C 15-100.<br />
Puteaux: UTE, 2002.<br />
[3] STOKES Geoffrey, Bradley John - A Practical Gui<strong>de</strong> to<br />
the Wiring Regulations: 17th Edition IEE Wiring<br />
Regulations (BS 7671:2008). 4ª Ed. Chichester: John<br />
Wiley & Sons Ltd, 2009. ISBN: 978-1-405-17701-6.<br />
[8] SIEDELHOFER Bernd - Hauptstromversorgung in<br />
Gebäu<strong>de</strong>n [em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]<br />
Disponível em<br />
www:<br />
[9] SCHULTKE Hans – Aktuelles aus <strong>de</strong>r Welt <strong>de</strong>r Normen<br />
[em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]<br />
Disponível em<br />
www:<br />
[10] VEWSaar e. V. - Erläuterungen <strong>de</strong>s Verban<strong>de</strong>s zu <strong>de</strong>n<br />
Technischen Anschlussbedingungen für <strong>de</strong>n Anschluss<br />
an das Nie<strong>de</strong>rspannungsnetz (TAB) [em linha].<br />
[Consult. 06 Dez 2010]<br />
Disponível em<br />
www:<br />
16
ARTIGO TÉCNICO<br />
Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
ESTRUTURAS E CARACTERÍSTICAS<br />
DE VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉCTRICOS<br />
RESUMO<br />
Nas últimas décadas tem-se assisti<strong>do</strong> a um forte<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, sobretu<strong>do</strong> das<br />
soluções híbridas, como resposta aos impactos ambientais e<br />
económicos <strong>do</strong>s combustíveis fósseis. Os <strong>de</strong>safios que se<br />
colocam no campo da engenharia são múltiplos e exigentes,<br />
motiva<strong>do</strong>s pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar diversas áreas, tais<br />
como, novos materiais e concepções <strong>de</strong> motores eléctricos,<br />
electrónica <strong>de</strong> potência, sistemas <strong>de</strong> controlo e sistemas <strong>de</strong><br />
armazenamento <strong>de</strong> energia.<br />
Neste artigo procura-se apresentar as principais<br />
características <strong>do</strong>s veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos (VH) e <strong>do</strong>s<br />
veículos puramente eléctricos (VE).<br />
Começa-se por uma breve referência à origem e evolução<br />
<strong>de</strong>stes veículos. Segue-se uma abordagem às diferentes<br />
configurações <strong>de</strong> VH e VE – principalmente no que se refere<br />
aos sistemas <strong>de</strong> propulsão e armazenamento <strong>de</strong> energia –,<br />
realçan<strong>do</strong> as suas vantagens e <strong>de</strong>svantagens. Por fim,<br />
referem-se alguns <strong>do</strong>s factores mais relevantes para a<br />
evolução tecnológica e aceitação <strong>de</strong>stes veículos.<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Os conceitos <strong>de</strong> veículo eléctrico e híbri<strong>do</strong> eléctrico<br />
remontam às origens <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> próprio<br />
automóvel, em finais <strong>do</strong> séc. XIX. Numa época on<strong>de</strong> as<br />
preocupações ambientais e <strong>de</strong> eficiência não existiam, a<br />
finalida<strong>de</strong> era incrementar os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s<br />
motores <strong>de</strong> combustão interna (MCI) ou melhorar a<br />
autonomia <strong>do</strong>s veículos basea<strong>do</strong>s em motores eléctricos.<br />
Com efeito, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes motores encontravase<br />
ainda numa fase inicial, estan<strong>do</strong> a tecnologia associada às<br />
máquinas eléctricas num nível superior. É nesta época que se<br />
regista a implementação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> frenagem<br />
regenerativa, que permitem recuperar a energia cinética que<br />
o veículo per<strong>de</strong>, em consequência <strong>de</strong> uma travagem, sen<strong>do</strong><br />
armazenada nas baterias. Trata-se <strong>de</strong> uma contribuição<br />
fundamental para a eficiência <strong>de</strong>stes veículos e respectiva<br />
autonomia – questão <strong>de</strong>terminante para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>do</strong>s veículos eléctricos [1].<br />
A partir da década <strong>de</strong> 1920, a enorme evolução verificada<br />
nos motores a gasolina (principalmente, no aumento da<br />
potência disponível e rendimento, com menores dimensões)<br />
tornou-os prepon<strong>de</strong>rantes face aos motores eléctricos. A<br />
maior dificulda<strong>de</strong> no seu controlo (basea<strong>do</strong> em contactos<br />
mecânicos e resistências, com baixos níveis <strong>de</strong> eficácia,<br />
comprometen<strong>do</strong> o próprio <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> veículo), a<br />
reduzida autonomia, peso e custo mais eleva<strong>do</strong>s, são os<br />
principais motivos que explicam aquela supremacia [1].<br />
As crises energéticas ocorridas na década <strong>de</strong> 1970 e o<br />
aumento das preocupações ambientais (principalmente nas<br />
socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais), juntamente como <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da electrónica <strong>de</strong> potência, que permitiu a criação <strong>de</strong><br />
sistemas eficazes <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> motores eléctricos,<br />
<strong>de</strong>spertaram interesse para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> veículos<br />
puramente eléctricos, <strong>de</strong> que é exemplo a gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protótipos construí<strong>do</strong>s na década <strong>de</strong> 1980.<br />
Na década <strong>de</strong> 1990 as concepções híbridas foram ganhan<strong>do</strong><br />
interesse, face à tomada <strong>de</strong> consciência das dificulda<strong>de</strong>s em<br />
superar as limitações <strong>do</strong>s veículos eléctricos, relativamente<br />
aos veículos convencionais com MCI. Nesse senti<strong>do</strong>, vários<br />
fabricantes <strong>de</strong> automóveis <strong>de</strong>senvolveram diversos<br />
protótipos <strong>de</strong> versões híbridas, não ten<strong>do</strong>, no entanto,<br />
atingi<strong>do</strong> a fase <strong>de</strong> comercialização.<br />
O maior esforço no <strong>de</strong>senvolvimento e comercialização <strong>de</strong><br />
veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos foi feito por fabricantes<br />
japoneses: em 1997, a Toyota lançou o mo<strong>de</strong>lo Prius e a<br />
Honda lançou as versões híbridas <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los Insight e<br />
Civic. Actualmente, estes e outros mo<strong>de</strong>los híbri<strong>do</strong>s –<br />
entretanto lança<strong>do</strong>s por outros fabricantes –, são<br />
comercializa<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> bons<br />
<strong>de</strong>sempenhos dinâmicos e níveis <strong>de</strong> consumo [1], [2].<br />
Quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos, o maior<br />
obstáculo à sua comercialização e difusão resi<strong>de</strong> no esta<strong>do</strong><br />
em que se encontra a tecnologia das baterias.<br />
17
ARTIGO TÉCNICO<br />
Não obstante os progressos e esforços que têm si<strong>do</strong> feitos<br />
no seu <strong>de</strong>senvolvimento, o <strong>de</strong>sempenho das baterias mais<br />
recentes continua aquém das exigências requeridas pelos<br />
veículos eléctricos, principalmente, ao nível da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
energia (por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peso e volume) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
potência. Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às distâncias relativamente curtas que<br />
caracterizam os trajectos nos centros urbanos, será aqui que<br />
resi<strong>de</strong> o maior potencial <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong>stes veículos.<br />
Nas últimas décadas, vários fabricantes <strong>de</strong> automóveis têm<br />
feito alguns investimentos no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
tecnologia das células <strong>de</strong> combustível, com vista à aplicação<br />
em veículos eléctricos. Os maiores <strong>de</strong>safios ao seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e proliferação resi<strong>de</strong>m na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
produção, armazenamento e distribuição <strong>de</strong> hidrogénio. A<br />
evolução <strong>de</strong>sta tecnologia tem ainda um longo caminho a<br />
percorrer, sen<strong>do</strong> também incerta a opção futura por esta<br />
solução.<br />
2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS VH E VE<br />
As alternativas aos veículos convencionais, basea<strong>do</strong>s em<br />
MCI, po<strong>de</strong>m ser classificadas <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>:<br />
Veículos híbri<strong>do</strong>s (VH) – Em termos gerais, um veículo<br />
híbri<strong>do</strong> é caracteriza<strong>do</strong> por incluir <strong>do</strong>is ou mais sistemas <strong>de</strong><br />
propulsão. Os mais usuais são os veículos híbri<strong>do</strong>s eléctricos<br />
– combinação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is sistemas <strong>de</strong> propulsão: um basea<strong>do</strong> no<br />
MCI, o segun<strong>do</strong> assente em um ou vários motores eléctricos<br />
(ME). Existem várias configurações possíveis para estes<br />
veículos: série, paralelo e série-paralelo (esta última com<br />
duas variantes);<br />
Veículos eléctricos (VE) – apenas incluem motores<br />
eléctricos. Em termos <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia empregues há a<br />
distinguir as baterias das células <strong>de</strong> combustível.<br />
2.1 VEÍCULOS HÍBRIDOS<br />
A concepção <strong>de</strong> base <strong>do</strong>s veiculos híbri<strong>do</strong>s assenta na<br />
conjugação das vantagens <strong>do</strong>s veículos convencionais (MCI)<br />
e <strong>do</strong>s veiculos eléctricos: elevada autonomia e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> energia e potência (MCI); eleva<strong>do</strong>s rendimentos e<br />
emissões nulas a nível local (VE).<br />
18<br />
Por outro la<strong>do</strong>, procura-se superar também as limitações <strong>de</strong><br />
ambos: no caso <strong>do</strong>s MCI, utilização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> combustíveis fósseis e emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong><br />
estufa; para os VE há a referir as autonomias reduzidas,<br />
eleva<strong>do</strong>s tempos <strong>de</strong> carregamento <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />
armazenamento <strong>de</strong> energia e maior custo inicial [2], [3].<br />
Na utilização <strong>de</strong> motores eléctricos nos VH há <strong>do</strong>is objectivos<br />
bem vinca<strong>do</strong>s: o primeiro é a optimização <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong><br />
MCI; a recuperação da energia cinética na frenagem <strong>do</strong><br />
veículo (armazenada nas baterias) é o segun<strong>do</strong> objectivo.<br />
Este apenas é possível pela presença <strong>do</strong>(s) motor(es)<br />
eléctrico(s).<br />
Existem vários mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento possíveis,<br />
associa<strong>do</strong>s às características <strong>do</strong>s próprios motores [1]:<br />
O MCI propulsiona integralmente o veículo. Esta situação<br />
po<strong>de</strong> ocorrer quan<strong>do</strong> as baterias estão praticamente<br />
<strong>de</strong>scarregadas e a potência disponível no veio <strong>do</strong> MCI é<br />
integralmente necessária para a tracção; estan<strong>do</strong> as<br />
baterias à plena carga, um cenário semelhante ocorre no<br />
caso da potência <strong>de</strong> tracção exigida correspon<strong>de</strong>r a um<br />
regime <strong>de</strong> funcionamento óptimo <strong>do</strong> MCI;<br />
Propulsão puramente eléctrica (MCI <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>). Justificase<br />
para os regimes <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> MCI com baixos<br />
rendimento (ex., nas baixas velocida<strong>de</strong>s) ou em<br />
ambientes com limitações <strong>de</strong> emissões elevadas;<br />
Propulsão híbrida (MCI+ME), se no esforço <strong>de</strong> tracção<br />
são exigidas elevadas potências (por ex., em subidas e<br />
elevadas acelerações);<br />
Frenagem regenerativa, na qual a energia cinética <strong>do</strong><br />
veículo é recuperada – o motor funciona agora como<br />
gera<strong>do</strong>r – e armazenada nas baterias, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser<br />
posteriormente utilizada na tracção <strong>do</strong> veículo;<br />
O MCI efectua o carregamento das baterias, haven<strong>do</strong><br />
diferentes cenários a consi<strong>de</strong>rar: veículo imobiliza<strong>do</strong> ou<br />
numa <strong>de</strong>scida sem mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tracção e frenagem nos<br />
sistemas <strong>de</strong> propulsão;<br />
O MCI e o(s) ME(s) – em mo<strong>do</strong> regenerativo –, carregam<br />
simultaneamente as baterias <strong>do</strong> veículo;<br />
O MCI propulsiona o veículo, bem como efectua o<br />
carregamento das baterias;<br />
O MCI carrega as baterias e estas alimentam o(s) ME(s);
ARTIGO TÉCNICO<br />
O eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento nos veículos<br />
híbri<strong>do</strong>s, tornam-os muito flexíveis; no entanto, acresce a<br />
complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> propulsão, o que implica a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas complexos <strong>de</strong> controlo, bem como<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s fluxos <strong>de</strong><br />
energia, capazes <strong>de</strong> optimizarem a eficiência <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
funcionamento anteriores.<br />
Em seguida, <strong>de</strong>screvem-se as três configurações<br />
mencionadas para os VH, as quais se distinguem pelo mo<strong>do</strong><br />
como o MCI é inseri<strong>do</strong> no sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica.<br />
Configuração Série – O MCI apenas acciona um gera<strong>do</strong>r que<br />
alimenta o ME <strong>de</strong> tracção <strong>do</strong> veículo; o gera<strong>do</strong>r também<br />
efectua o carregamento das baterias. Em termos <strong>de</strong><br />
concepção, trata-se <strong>de</strong> um VE assisti<strong>do</strong> por um MCI [2] –<br />
Figura 1.<br />
Energia <strong>de</strong> propulsão/Carregamento das baterias: o<br />
sistema MCI/gera<strong>do</strong>r fornece a energia para<br />
propulsionar o veículo e carrega as baterias;<br />
Frenagem regenerativa: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o ME<br />
funciona como gera<strong>do</strong>r, efectuan<strong>do</strong> o carregamento das<br />
baterias;<br />
Carregamento das baterias: o(s) ME(s) não são<br />
alimenta<strong>do</strong>s; o sistema MCI/gera<strong>do</strong>r somente carrega as<br />
baterias;<br />
Carregamento híbri<strong>do</strong> das baterias: o sistema<br />
MCI/gera<strong>do</strong>r e o(s) ME(s) – funcionan<strong>do</strong> como<br />
gera<strong>do</strong>r(es) – efectuam o carregamento das baterias.<br />
Não existin<strong>do</strong> ligação mecânica entre o MCI e o sistema <strong>de</strong><br />
transmissão <strong>de</strong> potência, os seus regimes <strong>de</strong> funcionamento<br />
tornam-se mais flexíveis, permitin<strong>do</strong> optimizar o<br />
funcionamento <strong>do</strong> MCI (referi<strong>do</strong> anteriormente). No<br />
entanto, a existência <strong>de</strong> três máquinas (MCI, gera<strong>do</strong>r e ME)<br />
tornam o sistema <strong>de</strong> propulsão <strong>do</strong> veículo mais<br />
complexo, normalmente mais pesa<strong>do</strong> e com menores<br />
rendimentos em relação às outras configurações.<br />
Figura 1 – VH: Configuração Série<br />
Configuração Paralela – Existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> MCI e <strong>do</strong><br />
ME fornecerem potência, em paralelo, às rodas <strong>de</strong> tracção<br />
<strong>do</strong> veículo. Conceptualmente, trata-se <strong>de</strong> um veículo<br />
convencional (MCI) com assistência eléctrica (MEs) [2]. Desta<br />
forma, ambos os motores estão acopla<strong>do</strong>s ao veio <strong>de</strong><br />
transmissão através <strong>de</strong> duas embraiagens<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, pelo que a propulsão po<strong>de</strong> ser efectuada<br />
pelo MCI, pelo ME ou por ambos (Figura 2).<br />
Em princípio, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os seguintes mo<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> funcionamento [1], [2]:<br />
Energia <strong>de</strong> propulsão – baterias: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>, a<br />
energia <strong>de</strong> propulsão provém unicamente das baterias;<br />
Energia <strong>de</strong> propulsão – MCI: a energia <strong>de</strong> propulsão é<br />
somente garantida pelo sistema MCI/gera<strong>do</strong>r; não há<br />
qualquer fluxo <strong>de</strong> energia nas baterias;<br />
Energia <strong>de</strong> propulsão – mo<strong>do</strong> híbri<strong>do</strong>: a potência <strong>de</strong><br />
tracção é garantida pelo MCI e pelas baterias;<br />
Figura 2 – VH: Configuração Paralela<br />
19
ARTIGO TÉCNICO<br />
Também aqui a optimização <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> MCI é<br />
conseguida. O motor eléctrico po<strong>de</strong> funcionar como gera<strong>do</strong>r<br />
para carregar as baterias, haven<strong>do</strong> duas possibilida<strong>de</strong>s:<br />
- Frenagem regenerativa;<br />
- No caso da potência mecânica disponível no veio <strong>do</strong> MCI<br />
ser superior ao necessário para o esforço <strong>de</strong> tracção, o<br />
exce<strong>de</strong>nte é forneci<strong>do</strong> ao gera<strong>do</strong>r.<br />
Para <strong>de</strong>sempenhos semelhantes é também <strong>de</strong> referir o uso<br />
<strong>de</strong> MCI e ME <strong>de</strong> menores potências, relativamente à<br />
configuração série.<br />
Configuração Série-Paralela – Esta estrutura integra as<br />
características das duas anteriores, procuran<strong>do</strong> assimilar as<br />
vantagens <strong>de</strong> ambas. A figura 3 apresenta esta configuração.<br />
Os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento possíveis são os seguintes:<br />
Propulsão ME: o MCI é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o veículo é<br />
propulsiona<strong>do</strong> apenas pelo ME;<br />
Propulsão MCI: o contrário <strong>do</strong> anterior, o veículo é<br />
propulsiona<strong>do</strong> apenas pelo MCI;<br />
Propulsão Híbrida: ambos os motores (MCI e ME)<br />
contribuem para a propulsão <strong>do</strong> veículo;<br />
Propulsão MCI dividida: uma parte da potência no veio<br />
<strong>do</strong> MCI é usada na propulsão; a outra parte carrega as<br />
baterias, o que implica ter o ME a funcionar como<br />
gera<strong>do</strong>r;<br />
Fenagem simples (apenas regenerativa): o MCI é<br />
<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>; o ME funciona como gera<strong>do</strong>r, efectuan<strong>do</strong> o<br />
carregamento das baterias;<br />
Frenagem regenerativa e mecânica: ME funciona como<br />
gera<strong>do</strong>r; MCI funciona como freio mecânico.<br />
Na configuração paralela há apenas duas máquinas (MCI e<br />
ME).<br />
Figura 3 – VH: Configuração Série-Paralela<br />
Em comparação com a estrutura série, há mais uma ligação<br />
mecânica ao veio <strong>de</strong> transmissão; relativamente à estrutura<br />
paralela, existe mais uma máquina eléctrica. O acoplamento<br />
mecânico das três máquinas po<strong>de</strong> ser efectua<strong>do</strong> através da<br />
inclusão <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> engrenagens planetário [1], [4].<br />
A figura 4 ilustra a sua estrutura.<br />
Figura 4 – Sistema <strong>de</strong> Engrenagens Planetário<br />
20
ARTIGO TÉCNICO<br />
Este sistema tem a vantagem <strong>de</strong> permitir o funcionamento<br />
<strong>do</strong> MCI num regime <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> constante (permitin<strong>do</strong> a<br />
sua optimização): a variação da velocida<strong>de</strong> no veio <strong>de</strong><br />
transmissão <strong>do</strong> veículo é conseguida através da regulação da<br />
potência <strong>de</strong>bitada pelo gera<strong>do</strong>r.<br />
Trata-se, pois, <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> transmissão variável <strong>de</strong><br />
potência em mo<strong>do</strong> contínuo, mais concretamente, um<br />
sistema electrónico <strong>de</strong> transmissão variável.<br />
Comparativamente aos sistemas puramente mecânicos <strong>de</strong><br />
transmissão contínua, este sistema electrónico é mais<br />
simples, fiável e com melhores rendimentos, uma vez que<br />
não existem embraiagens, conversores <strong>de</strong> binário e caixa <strong>de</strong><br />
engrenagens.<br />
Com vista ao aumento <strong>do</strong> rendimento, fiabilida<strong>de</strong> e<br />
robustez, novas concepções <strong>de</strong> sistemas electrónicos <strong>de</strong><br />
transmissão foram <strong>de</strong>senvolvidas, as quais assentam na<br />
eliminação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> engrenagens planetário. Nesse<br />
senti<strong>do</strong> refere-se:<br />
- Combinação <strong>de</strong> duas máquinas eléctricas concêntricas<br />
[3];<br />
- Uma única máquina com <strong>do</strong>is rotores [4], [5].<br />
Configuração Série-Paralela “Complexa” - A configuração<br />
representada na figura 5 apresenta semelhanças com a<br />
estrutura série-paralela (1 MCI e 2 ME).<br />
Há, no entanto, uma diferença importante na máquina<br />
eléctrica ligada mecanicamente ao MCI: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fluxo <strong>de</strong> energia bidireccional, ou seja, o funcionamento<br />
como motor ou gera<strong>do</strong>r.<br />
O potencial e versatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta estrutura são superiores à<br />
configuração série-paralela, pois acrescenta um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
funcionamento com três motores, o qual não existe naquela<br />
configuração.<br />
Naturalmente, também o nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>(s)<br />
sistema(s) <strong>de</strong> propulsão é gran<strong>de</strong>, o que torna o seu custo<br />
mais eleva<strong>do</strong>, juntamente com maiores exigências ao nível<br />
<strong>do</strong> controlo <strong>do</strong> veículo, bem como <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />
energia. Não obstante, é <strong>de</strong> referir a opção por esta<br />
configuração em algumas das séries mais recentes <strong>de</strong> VH<br />
[1], [2].<br />
Figura 5 – VH: Configuração Série-Paralela “Complexa”<br />
2.2 Veículos Eléctricos<br />
Na figura 6 está representada a estrutura básica <strong>de</strong>ste tipo<br />
<strong>de</strong> veículo [1].<br />
Existem três componentes fundamentais:<br />
<br />
Sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica;<br />
Sistema <strong>de</strong> alimentação/armazenamento <strong>de</strong> energia;<br />
Sistema auxiliar.<br />
O sistema <strong>de</strong> propulsão eléctrica é composto pelos seguintes<br />
elementos:<br />
- controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> veículo<br />
- conversor estático <strong>de</strong> potência <strong>de</strong> tracção<br />
- motor eléctrico<br />
- transmissão mecânica<br />
- rodas <strong>de</strong> tracção.<br />
O sistema <strong>de</strong> fornecimento/armazenamento <strong>de</strong> energia<br />
inclui os seguintes elementos:<br />
- fonte <strong>de</strong> energia e/ou sistema <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />
energia<br />
- sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia<br />
- unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reabastecimento.<br />
O sistema auxiliar inclui múltiplas unida<strong>de</strong>s, tais como: a<br />
direcção assistida, climatização, etc.<br />
21
ARTIGO TÉCNICO<br />
Trata-se <strong>de</strong> um sistema comum a qualquer tipo <strong>de</strong><br />
