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<strong>ABC</strong> DA<br />

METROLOGIA<br />

INDUSTRIAL<br />

2ª Edição<br />

Mário Ferreira Alves (malves@dee.isep.ipp.pt)<br />

Departamento de Engenharia Electrotécnica<br />

Março de 2003


PREFÁCIO<br />

Qual de nós nunca duvidou <strong>da</strong>s vendedoras ambulantes de fruta. Será que o peso medido pelas suas balanças<br />

corresponde ao ver<strong>da</strong>deiro peso do produto?<br />

Porque é que há relógios que “contam” melhor o tempo que outros? Os de pior quali<strong>da</strong>de têm de ser<br />

“acertados” mais vezes, não é ver<strong>da</strong>de?<br />

Porque é que um multímetro que mede as mesmas grandezas eléctricas que outro pode custar cem vezes mais?<br />

Porque é que, se formos ao reino unido, temos dificul<strong>da</strong>de em nos reger pelas uni<strong>da</strong>des lá utiliza<strong>da</strong>s, tal como a<br />

polega<strong>da</strong> (inch), o pé (foot) e a milha (mile) para medir comprimento e a libra (pound) para medir peso. Se as<br />

uni<strong>da</strong>des deles fossem iguais às uni<strong>da</strong>des vigentes em Portugal tudo seria mais fácil, não é ver<strong>da</strong>de?<br />

São questões como estas que motivaram o aparecimento de um domínio científico, a<br />

metrologia (palavra que significa o estudo <strong>da</strong> medição). A metrologia é uma matéria<br />

fun<strong>da</strong>mental para qualquer <strong>da</strong>s áreas <strong>da</strong> engenharia, tendo em consideração necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

instituições, nomea<strong>da</strong>mente as de índole industrial, terem de se reger por normas de quali<strong>da</strong>de<br />

ca<strong>da</strong> vez mais exigentes. O controle que se tem de fazer para garantir produtos finais de<br />

quali<strong>da</strong>de exige equipamentos de medição adequados que se têm de manter em conformi<strong>da</strong>de<br />

com as especificações (nomea<strong>da</strong>mente de incerteza).<br />

São fun<strong>da</strong>mentais como complemento a este texto o livro entitulado “<strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>:<br />

uma função <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de” ([Cabral, 1994]), editado pelo Instituto Electrotécnico<br />

Português e o Vocabulário Internacional de <strong>Metrologia</strong> ([IPQ, 1996]), editado pelo Instituto<br />

Português <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de. O primeiro é autoria do Eng. Paulo Cabral, responsável pelo<br />

laboratório de metrologia do referido instituto e uma referência nesta área. O segundo é uma<br />

referência fun<strong>da</strong>mental para a utilização de uma terminologia correcta na área <strong>da</strong> metrologia.


ÍNDICE<br />

1. O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES ............................................................................6<br />

1.1. UNIDADES DE BASE............................................................................................................................................................ 6<br />

1.2. UNIDADES SUPLEMENTARES............................................................................................................................................. 6<br />

1.3. UNIDADES DERIVADAS...................................................................................................................................................... 7<br />

1.4. REGRAS DE ESCRITA E DE UTILIZAÇÃO DOS SÍMBOLOS DAS UNIDADES.................................................................. 7<br />

2. PADRÕES DE MEDIÇÃO ..................................................................................................................11<br />

2.1. PADRÕES INTERNACIONAIS ............................................................................................................................................ 11<br />

2.2. PADRÕES PRIMÁRIOS........................................................................................................................................................ 12<br />

2.3. PADRÕES SECUNDÁRIOS.................................................................................................................................................. 12<br />

2.4. PADRÕES DE TRABALHO.................................................................................................................................................. 12<br />

3. GESTÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO.......................................................................... 13<br />

3.1. ANÁLISE DA NECESSIDADE E ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO......................................................... 13<br />

3.2. RECEPÇÃO E ENTRADA EM SERVIÇO............................................................................................................................. 14<br />

3.3. CALIBRAÇÃO E VERIFICAÇÃO ......................................................................................................................................... 14<br />

3.4. EXEMPLO DE CALIBRAÇÃO ............................................................................................................................................. 17<br />

3.5. EXEMPLOS DE CALIBRADORES DIGITAIS ..................................................................................................................... 18<br />

4. NORMAS ISO 9000 ............................................................................................................................. 22<br />

