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também pod<strong>em</strong> ser transmitidos de forma extr<strong>em</strong>amente sucinta por este processo. As vezes,<br />
os namorados interrogam-se mutuamente, sobre questões de literatura. Fiz<strong>em</strong>os notar acima<br />
que todas as formas de catecismo se relacionam diretamente com o jogo dos enigmas. O<br />
mesmo é também o caso do exame, que s<strong>em</strong>pre des<strong>em</strong>penhou um papel extraordinariamente<br />
importante na vida social do Extr<strong>em</strong>o Oriente. Toda civilização só muito lentamente vai<br />
abandonando a forma poética como principal método de expressão das coisas importantes<br />
para a vida da comunidade social. A poesia s<strong>em</strong>pre antecede a prosa; para a expressão de<br />
coisas solenes ou sagradas, a poesia é o único veículo adequado. Não são apenas os hinos e<br />
os provérbios que são postos <strong>em</strong> verso, são também extensos tratados com por ex<strong>em</strong>plo os<br />
sutras e sastras da índia antiga, ou os primeiros produtos da filosofia grega. Empédocles<br />
encerra todo seu saber <strong>em</strong> um po<strong>em</strong>a, e ainda Lucrécio continua utilizando a mesma forma.<br />
Talvez, <strong>em</strong> parte, a preferência pelos versos tenha sido determinada por considerações<br />
utilitárias: uma sociedade s<strong>em</strong> livros acha mais fácil m<strong>em</strong>orizar seus textos desta maneira.<br />
Mas existe uma razão mais profunda, a saber que a própria vida da sociedade arcaica possui<br />
como que uma estrutura métrica e estrófica. A poesia continua ainda hoje sendo o modo de<br />
expressão mais natural para as coisas mais "elevadas". Até 1868, os japoneses costumavam<br />
escrever <strong>em</strong> forma poética as partes mais importantes dos documentos de Estado<br />
Os historiadores do direito prestaram uma atenção especial aos vestígios de poesia no direito,<br />
pelo menos na tradição germânica. Todo estudante das leis germânicas conhece o antigo<br />
texto jurídico frisão <strong>em</strong> que uma cláusula relativa às diversas "necessidades" ou ocasiões de<br />
necessidade nas quais é preciso vender a herança de um órfão, passa de repente a um estilo<br />
lírico aliterativo:<br />
"A segunda necessidade é quando o ano se torna custoso<br />
e a fome ardente invade a terra,<br />
e a criança vai morrer de fome.<br />
Pode, então, a mãe pôr à venda o patrimônio da criança,<br />
comprando para ela uma vaca, trigo etc.<br />
A terceira necessidade é quando a criança está nua<br />
e s<strong>em</strong> teto,<br />
e v<strong>em</strong> o escuro nevoeiro<br />
e o frio inverno, e cada hom<strong>em</strong> se abriga <strong>em</strong> seu lar,<br />
num quente refúgio,<br />
e o animal selvag<strong>em</strong> procura a árvore oca<br />
e o refúgio das montanhas,<br />
para salvar sua vida.<br />
Então a criança menor chorará<br />
e gritará,<br />
e lamentará a nudez de seus m<strong>em</strong>bros<br />
e sua falta de abrigo,<br />
e a ausência de seu pai,<br />
que deveria tê-la defendido contra a fome<br />
e as frias névoas do inverno, e<br />
que agora jaz numa funda e escura cova,<br />
sob o carvalho e a terra,<br />
preso por quatro pregos."<br />
Creio que aqui estamos perante algo que não é apenas uma ornamentação deliberada, mas<br />
sobretudo a circunstância de a formulação da lei pertencer ainda àquela exaltada esfera do<br />
espírito <strong>em</strong> que a forma poética é o modo natural de expressão. Devido precisamente à sua<br />
brusca entrada na poesia, este ex<strong>em</strong>plo frisão é típico de muitos outros; <strong>em</strong> certo sentido, é