veículo, seja convencional, híbri<strong>do</strong> ou eléctrico.<br />
Os sinais emiti<strong>do</strong>s pelos pedais <strong>do</strong> acelera<strong>do</strong>r e travão<br />
(acciona<strong>do</strong>s pelo condutor <strong>do</strong> veículo) são recebi<strong>do</strong>s pelo<br />
controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> veículo, o qual actua no sistema <strong>de</strong> controlo<br />
<strong>do</strong> conversor <strong>de</strong> tracção <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a regular os fluxos <strong>de</strong><br />
energia entre o motor eléctrico e o sistema <strong>de</strong><br />
armazenamento <strong>de</strong> energia. A actuação <strong>do</strong> controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
veículo é também função <strong>do</strong>s sinais recebi<strong>do</strong>s pelo sistema<br />
<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia. São várias as funções <strong>de</strong>ste<br />
sistema, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> referir o controlo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> frenagem<br />
regenerativa e respectivo armazenamento <strong>de</strong> energia, a<br />
regulação das operações <strong>de</strong> reabastecimento e a<br />
monitorização <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />
energia.<br />
Tal como nos VH, o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia é<br />
fundamental neste tipo <strong>de</strong> veículos.<br />
O sistema auxiliar fornece a energia necessária às unida<strong>de</strong>s<br />
já referidas (tipicamente com vários níveis <strong>de</strong> tensão).<br />
Como referi<strong>do</strong>, a estrutura apresentada na figura 6 é<br />
elementar.<br />
Existem várias configurações possíveis para o sistema <strong>de</strong><br />
propulsão <strong>do</strong>s VE, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
funcionamento <strong>do</strong>s motores eléctricos. Na figura seguinte<br />
são apresenta<strong>do</strong>s alguns exemplos, que se julgam ser<br />
representativos <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> configurações [1].<br />
Actualmente, este é um assunto que continua a merecer a<br />
atenção <strong>de</strong> fabricantes e investiga<strong>do</strong>res.<br />
Figura 6 – Configuração Básica <strong>de</strong> um VE<br />
22
ARTIGO TÉCNICO<br />
Figura 7 – Sistemas <strong>de</strong> Propulsão para VE<br />
a) Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às zonas possíveis <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s<br />
motores eléctricos – binário constante (baixas<br />
velocida<strong>de</strong>s); potência constante (gama ampla <strong>de</strong><br />
velocida<strong>de</strong>s) – o sistema habitual <strong>de</strong> engrenagens com<br />
múltiplas relações (várias velocida<strong>de</strong>s) po<strong>de</strong> ser<br />
substituí<strong>do</strong> por um sistema com uma relação fixa. Deste<br />
mo<strong>do</strong>, a embraiagem é eliminada, reduzin<strong>do</strong> o peso e<br />
tamanho <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> transmissão mecânica; o<br />
controlo <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> propulsão torna-se mais simples.<br />
b) Nesta configuração, o diferencial mecânico é substituí<strong>do</strong><br />
por <strong>do</strong>is motores eléctricos. Naturalmente, são os<br />
respectivos sistemas <strong>de</strong> controlo que garantem<br />
velocida<strong>de</strong>s distintas em trajectos curvilíneos.<br />
c) Com vista a tornar mais simples o sistema <strong>de</strong><br />
propulsão, os motores eléctricos são fixa<strong>do</strong>s à própria<br />
roda <strong>de</strong> tracção, através <strong>de</strong> engrenagens (sistema inwheel).<br />
Esta concepção coloca <strong>de</strong>safios vários ao motor<br />
(dimensões, peso, robustez, fiabilida<strong>de</strong>, ...).<br />
d) Relativamente à concepção anterior, é elimina<strong>do</strong> o<br />
sistema <strong>de</strong> engrenagens: os rotores <strong>do</strong>s motores são<br />
monta<strong>do</strong>s directamente nas rodas <strong>de</strong> tracção, pelo que o<br />
controlo da velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> veículo correspon<strong>de</strong> ao<br />
controlo directo da velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s motores.<br />
As exigências colocadas a estes motores são<br />
várias, nomeadamente, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
eleva<strong>do</strong>s binários no arranque. De referir que uma<br />
abordagem às tendências actuais <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> motores<br />
eléctricos aplica<strong>do</strong>s em VE foi apresentada num artigo<br />
anterior.<br />
Neste tipo <strong>de</strong> veículos, as emissões locais associadas são<br />
nulas. Naturalmente, esta afirmação não consi<strong>de</strong>ra as fontes<br />
<strong>de</strong> energia utilizadas no carregamento das baterias. Com<br />
efeito, as emissões globais po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>ráveis, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da proveniência da energia<br />
armazenada nas baterias.<br />
No momento actual, as principais <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>stes<br />
veículos resi<strong>de</strong>m no eleva<strong>do</strong> peso e custo inicial das<br />
baterias, autonomias limitadas, tempos longos <strong>de</strong><br />
carregamento e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potência reduzidas. Não<br />
obstante, nos últimos anos têm si<strong>do</strong> empreendi<strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s<br />
esforços, no meio académico e industrial, com vista ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos tipos <strong>de</strong> baterias [6], bem como<br />
<strong>de</strong> estruturas híbridas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia –<br />
baterias, super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res e flywheels (esta última em<br />
menor grau).<br />
23
ARTIGO TÉCNICO<br />
Como foi referi<strong>do</strong>, actualmente há a consi<strong>de</strong>rar duas<br />
variantes <strong>de</strong> VE, associadas ao tipo <strong>de</strong> alimentação <strong>do</strong><br />
veículo. As principais características <strong>de</strong> ambas são<br />
apresentadas a seguir.<br />
2.2.1 Tipos <strong>de</strong> Baterias<br />
Actualmente, as baterias mais usadas nos VE (e também nos<br />
VH) são as <strong>de</strong> chumbo/áci<strong>do</strong> (PB) convencionais, <strong>de</strong> hidratos<br />
metálicos <strong>de</strong> níquel (NiMH) e <strong>de</strong> iões <strong>de</strong> lítio (Li Ion).<br />
Particularmente nestas últimas, têm si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s aumentos<br />
consi<strong>de</strong>ráveis nos valores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia (<strong>de</strong><br />
momento apresentam valores muito superiores aos<br />
restantes tipos <strong>de</strong> baterias). Há uma clara tendência para a<br />
sua integração com super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res, aproveitan<strong>do</strong> os<br />
eleva<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência <strong>de</strong>stes últimos<br />
[3], [7]. Tais sistemas híbri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia<br />
são mais complexos, necessitan<strong>do</strong> da inclusão <strong>de</strong><br />
conversores estáticos <strong>de</strong> potência e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />
energia específicos. De acor<strong>do</strong> com [8] há diversas vantagens<br />
a consi<strong>de</strong>rar nestes sistemas, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> realçar o<br />
<strong>de</strong>sacoplamento <strong>do</strong> controlo <strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> energia e<br />
potência (esta última é essencial nas frenagens); também a<br />
eficiência na gestão <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />
armazenamento vem melhorada.<br />
Existem diversos factores que condicionam os <strong>de</strong>sempenhos<br />
das baterias, <strong>do</strong>s quais se enumeram alguns <strong>do</strong>s mais<br />
relevantes:<br />
Nível <strong>de</strong> carga – State of Charge (SOC);<br />
Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento;<br />
Tensões e correntes;<br />
Frequência das cargas e <strong>de</strong>scargas;<br />
Temperatura <strong>de</strong> funcionamento;<br />
Ida<strong>de</strong> da bateria.<br />
As baterias usadas nos veículos <strong>de</strong> tracção estão sujeitas a<br />
ambientes e condições <strong>de</strong> funcionamento muito agressivos<br />
(amplas variações <strong>de</strong> temperatura, ciclos <strong>de</strong> carga exigentes,<br />
choques e vibrações mecânicas). Estes aspectos po<strong>de</strong>m<br />
contribuir para um envelhecimento precoce, traduzi<strong>do</strong> pela<br />
diminuição da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento e<br />
aumento da resistência interna. [9]<br />
O sistema <strong>de</strong> gestão das baterias (Battery Management<br />
System) é fundamental, não apenas na monitorização <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> das baterias e sua protecção, mas também para<br />
permitir as operações <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga, em coor<strong>de</strong>nação<br />
com o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
funcionamento em frenagem regenerativa é <strong>do</strong>s mais<br />
críticos a consi<strong>de</strong>rar, uma vez que as correntes envolvidas e<br />
respectivos gradientes po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>struir as baterias. Em<br />
particular, as baterias <strong>de</strong> lítio exigem condições <strong>de</strong><br />
funcionamento muito bem controladas, sob pena <strong>de</strong> se<br />
danificarem. Com efeito, são muito sensíveis a sobretensões,<br />
sobrecorrentes e à temperatura <strong>de</strong> funcionamento.<br />
2.2.2 Células <strong>de</strong> Combustível<br />
São dispositivos gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> energia eléctrica, resultante <strong>de</strong><br />
reacções electroquímicas baseadas em hidrogénio<br />
(combustível não poluente, com elevada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
energia). Sublinha-se o facto <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
energia, enquanto as baterias são armazena<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
energia. Uma característica importante a referir é que o<br />
produto das reacções é apenas vapor <strong>de</strong> água. As principais<br />
vantagens resi<strong>de</strong>m na elevada eficiência energética das<br />
reacções electroquímicas, emissões locais nulas e tempos<br />
curtos <strong>de</strong> abastecimento (<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> hidrogénio). [2], [3]<br />
A energia eléctrica produzida nas células <strong>de</strong> combustível é<br />
usada na propulsão <strong>do</strong> veículo ou no carregamento das<br />
baterias e super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res para uso futuro.<br />
3 Alimentação Externa <strong>de</strong> Energia Eléctrica (Plug-in)<br />
Estes veículos po<strong>de</strong>m ser liga<strong>do</strong>s a um sistema <strong>de</strong><br />
carregamento exterior das baterias.<br />
Os veículos híbri<strong>do</strong>s Plug-in têm sistemas <strong>de</strong> propulsão<br />
semelhantes aos híbri<strong>do</strong>s convencionais. Para distâncias<br />
curtas, o veículo funciona em mo<strong>do</strong> puramente eléctrico,<br />
com as baterias a fornecer a energia necessária à propulsão.<br />
24
ARTIGO TÉCNICO<br />
Nas distâncias longas, quan<strong>do</strong> a carga das baterias é inferior<br />
a um valor especifica<strong>do</strong>, o veículo passa a funcionar no mo<strong>do</strong><br />
híbri<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, conseguem-se funcionamentos que se<br />
aproximam mais <strong>do</strong>s veículos puramente eléctricos [10].<br />
É <strong>de</strong> referir que as baterias usadas nos VH Plug-in têm <strong>de</strong> ter<br />
características semelhantes às exigidas para os VE. De mo<strong>do</strong><br />
geral, os VE são sempre <strong>do</strong> tipo Plug-in.<br />
4 Conclusões<br />
Os custos e limitações das reservas <strong>de</strong> combustíveis fósseis e<br />
os impactos ambientais <strong>de</strong>correntes da sua utilização<br />
intensa, conduziram a um aumento no interesse e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s veículos eléctricos e híbri<strong>do</strong>s, não<br />
apenas por parte da comunida<strong>de</strong> científica mas também ao<br />
nível <strong>do</strong>s governos e opiniões públicas mundiais.<br />
Os veículos Plug-in po<strong>de</strong>rão também interagir com a re<strong>de</strong><br />
pública <strong>de</strong> energia, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> contribuir para uniformizar o<br />
diagrama <strong>de</strong> cargas: durante o perío<strong>do</strong> nocturno (menor<br />
procura <strong>de</strong> energia) efectua-se o carregamento; nas horas<br />
diurnas (maior procura <strong>de</strong> energia), haven<strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
energia armazenada nos veículos, este po<strong>de</strong> ser injecta<strong>do</strong> na<br />
re<strong>de</strong> [10], [11].<br />
A Tabela 1 apresenta uma síntese das características <strong>do</strong>s<br />
tipos <strong>de</strong> veículos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s.<br />
Até ao momento, os veículos híbri<strong>do</strong>s têm conheci<strong>do</strong> um<br />
maior grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que se reflecte na<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los comercialmente disponibiliza<strong>do</strong>s<br />
pelos principais fabricantes e automóveis. Os principais<br />
<strong>de</strong>safios que continuam a ser enfrenta<strong>do</strong>s estão no controlo<br />
e optimização das diferentes fontes <strong>de</strong> energia (o que<br />
implica <strong>de</strong>senvolver sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia<br />
eficazes, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> actuação em tempo real) e no<br />
custo final <strong>do</strong> veículo.<br />
Tabela 1 – Características <strong>de</strong> VH e VE [2]<br />
VH VE (baterias) VE (cél. <strong>de</strong> combust.)<br />
Sistema <strong>de</strong> Propulsão<br />
- Motores eléctricos<br />
- MCI<br />
- Motores<br />
eléctricos<br />
- Motores eléctricos<br />
Sistema <strong>de</strong> Armazenamento<br />
<strong>de</strong> Energia<br />
Fontes <strong>de</strong> Energia e Infraestruturas<br />
Características<br />
Principais Desvantagens<br />
- Baterias<br />
- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />
- Combustíveis fósseis ou<br />
alternativos<br />
- Estações <strong>de</strong> gasolina<br />
- Pontos <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong><br />
energia (“Plug-in” híbri<strong>do</strong>)<br />
- Emissões locais baixas<br />
- Elevada economia <strong>de</strong><br />
combustível<br />
- Depen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis<br />
- Autonomia longa<br />
- Disponível<br />
- Desempenhos das baterias<br />
- Controlo e optimização <strong>de</strong><br />
consumos; gestão <strong>de</strong> várias<br />
fontes <strong>de</strong> energia<br />
- Custo superior ao <strong>do</strong>s<br />
veículos convencionais<br />
(MCI)<br />
- Baterias<br />
- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />
- Pontos <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong><br />
energia (“Plug-in”)<br />
- Emissões locais nulas<br />
-Rendimentos eleva<strong>do</strong>s<br />
-Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> directam. <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis<br />
- Autonomia limitada<br />
- Disponível<br />
- Desempenhos e tempos <strong>de</strong><br />
vida útil das baterias<br />
- Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos<br />
<strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong> energia<br />
- Eleva<strong>do</strong> custo inicial<br />
- Depósito <strong>de</strong> H2<br />
- Baterias<br />
- Super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res<br />
- H2<br />
-Produção <strong>de</strong> H2; infraestruturas<br />
<strong>de</strong> transporte<br />
- Emissões locais nulas<br />
-Rendimentos eleva<strong>do</strong>s<br />
- Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> directamente<br />
<strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />
- Em <strong>de</strong>senvolvimento<br />
- Custo eleva<strong>do</strong> das células<br />
<strong>de</strong> combustível, ciclos <strong>de</strong><br />
vida curtos, fiabilida<strong>de</strong><br />
-Produção <strong>de</strong> H2; criação <strong>de</strong><br />
infra-estruturas <strong>de</strong><br />
transporte<br />
- Custo eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> veículo<br />
25
ARTIGO TÉCNICO<br />
Nos últimos anos, os veículos eléctricos têm vin<strong>do</strong> a<br />
conhecer um maior <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s seus subsistemas,<br />
sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar: novas concepções <strong>de</strong> máquinas eléctricas<br />
e conversores <strong>de</strong> potência, estruturas híbridas nos sistemas<br />
<strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia (baterias integradas com<br />
super-con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>res e respectivos conversores <strong>de</strong><br />
potência). O gran<strong>de</strong> obstáculo continua a residir nas<br />
características das baterias disponíveis (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
energia, ciclos <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga, custos). Também aqui o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> energia em<br />
tempo real será um factor <strong>de</strong>terminante no sucesso <strong>de</strong>stes<br />
veículos.<br />
A opção pelas células <strong>de</strong> combustível é ainda uma incógnita<br />
gran<strong>de</strong>: não só a sua tecnologia se encontra numa fase muito<br />
inicial, como também esta via implicará a disseminação em<br />
larga escala <strong>de</strong> infra-estruturas para a produção, distribuição<br />
e armazenamento <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> múltiplos <strong>do</strong>mínios<br />
científicos e tecnológicos, tais como, indústria automóvel,<br />
máquinas eléctricas e respectivo controlo, electrónica <strong>de</strong><br />
potência e sistemas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> energia, com<br />
<strong>de</strong>sempenhos semelhantes aos <strong>do</strong>s veículos convencionais<br />
(MCI), coloca eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> exigência à concepção <strong>do</strong>s<br />
VH e VE. Como tal, a mo<strong>de</strong>lização e simulação <strong>de</strong>stes<br />
sistemas assume um papel <strong>de</strong>terminante no seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, uma vez que permite a concepção e teste<br />
<strong>de</strong> novas estruturas e sistemas <strong>de</strong> controlo, sem gran<strong>de</strong>s<br />
exigências em termos materiais e <strong>de</strong> tempo. Também no<br />
campo <strong>do</strong> diagnóstico <strong>de</strong> avarias é <strong>de</strong> salientar a mais-valia<br />
conseguida com ferramentas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lização e simulação.<br />
Por último, o futuro <strong>do</strong>s VH e VE passará seguramente pela<br />
integração das opiniões públicas mundiais e respectivos<br />
governos com os interesses <strong>de</strong> múltiplos sectores, tais como,<br />
indústria automóvel, transportes, comunida<strong>de</strong> académica e<br />
empresas <strong>do</strong> ramo energético.<br />
Bibliografia<br />
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Gay, Sebastien, Emadi, Ali (2005). “Mo<strong>de</strong>rn<br />
Electric, Hybrid Electric and Fuel Cell Vehicles –<br />
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[2] Chan, C.C. (2007). “The State of the Art of<br />
Electric, Hybrid, and Fuel Cell Vehicles”, Proceedings of<br />
the IEEE, Vol. 95, No. 4, pp. 704-718.<br />
[3] Chan, C.C. et al. (2010). “Electric, Hybrid and Fuel- Cell<br />
Vehicles: Architectures and Mo<strong>de</strong>ling”, IEEE Transactions<br />
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[4] K. T. Chau and C. C. Chan (2007). “Emerging energyefficient<br />
technologies for Hybrid Electric Vehicle”, Proc.<br />
IEEE, vol. 95, no. 4, pp. 821–835.<br />
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Electric Variable Transmission”, IEEE Transactions on<br />
Industry Applications, Vol.42, No4, pp. 1092-1100.<br />
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Management for New-Generation Electric Vehicles”, IEEE<br />
Transactions on Industrial Electronics, Vol.52, No5, pp.<br />
1343-1349.<br />
[7] Sun, Liqing et al. (2008). “State of Art of Energy System<br />
for New Energy Vehicles”, IEEE Vehicle Power and<br />
Propulsion Conference (VPPC), September 3-5, China.<br />
[8] Miller, John M., Startorelli, Gianni (2010). “Battery and<br />
Ultracapacitor Combinations – Where Should the<br />
Converter Go?”, IEEE Vehicle Power and Propulsion<br />
Conference (VPPC), September 1-3, France.<br />
[9] http://www.mpoweruk.com<br />
[10]Amjad, Shaik al. (2010). “Review of Design<br />
Consi<strong>de</strong>rations and Technological Challenges for<br />
Successful Development and Deployment of Plug-in<br />
Hybrid Electric Vehicles”, Renewable and Sustainable<br />
Energy Reviews, No14, pp. 1104-1110, Elsevier.<br />
[11]Somayajula, Deepak et al. (2009). “Designing Efficient<br />
Hybrid Electric Vehicles”, IEEE Vehicular Technology<br />
Magazine, Vol.4, no.2, pp. 65-72.<br />
26
ARTIGO TÉCNICO<br />
Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />
IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e Serviços, Lda<br />
FIBRAS ÓPTICAS<br />
O PARADIGMA<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Com a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>tar to<strong>do</strong>s os edifícios e<br />
urbanizações com instalações <strong>de</strong> fibra óptica <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />
Decreto-Lei 123/2009, to<strong>do</strong>s os projectistas, retalhistas,<br />
instala<strong>do</strong>res e promotores <strong>de</strong>param-se com a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> implementar algo ainda estranho para muitos.<br />
Se, por um la<strong>do</strong> a legislação obriga ao uso das fibras<br />
monomo<strong>do</strong>, in<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontro à compatibilização com as<br />
tecnologias que os opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> telecomunicações já<br />
estavam a implementar ( ex: Gigabit Ethernet – Passive<br />
Optical Network (GE-PON) nas FTTH (Fiber To The<br />
Home), por outro temos as re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> Complexos<br />
Empresariais e Fabris ou mesmo edifícios comerciais, cuja<br />
distribuição interior inter-basti<strong>do</strong>res, continua a ser<br />
implementada em fibras multimo<strong>do</strong> <strong>de</strong> última geração, pois<br />
a nível <strong>de</strong> custos <strong>do</strong>s conversores electro-ópticos (ONT)<br />
ainda há uma diferença substancial <strong>de</strong> valor entre os<br />
monomo<strong>do</strong> e os multimo<strong>do</strong>.<br />
Ten<strong>do</strong> em vista a constante evolução, os fabricantes ten<strong>de</strong>m<br />
a <strong>de</strong>senvolver produtos optimiza<strong>do</strong>s para as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
agora e as que se perspectivam para um futuro próximo.<br />
Figura 1 – Exemplo <strong>de</strong> Solução <strong>de</strong> Transporte IP baseada em GEPON<br />
27
ARTIGO TÉCNICO<br />
2 A FIBRA ÓPTICA NAS INSTALAÇÕES ITED<br />
As principais razões para a utilização da fibra óptica são:<br />
- Segurança na transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s: a fibra óptica não<br />