4.1. HIERARQUIA DAS NORMAS ISO 9000 ........................................................................................................................... 23<br />

4.2. VANTAGENS DA CONFORMIDADE COM AS NORMAS ISO 9000................................................................................ 24<br />

4.3. A METROLOGIA E AS NORMAS ISO 9000..................................................................................................................... 24<br />

5. VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA ............................................................ 26<br />

6. MÉTODOS DE MEDIÇÃO................................................................................................................ 27<br />

6.1. MÉTODOS DE MEDIÇÃO INDIRECTOS........................................................................................................................... 27<br />

6.2. MÉTODOS DE MEDIÇÃO DIRECTOS .............................................................................................................................. 27<br />

7. QUALIDADE NA MEDIÇÃO............................................................................................................ 29<br />

7.1. INCERTEZA? EXACTIDÃO? ERRO?................................................................................................................................. 29<br />

7.2. FONTES DE INCERTEZA ................................................................................................................................................... 30<br />

7.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS DE MEDIÇÃO................................................................................................................... 31<br />

7.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ........................................................................................... 34<br />

7.5. DETERMINAÇÃO DE INCERTEZA EM MEDIÇÕES DIRECTAS ..................................................................................... 36<br />

7.6. DETERMINAÇÃO DE INCERTEZA EM MEDIÇÕES INDIRECTAS.................................................................................. 37<br />

7.7. QUALIDADE DA MEDIÇÃO NOS MULTÍMETROS ANALÓGICOS E DIGITAIS ............................................................ 44<br />

7.8. NOÇÃO SOBRE ESTATÍSTICA APLICADA À MEDIÇÃO DE GRANDEZAS FÍSICAS..................................................... 49<br />

8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 55<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 5/56


1. O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES<br />

Baseado em [Cabral, 1995].<br />

Para quantificarmos o valor de uma grandeza (comprimento de uma sala, por exemplo),<br />

necessitamos de considerar uma uni<strong>da</strong>de para essa grandeza. Definindo uma uni<strong>da</strong>de<br />

(comprimento de um pé, por exemplo), podemos quantificar o valor (25 uni<strong>da</strong>des, por<br />

exemplo) <strong>da</strong> grandeza que pretendemos medir.<br />

Obviamente que é fun<strong>da</strong>mental que as uni<strong>da</strong>des sejam aceites e utiliza<strong>da</strong>s em todo o mundo,<br />

<strong>da</strong>í a necessi<strong>da</strong>de de normalizar as uni<strong>da</strong>des. Já no século 18 foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s propostas para<br />

substituir todos os sistemas de uni<strong>da</strong>des vigentes então por um único sistema ([Helfrick,<br />

1991]). Só em 1960, na 11ª Edição <strong>da</strong> Conferência Geral dos Pesos e Medi<strong>da</strong>s (CGPM) foi<br />

finalmente adoptado o sistema internacional de uni<strong>da</strong>des - SI, que é sucintamente abor<strong>da</strong>do<br />

neste capítulo.<br />

1.1. Uni<strong>da</strong>des de Base<br />

O Sistema Internacional de Uni<strong>da</strong>des - SI - define sete uni<strong>da</strong>des de base para normalizar sete<br />

grandezas ([Cabral, 1995]):<br />

Grandeza<br />

Nome<br />

Uni<strong>da</strong>de<br />

Símbolo<br />

Comprimento metro m<br />

Massa quilograma kg<br />

Tempo segundo s<br />

Corrente Eléctrica ampere A<br />

Temperatura<br />

Termodinâmica<br />

kelvin<br />

Quanti<strong>da</strong>de de Matéria mole mol<br />

Intensi<strong>da</strong>de Luminosa candela cd<br />

1.2. Uni<strong>da</strong>des Suplementares<br />

Tabela 1: Uni<strong>da</strong>des fun<strong>da</strong>mentais do SI<br />

O SI define ain<strong>da</strong> duas uni<strong>da</strong>des suplementares ([Cabral, 1995]):<br />

