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ligadas ao paladar da época, mas sobretudo porque alguns ingredientes tinham função<br />
bactericida. Mas é interessante lembrar que, para favorecer a conservação <strong>dos</strong> alimentos, a<br />
culinária <strong>dos</strong> nossos antepassa<strong>dos</strong>, muitas vezes, era rica de sal (sabemos, por exemplo, do<br />
molho que os romanos usavam na maioria <strong>dos</strong> seus pratos, o garum, que era obtido através<br />
da parte interna <strong>dos</strong> peixes e do peixe salgado), o que exigia que os pratos fossem<br />
acompanha<strong>dos</strong> por uma bebida de sabor bem marcante.<br />
Foram encontra<strong>dos</strong> restos de 40 ânforas, que foram conservadas na sala onde os antigos<br />
proprietários faziam as suas refeições ou festejavam juntos com seus hóspedes.<br />
Considerando a quantidade e a dimensão <strong>dos</strong> recipientes encontra<strong>dos</strong>, feitos em terracotta<br />
(argila), na adega cabiam 3.000 garrafas de vinho, brancos e tintos. Infelizmente a maior<br />
parte desses recipientes estava quebrada pro causa de um desabamento que, cerca de 3.600<br />
anos atrás, sepultou esse tesouro alcoólico. De acordo com os estudiosos, é muito provável<br />
que tenha sido um terremoto, a causa desse desabamento. Apesar do líquido das ânforas ter<br />
desaparecido com o tempo, traços desse liquido se revelaram extremamente interessantes.<br />
Os pesquisadores tiveram que trabalhar muito rapidamente nos resíduos encontra<strong>dos</strong>,<br />
antes que eles fossem contamina<strong>dos</strong> pela exposição ocorrida, após séculos dormindo<br />
secretamente.<br />
Assim, a pesquisa que tinha como objetivo encontrar um <strong>dos</strong> vinhos mais antigos da<br />
história, foi apresentado com orgulho pelos arqueólogos da George Washington University<br />
e da University of Haifa, que trabalharam juntos nessa grande descoberta. As análises<br />
químicas <strong>dos</strong> resíduos que resistiram ao tempo, restituíram o “sabor” do líquido que<br />
continha nas ânforas, ou pelo menos deram uma ideia aproximada de como o vinho da<br />
Antiguidade era diferente do nosso vinho: menta, mel, canela, zimbro e resinas estavam<br />
entre os ingredientes principais e eram utiliza<strong>dos</strong> principalmente para evitar a deterioração<br />
desses vinhos.<br />
Uma “receita” que pra nós parece insólita, não era para os contemporâneos desses<br />
senhores que viveram nessa terra israelense de 3.700 anos atrás, e também não era para<br />
aqueles que vieram logo depois deles, mesmo após muitos séculos. Basta pensar ao vinho<br />
que os romanos bebiam, cujos vestígios foram encontra<strong>dos</strong> no fundo de algumas ânforas,<br />
também analisadas quimicamente. Traços de um vinho que devia ser muito parecido com<br />
os traços <strong>dos</strong> vinhos <strong>dos</strong> romanos, foram encontra<strong>dos</strong> em odres (recipientes feitos de pele<br />
de cabra), provenientes também, da Palestina, na tumba do Rei Escorpião I, soberano que<br />
governou o Egito e morreu em torno de 3.150 a.C.. O uso de especiarias, aromas e resinas,<br />
além de servir para melhorar a conservação <strong>dos</strong> vinhos, deve ser visto do ponto de vista<br />
medicinal, que era atribuído à bebida “descoberta” por Noé: era utilizado normalmente<br />
como medicamento, e continha ingredientes que ajudavam a potencializar seus efeitos<br />
benéficos no organismo.<br />
Em resumo, usado nas festas e rituais da antiguidade, como meio de união de estudantes<br />
para debate, misturado como libações a divindades, usado como remédio e para despertar a<br />
paixão, para conquista feminina, como sinal de status e poder, como reminiscência das<br />
histórias de amor do mundo mítico da antiguidade, como referencia direta a pessoa do<br />
Messias, como moeda para compra de bens, produzido por vinhais exclusivos, e cuja<br />
qualidade dependia do clima, do terreno e <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>. O vinho de qualidade era um<br />
produto precioso na antiguidade, presença continua nos banquetes reais e nas grandes<br />
solenidades cívicas e religiosas. Os nobres e soberanos possuíam acesso a uma qualide<br />
especial de vinho, que na antiguidade era misturado com mel e preservado em ânforas de<br />
terracota, transporta<strong>dos</strong> em odres de peles de animais tratadas, que não sofriam<br />
deterioração com o tempo de uso, por isso Jesus afirma que não se guarda vinho novo em<br />
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