emite radiação electromagnética, como tal não é<br />
possível interceptar as comunicações remotamente.<br />
- Largura <strong>de</strong> banda: A fibra óptica tem uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s muito superior ao cobre.<br />
- Distância na transmissão: A atenuação <strong>do</strong>s sistemas<br />
ópticos é muito inferior aos sistemas <strong>de</strong> cobre, logo os<br />
da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser transmiti<strong>do</strong>s a distâncias mais longas.<br />
- Sem risco <strong>de</strong> interferências (EMI e RFI): A fibra óptica é<br />
construída maioritariamente em vidro, logo é imune a<br />
influências electromagnéticas (EMI) e <strong>de</strong> rádio<br />
frequência (RFI).<br />
As distâncias <strong>de</strong> transmissão num link (ligação entre <strong>do</strong>is<br />
activos) estão limitadas quer pela atenuação, quer pela<br />
largura <strong>de</strong> banda. Nas instalações cujo limite é a<br />
atenuação, a perda individual <strong>de</strong> cada componente <strong>de</strong>ve ser<br />
soma<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os componentes <strong>do</strong> link e o valor da<br />
atenuação <strong>de</strong>ve ficar <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> limite <strong>de</strong> perda para o canal<br />
(<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> na norma).<br />
Na figura apresenta-se um resumo das distâncias possíveis<br />
em links <strong>de</strong> fibra óptica basea<strong>do</strong> em protocolos específicos<br />
utilizan<strong>do</strong> 2 Conectores / Emendas (fusões). Componentes e<br />
cabos com melhores características <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, que as<br />
<strong>de</strong>finidas nas normas (standards) po<strong>de</strong>m ser necessários<br />
para atingir as distâncias máximas indicadas.<br />
O fabricante europeu Brand-Rex, é um <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong> na tecnologia <strong>do</strong>s cabos <strong>de</strong> fibra óptica. Os seus<br />
produtos exce<strong>de</strong>m to<strong>do</strong>s os parâmetros das normas que são<br />
<strong>de</strong>finidas para estes cabos e ainda <strong>de</strong>senvolvem sistemas<br />
inova<strong>do</strong>res e revolucionários, como veremos a seguir.<br />
A gama <strong>de</strong> produtos FibrePlus tem aplicação tanto em<br />
cablagens estruturadas convencionais, como em sistemas<br />
centraliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> fibra óptica. Esta gama <strong>de</strong><br />
produtos suporta os 2000m em instalações <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s locais<br />
conforme <strong>de</strong>scrito na norma ISO 11801:2002, bem com os<br />
300m <strong>de</strong>scritos na norma TSB72 (Directrizes sobre sistemas<br />
<strong>de</strong> centraliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fibra óptica) e na TIA568B/EIA.<br />
Figura 2 – I<strong>de</strong>ntificação da Distância <strong>de</strong> Transmissão<br />
Figura 3 – Distância <strong>de</strong> Transmissão em cata tipo <strong>de</strong> fibra óptica<br />
28
ARTIGO TÉCNICO<br />
Os imites <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na norma, são os indica<strong>do</strong>s<br />
na figura 4.<br />
O UFS 01 (Optical Unitube Fire Survival Cable) é usa<strong>do</strong> nos<br />
locais on<strong>de</strong> a transmissão <strong>de</strong> informação crítica <strong>de</strong>ve<br />
continuar mesmo que o edifício ou a estrutura on<strong>de</strong> está<br />
instala<strong>do</strong> esteja em chamas. Por essa razão, o seu uso em<br />
gran<strong>de</strong>s edifícios públicos, tais como data-centers,<br />
aeroportos, estações ferroviárias, estádios e estruturas<br />
industriais está a tornar-se cada vez mais comum.<br />
O uso <strong>do</strong> cabo nos sistemas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> edifício, sistemas<br />
<strong>de</strong> segurança e incêndio, significa que estes sistemas vitais<br />
permanecerão em funcionamento em caso <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes<br />
que ponham a vida humana em risco e obriguem à<br />
evacuação <strong>do</strong> edifício.<br />
Figura 4 – Limites <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na norma<br />
No actual ambiente <strong>de</strong> negócios, a manutenção em<br />
funcionamento <strong>do</strong>s sistemas críticos <strong>do</strong> negócio, em caso <strong>de</strong><br />
emergência é um pré-requisito fundamental. Nesse senti<strong>do</strong><br />
já está disponível no merca<strong>do</strong> o cabo <strong>de</strong> fibra óptica<br />
resistente ao fogo.<br />
O cabo UFS 01 Fire Survival Cable foi <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> para<br />
cumprir as normas IEC60794 e exce<strong>de</strong>r as norma IEC60331 –<br />
part25.<br />
Figura 6 – Teste <strong>de</strong> fogo IEC60331<br />
O teste <strong>de</strong> fogo IEC60331, vulgarmente conheci<strong>do</strong> por teste<br />
<strong>de</strong> sobrevivência ao fogo, foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para cabos eléctricos.<br />
Mas a “part25”, publicada em 1999 já refere os cabos <strong>de</strong><br />
fibra óptica.<br />
Esta norma <strong>de</strong>fine o teste a uma temperatura mínima <strong>de</strong><br />
chama <strong>de</strong> 750°C, com uma duração <strong>de</strong> aplicação<br />
recomendada <strong>de</strong> 90min., mais 15min. para arrefecimento. A<br />
norma só <strong>de</strong>fine como critério <strong>de</strong> aprovação, a manutenção<br />
da integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> circuito.<br />
O fabricante (Brand-Rex) foi mais além e <strong>de</strong>finiu como<br />
critério extra para aprovação, não exce<strong>de</strong>r 1.5dB no<br />
aumento da atenuação nestas condições <strong>de</strong> teste.<br />
Figura 5 – Composição <strong>do</strong> UFS 01<br />
29
ARTIGO TÉCNICO<br />
Para <strong>de</strong>monstrar o <strong>de</strong>sempenho ao teste <strong>de</strong><br />
sobrevivência ao fogo prolonga<strong>do</strong>, o<br />
fabricante (Brand-Rex) testou o cabo<br />
segun<strong>do</strong> a norma BS8434-2.<br />
Esta norma <strong>de</strong>fine o teste <strong>do</strong> cabo a uma<br />
temperatura <strong>de</strong> 930°C por<br />
120min., incluin<strong>do</strong> o choque mecânico e<br />
jactos <strong>de</strong> água como <strong>de</strong>fine a BSEN<br />
50200, provan<strong>do</strong> que o cabo UFS 01 Fire<br />
Survival Cable po<strong>de</strong> superar os testes mais<br />
rigorosos.<br />
Figura 7 - Alteração da atenuação ao longo <strong>do</strong> tempo<br />
(IEC60331)<br />
Já a norma BSEN 50200:2000 Classe PH120<br />
<strong>de</strong>fine o teste <strong>do</strong> cabo a uma temperatura<br />
maior (830°C), choques mecânicos<br />
adicionais e spray <strong>de</strong> água durante o<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> "chama”.<br />
Este reforço <strong>de</strong> exigência simula uma<br />
situação real <strong>de</strong> fogo com sistemas <strong>de</strong><br />
compartimentação em funcionamento e<br />
potenciais impactos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos cain<strong>do</strong><br />
sobre o cabo.<br />
Figura 8 – Alteração da atenuação ao longo <strong>do</strong> tempo<br />
(BSEN 50200:2000)<br />
Figura 9 – Comparação <strong>do</strong>s testes IEC60331, BSEN 50200 e BS 8434-2<br />
30
ARTIGO TÉCNICO<br />
Sistema <strong>de</strong> fibra óptica Pré-Conecteriza<strong>do</strong> MT Connect<br />
A tecnologia <strong>do</strong> conector MT<br />
MT Connect é um sistema <strong>de</strong> cabos fibra óptica <strong>de</strong> alto<br />
<strong>de</strong>sempenho, pré-conecteriza<strong>do</strong>s, modulares, basea<strong>do</strong> na<br />
tecnologia <strong>do</strong> conector MPO.<br />
Este sistema po<strong>de</strong>rá ser usa<strong>do</strong> em projectos convencionais<br />
para diminuir o tempo <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong>s links <strong>de</strong> backbone<br />
(ligações entre basti<strong>do</strong>res), em distribuição horizontal na<br />
fibra ao posto <strong>de</strong> trabalho ou data-centers on<strong>de</strong> as multiplas<br />
ligações ponto-a-ponto em fibra óptica entre basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
distribuição e basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong> equipamentos activos po<strong>de</strong>m<br />
ser rápida e eficientemente instaladas, mantidas e alteradas<br />
conforme as necessida<strong>de</strong>s.<br />
O conector MPO é a parte mais importante <strong>do</strong> sistema MT<br />
Connect.<br />
Este conector acomoda até 12 fibras graças à alta precisão <strong>de</strong><br />
fabrico das partes <strong>de</strong> termoplástico e guias metálicas, que<br />
garantem o alinhamento e a manutenção da polarida<strong>de</strong> das<br />
fibras, sen<strong>do</strong> a sua ligação ao painel por encaixe, com um<br />
Click audivel para garantir que as ligações estão bem<br />
efectuadas.<br />
Instalação<br />
O sistema MT Connect é <strong>de</strong> instalação simples e rápida.<br />
1. Coloca-se os cabos <strong>de</strong> backbonne no lugar.<br />
2. Instala-se os paineis nos basti<strong>do</strong>res.<br />
3. Liga-se os cabos <strong>de</strong>ntro das caixas LGX.<br />
4. Monta-se as caixas LGX nos paineis.<br />
O tempo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong>ste sistema é uma fracção <strong>do</strong><br />
tempo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> fibra convencional.<br />
Ligar 12 fibras pré-conecterizadas é muito mais simples e<br />
rápi<strong>do</strong> que fundir 12 pigtails em cada ponta <strong>do</strong> cabo.<br />
Figura 10 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems<br />
O sistema MT Connect tem vantagens únicas em relação aos<br />
sistemas convencionais:<br />
• Cabos pré-conecteriza<strong>do</strong>s com 12 fibras por conector<br />
MPO assegura uma instalação mais rápida <strong>de</strong> vários links<br />
<strong>de</strong> fibra.<br />
• Cabos com menor secção poupam espaço nos caminhos<br />
<strong>de</strong> cabos e basti<strong>do</strong>res favorecen<strong>do</strong> a circulação <strong>de</strong> ar<br />
• Construção modular favorece a simples e rápida<br />
manutenção e reparação.<br />
• Link ponta-a-ponta assegura<strong>do</strong> com os melhores<br />
<strong>de</strong>sempenhos obti<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> conecterização <strong>de</strong><br />
fábrica.<br />
Figura 11 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems<br />
A manutenção e acrescentos ao sistema é também mais<br />
simples graças à sua concepção modular.<br />
31
ARTIGO TÉCNICO<br />
Cabos <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />
O fabrico <strong>de</strong> um cabo MT Connect é feito com até 12 fibras<br />
LSOH num só cabo terminan<strong>do</strong> nas duas pontas com um<br />
conector MPO (sem pinos). Estes cabos são usa<strong>do</strong>s nos<br />
backbones ou na interligação horizontal <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
distribuição.<br />
Estão disponívei para fibras OM3, OM3 melhorada (Z50) e<br />
OS1(008) e com comprimentos standard <strong>de</strong> 1, 3, 5, 10, 20, 50<br />
e 100mts.<br />
O painel <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sistema MT connect é modular, pelo<br />
que permite a utilização <strong>do</strong>s diversos componentes num só<br />
painel. Po<strong>de</strong> ser equipa<strong>do</strong> com 3 modulos, sejam eles caixas<br />
LGX (para conectores LC ou SC em OM3, OM3(Z50) ou OS1),<br />
placa <strong>de</strong> 6 acopola<strong>do</strong>res MPO ou tampas cegas.<br />
Com este sistema po<strong>de</strong>mos ter até 216 fibras num só painel<br />
<strong>de</strong> 1U/19” (usan<strong>do</strong> 3 x 6 MPO), ou 36 LC duplex usan<strong>do</strong> as<br />
caixas LGX.<br />
6 way MPO Adaptor plate<br />
Blanking plate<br />
Figura 12 – Cabo <strong>de</strong> fibra <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />
19” Panel LGX Module<br />
Figura 15 – Painel <strong>de</strong> basti<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sistema MT Connect<br />
3 OBSERVAÇÕES FINAIS<br />
Figura 13 – Cabo <strong>de</strong> inter-ligação tipo “C” <strong>do</strong> sistema MT Connect<br />
Para a ligação <strong>do</strong> sistema MT Connect aos equipamentos<br />
activos nos basti<strong>do</strong>res é necessário usar este cabo hibri<strong>do</strong><br />
constituíi<strong>do</strong> por até 12 fibras LSOH num só cabo termina<strong>do</strong><br />
numa ponta com o conector MPO e na outra ponta por<br />
conetores LC ou SC após as fibras terem si<strong>do</strong> separadas na<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divisão.<br />
Observan<strong>do</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico nos<br />
produtos <strong>de</strong> fibra óptica não se centra só nas fibras<br />
monomo<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos concluir que as fibras multimo<strong>do</strong><br />
ainda terão uma gran<strong>de</strong> aplicação nos próximos anos nas<br />
infra-estruturas <strong>de</strong> comunicações.<br />
Bibliografia<br />
1. Documentação técnica <strong>do</strong> fabricante Brand-Rex (www.brandrex.com)<br />
2. Documentação técnica <strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r IEMS (www.iems.pt)<br />
Figura 14 – Cabo Hibri<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sistema MT Connect<br />
32
ARTIGO TÉCNICO<br />
António Augusto Araújo Gomes; Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
SEGURANÇA CONTRA INTRUSÃO<br />
HABITAÇÃO<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
O crescente aumento da criminalida<strong>de</strong>, com especial<br />
incidência nos crimes contra a proprieda<strong>de</strong>, levou a um forte<br />
incremento na procura e instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos<br />
<strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong> Intrusão (SADI).<br />
A instalação <strong>de</strong> um SADI não po<strong>de</strong> ser analisada numa<br />
perspectiva exclusivamente monetária, ignoran<strong>do</strong>-se uma<br />
série <strong>de</strong> outros aspectos, como por exemplo, o facto <strong>de</strong>,<br />
aquan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um assalto, além <strong>do</strong> roubo e/ou vandalismo <strong>de</strong><br />
bens <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor comercial, po<strong>de</strong>r ocorrer também o<br />
roubo e/ou vandalismo <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> baixo valor comercial,<br />
mas <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor sentimental, além <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m<br />
também ocorrer danos físicos e/ou psicológicos nos<br />
ocupantes das instalações.<br />
A instalação <strong>de</strong> um SADI torna-se, assim, fundamental como<br />
elemento <strong>de</strong> garantia <strong>do</strong> bem-estar e da segurança das<br />
pessoas, velan<strong>do</strong> pela sua salvaguarda e pela salvaguarda<br />
<strong>do</strong>s seus bens, fazen<strong>do</strong> hoje (quase), obrigatoriamente,<br />
parte <strong>do</strong>s sistemas aplica<strong>do</strong>s no sector da habitação,<br />
serviços, comércio e indústria.<br />
A instalação <strong>de</strong> sistemas automáticos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />
intrusão tornou-se, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, hoje em dia, uma<br />
necessida<strong>de</strong> e um facto generaliza<strong>do</strong>, em to<strong>do</strong>s os sectores<br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o comércio, serviços, industria até á<br />
habitação, motiva<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
proce<strong>de</strong>r à protecção <strong>de</strong> pessoas e bens, mas também, pela<br />
confiabilida<strong>de</strong> e baixo preço <strong>de</strong>stes sistemas.<br />
2 CONSTITUIÇÃO DE UM SISTEMA DE DETECÇÃO DE INTRUSÃO<br />
É um equipamento ou conjunto <strong>de</strong> equipamentos integra<strong>do</strong>s<br />
entre si, com o intuito <strong>de</strong> vigiar <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço e, que<br />
em caso <strong>de</strong> intrusão (tentativa <strong>de</strong> entrada concretizada ou<br />
não), accione meios sonoros (Sirene), luminosos (Flash) ou<br />
ainda electrónicos (Comunica<strong>do</strong>res Telefónicos, liga<strong>do</strong>s ou<br />
não a Centrais <strong>de</strong> Recepção <strong>de</strong> Alarmes, etc), com vista à<br />
dissuasão <strong>do</strong>s actores <strong>do</strong> acto.<br />
Tipicamente, um SADI para uma moradia é constituí<strong>do</strong> por<br />
uma central <strong>de</strong> intrusão por zonas, com um número <strong>de</strong> zonas<br />
<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as dimensões e características<br />
arquitectónicas da instalação, um ou vários painéis <strong>de</strong><br />
coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema localiza<strong>do</strong>s nas entradas/saídas,<br />
<strong>de</strong>tectores automáticos normalmente passivos <strong>de</strong><br />
infravermelhos ou <strong>de</strong> dupla tecnologia, contactos <strong>de</strong> alarme<br />
e meios <strong>de</strong> sinalização, regra geral uma sirene óptico<br />
acústica auto alimentada <strong>de</strong> exterior e uma sirene acústica<br />
<strong>de</strong> interior, bem como, um sistema <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong><br />
alarme, normalmente um comunica<strong>do</strong>r telefónico.<br />
A figura 1, mostra a arquitectura geral <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão.<br />
Gestão Técnica<br />
Centralizada<br />
Detectores<br />
Automáticos<br />
Contactos<br />
Botões <strong>de</strong><br />
Alrme<br />
Pedais <strong>de</strong><br />
Alarme<br />
Unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong><br />
Controlo<br />
Painel <strong>de</strong><br />
Operação<br />
Sinalização<br />
Óptico/Acústica<br />
Sinalização à<br />
Distância<br />
Um sistema automático <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão é um<br />
sistema que automaticamente <strong>de</strong>tecta e sinaliza uma<br />
tentativa <strong>de</strong> intrusão.<br />
Outros<br />
Inputs<br />
Alimentação<br />
da Re<strong>de</strong><br />
Outros Outputs<br />
Alimentação <strong>de</strong><br />
Socorro<br />
Figura 1 – Constituição geral <strong>de</strong> sistema um SADI<br />
33
ARTIGO TÉCNICO<br />
2.1 CENTRAL DE INTRUSÃO<br />
A Central <strong>de</strong> Intrusão (CI) é o cérebro <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema. É a<br />
este equipamento que são liga<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os periféricos<br />
(Detectores, Painéis <strong>de</strong> Operação, Sirenes, …) e, a partir <strong>do</strong><br />
qual po<strong>de</strong>rá ser enviada uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> acção, em função<br />
<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s periféricos.<br />
zonas por meio <strong>de</strong> interfaces <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reçamento<br />
conseguin<strong>do</strong>-se, assim, soluções mais funcionais e mais<br />
fáceis <strong>de</strong> gerir. Embora este equipamento seja mais<br />
caro, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o equipamento <strong>do</strong>s sistemas<br />
<strong>de</strong> zonas, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> economia em cablagem e em<br />
mão-<strong>de</strong>-obra, aquan<strong>do</strong> da realização da instalação, contribui<br />
para uma atenuação <strong>do</strong> diferencial <strong>de</strong> custos.<br />
2.1.1 SELECÇÃO DO TIPO DE CENTRAL<br />
2.1.2 LOCALIZAÇÃO<br />
A selecção <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> Central <strong>de</strong> Intrusão é um aspecto<br />
fundamental para realizar uma eficaz protecção das<br />
instalações e <strong>de</strong>verá ser realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong><br />
instalação que se está a projectar.<br />
Os principais elementos a ter em conta na escolha da central<br />
<strong>de</strong> intrusão, são: o número <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> base, a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> expansão <strong>do</strong> número <strong>de</strong> zonas, o número <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong><br />
operação necessários, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registo em memória<br />
<strong>de</strong> eventos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração com sistemas <strong>de</strong><br />
gestão centralizada, a fiabilida<strong>de</strong> e, obviamente, o preço<br />
bem como a estética <strong>do</strong> equipamento.<br />
O tipo e a capacida<strong>de</strong> da CI <strong>de</strong>verão, assim, ser escolhi<strong>do</strong>s<br />
em função <strong>do</strong>s parâmetros anteriormente menciona<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> entre to<strong>do</strong>s a dimensão da instalação a<br />
proteger e o número <strong>de</strong> zonas requeridas pelo sistema.<br />
Com efeito, para instalações <strong>de</strong> pequena/média dimensão,<br />
são normalmente utilizadas centrais por zonas, on<strong>de</strong> cada<br />
zona <strong>de</strong>verá correspon<strong>de</strong>r a uma área protegida. Existem no<br />
merca<strong>do</strong> variadas gamas com 4, 6, 8, 10, 12 e 16 zonas,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mesmo chegar às centenas <strong>de</strong> zonas.<br />
Para instalações <strong>de</strong> média/gran<strong>de</strong> dimensão, cujos sistemas<br />
requeri<strong>do</strong>s são, normalmente, <strong>de</strong> maior dimensão e mais<br />
complexos, sen<strong>do</strong> necessárias um número bastante eleva<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> zonas e em que as distâncias <strong>do</strong>s locais a proteger à<br />
Central <strong>de</strong> Intrusão possam ser significativas, será vantajosa<br />
a utilização <strong>de</strong> sistemas en<strong>de</strong>reçáveis. Estes sistemas<br />
contemplam a existência e um bus on<strong>de</strong> estarão ligadas as<br />
34<br />
A localização da CI <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá essencialmente <strong>do</strong> facto <strong>de</strong><br />
esta ter, ou não, painel <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>.<br />
Se a CI não tiver painel <strong>de</strong> controlo incorpora<strong>do</strong>, que é o caso<br />
mais frequente, esta po<strong>de</strong>rá e <strong>de</strong>verá ser instalada numa<br />
zona técnica, em local seguro e protegi<strong>do</strong>, já que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
realizada a sua cablagem e programação, todas as restantes<br />
operações estarão disponíveis nos painéis <strong>de</strong> controlo.<br />
Se a CI tiver painel <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>, como é o caso<br />
<strong>de</strong> pequenos sistemas, esta <strong>de</strong>verá ficar localizada num lugar<br />
<strong>de</strong> fácil acesso que permita, além da sua cablagem e<br />
programação, um acesso fácil aos futuros utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
sistema.<br />
2.1.3 SELECÇÃO DO TIPO D E ZONA<br />
Embora possam variar <strong>de</strong> fabricante para fabricante <strong>de</strong><br />
equipamento, <strong>de</strong> uma forma geral, são consi<strong>de</strong>radas as<br />
seguintes funcionalida<strong>de</strong>s das zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção:<br />
• Zona <strong>de</strong> Intrusão<br />
- Instantânea<br />
Quan<strong>do</strong> o sistema se encontra “activa<strong>do</strong>” esta zona tem<br />
um funcionamento instantâneo.<br />
- Entrada/saída<br />
- Seguimento <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> entrada/saída<br />
• Zona <strong>de</strong> Pânico<br />
• Zona <strong>de</strong> Ataque<br />
• Zona <strong>de</strong> Incêndio<br />
• Zona <strong>de</strong> Sabotagem<br />
• Zona Técnica<br />
(Gás, Inundação, Humida<strong>de</strong>, Temperatura,...)