Grandeza<br />

Nome<br />

Uni<strong>da</strong>de<br />

K<br />

Símbolo<br />

Ângulo Plano metro rad<br />

Ângulo Sólido esterradiano sr<br />

Tabela 2: Uni<strong>da</strong>des suplementares do SI<br />

6/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


1.3. Uni<strong>da</strong>des Deriva<strong>da</strong>s<br />

A partir <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des descritas atrás é possível definir as uni<strong>da</strong>des deriva<strong>da</strong>s, com nome<br />

especial ([Cabral, 1995]):<br />

Grandeza Uni<strong>da</strong>de deriva<strong>da</strong> Em<br />

uni<strong>da</strong>des<br />

Nome Símbolo SI de base<br />

Força newton N m.kg.s -2<br />

Temperatura* grau Celsius ºC K<br />

Frequência hertz Hz s -1<br />

Pressão pascal Pa m -1 .kg.s -2<br />

Trabalho, energia, calor joule J m 2 .kg.s -2<br />

Potência watt W m 2 .kg.s -3<br />

Potencial eléctrico, tensão, força electromotriz volt V m 2 .kg.s -3 .A -1<br />

Resistência eléctrica ohm Ω m 2 .kg.s -3 .A -2<br />

Carga eléctrica coulomb C s.A<br />

Capaci<strong>da</strong>de eléctrica farad F m -2 .kg -1 .s 4 .A 2<br />

Indutância henry H m 2 .kg.s -2 .A -2<br />

Fluxo de indução magnética weber Wb m 2 .kg.s -2 .A -1<br />

Indução magnética tesla T kg.s -2 .A -1<br />

Iluminação lux lx m -2 .cd.sr<br />

Fluxo luminoso lumen lm cd.sr<br />

Condutância eléctrica siemens S m -2 .kg -1 .s 3 .A 2<br />

Activi<strong>da</strong>de (de uma fonte radioactiva) becquerel Bq s -1<br />

Dose absorvi<strong>da</strong> (de radiação ionizante) gray Gy m 2 .s -2<br />

Dose equivalente (de radiação ionizante) sievert Sv m 2 .s -2<br />

Tabela 3: Uni<strong>da</strong>des deriva<strong>da</strong>s do SI<br />

(*) A uni<strong>da</strong>de “grau Celsius” é exactamente igual à uni<strong>da</strong>de “kelvin”. No entanto, o valor numérico de uma grandeza expressa<br />

em ºC difere do valor numérico <strong>da</strong> mesma grandeza quando expressa em K, pois o início <strong>da</strong> contagem <strong>da</strong> escala K é inferior em<br />

273.15 ao início <strong>da</strong> escala ºC. Por exemplo, a temperatura de 20 ºC equivale a 293.15 K. Deste modo, um intervalo ou uma<br />

diferença de temperaturas exprimem-se pelo mesmo número, quer em ºC, quer em K.<br />

1.4. Regras de Escrita e de Utilização dos Símbolos <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des<br />

Devem ser segui<strong>da</strong>s as seguintes regras quando <strong>da</strong> escrita ou utilização <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de<br />

medi<strong>da</strong>:<br />

Representação do Nome <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des<br />

Os nomes <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des devem ser escritos com caracteres minúsculos, mesmo que derivem<br />

de nomes de cientistas.<br />

Exemplo: metro, segundo, ampere, watt, hertz<br />

Excepção: grau Celsius<br />

Os nomes <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>de admitem plural (segundo o Bureau Internacional de Pesos e Medi<strong>da</strong>s -<br />

BIPM), só passando ao plural a partir de dois, inclusive.<br />

Exemplo: 0,47 metro; 1,99 joule; 2 miliamperes; 8x10 -4 segundo; 5,2 metros por segundo.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 7/56


Os símbolos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des são escritos em caracteres minúsculos. No entanto, se o nome <strong>da</strong><br />

uni<strong>da</strong>de deriva de um nome próprio, a primeira letra do símbolo será maiúscula.<br />

Exemplo: m (metro); s (segundo); W (watt); N (newton); Pa (pascal).<br />

Os símbolos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des são invariáveis, mesmo no plural, e não são seguidos de um ponto,<br />

excepto no caso <strong>da</strong> pontuação normal.<br />

Exemplo: 12 m e não 12 m.; nem 12 ms; nem 12 mts.<br />

Representação do Produto e <strong>da</strong> Divisão de Uni<strong>da</strong>des<br />

O produto de duas uni<strong>da</strong>des c e d pode ser representado por uma <strong>da</strong>s notações seguintes:<br />

c . d ; c.d ; c d ; c×d mas não cd<br />

O quociente de duas uni<strong>da</strong>des c e d pode ser representado por uma <strong>da</strong>s notações seguintes:<br />

c/d ; ; c.d -1 (ou por qualquer <strong>da</strong>s notações que indicam o produto de c por d -1 ).<br />

