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Cantico dos Canticos

O mais maravilhoso Estudo de Canatres de Salomão

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são uma fonte de poder, mas o conhecimento é uma fonte de poder mágico. Para ele lodo<br />

saber é um saber sagrado, uma sabedoria esotérica capaz de obrar milagres, pois todo<br />

conhecimento está diretamente ligado à própria ordem cósmica. A ordem das coisas,<br />

decretada pelos deuses e conservada pelo ritual para a preservação da vida e a salvação do<br />

homem, esta ordem universal ou rtam, como era chamada em sânscrito, tem sua mais<br />

poderosa salvaguarda no conhecimento das coisas sagradas, de seus nomes secretos e da<br />

origem do mundo. É por isso que há competições nesse tipo de conhecimento nas festas<br />

sagradas, pois a palavra pronunciada tem uma influência direta sobre a ordem do mundo. A<br />

competição em conhecimentos esotéricos está profundamente enraizada no ritual, e<br />

constitui uma parte essencial deste. As perguntas que os sacrificadores fazem uns aos<br />

outros, cada um por sua vez ou mediante desafios, são enigmas no sentido pleno do termo,<br />

exatamente idênticos, salvo em sua significação sagrada, às adivinhas de salão. É na<br />

tradição védica que se pode ver mais claramente a função dessas competições rituais de<br />

enigmas. Nos grandes sacrifícios solenes, elas constituíam uma parte da cerimônia tão<br />

essencial como o sacrifício propriamente dito. Os brâmanes competiam em jatavidya<br />

conhecimento das origens, ou em brahmodya, cuja tradução mais aproximada seria<br />

"expressão das coisas sagradas". Estas designações mostram claramente que as perguntas<br />

feitas possuíam um caráter predominantemente cosmogônico. Vários <strong>dos</strong> hinos do Rigveda<br />

encerram a produção poética direta dessas competições. No hino Rigveda 1, 64, algumas<br />

das perguntas dizem respeito a fenômenos cósmicos, e outras às particularidades rituais do<br />

sacrifício:<br />

"Interrogo-vos sobre a extremidade mais longínqua da terra, pergunto-vos onde está o<br />

umbigo da terra. Interrogo-vos sobre o esperma do garanhão, pergunto-vos qual é a mais<br />

alta instância da palavra"1.<br />

No hino VIII, 29, dez enigmas típicos descrevem os atributos das principais divindades,<br />

seguindo-se a cada resposta o nome de uma dessas divindades2:<br />

"Um deles tem a pele marrom avermelhada, é multiforme, generoso, jovem; usa<br />

ornamentos de ouro (Soma). Em seu seio desceu um ser refulgente, o deus sábio por<br />

excelência (Agni), etc.".<br />

O elemento predominante destes hinos é sua forma de enigma, cuja solução depende do<br />

conhecimento do ritual e - de seus símbolos. Mas esta forma de enigma encerra a mais<br />

profunda sabedoria a respeito das origens da existência. Paul Deussen, com uma certa<br />

razão, chama ao Rigveda X, 129 "provavelmente o mais admirável texto filosófico que<br />

chegou desde os tempos antigos até nós".<br />

"Então, o ser não era, nem o não-ser. O ar não era, nem o firmamento acima dele. O que<br />

se movia? Onde? Sob a guarda de quem? E a profundeza do abismo era toda água? "Então,<br />

a morte não era, nem a não-morte; não havia distinção entre o dia e a noite. Nada respirava<br />

salvo Aquilo, cm si mesmo sem vento. Em parte alguma havia algo além de Aquilo". A<br />

forma interrogativa do enigma foi aqui em parte suplantada pela forma afirmativa, mas a<br />

estrutura poética do hino continua refletindo seu caráter original de enigma. Depois do<br />

verso 5 volta a aparecer a forma interrogativa:<br />

"Quem sabe, quem dirá aqui, de onde nasceu e de onde veio esta Criação?"<br />

Uma vez aceite que este hino deriva da canção-enigma ritual, a qual por sua vez é a redação<br />

literária de concursos de enigmas que efetivamente se realizaram, fica estabelecida da<br />

maneira mais convincente possível a ligação genética entre o jogo de enigmas e a filosofia<br />

esotérica. Em alguns <strong>dos</strong> hinos do Atharvaveda, como por exemplo em X, 7 e 8, parece<br />

haver séries inteiras de perguntas enigmáticas, agrupadas sob um denominador comum,<br />

pouco importando que a questão seja resolvida ou fique sem resposta:<br />

"Onde vão os meios meses, onde vai o ano a que eles se juntam? Onde vão as estações -—<br />

dizei-me qual é seu skambha!5 Para onde correm, em seu desejo, as duas donzelas de<br />

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