ARTIGO TÉCNICO<br />
A programação da funcionalida<strong>de</strong> da zona <strong>de</strong>verá ser<br />
realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a finalida<strong>de</strong> da mesma.<br />
Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> equipamento, esta po<strong>de</strong>rá ser<br />
realizada através <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> operação e/ou através <strong>de</strong><br />
software via computa<strong>do</strong>r.<br />
2.3 DETECTORES AUTOMÁTICOS<br />
Os Detectores automáticos são os “olhos” <strong>do</strong> sistema, são<br />
eles os elementos responsáveis pela <strong>de</strong>tecção da tentativa<br />
<strong>de</strong> intrusão e respectiva comunicação à Central <strong>de</strong> Intrusão.<br />
2.2 PAINEL DE OPERAÇÃO<br />
Os Painéis <strong>de</strong> Operação são os equipamentos que permitem<br />
o acesso ao sistema, quer para programação, quer para<br />
utilização.<br />
O princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores e a filosofia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tecção a utilizar, vai <strong>de</strong>terminar a escolha correcta <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> intrusão.<br />
2.3.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO<br />
Em pequenos sistemas, os Painéis <strong>de</strong> Operação po<strong>de</strong>m<br />
encontrar-se integra<strong>do</strong>s na própria Central <strong>de</strong> Intrusão,<br />
reunin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sta forma a central e o painel <strong>de</strong> operação<br />
num só equipamento. No entanto, o mais vulgar é que a<br />
central e os painéis se encontrem separa<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> estes<br />
interliga<strong>do</strong>s e instala<strong>do</strong>s em diversos locais da instalação.<br />
O acesso aos Painéis <strong>de</strong> Operação <strong>de</strong>ve ser protegi<strong>do</strong> por<br />
códigos <strong>de</strong> segurança, que inibam as entradas in<strong>de</strong>vidas no<br />
sistema. Normalmente, existem códigos diferencia<strong>do</strong>s para<br />
“Código Mestre”, que tem acesso a todas as funções, com<br />
excepção da programação <strong>do</strong> sistema, “Código Engenheiro”,<br />
com acesso à programação e testes <strong>do</strong> sistema e “Códigos <strong>de</strong><br />
Utiliza<strong>do</strong>r” que usualmente tem acesso a armar e <strong>de</strong>sarmar o<br />
sistema, leitura <strong>de</strong> incidências, alarme parcial e inibição <strong>de</strong><br />
zonas.<br />
Os <strong>de</strong>tectores automáticos agrupam-se em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s<br />
grupos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o seu princípio <strong>de</strong> funcionamento:<br />
• Passivos, que funcionam como receptores e que através<br />
<strong>de</strong> um sensor, registam alterações na sua área <strong>de</strong><br />
cobertura. São exemplo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, os<br />
<strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos, <strong>de</strong>tectores<br />
acústicos <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> vidros e os <strong>de</strong>tectores sísmicos.<br />
• Activos, que funcionam como um transmissor e um<br />
receptor, sen<strong>do</strong> que o transmissor envia um sinal ao<br />
receptor, que o recebe e avalia, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
variação em relação a um valor padrão origina o envio <strong>de</strong><br />
um sinal para a central. Transmissor e receptor, po<strong>de</strong>m<br />
constituir elementos separa<strong>do</strong>s, ou estar incluí<strong>do</strong>s numa<br />
mesma unida<strong>de</strong>. São exemplo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tectores, as Barreiras <strong>de</strong> infravermelhos, os <strong>de</strong>tectores<br />
ultra-sónicos e os <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> micro-ondas.<br />
Existe também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em situações particulares,<br />
permitir o aceso ao sistema através <strong>de</strong> chave, dispositivo<br />
codifica<strong>do</strong> via rádio ou via infravermelhos.<br />
2.3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO<br />
<br />
Detectores Passivos <strong>de</strong> Infravermelhos<br />
O número <strong>de</strong> Painéis <strong>de</strong> Controlo que po<strong>de</strong>rão ser utiliza<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características da CI que estiver a ser utilizada.<br />
Sen<strong>do</strong> Os Painéis <strong>de</strong> Controlo o interface utiliza<strong>do</strong>r/sistema,<br />
são uma parte importantíssima <strong>do</strong> sistema. Por isso, <strong>de</strong>verão<br />
estar localiza<strong>do</strong>s em locais com acesso fácil e rápi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>do</strong>(s) percurso(s) normais <strong>de</strong> entrada (entrada principal,<br />
garagem, etc. ), <strong>de</strong> forma a que o tempo necessário para<br />
activação e <strong>de</strong>sactivação <strong>do</strong> alarme seja o mais curto<br />
possível.<br />
São os <strong>de</strong>tectores automáticos, mais utiliza<strong>do</strong>s, pois<br />
permitem realizar a protecção <strong>de</strong> uma forma eficiente em<br />
praticamente todas as situações.<br />
O seu princípio <strong>de</strong> funcionamento baseia-se no facto <strong>de</strong><br />
to<strong>do</strong>s os elementos (pare<strong>de</strong>s, mobiliário, animais, corpo<br />
humano, etc.) irradiarem energia na zona <strong>do</strong><br />
infravermelho, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a temperatura das suas<br />
superfícies.<br />
35
ARTIGO TÉCNICO<br />
Essa energia é recebida por um sensor piroeléctrico coloca<strong>do</strong><br />
no <strong>de</strong>tector, através <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> vigilância, crian<strong>do</strong> aquan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> arme <strong>do</strong> sistema uma imagem da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
infravermelho no espaço <strong>de</strong> vigilância.<br />
Quan<strong>do</strong> alguém penetra na zona <strong>de</strong> vigilância <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, a<br />
temperatura medida sofre alteração, geran<strong>do</strong>-se então o<br />
sinal <strong>de</strong> alarme.<br />
A geração <strong>do</strong> sinal <strong>de</strong> alarme, é feita pela temperatura<br />
medida e pela taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong>sta temperatura.<br />
Estes <strong>de</strong>tectores, embora sen<strong>do</strong> os mais baratos, po<strong>de</strong>rão,<br />
em certas situações particulares, não garantir o melhor<br />
funcionamento <strong>do</strong> sistema e provocar alarmes<br />
intempestivos, como é o caso da protecção <strong>de</strong> locais em que<br />
possam existir fontes <strong>de</strong> calor (lareiras, radia<strong>do</strong>res) ou<br />
janelas com a incidência directa <strong>do</strong> sol que po<strong>de</strong>rão variar<br />
bruscamente <strong>de</strong> temperatura.<br />
O princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector passivo <strong>de</strong> infravermelhos<br />
já foi referi<strong>do</strong> anteriormente. Relativamente ao<br />
princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um ultra-sónico <strong>de</strong><br />
movimento, baseia-se na existência <strong>de</strong> um transmissor que<br />
envia continuamente ondas sonoras a frequências não<br />
audíveis para a área <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção.<br />
Um receptor <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um microfone, recebe e avalia a<br />
frequência <strong>de</strong>tectada.<br />
Se algum elemento (pessoa, animal, objecto, etc.), penetrar<br />
na área <strong>de</strong> protecção <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao Efeito<br />
Doppler, vai verificar-se um aumento <strong>de</strong> frequência <strong>do</strong> sinal<br />
emiti<strong>do</strong>, se o intruso se aproximar <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector e uma<br />
diminuição, caso se esteja a afastar. O <strong>de</strong>tector ao <strong>de</strong>tectar a<br />
alteração da frequência <strong>do</strong> sinal, gera a informação <strong>de</strong><br />
alarme.<br />
Detectores Acústicos <strong>de</strong> Quebra <strong>de</strong> Vidros<br />
A existência <strong>de</strong> falsos alarme é um factor <strong>de</strong>cisivo para a<br />
perda <strong>de</strong> confiança e <strong>de</strong>scrédito no sistema, pelo que <strong>de</strong>verá<br />
ser sempre minimiza<strong>do</strong>, através da escolha certa <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tector a utilizar, em função das suas condições particulares<br />
<strong>de</strong> implementação.<br />
Assim, em instalações on<strong>de</strong> se possam verificar qualquer<br />
uma das situações anteriormente <strong>de</strong>scritas, recomenda-se a<br />
utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> dupla tecnologia (Passivos <strong>de</strong><br />
Infravermelhos e <strong>de</strong> Micro Ondas), que permitem minimizar<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falsos alarmes.<br />
Detectores <strong>de</strong> Dupla Tecnologia (Passivos <strong>de</strong><br />
Infravermelhos e <strong>de</strong> Micro-Ondas)<br />
A actuação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> dupla tecnologia, assenta na<br />
combinação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sinais <strong>de</strong> alarme, <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector passivos<br />
<strong>de</strong> Infravermelhos e <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> micro-ondas, reduzin<strong>do</strong><br />
assim o risco <strong>do</strong>s falsos alarmes anteriormente referi<strong>do</strong>s.<br />
36<br />
Para situações particulares, nomeadamente para protecção<br />
periféricam, po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong> outro tipo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tectores, sen<strong>do</strong> os mais usuais os <strong>de</strong>tectores acústicos <strong>de</strong><br />
quebra <strong>de</strong> vidros.<br />
O seu princípio <strong>de</strong> funcionamento baseia-se na existência <strong>de</strong><br />
uma superfície em contacto com o vidro, por on<strong>de</strong> são<br />
transmitidas a um sensor piezoeléctrico, as vibrações <strong>de</strong>sse<br />
mesmo vidro.<br />
Aquan<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> intrusão, quan<strong>do</strong> o vidro se<br />
parte, gera frequências entre os 0,1 MHz e 1 MHz. O sensor<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>tector avalia a amplitu<strong>de</strong>, frequência e duração <strong>de</strong>sse<br />
sinal, geran<strong>do</strong> o alarme, quan<strong>do</strong> se ultrapassam certos<br />
valores, pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.<br />
Barreiras <strong>de</strong> Infra-vermelhos<br />
São constituídas por um transmissor e um receptor. O<br />
receptor emite para o receptor, um feixe <strong>de</strong> luz na zona <strong>do</strong><br />
infravermelho, modula<strong>do</strong>, para protecção contra luz<br />
exterior.
ARTIGO TÉCNICO<br />
O receptor me<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> e frequência <strong>do</strong> feixe,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda medir também a sua fase.<br />
Ao haver interposição <strong>de</strong> um corpo entre o transmissor e o<br />
receptor, as características <strong>do</strong> feixe são alteradas ou o feixe é<br />
interrompi<strong>do</strong>, o que gera sinalização <strong>de</strong> alarme.<br />
- Detectores <strong>de</strong> pressão para vitrinas<br />
- Sistema <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> quadros<br />
- Detectores quebra-vidros<br />
- Detectores <strong>de</strong> vibrações<br />
- Detectores <strong>de</strong> metais<br />
- Sistemas <strong>de</strong> raio X<br />
São normalmente utilizadas para a vigilância <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res,<br />
passagens, pare<strong>de</strong>s, janelas, portas, etc..<br />
Existem, também, versões para utilização no exterior, para a<br />
realização <strong>de</strong> uma protecção perimétrica, mas a sua<br />
utilização po<strong>de</strong> originar falsos alarmes, por exemplo, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
à presença <strong>de</strong> nevoeiro.<br />
Cabo Electrostático Subterrâneo<br />
É composto por um par <strong>de</strong> cabos enterra<strong>do</strong>s, em cuja malha<br />
existem pontos favoráveis ao estabelecimento <strong>de</strong> um campo<br />
electromagnético (sinal <strong>de</strong> 40 MHz), que se estabelece ente<br />
os <strong>do</strong>is, um o transmissor e outro o receptor.<br />
A entrada <strong>de</strong> um intruso, provoca alteração no corpo<br />
electromagnético, que conduz á sinalização <strong>de</strong> alarme.<br />
É utiliza<strong>do</strong> para protecção perimétrica, sen<strong>do</strong> imune aos<br />
fenómenos atmosféricos, como por exemplo o nevoeiro e o<br />
vento.<br />
Outros Detectores Automáticos<br />
Além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores anteriormente <strong>de</strong>scritos, ocupam um<br />
lugar privilegia<strong>do</strong> na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, existe, no<br />
merca<strong>do</strong> uma vasta gama <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, nomeadamente,<br />
para <strong>de</strong>tecção em condições muito especificas, para as quais<br />
os <strong>de</strong>tectores anteriormente <strong>de</strong>scritos não são apropria<strong>do</strong>s.<br />
Dentre esses <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong>stacamos:<br />
- Barreiras <strong>de</strong> micro-ondas<br />
- Detectores ultra-sónicos <strong>de</strong> movimento<br />
- Detectores movimento por microondas<br />
- Detectores sísmicos<br />
De entre este conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, os normalmente, mais<br />
utiliza<strong>do</strong>s são os <strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos e os<br />
<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> dupla tecnologia (Passivos <strong>de</strong> Infravermelhos<br />
e <strong>de</strong> Micro Ondas), pois permitem realizar a protecção <strong>de</strong><br />
uma forma eficiente em praticamente todas as situações.<br />
Contu<strong>do</strong>, para situações particulares po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong><br />
outro tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores, sen<strong>do</strong> os mais usuais os <strong>de</strong>tectores<br />
acústicos <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> vidros, <strong>de</strong>tectores sísmicos ou<br />
<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> pressão.<br />
Os <strong>de</strong>tectores passivos <strong>de</strong> infravermelhos, embora sen<strong>do</strong><br />
mais baratos que os <strong>de</strong> dupla tecnologia, po<strong>de</strong>rão, em certas<br />
situações particulares, não garantir o melhor funcionamento,<br />
como é o caso da protecção <strong>de</strong> locais em que possam existir<br />
fontes <strong>de</strong> calor (lareiras, radia<strong>do</strong>res) ou janelas com a<br />
incidência directa <strong>do</strong> sol que po<strong>de</strong>rão variar bruscamente <strong>de</strong><br />
temperatura. Estas condições po<strong>de</strong>rão provocar alarmes<br />
intempestivos.<br />
A localização e instalação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores automáticos serão<br />
outros <strong>do</strong>s aspectos a estudar cuida<strong>do</strong>samente, na fase <strong>de</strong><br />
projecto, pois a sua localização será um factor <strong>de</strong>terminante<br />
no correcto funcionamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema.<br />
Conforme foi referi<strong>do</strong>, há que analisar potenciais fontes <strong>de</strong><br />
calor que po<strong>de</strong>rão interferir no funcionamento <strong>do</strong> sensor,<br />
causan<strong>do</strong> falsos alarmes. Também a presença <strong>de</strong> animais e<br />
as janelas ou vidraças são também aspectos a ter em conta.<br />
A especificação e instalação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r<br />
aos requisitos menciona<strong>do</strong>s na sua ficha técnica,<br />
nomeadamente, no que se refere à sua área <strong>de</strong> protecção,<br />
altura <strong>de</strong> instalação e distância a outros objectos.<br />
37
ARTIGO TÉCNICO<br />
Normalmente os <strong>de</strong>tectores são instala<strong>do</strong>s a uma altura <strong>de</strong><br />
2,20 metros e na interligação <strong>de</strong> duas pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong> volume a<br />
proteger.<br />
Relativamente à sua ligação, os <strong>de</strong>tectores possuem a<br />
ligação da alimentação vinda da CI, três contactos <strong>de</strong> ligação<br />
<strong>do</strong> relé <strong>de</strong> alarme, “Comum”, “Normalmente Aberto” e<br />
“Normalmente Fecha<strong>do</strong>” que irão mudar <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> em caso<br />
<strong>de</strong> intrusão e comunicar esse alarme à CI e ainda um<br />
contacto <strong>de</strong> tamper que se <strong>de</strong>stina a impedir a sabotagem<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>tector, quan<strong>do</strong> o sistema se encontra em<br />
funcionamento “mo<strong>do</strong> dia” e por conseguinte com a<br />
informação <strong>de</strong> alarme inibida na CI.<br />
Assim, os Contactos Magnéticos e Contactos <strong>de</strong> Pressão,<br />
além <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção po<strong>de</strong>rão, também, ter a<br />
função acessória <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, como complemento à<br />
<strong>de</strong>tecção realizada pelos <strong>de</strong>tectores automáticos. No caso <strong>de</strong><br />
entradas/saídas <strong>de</strong>verão, assim, ser utiliza<strong>do</strong>s os contactos<br />
<strong>de</strong> alarme nas portas para <strong>de</strong>finição da temporização da<br />
zona <strong>de</strong> entrada/saída <strong>de</strong> forma a que os <strong>de</strong>tectores<br />
automáticos <strong>de</strong>ssa zona só tenham uma temporização <strong>de</strong><br />
actuação se antes for actua<strong>do</strong> o contacto da porta. Este<br />
procedimento visa garantir que se a zona <strong>de</strong> entrada/saída<br />
não for a <strong>de</strong>finida previamente (por exemplo se uma janela<br />
for arrombada) o sistema instantaneamente dê o alarme,<br />
minimizan<strong>do</strong> os efeitos da tentativa <strong>de</strong> intrusão ou da<br />
intrusão.<br />
2.4 CONTACTOS DE ALARME<br />
São, normalmente, utiliza<strong>do</strong>s para realizar uma protecção<br />
localizada em portas, janelas ou objectos, como<br />
complemento à protecção volumétrica <strong>de</strong> interior, realizada<br />
pelos <strong>de</strong>tectores automáticos <strong>de</strong> intrusão.<br />
São baratos e não provocam falsos alarmes.<br />
2.4.1 CONTACTOS MAGNÉTICOS<br />
2.5 BOTÕES MANUAIS E PEDAIS DE ALARME<br />
Os Botões e Pedais <strong>de</strong> Alarme são elementos<br />
complementarres <strong>de</strong> protecção, <strong>de</strong> actuação manual, <strong>de</strong><br />
complemento à <strong>de</strong>tecção realizada pelos outros elementos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, cuja actuação será realizada pelos próprios<br />
utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, por pânico<br />
ou emergência, mesmo quan<strong>do</strong> o sistema se encontra<br />
<strong>de</strong>sarma<strong>do</strong>.<br />
São constituí<strong>do</strong>s por um magnete permanente e por um<br />
interruptor. Quan<strong>do</strong> o magnete está posiciona<strong>do</strong> junto ao<br />
interruptor, este está fecha<strong>do</strong>, não haven<strong>do</strong> alarme, se o<br />
magnete se afastar, o interruptor abre, geran<strong>do</strong> alarme.<br />
2.4.2 CONTACTOS DE VIGILÂNCIA<br />
São constituí<strong>do</strong>s por um micro-interruptor, que quan<strong>do</strong><br />
pressiona<strong>do</strong>, mantém o circuito fecha<strong>do</strong>, não existin<strong>do</strong><br />
alarme. Se <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> existir esta pressão, ele abre, geran<strong>do</strong> o<br />
alarme.<br />
Os contactos <strong>de</strong> alarme são normalmente utiliza<strong>do</strong>s para<br />
realizar uma protecção localizada em portas, janelas ou<br />
objectos e <strong>de</strong>finir temporizações para actuação <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>tectores localiza<strong>do</strong>s nos percursos <strong>de</strong> entrada/saída.<br />
São dispositivos que quan<strong>do</strong> pressiona<strong>do</strong>s, actuam um<br />
contacto que vai gerar o alarme.<br />
São elementos acessórios <strong>de</strong> protecção, <strong>de</strong> actuação manual,<br />
<strong>de</strong> complemento à <strong>de</strong>tecção realizada pelos outros<br />
elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, cuja actuação será realizada pelos<br />
próprios utiliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>.<br />
2.6 OUTROS INPUTS<br />
Além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores automáticos, contactos <strong>de</strong> alarme e<br />
botões e pedais <strong>de</strong> alarme o sistema po<strong>de</strong> receber outros<br />
tipos <strong>de</strong> informações, caso o utiliza<strong>do</strong>r entenda po<strong>de</strong>rem<br />
servir <strong>de</strong> complemento aos elementos <strong>de</strong>scritos.<br />
38
ARTIGO TÉCNICO<br />
2.6 SINALIZADORES DE ALARME<br />
Existem, basicamente, <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> sinaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alarme:<br />
os sinaliza<strong>do</strong>res óptico-acústicos auto-alimenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
exterior e os sinaliza<strong>do</strong>res acústicos <strong>de</strong> interior.<br />
Existem em diversas formas, tamanhos e cores e a sua<br />
finalida<strong>de</strong> é, em caso <strong>de</strong> alarme, emitirem sinais sonoros<br />
e/ou luminosos, sinalizan<strong>do</strong> assim uma situação<br />
potencialmente anormal.<br />
Os sinaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alarme óptico-acústicos autoalimenta<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> exterior têm como função dar um alarme no<br />
exterior das instalações para que alguém possa tomar<br />
conhecimento <strong>do</strong> alarme e agir em conformida<strong>de</strong> com essa<br />
mesma situação. Deverão ser instala<strong>do</strong>s em locais bem<br />
visíveis e <strong>de</strong> difícil acesso. Na maioria das instalações é<br />
suficiente a instalação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes dispositivos.<br />
Para sinalização <strong>do</strong> alarme no interior da instalação <strong>de</strong>verá<br />
ser prevista a colocação <strong>de</strong> sirenes interiores, <strong>de</strong>vidamente<br />
distribuídas, para que o alarme seja audível em to<strong>do</strong>s os<br />
locais da instalação.<br />
- Se preten<strong>de</strong>r alertar os proprietários quan<strong>do</strong> estes se<br />
encontrem ausentes<br />
- Se pretenda a realização <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> vigilância<br />
com uma empresa <strong>de</strong> segurança<br />
- Se pretenda a comunicação da intrusão ou da tentativa<br />
<strong>de</strong> intrusão às forças policiais.<br />
Assim, esta sinalização po<strong>de</strong>rá ser realizada recorren<strong>do</strong> a<br />
meios <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> alarme, <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>stacamos:<br />
• Comunica<strong>do</strong>r telefónico<br />
É o meio mais generaliza<strong>do</strong> e económico <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong><br />
alarme à distância. Em caso <strong>de</strong> alarme a Central <strong>de</strong> Intrusão<br />
envia um sinal ao comunica<strong>do</strong>r telefónico que<br />
posteriormente efectua uma ou várias chamadas telefónicas<br />
para números pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s para transmissão da informação<br />
<strong>de</strong> alarme. Desta forma, se existir um alarme, o cliente será<br />
alerta<strong>do</strong> pelo próprio sistema, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim tomar a<br />
atitu<strong>de</strong> que consi<strong>de</strong>rar mais a<strong>de</strong>quada (telefonar à<br />
polícia, alertar o vizinho, etc.).<br />
• Sistema Transmissor/Receptor<br />
A instalação <strong>de</strong> um alarme sonoro, pressupõe a Declaração<br />
<strong>de</strong> Instalação <strong>de</strong> Alarme Sonoro, nos termos <strong>do</strong> DL 297/99,<br />
<strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> Agosto, que refere que após a instalação <strong>do</strong> sistema<br />
<strong>de</strong> alarme sonoro, e antes da sua colocação em<br />
funcionamento, o proprietário ou o utiliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá<br />
proce<strong>de</strong>r à entrega da Declaração <strong>de</strong> Instalação <strong>de</strong> Alarme<br />
Sonoro, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> para isso dirigir-se ao Governo Civil <strong>do</strong><br />
Distrito on<strong>de</strong> foi instala<strong>do</strong> o alarme e entregar a respectiva<br />
<strong>de</strong>claração.<br />
2.7 SINALIZAÇÃO DE ALARME À DISTÂNCIA<br />
Tão importante como o alarme local po<strong>de</strong>rá ser a<br />
transmissão à distância <strong>de</strong>sse alarme.<br />
A sinalização <strong>do</strong> alarme à distância <strong>de</strong>ver-se-á utilizar nas<br />
seguintes situações:<br />
- A instalação se encontrar isolada<br />
É um sistema para aviso à distância <strong>de</strong> qualquer situação <strong>de</strong><br />
alarme ou avaria, via par telefónico privativo. Embora exija<br />
uma linha telefónica <strong>de</strong>dicada, po<strong>de</strong> em algumas<br />
circunstâncias, ser mais fiável <strong>do</strong> que o comunica<strong>do</strong>r<br />