Representação de Múltiplos e Submúltiplos <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des<br />

O SI define os seguintes prefixos para múltiplos e submúltiplos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des:<br />

Múltiplos<br />

Submúltiplos<br />

Factor Prefixo Símbolo Factor Prefixo Símbolo<br />

10 24 yotta Y 10 -1 deci d<br />

10 21 zetta Z 10 -2 centi c<br />

10 18 exa E 10 -3 mili m<br />

10 15 peta P 10 -6 micro µ<br />

10 12 tera T 10 -9 nano η<br />

10 9 giga G 10 -12 pico ρ<br />

10 6 mega M 10 -15 fento f<br />

10 3 kilo k 10 -18 ato a<br />

10 2 hecto h 10 -21 zepto z<br />

10 deca <strong>da</strong> 10 -24 yocto y<br />

Tabela 4: Múltiplos e submúltiplos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des<br />

O nome de um múltiplo (ou submúltiplo) de uma uni<strong>da</strong>de obtém-se acrescentando o nome<br />

<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de ao nome do prefixo apropriado.<br />

Exemplo: centímetro (10 -2 m) ; quilowatt (10 3 W) ; microampere (10 -6 A)<br />

O símbolo de um múltiplo (ou submúltiplo) de um uni<strong>da</strong>de forma-se acrescentando o<br />

símbolo <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de ao símbolo do prefixo apropriado.<br />

Exemplo: cm ; kW ; µA.<br />

Os símbolos dos prefixos SI, quando impressos, escrevem-se em caracteres seguidos. Não se<br />

deve deixar espaço entre o símbolo do prefixo e o símbolo <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de.<br />

Exemplo: deve escrever-se km e não k m para indicar 10 3 m.<br />

Não se deve, igualmente, deixar espaço entre o nome do prefixo e o nome <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de,<br />

quando se escreve o nome do múltiplo (ou do submúltiplo).<br />

Exemplo: deve escrever-se microampere e não micro ampere.<br />

8/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Um prefixo não pode ser empregue sem uma uni<strong>da</strong>de.<br />

Exemplo: deve escrever-se µm e não µ.<br />

Não se empregam prefixos compostos, isto é, prefixos formados pela associação de dois ou<br />

mais prefixos.<br />

Exemplos: deve escrever-se ρF (picofarad) e não µµF ; deve escrever-se GW (gigawatt) e não kMW.<br />

Nota 1: Entre as uni<strong>da</strong>des de base do SI, a uni<strong>da</strong>de de massa é a única cujo nome (quilograma) contém, por<br />

razões históricas, um prefixo. Tal facto é uma excepção; os nomes e símbolos dos múltiplos (e submúltiplos)<br />

decimais <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de SI de massa são formados pela junção dos prefixos à palavra “grama” e dos símbolos<br />

convenientes ao “g”.<br />

Nota 2: A palavra “grama” é, neste contexto, um substantivo masculino; nestas condições, é incorrecto dizer,<br />

por exemplo, “duzentas gramas” (como tantas vezes se ouve!), devendo antes dizer-se “duzentos gramas”.<br />

O conjunto formado pela junção do símbolo de um prefixo ao símbolo de uma uni<strong>da</strong>de<br />

constitui um novo símbolo inseparável, que pode ser elevado a uma potência (positiva ou<br />

negativa) sem necessi<strong>da</strong>de de parêntesis e que pode, também, ser combinado com outros<br />

símbolos de uni<strong>da</strong>des, para formar símbolos de uni<strong>da</strong>des compostas.<br />

Exemplo: cm 2 significa sempre (10 -2 m) 2 = 10 -4 m 2 e nunca 10 -2 m 2 ; µs -1 significa sempre (10 -6 s) -1 =<br />

10 6 s -1 e nunca 10 -6 s -1<br />

Outras Uni<strong>da</strong>des que Podem ser Utiliza<strong>da</strong>s com o SI<br />

As uni<strong>da</strong>des seguintes não pertencem ao SI, embora desempenhem um importante papel na<br />

vi<strong>da</strong> diária, estando largamente divulga<strong>da</strong>s.<br />

