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Cantico dos Canticos

O mais maravilhoso Estudo de Canatres de Salomão

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falam como educadores e guias do povo. São os líderes da nação, cujo lugar foi mais tarde<br />

usurpado pelos sofistas A figura do antigo vates aparece sob muitos de seus aspectos no<br />

thulr da velha literatura nórdica, que corresponde ao thyle anglo-saxão. A moderna<br />

filologia alemã traduz essa palavra por Kultredner, que significa "orador do culto5. O<br />

exemplo mais típico do thulr é o starkaar, que Saxo Grammaticus corretamente traduz<br />

por vates. O thulr aparece, às vezes, como orador das fórmulas litúrgicas, em outras, como<br />

ator de um drama sagrado; em certas ocasiões, como sacerdote <strong>dos</strong> sacrifícios, e até como<br />

feiticeiro. Em outros casos, parece não passar de um poeta e orador de corte, tendo<br />

simplesmente a função do scurra — bobo ou jogral. O verbo correspondente, thylja,<br />

designa a recitação de textos religiosos, a prática da feitiçaria, ou simplesmente resmungar.<br />

O thulr é o repositório de todo o conhecimento mitológico e folclore poético. Ele é o<br />

velho sábio que conhece toda a história e tradição de um povo, que nas festas desempenha<br />

o papel de orador e é capaz de recitar de cor a genealogia <strong>dos</strong> heróis e <strong>dos</strong> nobres. Sua<br />

função específica é a peroração competitiva e o concurso de sabedoria. É sob esta forma<br />

que o encontramos como Unferd, no Beowulf. O mannjafnaar, a que antes nos referimos<br />

e os concursos de sabedoria entre Odin e os gigantes ou anões são abrangi<strong>dos</strong> pelo thulr.<br />

Os conheci<strong>dos</strong> poemas anglo-saxões Widsid e O vagabundo parecem ser típicos produtos<br />

do versátil poeta da corte. Todas as características acima referidas entram muito<br />

naturalmente em nossa descrição do poeta arcaico, cuja função foi em todas as épocas ao<br />

mesmo tempo sagrada literária. Mas, fosse sagrada ou profana, sua função sempre se<br />

encontra enraizada numa forma lúdica. Os habitantes da Buru central, também chamada<br />

Rana, praticam uma forma de antífona cerimonial conhecida pelo nome de Inga fuka. Os<br />

homens e as mulheres sentam-se uns em frente <strong>dos</strong> outros e cantam pequenas canções,<br />

algumas delas improvisadas, acompanha<strong>dos</strong> por um tambor. As canções são sempre de<br />

troça ou de desafio. São conhecidas nada menos de cinco espécies diferentes de Inga fuka.<br />

As canções assumem sempre a forma da estrofe e da antiestrofe, do ataque e da réplica, da<br />

pergunta e da resposta, do desafio e da desforra. Por vezes, assemelham-se a enigmas. O<br />

Inga fuka mais típico chama-se 'Inga fuka de preceder e seguir"; cada estrofe começa pelas<br />

palavras "perseguir" ou "seguir uns aos outros", como em certos jogos infantis. O elemento<br />

poético formal é constituído pela assonância que, repetindo a mesma palavra ou uma<br />

variação dela, estabelece uma ligação entre a tese e a antítese. O elemento puramente<br />

poético é constituído por uma alusão, por uma idéia brilhante surgida bruscamente, o jogo<br />

de palavras ou simplesmente o som das próprias palavras, sendo que neste processo o<br />

sentido pode perder-se completamente. Esta forma de poesia só pode ser descrita e<br />

compreendida em termos de jogo, embora obedeça a um complexo sistema de regras<br />

prosódicas. Quanto ao conteúdo, as canções são sobretudo de inspiração amorosa, ou<br />

pequenas homilias sobre a prudência e as virtudes, ou ainda de caráter satírico. Embora<br />

exista todo um repertório de Inga fukas tradicionais, a essência do gênero é a<br />

improvisação. Também acontece que os versos já existentes sejam aperfeiçoa<strong>dos</strong> por<br />

adições e correções. O virtuosismo é grandemente considerado, não faltando a habilidade<br />

artística. Quanto ao sentimento e ao tom, as traduções fazem lembrar o pantun malaio, o<br />

qual deve ter exercido uma certa influência na literatura de Buru, e também o muito mais<br />

remoto hai-kai japonês.<br />

Além do Inga fuka, existem em Rana outras formas de poesia, todas elas baseadas nos<br />

mesmos princípios formais, mas consistindo, por exemplo, em longas altercações entre as<br />

famílias da noiva e do noivo, durante a troca cerimonial de presentes que se realiza por<br />

ocasião do casamento a forma japonesa de poesia vulgarmente conhecida como hai-kai,<br />

pequeno poema de apenas três versos, com cinco, sete e cinco sílabas sucessivamente, que<br />

evoca uma delicada impressão do mundo das plantas ou <strong>dos</strong> animais, da natureza ou do<br />

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