telefónico, pois não há forma <strong>de</strong> interromper o sinal sem<br />
que tal seja <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>.<br />
É constituí<strong>do</strong> por um órgão emissor <strong>de</strong> sinal instala<strong>do</strong> junto<br />
da Central <strong>de</strong> Intrusão e por uma unida<strong>de</strong> receptora<br />
instalada na entida<strong>de</strong> receptora <strong>de</strong> alarmes.<br />
O órgão receptor é alimenta<strong>do</strong> pelo órgão emissor via par<br />
telefónico privativo, o qual tem energia <strong>de</strong> socorro garantida<br />
pela Central <strong>de</strong> Intrusão. Incorpora, ainda, uma bateria<br />
alcalina para que, em caso <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> linha<br />
telefónica, sinalize óptica e acusticamente a situação.<br />
Dispõe, também, <strong>de</strong> um botão <strong>de</strong> impulso para paragem <strong>do</strong><br />
acústico.<br />
39
ARTIGO TÉCNICO<br />
De acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong> comunica<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> as<br />
necessida<strong>de</strong>s ao nível <strong>do</strong> projecto serão:<br />
- Utilização da re<strong>de</strong> fixa<br />
Prever a existência <strong>de</strong> um comunica<strong>do</strong>r e uma linha<br />
telefónica<br />
- Utilização da re<strong>de</strong> móvel<br />
Prever a existência <strong>de</strong> um comunica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> GSM<br />
- Utilização <strong>de</strong> um sistema emissor/receptor<br />
Prever a existência <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong>dicada e um sistema<br />
emissor/receptor<br />
Além <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> sinalização <strong>de</strong> alarme <strong>de</strong>scritos, po<strong>de</strong>mos<br />
ter outros tipos meios, ou o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong><br />
acções, caso a instalação assim o exija.<br />
2.8 ALIMENTAÇÃO<br />
A alimentação <strong>de</strong> energia eléctrica <strong>do</strong> sistema em condições<br />
normais <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>verá ser realizada através da<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia eléctrica <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> para o efeito ser prevista<br />
uma alimentação vinda <strong>do</strong> Quadro Eléctrico da instalação.<br />
Estes sistemas <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> alarme à distância são<br />
normalmente coloca<strong>do</strong>s junto da central <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />
intrusão, em zona técnica prevista para esse efeito.<br />
O sistema <strong>de</strong>verá ainda ter uma alimentação própria <strong>de</strong><br />
emergência que garanta o seu funcionamento em caso <strong>de</strong><br />
falha da alimentação normal da re<strong>de</strong>.<br />
Figura 2 – Equipamento diverso <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão<br />
40
ARTIGO TÉCNICO<br />
2.9 CABLAGEM<br />
O tipo e número <strong>de</strong> condutores a utilizar para a interligação<br />
<strong>do</strong>s diversos equipamentos anteriormente<br />
apresenta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> equipamento que<br />
estiver a ser utiliza<strong>do</strong> e, por conseguinte, <strong>de</strong>verá ser<br />
verifica<strong>do</strong> nos manuais <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong>s equipamentos<br />
disponibiliza<strong>do</strong>s pelos fabricantes <strong>do</strong>s mesmos.<br />
No entanto, é usual a utilização <strong>do</strong>s seguintes condutores:<br />
- Painéis <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong><br />
Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />
condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos<br />
teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 3x2x0,8<br />
mm2.<br />
- Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores automáticos<br />
Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes condutores <strong>de</strong><br />
secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos teremos os<br />
cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8 mm 2 .<br />
<strong>do</strong>s cabos possuam cerca <strong>de</strong> 20 cm exce<strong>de</strong>ntes, para<br />
realização das respectivas ligações.<br />
Igualmente, <strong>de</strong>verão ser previstas pontas com o<br />
comprimento suficiente para a realização das cablagens no<br />
interior da CI, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a sua base se <strong>de</strong>ve situar a<br />
1,40 metros <strong>do</strong> solo.<br />
Não são permitidas emendas entre condutores nos<br />
percursos entre equipamentos e entre estes e a CI, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong><br />
as interligações entre aqueles equipamentos ser realizadas<br />
unicamente a partir <strong>do</strong>s terminais existentes nas respectivas<br />
bases para esse efeito, não <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> se usadas caixas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>rivação, mas apenas caixas <strong>de</strong> passagem, quan<strong>do</strong><br />
necessárias.<br />
Deverá ser prevista uma alimentação <strong>de</strong> energia eléctrica<br />
monofásica, para a CI, realizada, normalmente, em condutor<br />
H07V-U3G1,5mm 2 .<br />
3 INTEGRAÇÃO DE VALÊNCIAS NO SISTEMA AUTOMÁTICO DE<br />
DETECÇÃO DE INTRUSÃO<br />
- Sirene auto-alimentada <strong>de</strong> exterior<br />
Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />
condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos<br />
teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm 2 ou JY(st)Y 3x2x0,8<br />
mm 2 .<br />
- Sirene acústica <strong>de</strong> interior<br />
Cabos <strong>do</strong> tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com<br />
condutores <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> 0,5 ou 0,8 mm 2 . Como exemplos<br />
teremos os cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8<br />
mm 2 .<br />
Estes circuitos <strong>de</strong>verão ser, normalmente, enfia<strong>do</strong>s em tubo<br />
VD, embebi<strong>do</strong>s em pare<strong>de</strong>s, tectos e pavimento, à vista em<br />
abraça<strong>de</strong>iras em zonas técnicas, à vista em abraça<strong>de</strong>iras<br />
sobre tectos falsos, se acessíveis, ou em calha técnica, <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com as características da instalação em causa.<br />
Nos locais <strong>de</strong> montagem <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tectores, sirenes <strong>de</strong> alarme e<br />
painéis <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, <strong>de</strong>verá prever-se que as extremida<strong>de</strong>s<br />
Cada vez mais os edifícios são centros integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
tecnologia e sistemas, que visam dar resposta aos requisitos<br />
<strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong>, fiabilida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong>, eficiência<br />
energética, conforto e <strong>de</strong> integração, requiri<strong>do</strong>s na sua<br />
utilização, mas nos quais a redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> execução e<br />
exploração são cada vez mais <strong>de</strong>terminantes no sucesso <strong>do</strong>s<br />
mesmos.<br />
As moradias não fogem à regra <strong>de</strong>sta evolução, ten<strong>do</strong>, cada<br />
vez mais, uma participação activa na vida das pessoas, sen<strong>do</strong><br />
cada vez maiores as exigências nos <strong>do</strong>mínios referi<strong>do</strong>s.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, no que se refere à segurança, a protecção <strong>de</strong><br />
pessoas e bens numa moradia não se <strong>de</strong>ve, nem<br />
po<strong>de</strong>, circunscrever somente à protecção contra tentativas<br />
<strong>de</strong> intrusão, mas também outras áreas importantes como a<br />
<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndio, inundação, gases combustíveis e<br />
monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono.<br />
41
ARTIGO TÉCNICO<br />
A crescente utilização <strong>do</strong> gás como fonte <strong>de</strong> energia, quer<br />
para fogões, quer para aquecimento <strong>de</strong> água e aquecimento<br />
ambiente, implica também o crescente perigo da existência<br />
<strong>de</strong> fugas as quais po<strong>de</strong>rão trazer graves consequências quer<br />
para os utiliza<strong>do</strong>res quer para as próprias moradias, pois<br />
uma fuga <strong>de</strong> gás po<strong>de</strong> conduzir a uma intoxicação ou a uma<br />
explosão.<br />
Um outro perigo, que nem sempre é encara<strong>do</strong><br />
conscientemente como um perigo real e presente, é o risco<br />
<strong>de</strong> incêndio, motiva<strong>do</strong> pela enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
substâncias combustíveis que se encontram <strong>de</strong>ntro das<br />
habitações bem como ao crescente número <strong>de</strong><br />
equipamentos eléctricos que equipam as mesmas.<br />
Essa ou essas zonas da central d eintrusão, <strong>de</strong>verão ser<br />
programadas como zonas <strong>de</strong> fogo. Desta forma, conseguirse-á<br />
<strong>de</strong>tectar e sinalizar um incêndio na sua fase inicial<br />
facilitan<strong>do</strong>, assim, o combate e extinção <strong>do</strong><br />
mesmo, minimizan<strong>do</strong> os riscos <strong>do</strong> mesmo.<br />
A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> gás po<strong>de</strong>rá ser<br />
realizada através da colocação <strong>de</strong> um ou vários <strong>de</strong>tectores<br />
<strong>de</strong> gás que, encontran<strong>do</strong>-se interliga<strong>do</strong>s a uma ou várias<br />
zonas da central <strong>de</strong> intrusão, informam esta da ocorrência <strong>de</strong><br />
uma fuga <strong>de</strong> gás, a qual realizará a sinalização <strong>do</strong> alarme.<br />
Adicionalmente, à sinalização <strong>do</strong> alarme, po<strong>de</strong>rão ser<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas acções <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, nomeadamente o fecho<br />
<strong>de</strong> uma electroválvula <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> gás.<br />
A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> inundações <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />
rebentamento <strong>de</strong> canos <strong>de</strong> água ou ao mau funcionamento<br />
<strong>de</strong> equipamentos como máquinas <strong>de</strong> lavar, máquinas <strong>de</strong><br />
secar ou ainda pelo esquecimento <strong>de</strong> uma simples torneira<br />
aberta, constitui também uma situação <strong>de</strong> risco.<br />
Este tipo <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco está sempre presente no<br />
nosso dia-a-dia e, não haven<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as<br />
excluir, po<strong>de</strong>mos com a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> sistemas a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s<br />
criar condições para que, caso se verifiquem, sejam<br />
<strong>de</strong>tectadas e sinalizadas o mais ce<strong>do</strong> possível <strong>de</strong> forma a que<br />
os danos materiais e pessoais que possam vir a causar sejam<br />
minimiza<strong>do</strong>s.<br />
A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> inundação po<strong>de</strong>rá ser realizada<br />
através da colocação <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> inundação nos locais<br />
com maior risco <strong>de</strong> fugas <strong>de</strong> água, como casas <strong>de</strong> banho e<br />
cozinhas. A integração <strong>de</strong>sta valência po<strong>de</strong> ser realizada<br />
através da utilização <strong>de</strong> módulos <strong>de</strong> interface, aos quais são<br />
liga<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> inundação ou através <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores<br />
<strong>de</strong> inundação, autonomos, com contacto “seco” <strong>de</strong> alarme. A<br />
informação <strong>de</strong> inundação é transmitida a uma ou várias<br />
zonas da central <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, que sinalizará o<br />
evento. Em complemento com a sinalização da ocorrência<br />
po<strong>de</strong>rão ser, também, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas acções <strong>de</strong> coman<strong>do</strong><br />
como por exemplo o fecho <strong>de</strong> uma electroválvula <strong>de</strong> corte<br />
da alimentação <strong>de</strong> água.<br />
Para que se consiga alcançar esse objectivo <strong>de</strong> forma simples<br />
e a baixo custo po<strong>de</strong>r-se-á optar pela integração no sistema<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão das diferentes áreas <strong>de</strong><br />
segurança anteriormente referidas.<br />
A <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> incêndios po<strong>de</strong> ser integrada<br />
neste sistema mediante a utilização <strong>de</strong> um ou vários<br />
<strong>de</strong>tectores automáticos <strong>de</strong> fumos ou<br />
termovelocimétricos, <strong>do</strong> tipo colectivo, acopla<strong>do</strong>s a uma<br />
interface <strong>de</strong> incêndio, ou através <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores com<br />
contacto “seco” <strong>de</strong> alarme, liga<strong>do</strong>s a uma ou várias zonas da<br />
central <strong>de</strong> intrusão.<br />
As zonas da central <strong>de</strong> intrusão previstas para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />
presença <strong>de</strong> gás e inundação <strong>de</strong>verão ser programadas como<br />
zonas “24 horas” <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir que a protecção se<br />
encontra activa 24 horas por dia, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />
protecção <strong>de</strong> intrusão se encontrar activada ou <strong>de</strong>sactivada.<br />
Deste mo<strong>do</strong> consegue-se a integração no sistema <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão as valências <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />
incêndio, gás combustível, monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono e<br />
inundação <strong>de</strong> uma forma simples, fiável e económica.<br />
42
ARTIGO TÉCNICO<br />
4 CONCLUSÕES<br />
Este artigo visou abordar aspectos técnicos e conceptuais, ao<br />
nível <strong>do</strong> projecto e da instalação <strong>de</strong> Sistemas Automáticos <strong>de</strong><br />
Detecção <strong>de</strong> Intrusão.<br />
A consciencialização da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> pessoas<br />
e bens, a par da evolução tecnológica <strong>do</strong>s equipamentos,<br />
proporcionam formas eficazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e sinalização<br />
precoce <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> intrusão e, consequentemente, a<br />
protecção <strong>do</strong>s bens materiais das populações.<br />
A escolha e implementação <strong>de</strong>stes sistemas são, hoje em<br />
dia, um elemento dissuasor e inibi<strong>do</strong>r da criminalida<strong>de</strong><br />
contra pessoas e bens.<br />
Actualmente, existe uma panóplia <strong>de</strong> sistemas e<br />
equipamentos em que a sua correcta utilização e instalação<br />
requer, à priori, uma colaboração estreita com técnicos<br />
<strong>de</strong>vidamente cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s, nomeadamente Engenheiros<br />
Electrotécnicos e empresas especializadas neste sector.<br />
A escolha <strong>do</strong> melhor sistema e equipamentos requer uma<br />
análise cuidada das pretensões <strong>do</strong> requerente, bem como<br />
das especificida<strong>de</strong>s próprias da instalação.<br />
Assim, cada projecto é trata<strong>do</strong> individualmente, sen<strong>do</strong> alvo<br />
<strong>de</strong> uma análise cuidada por parte <strong>do</strong>s técnicos<br />
especializa<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> diferir <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais projectos.<br />
Embora estes sistemas representem um pequeno custo<br />
adicional ao valor global da instalação <strong>de</strong>verá ser sempre<br />
equacionada a sua instalação uma vez que é relativamente<br />
diminuto quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com os potenciais prejuízos<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s actos que o sistema preten<strong>de</strong> evitar.<br />
Salienta-se ainda que sempre que se vai projectar, construir<br />
ou remo<strong>de</strong>lar uma moradia, além da consi<strong>de</strong>ração no<br />
sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> intrusão, da função<br />
<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> intrusão, é fundamental a integração <strong>de</strong> outras<br />
valências <strong>de</strong> segurança, como a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndio, gases<br />
combustíveis, monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono e inundação.<br />
Essa integração po<strong>de</strong> ser realizada <strong>de</strong> uma forma simples e<br />
económica, aumentan<strong>do</strong> significativamente a protecção <strong>do</strong>s<br />
utiliza<strong>do</strong>res das instalações e a salvaguarda <strong>do</strong>s seus bens.<br />
43
DIVULGAÇÃO<br />
LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ELÉCTRICAS<br />
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA<br />
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO<br />
O Laboratório <strong>de</strong> Máquinas Eléctricas (LME) é uma instalação <strong>de</strong> apoio ao ensino e aos trabalhos <strong>de</strong> investigação e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento no âmbito <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Mestra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
O LME é utiliza<strong>do</strong> por uma equipa constituída por <strong>do</strong>centes, técnico e alunos da área <strong>do</strong>s Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia<br />
(Licenciatura e Mestra<strong>do</strong>), Electrónica e Computa<strong>do</strong>res (Licenciatura) e Mecânica (Licenciatura), que dispõem <strong>de</strong> equipamento<br />
técnico e laboratorial que proporciona a realização <strong>de</strong> ensaios simula<strong>do</strong>s e reais <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> energia, que contribui<br />
positivamente para a preparação prática <strong>do</strong>s estudantes.<br />
Esta infra-estrutura é constituída por equipamentos <strong>de</strong> controlo (velocida<strong>de</strong>, binário e posição) e instrumentação que permite a<br />
realização <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> máquinas eléctricas (transforma<strong>do</strong>res, motores e gera<strong>do</strong>res), segun<strong>do</strong> as normas vigentes, incluin<strong>do</strong><br />
varia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, sensores dinâmicos <strong>de</strong> binário, cargas mecânicas dinâmicas e analisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia.<br />
TRABALHOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO:<br />
• Ensaios <strong>de</strong> transforma<strong>do</strong>res monofásicos e trifásicos<br />
• Ensaios <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> indução trifásicas<br />
• Ensaios <strong>de</strong> máquinas síncronas trifásicas<br />
• Ensaios <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> corrente continua<br />
• Ensaios <strong>de</strong> servomotores<br />
• Ensaios <strong>de</strong> tracção eléctrica<br />
• Simulação computacional (Matlab) <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> máquinas eléctricas<br />
Director Laboratório<br />
Doutor António Andra<strong>de</strong><br />
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ARTIGO TÉCNICO<br />
Pedro Daniel S. Gomes , Pedro Gerar<strong>do</strong> M. Fernan<strong>de</strong>s , Nelson Ferreira da Silva<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
TIPOS DE TECNOLOGIAS DE TURBINAS<br />
UTILIZADAS NAS CENTRAIS MINI-HÍDRICAS<br />
RESUMO<br />
2 TURBINAS DE ACÇÃO OU IMPULSO<br />
De to<strong>do</strong>s os elementos que constituem uma central minihídrica<br />
as turbinas e os gera<strong>do</strong>res são os que mais dizem<br />
respeito à engenharia electrotécnica. Este artigo preten<strong>de</strong><br />
apresentar os tipos <strong>de</strong> turbinas utilizadas nas centrais minihídricas.<br />
Estas po<strong>de</strong>m ser classificadas por duas tecnologias<br />
distintas: turbinas <strong>de</strong> acção ou turbinas <strong>de</strong> reacção. As<br />
turbinas <strong>de</strong> acção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo Pelton ou Banki-<br />
Mitchell. As turbinas <strong>de</strong> reacção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo<br />
Francis, Kaplan ou Hélice.<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
De entre os elementos constituintes <strong>de</strong> uma central minihídrica,<br />
as turbinas são <strong>do</strong>s equipamentos que mais dizem<br />
respeito à área da engenharia electrotécnica.<br />
A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da<br />
central e <strong>de</strong>verá ter sempre em conta três parâmetros: a<br />
queda, o caudal e a potência.<br />
As turbinas po<strong>de</strong>m ser divididas em turbinas <strong>de</strong> acção (ou<br />
impulso) ou <strong>de</strong> reacção, consoante o seu princípio <strong>de</strong><br />
operação. Estas são máquinas primárias que têm por missão<br />
converter a energia potencial gravítica e/ou cinética em<br />
energia mecânica e necessitam <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> manutenção<br />
periódica uma vez que sofrem um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />
acção da água.<br />
A turbina hidráulica correspon<strong>de</strong> a uma parcela muito<br />
significativa <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> uma central mini-hídrica pelo que se<br />
torna essencial e se reveste <strong>de</strong> particular interesse estudar<br />
criteriosamente qual o tipo <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> turbina a<br />
implementar em cada solução [1].<br />
Como turbinas <strong>de</strong> acção para aproveitamentos<br />
hidroeléctricos <strong>de</strong> pequena escala, referem-se as turbinas<br />
Pelton e Banki-Mitchell, as quais se a<strong>de</strong>quam a uma<br />
utilização caracterizada por quedas relativamente elevadas e<br />
baixos caudais [2]. Nestas, a roda é actuada pela água à<br />
pressão atmosférica.<br />
As turbinas <strong>de</strong> acção em comparação com as <strong>de</strong> reacção<br />
apresentam um maior número <strong>de</strong> vantagens: são mais<br />
tolerantes a areias e outras partículas existentes na água; a<br />
sua estrutura permite maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabrico e melhor<br />
acesso em caso <strong>de</strong> manutenção; são menos sujeitas ao<br />
fenómeno <strong>de</strong> cavitação (embora em aproveitamentos com<br />
gran<strong>de</strong>s quedas torna-se difícil evitar tal fenómeno).<br />
Aquan<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> um dispositivo regula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fluxo<br />
ou varia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> número <strong>de</strong> jactos, estas possuem um<br />
rendimento mais eleva<strong>do</strong> e uniforme.<br />
A maior <strong>de</strong>svantagem das turbinas <strong>de</strong> acção é que são, na<br />
maioria <strong>do</strong>s casos, <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quadas para aproveitamentos <strong>de</strong><br />
pequena queda [4].<br />
2.1 TURBINAS PELTON<br />
As turbinas Pelton são turbinas <strong>de</strong> acção porque utilizam a<br />
velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fluxo da água para provocar o movimento <strong>de</strong><br />
rotação.<br />
A sua constituição física consiste num rotor, em torno <strong>do</strong><br />
qual estão fixadas as conchas, por uma tubagem forçada <strong>de</strong><br />
adução conten<strong>do</strong> um ou mais injectores e por blindagens<br />
metálicas. O jacto <strong>de</strong> água que inci<strong>de</strong> nas conchas é<br />
tangencial, motivo que leva a que estas turbinas se<br />
<strong>de</strong>nominem tangenciais. Os injectores po<strong>de</strong>m ser reguláveis.<br />
.<br />
45
ARTIGO TÉCNICO<br />
A figura 1 apresenta o esquema e uma fotografia <strong>de</strong> uma<br />
turbina Pelton no seu campo <strong>de</strong> trabalho.<br />
As vantagens <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> turbinas são a facilida<strong>de</strong> com que<br />
se po<strong>de</strong> trocar peças, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir as<br />
sobrepressões nas tubagens e a exigência <strong>de</strong> pouco caudal.<br />
A potência mecânica fornecida por estas turbinas é regulada<br />
pela actuação nas válvulas <strong>de</strong> agulha <strong>do</strong>s injectores [5].<br />
As turbinas Pelton po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> eixo vertical ou horizontal e<br />
são utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos<br />
caracteriza<strong>do</strong>s por pequenos caudais e elevadas quedas<br />
úteis. Nos pequenos aproveitamentos hidroeléctricos<br />
costuma-se utilizar turbinas <strong>de</strong> eixo horizontal, porque assim<br />
utiliza-se um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> eixo que tem um custo menor.<br />
São caracterizadas por terem um baixo número <strong>de</strong><br />
rotações, ten<strong>do</strong>, no entanto, um rendimento até 93%.<br />
2.2 TURBINAS BANKI-MITCHELL<br />
Este tipo <strong>de</strong> turbina é usa<strong>do</strong> principalmente na gama <strong>de</strong><br />
baixas potências [3].<br />
O seu rendimento é inferior aos das turbinas <strong>de</strong> projecto<br />
convencional, mas mantém-se eleva<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> uma<br />
extensa gama <strong>de</strong> caudais. Esta característica torna-a<br />
a<strong>de</strong>quada à operação num espectro largo <strong>de</strong> caudais.<br />