Grandeza Uni<strong>da</strong>de Valor<br />

Nome Símbolo corresp. no SI<br />

Tempo minuto min 1 min = 60 s<br />

hora h 1 h = 60 min = 3600 s<br />

dia d 1 d = 24 h = 86400 s<br />

Ângulo plano grau º 1 º = (π/180) rad<br />

minuto de ângulo ‘ 1 ‘ = (1/60)º = (π/10800) rad<br />

segundo de ângulo ‘’ 1 ‘’ = (1/60)’ = (π/648000) rad<br />

Volume litro l, L 1 l = 1 dm 2 = 10 -3 m 3<br />

Massa tonela<strong>da</strong> t 1 t = 10 3 kg<br />

Pressão bar bar 1 bar = 10 5 Pa<br />

Tabela 5: Outras uni<strong>da</strong>des que se podem utilizar com o SI<br />

Por tais motivos, é permiti<strong>da</strong> a sua utilização conjuntamente com as uni<strong>da</strong>des do SI, não<br />

devendo no entanto combinar-se com estas senão em casos extremos (por exemplo km/h).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 9/56


Relação de Algumas Uni<strong>da</strong>des SI com Uni<strong>da</strong>des de Outros Sistemas<br />

Uni<strong>da</strong>de não SI<br />

Relação com uni<strong>da</strong>de SI<br />

Nome Símbolo corresp. no SI<br />

polega<strong>da</strong> in 25,4 mm (exacto)<br />

jar<strong>da</strong> yd 0,9144 (exacto)<br />

pé ft 0,3048 m<br />

libra lb 0,45359237 kg (exacto)<br />

onça oz 28,3495 g<br />

libra-força lbf 4,44822 N<br />

quilograma-força kgf 9,80665 N (exacto)<br />

atmosfera normal atm 1,01325 x 10 5 pascal (exacto)<br />

libra-força por<br />

polega<strong>da</strong><br />

quadra<strong>da</strong><br />

lbf.in -2<br />

6894,76 Pa<br />

milimetro de água mmH 2O 9,80665 Pa (exacto)<br />

milimetro de<br />

mercúrio<br />

mmHg<br />

133,332 Pa<br />

grau Fahrenheit ºF (9xºC/5)+32<br />

cavalo vapor cv 735.499 W<br />

horse power hp 745,700 W<br />

Tabela 6: Relação de uni<strong>da</strong>des SI com uni<strong>da</strong>des de outros sistemas<br />

10/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


2. PADRÕES DE MEDIÇÃO<br />

A palavra inglesa stan<strong>da</strong>rd pode ser traduzi<strong>da</strong> para Português como norma ou padrão. No<br />

âmbito <strong>da</strong> metrologia, é comum utilizar-se o termo measurement stan<strong>da</strong>rd para denominar<br />

padrão de medição, que é explicado a seguir.<br />

No Vocabulário Internacional de <strong>Metrologia</strong> ([IPQ, 1996]), padrão de medição é definido<br />

como “medi<strong>da</strong> materializa<strong>da</strong>, instrumento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado<br />

a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma uni<strong>da</strong>de, ou um ou mais valores de uma grandeza, para<br />

servirem de referência”.<br />

Como exemplos de padrões de medição podemos considerar:<br />

• Padrão de massa de 1 kg<br />

• Resistência padrão de 100 Ω<br />

• Amperímetro padrão<br />

Os padrões estão organizados numa hierarquia de quali<strong>da</strong>de: Padrões Internacionais, Padrões<br />

Primários, Padrões Secundários e Padrões de Trabalho. Esta hierarquia de padrões está<br />

representa<strong>da</strong> na Figura 1.<br />

ÂMBITO<br />

TIPO<br />

Lab. Internacional<br />

Lab. Nacional<br />

Empresas Calibração<br />

A Própria Empresa<br />

P. Int.<br />

P. Primários<br />

P. Secundários<br />

Padrões de Trabalho<br />

Figura 1: Hierarquia de Padrões de Medição<br />

> Quali<strong>da</strong>de<br />

> Exactidão<br />

2.1. Padrões Internacionais<br />

Um padrão internacional é um padrão reconhecido por um acordo internacional para servir<br />

de base (internacional) à fixação dos valores de outros padrões <strong>da</strong> grandeza a que respeita<br />

([IPQ, 1996]). Os padrões internacionais são periodicamente avaliados e testados através de<br />

medições absolutas em termos <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des fun<strong>da</strong>mentais. Estes padrões são mantidos no<br />