Estas turbinas apenas apresentam veios horizontais e uma<br />
velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação diminuta, sen<strong>do</strong> frequente a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> multiplica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />
entre elas e os gera<strong>do</strong>res.<br />
Em máquinas mais sofisticadas alcançam-se eficiências na<br />
or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 85 % e nas máquinas mais simples na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s<br />
60 a 75%. A sua eficiência po<strong>de</strong> ser mantida elevada em<br />
situações <strong>de</strong> caudal parcial, até cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> caudal [6].<br />
Para tal é necessária ou a inclusão <strong>de</strong> um dispositivo<br />
reparti<strong>do</strong>r <strong>de</strong> caudal, que <strong>de</strong>termina que partes da turbina<br />
são usadas ou através da orientação <strong>de</strong> um direcciona<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
caudal, que po<strong>de</strong>rá fazer uma gestão <strong>do</strong> caudal que será<br />
turbina<strong>do</strong>.<br />
É possível afirmar que esta máquina se torna bastante<br />
apelativa para aproveitamentos <strong>de</strong> pequena escala <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />
<strong>do</strong>is motivos. Apresenta um <strong>de</strong>sign ajusta<strong>do</strong> para uma vasta<br />
gama <strong>de</strong> quedas e potências, e são <strong>de</strong> fácil construção. Ao<br />
po<strong>de</strong>rem ser implementadas recorren<strong>do</strong> a técnicas simples<br />
<strong>de</strong> construção tornam-se uma solução interessante para<br />
países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
O seu <strong>de</strong>sign simples torna-a barata e fácil <strong>de</strong><br />
reparar, especialmente no caso <strong>de</strong> o rotor ser danifica<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao eleva<strong>do</strong> stress mecânico a que é sujeito.<br />
.<br />
Figura 1 – Turbina Pelton<br />
46
ARTIGO TÉCNICO<br />
As turbinas Banki-Mitchell possuem uma baixa eficiência<br />
quan<strong>do</strong> comparadas com outras turbinas, e a elevada perda<br />
<strong>de</strong> queda útil, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao espaço entre o rotor e a água a<br />
jusante. Estes factores <strong>de</strong>vem ser ti<strong>do</strong>s em conta quan<strong>do</strong> se<br />
lida com quedas baixas ou médias. No caso <strong>de</strong> altas quedas<br />
as turbinas po<strong>de</strong>m também sofrer problemas <strong>de</strong><br />
fiabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao ainda mais eleva<strong>do</strong> stress mecânico a<br />
que são sujeitas.<br />
Representam uma alternativa interessante para quan<strong>do</strong> se<br />
possui água suficiente, necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potência bem<br />
<strong>de</strong>finidas e fracos po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> investimento, como no caso <strong>de</strong><br />
programas <strong>de</strong> electrificação rural [6].<br />
A figura 2 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Banki-<br />
Mitchell.<br />
3 TURBINAS DE REACÇÃO<br />
Neste tipo <strong>de</strong> turbinas, a água circula entre as pás, varian<strong>do</strong><br />
a velocida<strong>de</strong> e a pressão. Esta, por não ser constante, obriga<br />
a variação da secção transversal aproveitan<strong>do</strong>-se, assim, a<br />
energia da água, uma parte na forma <strong>de</strong> energia cinética e o<br />
resto na forma <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> pressão.<br />
Nas turbinas <strong>de</strong> reacção distinguem-se <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos:<br />
Turbinas radiais, <strong>do</strong> tipo Francis, que são turbinas<br />
a<strong>de</strong>quadas para operação com condições intermédias <strong>de</strong><br />
queda e <strong>de</strong> caudal;<br />
Turbinas axiais, <strong>do</strong> tipo Kaplan e Hélice, que são indicadas<br />
para funcionamento sob queda baixa e caudais eleva<strong>do</strong>s.<br />
Em comparação com as turbinas <strong>de</strong> acção, as <strong>de</strong> reacção<br />
possuem alguns elementos comuns, como a câmara <strong>de</strong><br />
entrada, o distribui<strong>do</strong>r, o rotor e o difusor. No entanto, o seu<br />
fabrico é mais sofistica<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto da alta qualida<strong>de</strong><br />
nas lâminas. No entanto, a <strong>de</strong>spesa extra é compensada pela<br />
elevada eficiência e pelas altas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rotação<br />
obtidas em aproveitamentos <strong>de</strong> pequenas quedas e com<br />
máquinas relativamente compactas.<br />
As turbinas <strong>de</strong> reacção possuem por norma uma velocida<strong>de</strong><br />
específica elevada, advin<strong>do</strong> daí uma vantagem, visto que<br />
permitem o acoplamento directo ao gera<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong>-se<br />
<strong>de</strong>snecessários os sistemas regula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />
As turbinas <strong>de</strong> reacção estão no entanto sujeitas ao<br />
fenómeno <strong>de</strong> cavitação, contribuin<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>créscimo da<br />
sua eficiência se não forem tomadas medidas resolução.<br />
Figura 2 – Turbina Banki-Mitchell<br />
47
ARTIGO TÉCNICO<br />
3.1 TURBINAS FRANCIS<br />
As turbinas Francis são turbinas <strong>de</strong> reacção porque o<br />
escoamento na zona da roda se processa a uma pressão<br />
inferior à pressão atmosférica.<br />
Esta turbina caracteriza-se por ter uma roda formada por<br />
uma coroa <strong>de</strong> aletas fixas, que constituem uma série <strong>de</strong><br />
canais hidráulicos que recebem a água radialmente e a<br />
orientam para a saída <strong>do</strong> rotor numa direcção axial. Os<br />
outros componentes <strong>de</strong>sta turbina são a câmara <strong>de</strong><br />
entrada, o distribui<strong>do</strong>r, constituí<strong>do</strong> por uma roda <strong>de</strong> aletas<br />
fixas ou móveis, que regulam o caudal, e o tubo <strong>de</strong> saída da<br />
água.<br />
Figura 3 - Turbina Francis<br />
Estas turbinas utilizam-se em quedas úteis superiores aos 20<br />
metros, e possuem uma gran<strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong> a diferentes<br />
quedas e caudais e, relativamente às Pelton, têm um<br />
rendimento máximo mais eleva<strong>do</strong>, velocida<strong>de</strong>s maiores e<br />
menores dimensões [5].<br />
As turbinas Kaplan são reguladas através da acção <strong>do</strong><br />
distribui<strong>do</strong>r e com auxílio da variação <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> ataque<br />
das pás <strong>do</strong> rotor o que lhes confere uma gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> regulação.<br />
A figura 3 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Francis.<br />
3.2 TURBINAS KAPLAN E HÉLICE<br />
As turbinas Kaplan e Hélice têm normalmente o eixo vertical,<br />
mas po<strong>de</strong>m existir turbinas <strong>de</strong>ste tipo com eixo horizontal,<br />
as quais se <strong>de</strong>signam por turbinas Bolbo [5].<br />
São turbinas <strong>de</strong> reacção, adaptadas às quedas fracas e<br />
caudais eleva<strong>do</strong>s.<br />
São constituídas por uma câmara <strong>de</strong> entrada<br />
que po<strong>de</strong> ser aberta ou fechada, por um<br />
distribui<strong>do</strong>r e por uma roda com quatro ou<br />
cinco pás em forma <strong>de</strong> hélice.<br />
A figura 4 apresenta o esquema <strong>de</strong> uma turbina Kaplan.<br />
Quan<strong>do</strong> estas pás são fixas diz-se que a<br />
turbina é <strong>do</strong> tipo Hélice.<br />
Se as pás são móveis o que permite variar o<br />
ângulo <strong>de</strong> ataque por meio <strong>de</strong> um<br />
mecanismo <strong>de</strong> orientação que é controla<strong>do</strong><br />
pelo regula<strong>do</strong>r da turbina, diz-se que a<br />
turbina é <strong>do</strong> tipo Kaplan.<br />
Figura 4 - Turbina Kaplan<br />
48
ARTIGO TÉCNICO<br />
4 SÍNTESE GRÁFICA DE APLICAÇÃO DE CADA TURBINA<br />
Na figura 5, apresenta-se um gráfico que resume o campo <strong>de</strong><br />
aplicação <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> turbina e que relaciona a altura da<br />
queda com o caudal disponível.<br />
No que diz respeito a turbinas <strong>de</strong> acção estas po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong><br />
tipo Pelton ou Banki-Mitchell. As turbinas Pelton são<br />
utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos<br />
caracteriza<strong>do</strong>s por pequenos caudais e elevadas quedas<br />
úteis.<br />
As turbinas Banki-Mitchell<br />
aplicam-se numa gama <strong>de</strong><br />
baixas potências. As turbinas <strong>de</strong><br />
reacção po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong> tipo<br />
Francis, Kaplan ou Hélice.<br />
As turbinas Francis têm<br />
aplicação nos aproveitamentos<br />
hidroeléctricos com condições<br />
intermédias <strong>de</strong> queda e caudal<br />
e o seu rendimento é maior<br />
quanto maior for a potência.<br />
As turbinas Kaplan e Hélice são<br />
turbinas aplicáveis em<br />
condições <strong>de</strong> queda baixa e<br />
caudal eleva<strong>do</strong>.<br />
Figura 5 - Campo <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> turbina<br />
5 CONCLUSÕES<br />
As turbinas são máquinas primárias que têm por missão<br />
converter a energia (potencial gravítica e/ou cinética)<br />
armazenada na água ou em qualquer outro fluí<strong>do</strong> em<br />
energia mecânica.<br />
Necessitam <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> manutenção periódica uma vez<br />
que sofrem um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à acção da água,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> em alguns anos <strong>de</strong> funcionar <strong>de</strong> forma rentável.<br />
A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da<br />
central. Cada caso terá que ser estuda<strong>do</strong> ao pormenor para<br />
não se cometer erros na escolha da turbina.<br />
As turbinas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> acção ou reacção.<br />
Bibliografia<br />
[1] Rui M. G. Castro, “Energias Renováveis e Produção<br />
Descentralizada – Introdução à Energia Mini-Hídrica”, <strong>Instituto</strong><br />
<strong>Superior</strong> Técnico, Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa, Março 2008<br />
[2] Teixeira da Costa, David Santos e Rui Lança, “Turbo Máquinas<br />
Hidráulicas (Turbinas)”, Escola <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> Tecnologia da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Algarve, Fev. 2001<br />
[3] Teresa Nogueira, “Estu<strong>do</strong> da Energia Mini-Hídrica – Produção<br />
Distribuída e Merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Energia”, <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, 2010<br />
[4] Aníbal Traça <strong>de</strong> Almeida, “Hidroelectricida<strong>de</strong> –<br />
Desenvolvimento Sustentável”, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e<br />
Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />
[5] Paulo Moisés Almeida da Costa, “As Máquinas Primárias”, Escola<br />
<strong>Superior</strong> <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Viseu, 1999<br />
[6] João P. Rocha, “Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizada basea<strong>do</strong>s em Energia<br />
Hídrica”, FEUP, Julho <strong>de</strong> 2008<br />
49
ARTIGO TÉCNICO<br />
José Luís Faria<br />
Touch<strong>do</strong>mo, Lda, <strong>Porto</strong>, Portugal<br />
DOMÓTICA<br />
E A REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS<br />
RESUMO<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Para a elaboração <strong>de</strong>ste artigo técnico foi necessário a<strong>do</strong>ptar<br />
uma estrutura que possibilitasse fornecer um estu<strong>do</strong> teóricoprático,<br />
transversal e equilibra<strong>do</strong>, das diferentes tecnologias<br />
<strong>do</strong>móticas.<br />
“Os edifícios que são planea<strong>do</strong>s e funcionam <strong>de</strong> forma eficaz<br />
ao nível energético já não são novida<strong>de</strong>s exclusivas. Até a<br />
<strong>de</strong>signação um edifício inteligente começa a per<strong>de</strong>r a sua<br />
natureza exótica.<br />
Inicialmente realizou-se um pequeno estu<strong>do</strong> teórico das<br />
tecnologias <strong>do</strong>móticas mais relevantes, <strong>de</strong> uma forma<br />
transversal e resumida (Capítulo 2).<br />
Ambas as tendências estão agora a revolucionar a<br />
arquitectura cada vez mais ambiciosa e a abrir caminho na<br />
luta mundial contra as alterações climáticas.”<br />
Em função <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> teórico <strong>do</strong> capítulo anterior, no<br />
Capítulo 3 realizou-se uma análise mais prática, em que ao<br />
invés <strong>de</strong> abordar um caso prático existente, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
instalações com o seu valor emblemático, optou-se por<br />
utilizar como mo<strong>de</strong>lo o edifício F <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> e apresentar uma das soluções possíveis<br />
<strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios já<br />
existentes (aplicação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> requalificação <strong>de</strong><br />
edifícios).<br />
Depois da exposição <strong>do</strong> caso prático, expôs-se o futuro e<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica ou sistema <strong>de</strong><br />
gestão técnica centralizada, mais focaliza<strong>do</strong> para o mun<strong>do</strong><br />
académico (Capítulo 4).<br />
Por fim, são tecidas as conclusões e consi<strong>de</strong>rações finais <strong>do</strong><br />
artigo (capitulo 5).<br />
Esse artigo foi elabora<strong>do</strong> sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r.<br />
Por outras palavras, procurou-se realizar uma aproximação<br />
da realida<strong>de</strong> prática a nível <strong>de</strong> implementação das<br />
tecnologias <strong>do</strong>móticas em edifícios, ao dar uma linha <strong>de</strong><br />
conhecimento abrangente e ao mesmo acessível aos<br />
leitores, que muitas das vezes esse tema acaba por transmitir<br />
conceitos erra<strong>do</strong>s.<br />
As tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (também conhecida como<br />
“automação <strong>de</strong> edifícios”) existem já há algumas décadas.<br />
Contu<strong>do</strong>, essas tecnologias sempre estiveram associadas a<br />
habitações particulares <strong>de</strong> alto nível ou a edifícios e<br />
instalações fabris <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas.<br />
Mas a partir <strong>do</strong> momento em que ocorreu a actual crise<br />
energética (início <strong>do</strong> séc. XXI), em que o aumento da procura<br />
<strong>do</strong>s combustíveis fósseis não acompanhava a oferta, a<br />
<strong>do</strong>mótica ganhou mais relevância, pelas vantagens que<br />
apresenta a nível <strong>de</strong> poupança energética e <strong>de</strong> gestão. Por<br />
isso mesmo, tornou-se mais rentável implementá-la nos<br />
edifícios actuais, construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> raiz ou requalifica<strong>do</strong>s.<br />
As vantagens que a <strong>do</strong>mótica apresenta serviram como<br />
reforço motiva<strong>do</strong>r da elaboração da dissertação:<br />
• Edifícios/empresas: eficiência<br />
energética, segurança, etc.;<br />
• Habitações particulares: conforto, segurança e<br />
incremento <strong>do</strong> valor das habitações, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao luxo e<br />
ostentação que exibem.<br />
Actualmente a área da <strong>do</strong>mótica (automação <strong>de</strong> casas e<br />
edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal<br />
relevância nos países mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, com um<br />
crescimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10% ao ano.<br />
51
ARTIGO TÉCNICO<br />
2 ESTADO DA ARTE DAS TECNOLOGIAS DOMÓTICAS<br />
Quer se trate <strong>do</strong> Terminal 5 <strong>do</strong> aeroporto <strong>de</strong> Heathrow, ou<br />
<strong>de</strong> uma habitação comum, uma norma uniforme para o<br />
controlo <strong>de</strong> diversos dispositivos existente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />
edifício facilitaria imenso a implementação <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras e complexas. Aqui o<br />
funcionamento em re<strong>de</strong>, máximo <strong>de</strong> abrangência <strong>de</strong><br />
funcionalida<strong>de</strong>s possíveis e eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong><br />
fiabilida<strong>de</strong>, bem como a utilização económica da energia, são<br />
critérios importantes para a rentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses edifícios.<br />
Como tal, as instalações eléctricas/electrónicas padrão só<br />
po<strong>de</strong>m cumprir estes requisitos até um certo<br />
ponto, exigin<strong>do</strong> além disso mais trabalho e diferentes tipos<br />
<strong>de</strong> materiais e instalações.<br />
Assim, os projectistas e investi<strong>do</strong>res escolhem cada vez mais<br />
diferentes tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica para edifícios com base<br />
em protocolos normaliza<strong>do</strong>s internacionais (p. ex.:<br />
KNX, LonWorks, BACnet, etc.), com provas comprovadas das<br />
suas vantagens e potencialida<strong>de</strong>s nos diferentes tipos <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong>s. Também é razão <strong>de</strong> escolha das tecnologias KNX e<br />
LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca <strong>de</strong> 300 e<br />
4200 fabricantes afilia<strong>do</strong>s, mostran<strong>do</strong> o seu gran<strong>de</strong> nível <strong>de</strong><br />
interoperabilida<strong>de</strong>.<br />
climatização, iluminação, persianas/lamelas, segurança, etc.,<br />
po<strong>de</strong>m ser baseadas num sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />
conveniente, rentável e muito flexível, ao garantir em<br />
qualquer momento a sua interoperabilida<strong>de</strong>.<br />
Uma das outras gran<strong>de</strong>s vantagens é a sua topologia <strong>de</strong><br />
re<strong>de</strong>, em que ao utilizar um único cabo <strong>de</strong> par<br />
entrança<strong>do</strong>, que na maioria <strong>do</strong>s casos prova ser o suficiente<br />
para realizar a interligação <strong>de</strong> inúmeros dispositivos numa só<br />
re<strong>de</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, a nível <strong>de</strong> topologia <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, existem<br />
quatro tipos para o meio TP (mais utiliza<strong>do</strong>):<br />
• Topologia em linha (Fig. 1– Ponto 1);<br />
• Topologia <strong>de</strong> estrela (Fig. 1– Ponto 2);<br />
• Topologia em anel, sen<strong>do</strong> apenas para a tecnologia<br />
LonWorks (Fig. 1– Ponto 3);<br />
• Topologia mista, sen<strong>do</strong> a mais utilizada em<br />
edifícios, porque é a que apresenta menos obstáculos<br />
para expansões futuras da re<strong>de</strong> (Fig. 1– Ponto 4).<br />
Um outro factor referente à existência <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> número<br />
<strong>de</strong> fabricantes afilia<strong>do</strong>s às tecnologias baseiam-se <strong>de</strong>stas<br />
serem <strong>de</strong>nominadas como tecnologias <strong>de</strong> protocolos<br />
abertos, em que qualquer fabricante é livre <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver e<br />
comercializar novos produtos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam cumpridas<br />
os requisitos das tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica em questão. Este<br />
gran<strong>de</strong> facto acaba por criar uma outra gran<strong>de</strong><br />
particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas tecnologias, em que para uma<br />
qualquer funcionalida<strong>de</strong> que seja necessário cumprir ou<br />
satisfazer <strong>de</strong> uma da<strong>do</strong> edifício, terá sempre um ou mais<br />
produtos que conseguirão correspon<strong>de</strong>r às expectativas.<br />
O seu conceito base consiste em utilizar módulos actua<strong>do</strong>res<br />
e sensores com várias funcionalida<strong>de</strong>s, as instalações <strong>de</strong><br />
Figura 1 – Diferentes tipos <strong>de</strong> topologia <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />
Como tal, cada vez mais as empresas <strong>de</strong> construção civil e<br />
clientes finais estão a mostrar um aumento da<br />
implementação em edifícios novos e requalifica<strong>do</strong>s.<br />
A flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização é muito importante por vários<br />
motivos. Frequentemente, durante o planeamento da<br />
construção, não são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s a utilização subsequente e<br />
futuros requisitos <strong>de</strong> modificação e optimização <strong>do</strong> espaço.<br />
Esta neglicência po<strong>de</strong> tornar-se rapidamente<br />
dispendiosa, pois as alterações subsequentes envolvem<br />
normalmente custos eleva<strong>do</strong>s.<br />
52
ARTIGO TÉCNICO<br />
Ao implementar um sistema com um eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
flexibilida<strong>de</strong>, permite que o sistema <strong>de</strong> bus seja altamente<br />
flexível e ser simplesmente reprograma<strong>do</strong> a baixo custo.<br />
Contu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> não é suficiente o cabo entrança<strong>do</strong> (TP –<br />
Y(st)Y 2x2x0,8 mm 2 ), po<strong>de</strong>-se utilizar outros meios tais como<br />
radiofrequência (RF), PowerLine (PL), re<strong>de</strong> Ethernet ou até<br />
mesmo fibra óptica.<br />
Quan<strong>do</strong> necessário po<strong>de</strong>mos expandir ainda mais a re<strong>de</strong> ao<br />
interligar na mesma re<strong>de</strong> várias tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou<br />
<strong>de</strong> automação (DALI, DMX, LonWorks, Bacnet, etc.).<br />
Ao invés <strong>de</strong> apresentar casos práticos em instalações com<br />
sistemas <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas implementadas (p. ex. Terminal 5 <strong>do</strong><br />
aeroporto <strong>de</strong> Heathrow, Estádio Olímpico <strong>de</strong> Pequim, etc.),<br />
que por um la<strong>do</strong> já foram apresenta<strong>do</strong>s em artigos<br />
anteriores da revista “Neutro à Terra”, casos esses que são<br />
bastante conheci<strong>do</strong>s (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua projecção), por vezes<br />
sente-se um distanciamento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>sses casos com<br />
a maioria das instalações <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas existentes em to<strong>do</strong> o<br />
mun<strong>do</strong> e com a percepção genérica <strong>do</strong> público em geral. Por<br />
outras palavras, o principal merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica, por<br />
motivos históricos confina-se ao utiliza<strong>do</strong>r particular<br />
(habitações).<br />
To<strong>do</strong>s os produtos <strong>de</strong> diferentes tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica<br />
(KNX e LonWorks), antes <strong>de</strong> serem lança<strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong><br />
são <strong>de</strong>vidamente testa<strong>do</strong>s e certifica<strong>do</strong>s, por organismos<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, e se aprova<strong>do</strong>s são lança<strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong><br />
com a sua certificação visível nos produtos (inclusão <strong>do</strong><br />
logótipo). Ou seja, além <strong>do</strong>s diferentes protocolos serem<br />
fiáveis e funcionais, to<strong>do</strong>s os produtos que funcionam em<br />
re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s protocolos também transmitem a sua fiabilida<strong>de</strong> e<br />
segurança.<br />
Por fim, uma outra característica que as tecnologias <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica apresentam é que a sua base <strong>de</strong> funcionamento é<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong>. Ou seja, to<strong>do</strong>s os produtos funcionam<br />
<strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que ao falhar um da<strong>do</strong> dispositivo<br />
não implica a paragem <strong>de</strong> funcionamento da restante re<strong>de</strong>.<br />
3 CASO PRÁTICO: EDIFÍCIO F DO INSTITUTO SUPERIOR DE<br />
ENGENHARIA DO PORTO<br />
Contu<strong>do</strong> é necessário relembrar que cada vez mais as<br />
instalações <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica são instaladas em edifícios <strong>de</strong><br />
serviços, industrias, hospitais, etc. A principal razão é pelo<br />
facto <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> edifícios possuírem uma elevada taxa <strong>de</strong><br />
utilização, que aliada à eficiência energética que a <strong>do</strong>mótica<br />
oferece, o retorno <strong>do</strong> seu custo <strong>de</strong> implementação po<strong>de</strong><br />
ocorrer num espaço <strong>de</strong> alguns anos.<br />
Para terminar as notas genéricas sobre os edifícios, segun<strong>do</strong><br />
alguns estu<strong>do</strong>s, o custo construção <strong>de</strong> um edifício face ao<br />
seu custo global (custo <strong>de</strong> construção e manutenção<br />
continuada durante a sua vida útil) raramente ultrapassa os<br />
45%.<br />
Como to<strong>do</strong>s nós sabemos, a eficiência energética é uns <strong>do</strong>s<br />
factores <strong>de</strong> peso (senão o maior) para a a<strong>do</strong>pção ou<br />
implementação <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num edifício<br />
como o caso <strong>do</strong> edifício F <strong>do</strong> ISEP.<br />
Antes <strong>de</strong> começar a abordar o caso prático iremos expor as<br />
razões que levaram a uma instalação <strong>de</strong> uma instituição<br />
pública <strong>de</strong> renome.<br />
Em primeiro lugar, é preciso referir que actualmente não<br />