Bureau International de Poids et Mesures - BIPM e não estão disponíveis ao utilizador<br />

normal para comparação ou calibração. Esta organização, sitia<strong>da</strong> em Paris, tem a<br />

responsabili<strong>da</strong>de de ([Cabral, 1994]):<br />

• Estabelecer os padrões <strong>da</strong>s grandezas fun<strong>da</strong>mentais e as escalas <strong>da</strong>s principais<br />

grandezas físicas e conservar os padrões internacionais.<br />

• Efectuar a comparação de padrões nacionais e internacionais.<br />

• Assegurar a coordenação <strong>da</strong>s técnicas de medição correspondentes.<br />

• Efectuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm<br />

nas activi<strong>da</strong>des acima referi<strong>da</strong>s (condições de temperatura, humi<strong>da</strong>de, etc.).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 11/56


2.2. Padrões Primários<br />

Um padrão primário é designado ou é largamente reconhecido como possuindo as mais<br />

eleva<strong>da</strong>s quali<strong>da</strong>des metrológicas, e cujo o valor é aceite sem referência a outros padrões <strong>da</strong><br />

mesma grandeza. Por exemplo, o Departamento Nacional de Padrões Norte-Americano<br />

(National Bureau of Stan<strong>da</strong>rds - NBS), em Washington, é responsável pela manutenção dos<br />

padrões secundários nos Estados Unidos <strong>da</strong> América.<br />

No caso português, a manutenção dos padrões primários, bem como a acreditação dos<br />

Laboratórios de Calibração ([IPQ, 1997a]) são responsabili<strong>da</strong>de do Instituto Português <strong>da</strong><br />

Quali<strong>da</strong>de - IPQ ([IPQ, 1997b]), por intermédio respectivamente do seu Laboratório<br />

Central de <strong>Metrologia</strong> e do seu Serviço de Acreditação. Estes padrões não são<br />

disponibilizados para usos externos aos laboratórios nacionais, pelo que a sua principal função<br />

é calibrar os padrões secundários. Estes laboratórios emitem certificados de calibração para<br />

os padrões secundários, normalmente mantidos pelos laboratórios de calibração acreditados.<br />

2.3. Padrões Secundários<br />

Os padrões secundários são os padrões de referência utilizados em laboratórios industriais e<br />

são normalmente mantidos por uma empresa em particular. Estes padrões são enviados<br />

periodicamente aos laboratórios nacionais para calibração e comparação com os padrões<br />

primários. Nos Laboratórios de Calibração acreditados pelo IPQ ([IPQ, 1997a]), tal como o<br />

Laboratório de <strong>Metrologia</strong> do Instituto Electrotécnico Português - IEP ([IEP, 1998]), existem<br />

padrões secundários.<br />

2.4. Padrões de Trabalho<br />

Num laboratório de medição, é fun<strong>da</strong>mental a existência de um (ou vários) padrão de<br />

trabalho. Estes, em geral, são utilizados em testes e calibrações de outros instrumentos de<br />

laboratórios ou instrumentos de aplicações industriais ([Helfrick, 1991]).<br />

Um fabricante de resistências de grande exactidão, por exemplo, pode utilizar uma resistência<br />

padrão no departamento de controlo de quali<strong>da</strong>de, para verificar o equipamento de teste <strong>da</strong>s<br />

resistências. Neste caso, o fabricante estará a verificar se a sua planta industrial processa de<br />

acordo com os limites de exactidão preestabelecidos.<br />

Uma caixa de déca<strong>da</strong>s de alta exactidão (incerteza menor do que 0,1%), um potenciómetro,<br />

um calibrador digital ou uma Ponte de Wheatstone de alta exactidão (incerteza menor do que<br />

0,1%) são exemplos de padrões de trabalho.<br />

Pode ser encontra<strong>da</strong> em [Helfrick, 1991] uma descrição dos padrões existentes para as<br />

diversas grandezas eléctricas, nomea<strong>da</strong>mente: padrões de corrente, tensão, resistência,<br />

capacitância e indutância.<br />

12/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


3. GESTÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO<br />

Baseado em [Cabral, 1994].<br />

A gestão dos instrumentos de medição abrange o conjunto <strong>da</strong>s acções a desenvolver para<br />

constituir e manter o parque de instrumentos de medição necessário à satisfação <strong>da</strong>s<br />

necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> empresa/indústria. Esta gestão deve ter em conta:<br />

Primeiro:<br />

Depois:<br />

• A análise <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de e a escolha dos instrumentos de medição.<br />