existe nenhuma instalação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou <strong>de</strong> gestão técnica<br />
centralizada no Edifício F <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
É <strong>de</strong> realçar que não se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma,<br />
incentivar ou forçar a instalação <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> sistema<br />
no edifício em estu<strong>do</strong>. O que <strong>de</strong>seja é mostrar a sua<br />
aplicabilida<strong>de</strong> a um edifício português, permitin<strong>do</strong> aos<br />
leitores terem umas noções mais precisas e intuitivas e claro,<br />
uma parte <strong>do</strong>s leitores são <strong>de</strong> alguma forma, frequenta<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> local em estu<strong>do</strong>.<br />
53
ARTIGO TÉCNICO<br />
3.1 Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong><br />
O edifício é constituí<strong>do</strong> por 7 níveis/pisos, estan<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong> a<br />
garagem/cave, constituí<strong>do</strong>s basicamente por laboratórios,<br />
salas <strong>de</strong> ensino e gabinetes <strong>de</strong> <strong>do</strong>centes.<br />
Para o estu<strong>do</strong> ser mais simples <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r iremos<br />
dividir o estu<strong>do</strong> em duas partes:<br />
• Implementação <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> gestão técnica<br />
centralizada;<br />
• Implementação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num laboratório<br />
típico.<br />
Essa consola central actual possui um gran<strong>de</strong> problema, <strong>de</strong><br />
não apresentar o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong> iluminação (liga<strong>do</strong><br />
ou <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>), o que em certos casos po<strong>de</strong> induzir ao<br />
accionamento erra<strong>do</strong> <strong>de</strong> certos circuitos por parte <strong>do</strong>s<br />
seguranças presentes. Por exemplo não é pouco comum ver<br />
alguns circuitos <strong>de</strong> iluminação em funcionamento <strong>de</strong> forma<br />
ina<strong>de</strong>quada durante a noite ou durante o dia. Foi também<br />
realiza<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no programa <strong>de</strong> estágio para<br />
estudar a viabilida<strong>de</strong> financeira <strong>de</strong> tornar operacional a<br />
apresentação <strong>do</strong>s diferentes esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong><br />
iluminação, mas por questões financeiras não se avançou<br />
com a solução.<br />
A implementação será realizada com o objectivo <strong>de</strong><br />
requalificar o edifício, ao aproveitar ao máximo possível as<br />
tubagens existentes.<br />
A questão das tubagens, sempre problemática, só permitirá<br />
uma instalação integral <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (nível <strong>de</strong><br />
campo) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer um levantamento <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> e actual<br />
<strong>de</strong> toda a instalação, <strong>de</strong> forma a elaborar um projecto<br />
preciso e sem <strong>de</strong>rrapagens orçamentais (e ao mesmo tempo<br />
permitirá saber as limitações a nível <strong>de</strong> actualizações futura,<br />
a nível <strong>de</strong> equipamento).<br />
3.1.1 Implementação <strong>de</strong> uma Solução <strong>de</strong> Gestão Técnica<br />
Centralizada<br />
Um sistema <strong>de</strong> gestão centralizada significa gerir o máximo<br />
<strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s presentes no edifício basea<strong>do</strong> num ou<br />
mais sistemas <strong>de</strong> automação (KNX, LonWorks, BACnet, etc.).<br />
Mas a palavra “gestão” não exclui o controlo, monitorização<br />
e optimização <strong>de</strong> todas as funcionalida<strong>de</strong>s presentes.<br />
Voltan<strong>do</strong> para o edifício em estu<strong>do</strong>, ao invés <strong>de</strong> existir a<br />
consola central, presente na entrada principal <strong>do</strong> edifício F,<br />
em que permite uma gestão muito básica <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
circuitos <strong>de</strong> iluminação, to<strong>do</strong> o controlo é realiza<strong>do</strong> através<br />
<strong>de</strong> qualquer computa<strong>do</strong>r com ligação à re<strong>de</strong> local ou à<br />
Internet (ver Fig. 2).<br />
Para o/s segurança/s responsável/eis po<strong>de</strong>rão realizar o<br />
controlo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o edifício quer a nível <strong>de</strong>:<br />
• Circuitos <strong>de</strong> iluminação;<br />
• Circuitos <strong>de</strong> aquecimento (radia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>)<br />
• Sistema HVAC presente no edifício;<br />
• Controlo <strong>do</strong>s portões da garagem;<br />
• Sistema <strong>de</strong> acessos às salas e laboratórios, incluin<strong>do</strong><br />
saber o local <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> cada <strong>do</strong>cente e/ou alunos<br />
(uma boa ferramenta <strong>de</strong> informação);<br />
• Gastos <strong>de</strong> energia (electricida<strong>de</strong>, gás natural, etc) e <strong>de</strong><br />
água (que po<strong>de</strong>rá ser uma excelente forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<br />
<strong>de</strong> fugas ou gastos <strong>de</strong>snecessários);<br />
• Eleva<strong>do</strong>res (p. ex. em função da afluência activar o<br />
numero <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>res necessário para menor uso<br />
<strong>de</strong>snecessário);<br />
• Monitorização <strong>de</strong> janelas abertas, por motivos<br />
energéticos (fugas <strong>de</strong> calor) e por motivos <strong>de</strong> segurança;<br />
• Etc.<br />
As funcionalida<strong>de</strong>s atrás referidas são apenas algumas que é<br />
possível implementar. Mais outras funcionalida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />
ser implementadas sem requerem a compra a fornece<strong>do</strong>res<br />
terceiros. Po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidas internamente, pelos<br />
laboratórios <strong>de</strong> investigação ou pelos programas <strong>de</strong> estágios<br />
para alunos para aquisição <strong>de</strong> uma maior experiencia nessa<br />
área em crescimento (ver Cap. 4).<br />
54
ARTIGO TÉCNICO<br />
A nível <strong>de</strong> monitorização po<strong>de</strong>mos terminar com a <strong>de</strong>finição<br />
<strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> controlo/monitorização. Por<br />
exemplo, o/s segurança/s po<strong>de</strong>rão proce<strong>de</strong>r apenas ao<br />
controlo e monitorização da maioria <strong>do</strong>s circuitos <strong>de</strong><br />
diferentes funcionalida<strong>de</strong>s, mas os altos responsáveis <strong>do</strong><br />
universo ISEP ou IPP po<strong>de</strong>rão realizar uma gestão global e<br />
sem restrições <strong>de</strong> toda a instalação.<br />
3.1.2 Implementação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Domótica num<br />
Laboratório Típico<br />
Depois <strong>de</strong> se abordar a implementação <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong><br />
gestão técnica centralizada no edifício F, iremos abordar a<br />
implementação <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica num laboratório típico<br />
(baseada na tecnologia KNX).<br />
Antes <strong>de</strong> iniciar o estu<strong>do</strong> da implementação em causa, é<br />
preciso referir que a solução equacionada <strong>de</strong> gestão técnica<br />
centralizada no edifício F proposto no subcapítulo 3.1.1<br />
permite gerir, monitorizar e controlo todas as<br />
funcionalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> edifício (interligadas com o<br />
sistema), incluin<strong>do</strong> todas as salas <strong>de</strong> ensino, laboratórios e<br />
gabinetes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes.<br />
Asrazões para aprofundar na solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica para um<br />
laboratório típico são:<br />
• São as divisões on<strong>de</strong> a taxa <strong>de</strong> ocupação é a mais<br />
elevada;<br />
• Em muito <strong>do</strong>s casos é on<strong>de</strong> ocorrem maior <strong>de</strong>sperdício<br />
<strong>de</strong> energia (em termos <strong>de</strong> percentagens, em relação às<br />
áreas comuns presentes nos edifícios);<br />
• Permitem, ao adaptar os hábitos <strong>de</strong> cada utiliza<strong>do</strong>r ou<br />
grupo <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res, ajustar da melhor forma os<br />
gastos, sem sacrificar o conforto, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e<br />
<strong>de</strong> concentração.<br />
• Etc.<br />
Figura 2 – Esquema <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão técnica centralizada<br />
55
ARTIGO TÉCNICO<br />
Irá ser exposta uma das soluções possíveis <strong>de</strong><br />
implementar, dividida em vários parâmetros:<br />
- Iluminação<br />
Possivelmente a variável mais significativa no gasto global <strong>de</strong><br />
utilização (não se po<strong>de</strong> confundir com os gastos <strong>de</strong> materiais<br />
<strong>de</strong> laboratórios, <strong>de</strong> manutenção e outros) mas ao mesmo<br />
tempo é a variável mais ajustável ou mais susceptível a<br />
maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlo com o sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica.<br />
as janelas estão abertas) e para controlo <strong>de</strong> segurança.<br />
Normalmente a esse tipo <strong>de</strong> controlo recorre-se ao uso <strong>de</strong><br />
contactos magnéticos.<br />
Por fim, o terceiro controlo, menos utiliza<strong>do</strong>, é o controlo<br />
remoto da abertura das janelas. A sua gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />
reflecte-se para manutenção <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> CO 2 e como forma<br />
<strong>de</strong> controlo adicional para os sistema <strong>de</strong> climatização,<br />
sempre que for necessário.<br />
Ao incluir um ou mais <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> presença<br />
(<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dimensão <strong>do</strong> laboratório) permite fazer uma<br />
gestão automática <strong>de</strong> iluminação em função da existência <strong>de</strong><br />
movimento no seu interior (p. ex. presença <strong>de</strong> alunos) com a<br />
luminosida<strong>de</strong> interior. Mas o <strong>de</strong>tector permite ainda realizar<br />
os seus cálculos matemáticos <strong>de</strong> forma a realizar a regulação<br />
contínua da iluminação <strong>de</strong> forma a manter uma iluminação<br />
constante 1 .<br />
Por fim, a regulação da iluminação po<strong>de</strong> ser feita<br />
directamente ou através da tecnologia 1-10V ou<br />
DALI, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em qualquer momento ser<br />
<strong>de</strong>sabilitada/habilitada o controlo automático através <strong>de</strong><br />
umas das teclas <strong>de</strong> pressão presentes na entrada <strong>do</strong><br />
laboratório.<br />
- Janelas<br />
Po<strong>de</strong>rão ser realiza<strong>do</strong>s três tipos <strong>de</strong> controlos.<br />
O controlo mais comum é o controlo das persianas <strong>de</strong><br />
lamelas (que apesar <strong>do</strong> investimento inicial ser mais eleva<strong>do</strong><br />
que as persianas normais), permitem um controlo da<br />
entrada <strong>de</strong> iluminação natural e também um controlo da<br />
entrada <strong>de</strong> luz directa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provém a radiação<br />
infravermelhos como uma das formas <strong>de</strong> aquecimento <strong>do</strong><br />
laboratório sempre que a temperatura interior seja baixa.<br />
O segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> controlo que po<strong>de</strong>rá ser feito é o esta<strong>do</strong><br />
das janelas (aberta ou fechada), em que é muito útil para o<br />
sistema <strong>de</strong> climatização (que não irá funcionar sempre que<br />
- Climatização<br />
O sistema <strong>de</strong> climatização a ser controla<strong>do</strong> será separa<strong>do</strong> em<br />
<strong>do</strong>is tipos.<br />
O primeiro tipo <strong>de</strong> climatização, aquecimento por cal<strong>de</strong>ira,<br />
que irá fornecer água quente aos radia<strong>do</strong>res presentes no<br />
laboratório.<br />
O segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> climatização, HVAC, proce<strong>de</strong>rá ao<br />
arrefecimento e aquecimento (menos eficiente que o<br />
aquecimento por cal<strong>de</strong>ira). Para um correcto funcionamento<br />
<strong>do</strong> sistema HVAC em todas as divisões, essas têm que<br />
comunicar com o sistema <strong>de</strong> gestão técnica centralizada para<br />
que accione o sistema HVAC central (controla<strong>do</strong> através <strong>de</strong><br />
controla<strong>do</strong>res basea<strong>do</strong>s na tecnologia BACnet ou LonWorks)<br />
sempre que for necessário (através <strong>de</strong> cálculos matemáticos<br />
e <strong>de</strong> históricos <strong>de</strong> utilização anteriores).<br />
O sistema <strong>de</strong> climatização é controla<strong>do</strong> com base nos valores<br />
apresenta<strong>do</strong>s pelo/s sensor/es <strong>de</strong> temperatura presentes na<br />
divisão. O valor <strong>de</strong> setpoint (valor <strong>de</strong> temperatura interior<br />
que se pretenda) po<strong>de</strong>rá ou não ser ajusta<strong>do</strong> em tempo real,<br />
pelos <strong>do</strong>centes ou outro tipo <strong>de</strong> pessoal autoriza<strong>do</strong>.<br />
- Níveis <strong>de</strong> CO 2<br />
Ao monitorizar os valores <strong>de</strong> CO 2 permitem usufruir <strong>de</strong> duas<br />
gran<strong>de</strong>s mais-valias. A mais notória é controlar os níveis <strong>de</strong><br />
CO 2 , <strong>de</strong> forma que as condições <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> estar<br />
nos laboratórios sejam as i<strong>de</strong>ais (evitan<strong>do</strong> o muito conheci<strong>do</strong><br />
efeito <strong>de</strong> “ar abafa<strong>do</strong>” ou “satura<strong>do</strong>”).<br />
1<br />
Esta ao realizar a regulação <strong>de</strong> iluminação, permite um menor consumo <strong>de</strong> energia eléctrica, aumentan<strong>do</strong> o tempo <strong>de</strong> vida útil das lâmpadas.<br />
Por exemplo, uma dada lâmpada a 50% <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> durar até 20 vezes mais que uma lâmpada em funcionamento pleno<br />
56
ARTIGO TÉCNICO<br />
A outra vantagem que po<strong>de</strong>rá apresentar é ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
como mais uma variável <strong>de</strong> controlo por parte <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />
climatização. Por exemplo, em função <strong>do</strong>s diferentes níveis<br />
<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s das diferentes variáveis <strong>de</strong> controlo <strong>do</strong><br />
sistema <strong>de</strong> climatização (apenas HVAC por permitir<br />
circulação <strong>de</strong> ar) e eventualmente controlo das janelas<br />
po<strong>de</strong>rá contribuir para uma maior poupança energética.<br />
Por outro la<strong>do</strong> preten<strong>de</strong>-se referir que um sistema <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica ou gestão técnica centralizada por si só não é uma<br />
solução eficaz e significativa para redução da factura<br />
energética <strong>de</strong> um edifício (uns <strong>do</strong>s factores mais<br />
significativos para o sucesso ou fracasso no factor <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong> implementação), <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à solução arquitectónica a nível<br />
<strong>de</strong> estrutura e <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção.<br />
- Controlo <strong>de</strong> acessos<br />
Apesar <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> acessos existir, ao reportar<br />
a presença <strong>do</strong>s diferentes utiliza<strong>do</strong>res, não possui outras<br />
funcionalida<strong>de</strong>s. Ao interligar com o sistema <strong>de</strong> gestão<br />
técnica centralizada permite usufruir <strong>de</strong> inúmeras vantagens.<br />
Por exemplo, o accionamento <strong>do</strong>s diferentes circuitos <strong>de</strong><br />
iluminação, persianas e climatização só será realiza<strong>do</strong><br />
sempre que o <strong>do</strong>cente <strong>de</strong>r como entrada na divisão,<br />
evitan<strong>do</strong> accionamento in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> por terceiros.<br />
Possibilita também, referi<strong>do</strong> no capítulo 3.1.1, saber em<br />
tempo real on<strong>de</strong> está um da<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>r (<strong>do</strong>cente, aluno ou<br />
outro tipo <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res) para uma maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
encontro.<br />
- Medição <strong>de</strong> energia<br />
Em qualquer altura, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da existência <strong>do</strong> medi<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> energia na divisão (energia eléctrica e <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />
climatização em unida<strong>de</strong>s British Thermal Unit - BTU), po<strong>de</strong>rse-á<br />
utilizar os seus valores para controlo <strong>de</strong> custos em<br />
tempo real, i<strong>de</strong>ntificar os valores <strong>de</strong> gastos <strong>de</strong> energia por<br />
utiliza<strong>do</strong>r ou até mesmo monitorizar a qualida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong><br />
eléctrica.<br />
Por fim, apesar <strong>de</strong> ser um caso teórico, permite dar uma<br />
outra sensibilida<strong>de</strong> aos leitores o leque <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s<br />
que po<strong>de</strong>rão ser implementadas, que forma e as suas razões.<br />
4 FUTURO E OPORTUNIDADES DE MERCADO A DOMÓTICA OU<br />
SISTEMA DE GESTÃO TÉCNICA CENTRALIZADA<br />
Depois <strong>de</strong> fazer uma análise <strong>do</strong> caso pratico, irão ser<br />
expostas as tendências futuras da área da <strong>do</strong>mótica e da<br />
área da gestão técnica centralizada.<br />
Actualmente a área da <strong>do</strong>mótica (automação <strong>de</strong> casas e<br />
edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal<br />
relevância nos países mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, com um<br />
crescimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10% ao ano.<br />
Existem inúmeras razões para a crescente implantação da<br />
<strong>do</strong>mótica em edifícios, entre as quais a maior eficiência<br />
energética, o aumento da segurança e a redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong><br />
aquisição das tecnologias. No que diz respeito às habitações<br />
particulares, acrescenta-se essencialmente o aumento <strong>do</strong><br />
conforto <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao grau <strong>de</strong> automação trazi<strong>do</strong> pela<br />
<strong>do</strong>mótica.<br />
3.2 Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />
Preten<strong>de</strong>-se relembrar que foi proposto uma das muitas<br />
soluções possíveis <strong>de</strong> implementar, mostran<strong>do</strong> a<br />
versatilida<strong>de</strong> da implementação <strong>de</strong> uma sistema <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica num da<strong>do</strong> ambiente (edifício F pertencente ao<br />
ISEP).<br />
A nível <strong>de</strong> previsões futuras, prevê um crescimento cada vez<br />
mais acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> implementação, embora haja ainda hoje<br />
muita falta <strong>de</strong> informação, que por vezes totalmente errada.<br />
Uma outra vertente muito cativante (oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong>) é a nível académico (opinião baseada no universos<br />
<strong>do</strong>s alunos universitários) que há um gran<strong>de</strong> interesse na<br />
continuação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas tecnologias mais é muito<br />
pouco aposta<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> académico nacional.<br />
57
ARTIGO TÉCNICO<br />
Umas das vertentes a explorar, é por exemplo, a continuação<br />
em <strong>de</strong>senvolver ou melhorar as tecnologias <strong>de</strong> <strong>do</strong>móticas<br />
actuais.<br />
Antes <strong>de</strong> se expor as diferentes alternativas serão<br />
justificadas as razões que levaram a abordar esse assunto.<br />
Em primeiro lugar espera-se que seja consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um<br />
"incentivo” para que os diferentes pólos <strong>de</strong> investigação<br />
presentes no ISEP e outras faculda<strong>de</strong>s existentes em<br />
Portugal comecem a olhar para o merca<strong>do</strong> da <strong>do</strong>mótica<br />
como uma aposta na área da investigação.<br />
É preciso realçar que uma solução completa ou não <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como uma solução <strong>de</strong><br />
eleva<strong>do</strong> retorno <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua eficiência energética e outros<br />
factores. Ou seja, uma verda<strong>de</strong>ira solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica ou<br />
gestão técnica centralizada além <strong>de</strong> possuir uma re<strong>de</strong> a nível<br />
<strong>de</strong> campo, a nível <strong>de</strong> re<strong>de</strong> e quan<strong>do</strong> necessário também a<br />
nível <strong>de</strong> supervisão to<strong>do</strong>s os sistemas que estejam a operar<br />
em concordância com o sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica (tais como<br />
sistemas <strong>de</strong> iluminação, sistemas <strong>de</strong> climatização, sistemas<br />
<strong>de</strong> persianas/lamelas, etc) têm que ser igualmente<br />
eficientes.<br />
Para ser visto como um foco <strong>de</strong> investigação, a <strong>do</strong>mótica tem<br />
que ser estudada sob várias frentes. Estas po<strong>de</strong>rão ser, ao<br />
utilizar como linha <strong>de</strong> referência os diferentes pólos <strong>de</strong><br />
investigação existentes no ISEP.<br />
As (algumas) alternativas/frentes que existem são:<br />
• Apesar <strong>de</strong> existirem imensas tecnologias <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica, cada vez mais o merca<strong>do</strong> está inclina<strong>do</strong> para<br />
tecnologia baseadas em protocolos abertos (tais como<br />
KNX, LonWorks, etc), cujo seu sucesso comercial está<br />
mais que comprova<strong>do</strong>. Em vez se focar no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos protocolos <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>mótica, proce<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />
produtos ou novos tipos <strong>de</strong> produtos aplicáveis em<br />
contextos e ambiente, que até ao momento não foram<br />
satisfeitos;<br />
• Relativamente ao ponto anterior, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao actual<br />
panorama financeiro nacional, cujo ensino superior<br />
acaba <strong>de</strong> sofrer um corte significativo no seu orçamento,<br />
para o ISEP continuar ou melhorar o seu nível <strong>de</strong> ensino,<br />
ao <strong>de</strong>senvolver novos produtos para o merca<strong>do</strong> (com<br />
vantagens competitivas a nível <strong>de</strong> prestigio e financeiro),<br />
fomenta na globalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ISEP (alunos e <strong>do</strong>centes) ao<br />
criarem novos produtos. Por outro la<strong>do</strong>, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
obter financiamento face às empresas privadas para a<br />
criação <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> produção e venda <strong>de</strong> produtos<br />
<strong>de</strong> uma área em crescimento é outro facto <strong>de</strong> peso,<br />
acaba por ser uma forma <strong>de</strong> obter fun<strong>do</strong>s para<br />
manutenção e melhoramento <strong>do</strong> universo ISEP;<br />
• Como se referiu anteriormente, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
produtos envolve a engenharia electrónica (que po<strong>de</strong>m<br />
ou não estar envolvi<strong>do</strong>s os laboratórios LSA, CISTER,<br />
etc.), engenharia mecânica (acondicionamento e<br />
formatos mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a nível mecânico <strong>do</strong>s produtos<br />
ou até mesmo conhecimentos termodinâmicos –<br />
sistemas <strong>de</strong> climatização), engenharia informática<br />
(software <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong> supervisão, etc.), engenharia civil<br />
(estu<strong>do</strong> da concepção <strong>de</strong> edifícios mais ecológicos e/ou<br />
optimização <strong>do</strong>s edifícios actuais), engenharia <strong>de</strong><br />
sistemas eléctricos, etc.;<br />
• Continuação <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia sem-fios<br />
ZigBee, pelo laboratório CISTER, que ao interligar com os<br />
sistemas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mótica permitirá aumentar a versatilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> implementação da <strong>do</strong>mótica e <strong>de</strong> aplicações<br />
SmartGrid (re<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensores sem fios);<br />
• Etc.<br />
6 CONCLUSÕES FINAIS<br />
Depois <strong>de</strong> realizar um breve esta<strong>do</strong> da arte das tecnologias<br />
<strong>do</strong>móticas,<strong>de</strong> seguida elaborou-se uma exposição a um caso<br />
prático, pon<strong>do</strong> em prática a aplicação das diferentes<br />
tecnologias <strong>do</strong>móticas (KNX, LonWorks e BACnet).<br />
58
ARTIGO TÉCNICO<br />
Em jeito <strong>de</strong> conclusão geral, fin<strong>do</strong> este trabalho, po<strong>de</strong>rá-seão<br />
tecer as seguintes consi<strong>de</strong>rações:<br />
• Em função <strong>do</strong> contexto da sua aplicação, as vantagens<br />
das tecnologias <strong>do</strong>móticas são evi<strong>de</strong>ntes ao reduzirem a<br />
factura energética <strong>de</strong> um edifício, fornecen<strong>do</strong> o mesmo<br />
nível <strong>de</strong> conforto, oferecen<strong>do</strong> uma versatilida<strong>de</strong> mais<br />
elevada na utilização das diferentes funcionalida<strong>de</strong>s<br />
existente no edifício face a um edifício tradicional e entre<br />
outros;<br />
• Por outro la<strong>do</strong>, ao oferecer um nível eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
escalabilida<strong>de</strong> (maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futuras expansões <strong>de</strong><br />
re<strong>de</strong>), é cria<strong>do</strong> um nível eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança,<br />
fiabilida<strong>de</strong> e diferentes tipos <strong>de</strong> topologias <strong>de</strong> re<strong>de</strong>;<br />
• A nível da interoperabilida<strong>de</strong>, as tecnologias KNX e<br />
LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca <strong>de</strong><br />
300 e 4200 fabricantes afilia<strong>do</strong>s, oferecem uma gran<strong>de</strong><br />
versatilida<strong>de</strong>.<br />
Por outro la<strong>do</strong> po<strong>de</strong>mos concluir que além <strong>de</strong> se provar um<br />
claro crescimento das tecnologias <strong>do</strong>móticas nos merca<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à aceitação crescentes das vantagens que estas<br />
oferecem, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como uma excelente<br />
área <strong>de</strong> investigação para as faculda<strong>de</strong>s e politécnicos<br />
portugueses.<br />
Bibliografia<br />
[1] Echelon Corporation<br />
http://www.echelon.com/<br />
[2] ECHELON - LonWorksEngeneering Bulletin 005-0025-<br />
01D, 1996<br />
[3] KNX Organization - KNX Handbook for Home and<br />
Building Control. 3º Release. Bélgique, 1999<br />
[4] KNX Organization<br />
http://knx.org/<br />
[5] LonMarkInternacional<br />
http://www.lonmark.org/<br />
[6] LonMark of Germany<br />
http://www.lno.<strong>de</strong><br />
[7] Partner’s KNX<br />
http://www.knx.org/knx-partners/knxeib-partners/list/<br />
[8] SCADA<br />
http://www.scadaengine.com/<br />
[9] SYSMIK GmBH DRESDEN<br />
http://www.sysmik.co<br />
[10] ZIGBEE ALLIANCE<br />
http://www.zigbee.org/<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
(Edifício F)<br />
59
José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />
ARTIGO TÉCNICO<br />
EXTINÇÃO DAS TARIFAS REGULADAS NO SECTOR ELÉCTRICO<br />
1 ENQUADRAMENTO<br />
2 MERCADO REGULADO<br />
O sector eléctrico foi, historicamente, um sector <strong>de</strong><br />
monopólio natural, controla<strong>do</strong> por uma única entida<strong>de</strong> a<br />
qual assegurava as diversas activida<strong>de</strong>s relacionadas com o<br />
fornecimento da energia eléctrica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua<br />
produção, transporte e distribuição até ao abastecimento ao<br />
consumi<strong>do</strong>r final. Esta é uma realida<strong>de</strong> que tem vin<strong>do</strong> a ser<br />
radicalmente alterada nas últimas décadas.<br />
Após longos anos <strong>de</strong> actuação em regime <strong>de</strong> monopólio<br />
(público, priva<strong>do</strong> ou misto) verticalmente<br />
integra<strong>do</strong>, verificaram-se em diversos países, em diferentes<br />
latitu<strong>de</strong>s, várias experiências que resultaram em processos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sverticalização <strong>do</strong> sector com separação das suas<br />
activida<strong>de</strong>s. O primeiro <strong>de</strong>stes exemplos ocorreu no Chile no<br />
final da década <strong>de</strong> 70 <strong>do</strong> século XX, ten<strong>do</strong> as alterações<br />
consisti<strong>do</strong>, basicamente, no fim <strong>do</strong>s monopólios da energia<br />
eléctrica e na introdução duma lógica <strong>de</strong> concorrência no<br />
merca<strong>do</strong> da electricida<strong>de</strong>. Esta passou a verificar-se na<br />
produção e na comercialização, manten<strong>do</strong>-se como<br />
monopólios as activida<strong>de</strong>s ligadas a infra-estruturas <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />
como são o transporte e a distribuição.<br />
Também em Portugal a EDP funcionou, durante muito<br />
tempo, como a empresa vertical, que actuan<strong>do</strong> em toda a<br />
ca<strong>de</strong>ia, assegurava a produção, o transporte, a distribuição e<br />
a comercialização da energia eléctrica.<br />
Esta realida<strong>de</strong> teve um ponto <strong>de</strong> inflexão significativo após a<br />
a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> Portugal à, então, CEE. Em 1988 foi publica<strong>do</strong> um<br />
importante pacto legislativo que, entre outras<br />
inovações, consagrou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao sector<br />
pelos pequenos produtores priva<strong>do</strong>s na área da produção<br />
hidroeléctrica (mini-hídricas) e cogeração, obrigan<strong>do</strong> a EDP a<br />
adquirir toda a energia por eles produzida a um preço<br />
regula<strong>do</strong>.<br />
É também nesse perío<strong>do</strong> que cessa a exclusivida<strong>de</strong> da<br />
concessão à EDP, sen<strong>do</strong> liberalizadas algumas das<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sector. Tal teve como objectivo a abertura <strong>do</strong><br />
investimento no sector à iniciativa privada, permitin<strong>do</strong><br />
canalizar verbas públicas para outros investimentos<br />
e, funcionan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>, permitir uma redução <strong>de</strong> preços<br />
com benefícios para os consumi<strong>do</strong>res.<br />
Fig. 1 - Activida<strong>de</strong>s tradicionais no sector eléctrico<br />
60
ARTIGO TÉCNICO<br />
Com uma progressiva abertura <strong>do</strong> sector a um ambiente <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong> concorrencial, emergiu o papel das entida<strong>de</strong>s<br />
regula<strong>do</strong>ras como garantia <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tratamento, <strong>de</strong> transparência e <strong>de</strong> não discriminação no<br />
acesso <strong>de</strong> produtores e <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res às re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
transporte e <strong>de</strong> distribuição. Em 1995 é criada a ERSE<br />
(Entida<strong>de</strong> Regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Sector Eléctrico) pela publicação <strong>do</strong><br />
Decreto-Lei n.º 187/95, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> Julho.<br />
Das suas competências constam:<br />
• O estabelecimento <strong>do</strong>s valores das tarifas e preços para a<br />
energia eléctrica a aplicar anualmente<br />
• A protecção <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res em relação<br />
a preços, serviços e qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> abastecimento<br />
• Fomentar a concorrência<br />
• Contribuir para uma utilização eficiente da energia<br />
eléctrica<br />
Em 2002 são aprova<strong>do</strong>s novos estatutos da ERSE pela<br />
publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei nº 97/2002 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Abril. A ERSE<br />
vê as suas competências alargadas com a inclusão da<br />
regulação das activida<strong>de</strong>s relativas ao gás natural, passan<strong>do</strong><br />
a <strong>de</strong>signar-se Entida<strong>de</strong> Regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s Serviços<br />
Energéticos, embora manten<strong>do</strong> a sigla original.<br />
3 MERCADO LIBERALIZADO<br />
O processo <strong>de</strong> liberalização <strong>do</strong> sector eléctrico ocorreu, na<br />
maior parte <strong>do</strong>s países europeus, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> fasea<strong>do</strong>. Estes<br />
processos começaram tipicamente por contemplar os<br />
clientes <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> tensão mais eleva<strong>do</strong>s e com maiores<br />
consumos. Também em Portugal, ainda na década <strong>de</strong> 90 <strong>do</strong><br />
século passa<strong>do</strong>, foi publicada legislação que abria o merca<strong>do</strong><br />
apenas aos maiores clientes, ten<strong>do</strong> o processo si<strong>do</strong><br />
progressivamente estendi<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os clientes.<br />
A abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> concorrencial teve como objectivo<br />
dinamizar o sector e impor-se como solução para o encontro<br />
entre a oferta e a procura, reflectin<strong>do</strong>-se numa expectável<br />
<strong>de</strong>scida <strong>do</strong>s preços e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço.<br />
Este é um novo paradigma on<strong>de</strong> é concedida a cada<br />
consumi<strong>do</strong>r a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r,<br />
implican<strong>do</strong> alterações profundas em to<strong>do</strong> o enquadramento<br />
legislativo e regulatório bem como no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> actuação das<br />
diversas entida<strong>de</strong>s intervenientes. Potencia ainda o<br />
aparecimento <strong>de</strong> novos produtores e comercializa<strong>do</strong>res,<br />
aumentan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> intervenientes no sector e a<br />
complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> mesmo.<br />
Fig. 2 - Calendário <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em Portugal (ERSE)<br />
61
ARTIGO TÉCNICO<br />
A Directiva n.º 2003/54/CE, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Junho, <strong>de</strong>finiu como<br />
data limite o dia 1 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2007, para abertura <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os clientes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>s seus<br />
consumos e da tensão <strong>de</strong> alimentação. A Directiva foi<br />
transposta para a or<strong>de</strong>m jurídica nacional pela publicação <strong>do</strong><br />
Decreto-Lei n.º 29/2006, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Fevereiro. Aí, no âmbito<br />
da protecção <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, consagra-se a figura <strong>do</strong><br />
comercializa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> último recurso o qual assume o papel <strong>de</strong><br />
garante <strong>do</strong> fornecimento <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> aos consumi<strong>do</strong>res.<br />
Para Portugal continental foi estabelecida a data <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />
Setembro <strong>de</strong> 2006 como aquela a partir da qual to<strong>do</strong>s os<br />
clientes <strong>de</strong> energia eléctrica po<strong>de</strong>riam escolher livremente o<br />
seu fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> energia eléctrica.<br />
Este foi um processo que apresentou alguns<br />
percalços, nomeadamente, no final <strong>de</strong> 2007 com vários<br />
comercializa<strong>do</strong>res a não aceitarem novos contratos <strong>de</strong><br />
fornecimento <strong>de</strong> energia eléctrica nem renovarem contratos<br />
já existentes, alegan<strong>do</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concorrência com<br />
as tarifas reguladas. No final <strong>de</strong> 2008 e, principalmente, em<br />
2009 e assistiu-se a um retorno <strong>de</strong> muitos clientes ao<br />
merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>. Actualmente a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> novos<br />
clientes ao merca<strong>do</strong> apresenta-se como uma forte<br />
tendência.<br />
Fig. 3 - Evolução <strong>do</strong> consumo no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />
Fig. 4 - Número total <strong>de</strong> clientes no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />
62
ARTIGO TÉCNICO<br />
2.2.1.3 CAIXA REDUTORA<br />
Fig. 5 - Consumo (GWh) no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />
Figura 9 - Diagrama <strong>de</strong> blocos Simulink da caixa redutora com varia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />
Fig. 6 - Peso relativo <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> (ERSE)<br />
4 NOVO MODELO<br />
Com a recente publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 104/2010 <strong>de</strong> 29<br />
<strong>de</strong> Setembro verifica-se uma nova “revolução” no sector<br />
eléctrico, com a extinção das tarifas reguladas <strong>de</strong><br />
fornecimento <strong>de</strong> energia eléctrica em Portugal continental, a<br />
partir <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2011. Por este diploma são<br />
abrangi<strong>do</strong>s os clientes cuja alimentação seja em muito alta<br />
tensão (MAT), alta tensão (AT), média tensão (MT) ou baixa<br />
tensão especial (BTE). Significa que to<strong>do</strong>s os clientes, com<br />
excepção daqueles que são alimentação em baixa tensão<br />
normal (BTN), <strong>de</strong>verão, no próximo ano, passar a ser<br />
abasteci<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>.<br />
Esta é uma nova mudança <strong>de</strong> paradigma alteran<strong>do</strong>, em<br />
pouco anos, o fornecimento no merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />
direito <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r para uma obrigação.<br />
63
ARTIGO TÉCNICO<br />
A legislação prevê que os clientes que, à data <strong>de</strong> entrada em<br />
vigor <strong>do</strong> diploma, tivessem como fornece<strong>do</strong>r um<br />
comercializa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> último recurso (CUR) e que entretanto<br />
não estabeleçam um contrato no merca<strong>do</strong><br />
liberaliza<strong>do</strong>, possam continuar a ser abasteci<strong>do</strong> pelo CUR até<br />
à data limite <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2011. Para esse fim<br />
serão <strong>de</strong>finidas pela ERSE tarifas transitórias <strong>de</strong>terminadas<br />
pela soma das tarifas <strong>de</strong> energia, comercialização e acesso às<br />
re<strong>de</strong>s, sen<strong>do</strong> agravada por uma percentagem a <strong>de</strong>finir pela<br />
ERSE.<br />
O CUR <strong>de</strong>verá notificar por carta registada to<strong>do</strong>s os seus<br />
clientes até 30 dias após a entrada em vigor <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />
n.º 104/2010 prestan<strong>do</strong>-lhes toda a informação necessária à<br />
mudança <strong>de</strong> comercializa<strong>do</strong>r. Este não é um processo<br />
automático caben<strong>do</strong> a cada cliente consultar o merca<strong>do</strong> e<br />
optar por um comercializa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> liberaliza<strong>do</strong>.<br />
Os comercializa<strong>do</strong>res autoriza<strong>do</strong>s a actuar no merca<strong>do</strong><br />
liberaliza<strong>do</strong> em Portugal obtém licenciamento junto da<br />
Direcção-Geral <strong>de</strong> Geologia e Energia. A ERSE disponibiliza na<br />
sua página <strong>de</strong> Internet (www.erse.pt) a lista com a<br />
i<strong>de</strong>ntificação e os contactos <strong>do</strong>s comercializa<strong>do</strong>res que se<br />
encontram a actuar no merca<strong>do</strong>.<br />
Deverão ainda ser toma<strong>do</strong>s em conta outros aspectos como,<br />
por exemplo, que o ciclo mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (semanal ou diário)<br />
ao funcionamento das instalações é o que consta na<br />
proposta, ou a explicitação <strong>de</strong> a quem competirá suportar<br />
eventuais alterações <strong>de</strong> custos com as tarifas <strong>de</strong> acesso às<br />
re<strong>de</strong>s no <strong>de</strong>correr da vigência <strong>do</strong> contrato.<br />
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
O sector eléctrico tem vin<strong>do</strong> a sofrer diversas alterações ao<br />
longo da sua existência ten<strong>de</strong>ncialmente no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
fomento da concorrência.<br />
Em Portugal a manifestação mais recente <strong>de</strong>ssa tendência é<br />
corporizada na publicação <strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 104/2010 que<br />
<strong>de</strong>termina a extinção <strong>de</strong> tarifas reguladas com excepção <strong>do</strong>s<br />
consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos. Esta é uma realida<strong>de</strong> que impõe<br />
aos clientes a procura <strong>de</strong> um comercializa<strong>do</strong>r em merca<strong>do</strong><br />
liberaliza<strong>do</strong>. Este é um <strong>de</strong>safio que po<strong>de</strong>rá potenciar a<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada cliente <strong>de</strong>dicar mais atenção aos<br />
aspectos relaciona<strong>do</strong>s com a energia eléctrica que consome,<br />
eventualmente conseguin<strong>do</strong> obter condições mais<br />
vantajosas e incrementar a eficiência energética e a<br />
utilização racional da energia nas suas instalações.<br />
A mudança <strong>de</strong> comercializa<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> ser efectuada até<br />
quatro vezes em cada <strong>do</strong>ze meses consecutivos, não<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser invocadas razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica para<br />
impedir essa mudança, nomeadamente as características <strong>do</strong>s<br />
conta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> energia.<br />
De notar que, sen<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> livre, cada comercializa<strong>do</strong>r<br />
po<strong>de</strong> apresentar uma proposta comercial que po<strong>de</strong>rá não<br />
ser facilmente comparável com a <strong>de</strong> um seu concorrente.<br />
Cabe a cada cliente obter junto <strong>de</strong> cada comercializa<strong>do</strong>r os<br />
esclarecimentos necessários à sua <strong>de</strong>cisão, garantin<strong>do</strong> que<br />
estão acautela<strong>do</strong>s os seus interesses e que esses serão<br />
verti<strong>do</strong>s no contrato a estabelecer.<br />
Esta não é contu<strong>do</strong> a única novida<strong>de</strong> no sector, haven<strong>do</strong><br />
alterações ao nível da introdução <strong>de</strong> escalões no consumo <strong>de</strong><br />
energia reactiva, já no início <strong>de</strong> 2011. Prevê-se ainda que,<br />
num futuro mais longínquo, se possam verificar alterações<br />
significativas no que diz respeito à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço e à<br />
poluição da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada consumi<strong>do</strong>r.<br />
www.galpenergia.com<br />
Referências<br />
www.erse.pt<br />
www.edp.pt<br />
www.dgge.pt<br />
www.unionfenosa.pt<br />
www.dre.pt<br />
64
CURIOSIDADE<br />
65
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:<br />
António Augusto Araújo Gomes<br />
(aag@isep.ipp.pt)<br />
Mestre (pré-bolonha) em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica e Computa<strong>do</strong>res, pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
Doutoran<strong>do</strong> na Área Científica <strong>de</strong> Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia (UTAD).<br />
Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />
Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Obras na CERBERUS - <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Segurança, entre 1997 e 1999.<br />
Prestação, para diversas empresas, <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> instalações eléctricas,<br />
telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consulta<strong>do</strong>ria técnica.<br />
Investiga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> GECAD (Grupo <strong>de</strong> Investigação em <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> Conhecimento e Apoio à<br />
Decisão), <strong>do</strong> ISEP, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.<br />
Eduar<strong>do</strong> Sérgio Correia<br />
Engº Técnico Electrotécnico – Sistemas <strong>de</strong> Energia (ISEP 1995), inscrito na ANET (1555).<br />
(SCorreia@iems.pt)<br />
Director <strong>de</strong> Operações da Delegação Norte da IEMS – Instalações <strong>de</strong> Electrónica Manutenção e<br />
Serviços, Lda <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000.<br />
Nota curricular da empresa:<br />
Fundada em 1993, a IEMS, começou a operar como uma empresa fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> acessórios para<br />
sistemas <strong>de</strong> cablagem e presta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços associa<strong>do</strong>s. A IEMS tem acompanha<strong>do</strong> o rápi<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento da indústria das tecnologias <strong>de</strong> informação, evoluin<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos, para a<br />
comercialização <strong>de</strong> produtos nas áreas <strong>de</strong> cablagem estruturada, <strong>de</strong><br />
telecomunicações, equipamentos activos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong>-se especializa<strong>do</strong> em adaptar soluções <strong>de</strong><br />
fabricantes mundiais, lí<strong>de</strong>res no merca<strong>do</strong>, às realida<strong>de</strong>s e exigências nacionais. Neste âmbito, tem<br />
uma vasta experiência em instalação e manuseamento das Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Fibra Óptica, estan<strong>do</strong> sempre<br />
na vanguarda com os produtos mais avança<strong>do</strong>s disponíveis no merca<strong>do</strong>.<br />
Henrique Jorge <strong>de</strong> Jesus Ribeiro da Silva<br />
(hjs@isep.ipp.pt)<br />
Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica, em 1979, pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, opção <strong>de</strong> Produção, Transporte e Distribuição <strong>de</strong> Energia.<br />
Diploma <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em Informática e Electrónica Industrial pela Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Minho. Mestre em Ciências na área da Electrónica Industrial.<br />
Professor Adjunto Equipara<strong>do</strong> <strong>do</strong> ISEP, leccionan<strong>do</strong> na área da Teoria da Electricida<strong>de</strong> e Instalações<br />
Eléctricas.<br />
José Luís Almeida Marques <strong>de</strong> Faria<br />
(jlamfaria@gmail.com)<br />
Mestre em <strong>Engenharia</strong> Electrónica e <strong>de</strong> Computa<strong>do</strong>res, na área <strong>de</strong> Sistemas e Planeamento<br />
Industrial (Plano <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s Bolonha - 120ECTS), <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>).<br />
Director técnico na empresa Touch<strong>do</strong>mo.<br />
Fornece serviços à Industria Azeve<strong>do</strong>s, com a função <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r KNX e EnOcean.<br />
Forma<strong>do</strong>r na área da <strong>do</strong>mótica e engenharia electrónica/eléctrica.<br />
Funcionário da empresa Intelbus, Soluções para edifícios, Lda, com a função <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>r KNX e<br />
LonWorks, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2008 até Junho <strong>de</strong> 2010.<br />
66<br />
José Marílio Oliveira Car<strong>do</strong>so<br />
(joc@isep.ipp.pt)<br />
Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia, pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
Doutoran<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trás-os-Montes e Alto Douro na Área Cientifica <strong>de</strong> Sistemas<br />
Eléctricos <strong>de</strong> Energia.<br />
Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 e investiga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> GECAD (Grupo<br />
<strong>de</strong> Investigação em <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> Conhecimento e Apoio à Decisão).<br />
Docente no ensino secundário, na área da electrotecnia entre 2001 e 2004.<br />
Forma<strong>do</strong>r no Curso <strong>de</strong> Especialização Pós-Graduada em Eficiência Energética e Utilização Racional<br />
<strong>de</strong> Energia Eléctrica, <strong>do</strong> ISEP. Forma<strong>do</strong>r na Pós-Graduação em Gestão <strong>de</strong> Energia – Eficiência<br />
Energética, no <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Soldadura e Qualida<strong>de</strong> (ISQ), Taguspark, Oeiras e em Grijó, V.N. Gaia.
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:<br />
Nelson Ferreira da Silva<br />
(1071169@isep.ipp.pt)<br />
Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica <strong>de</strong> Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia no ISEP.<br />
Encontra-se a frequentar o Mestra<strong>do</strong> em Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia no ISEP.<br />
Pedro Daniel Soares Gomes<br />
(1071106@isep.ipp.pt)<br />
A frequentar o 1º ano <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica – Sistemas Eléctricos <strong>de</strong><br />
Energia, no <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (2010/2011)<br />
Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (2007/2008 - 2009/2010)<br />
Pedro Gerar<strong>do</strong> Maia Fernan<strong>de</strong>s<br />
(1070172@isep.ipp.pt)<br />
Licencia<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Eléctrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong> Energia, no <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
Encontra-se a frequentar o curso Mestra<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica - Sistemas Eléctricos <strong>de</strong><br />
Energia.<br />
Pedro Miguel Azeve<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sousa Melo<br />
(pma@isep.ipp.pt)<br />
Mestre em Automação, Instrumentação e Controlo pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
Aluno <strong>do</strong> Programa Doutoral em <strong>Engenharia</strong> Electrotécnica e <strong>de</strong> Computa<strong>do</strong>res, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
Docente <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001.<br />
Desenvolveu activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projectista <strong>de</strong> instalações eléctricas <strong>de</strong> BT na DHV-TECNOPOR.<br />
67