• A recepção, a colocação em serviço e o acompanhamento dos instrumentos.<br />

• A calibração ou verificação dos instrumentos e as decisões que <strong>da</strong>í decorrem.<br />

3.1. Análise <strong>da</strong> Necessi<strong>da</strong>de e Escolha dos Instrumentos de Medição<br />

Diversos factores devem ser considerados antes de escolher os instrumentos de medição a<br />

adquirir:<br />

• Necessi<strong>da</strong>des técnicas.<br />

• Condições comerciais.<br />

• Experiência e avaliação anteriores desses instrumentos<br />

Necessi<strong>da</strong>des Técnicas<br />

As necessi<strong>da</strong>des técnicas <strong>da</strong> empresa vão condicionar as características técnicas dos<br />

instrumentos de medição a adquirir.<br />

Devemos ter em conta, por exemplo, que a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> medição dos instrumentos de<br />

medição depende <strong>da</strong> exigência requeri<strong>da</strong> pela empresa em termos de exactidão <strong>da</strong>s<br />

medições.<br />

Quando <strong>da</strong> aquisição de vários instrumentos, devemos preservar a homogenei<strong>da</strong>de do<br />

parque de instrumentos. Repare-se que, por exemplo, se todos os instrumentos de medição<br />

adquiridos para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> função forem <strong>da</strong>s mesmas marca e modelo, reduzem-se os custos,<br />

tanto de formação dos utilizadores como de manutenção desse equipamento.<br />

Hoje em dia, a modulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> instrumentação é um factor fun<strong>da</strong>mental que deve ser<br />

considerado. A modulari<strong>da</strong>de reflecte-se na possibili<strong>da</strong>de de evolução dos instrumentos de<br />

medição, a fim de limitar os riscos de estes se tornarem obsoletos, permitindo à empresa fazer<br />

evoluções quando se achar necessário. Tomem-se como exemplo determinados instrumentos<br />

de medição digitais que permitem acrescentar funcionali<strong>da</strong>des a partir <strong>da</strong> aquisição de<br />

módulos de software (alguns osciloscópios digitais, por exemplo).<br />

Para os instrumentos novos ou que fujam do quadro habitual <strong>da</strong> empresa, pode ser<br />

importante prever, com o fornecedor, as condições e o conteúdo <strong>da</strong> assistência técnica<br />

a prestar-lhes, pelo menos no início <strong>da</strong> sua utilização (caso <strong>da</strong> formação ao pessoal sobre um<br />

<strong>da</strong>do equipamento).<br />

É necessário prever o envio (pelo fornecedor dos instrumentos de medição) <strong>da</strong><br />

documentação necessária à utilização, ao ajuste e à colocação em serviço dos instrumentos.<br />

Qualquer instrumento de medição deverá vir acompanhado do respectivo manual técnico,<br />

fun<strong>da</strong>mental para uma utilização adequa<strong>da</strong>.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 13/56


Para instrumentos de medição específicos e/ou complexos, é recomendável estabelecer um<br />

caderno de encargos técnico que defina as características requeri<strong>da</strong>s, as condições de<br />

utilização, de ambiente e de manutenção, as exigências particulares relativas à calibração ou à<br />

verificação e as condições de recepção.<br />

Condições Comerciais<br />

As condições económicas devem ser objecto de um caderno de encargos comercial, a ser<br />

estabelecido conjuntamente pelo departamento de compras e pelo departamento (ou<br />

responsável) metrológico <strong>da</strong> empresa, especificando factores como a opção entre a compra e<br />

o aluguer do instrumento de medição, preços, prazos de entrega, garantias, contrato de<br />

manutenção, e exigências de disponibili<strong>da</strong>de (tempo de indisponibili<strong>da</strong>de admissível, tempo<br />

de reparação, etc.).<br />

Avaliações Anteriores do Instrumento de Medição<br />

A escolha de um instrumento de medição pode também ter em conta avaliações resultantes<br />

<strong>da</strong> experiência adquiri<strong>da</strong> na própria empresa ou noutras empresas, ou feitas por centros<br />

tecnológicos especializados no domínio em causa.<br />

3.2. Recepção e Entra<strong>da</strong> em Serviço<br />

Após a chega<strong>da</strong> de um instrumento de medição à empresa (antes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em serviço), o<br />

departamento (ou responsável) metrológico deve assegurar-se se este está em conformi<strong>da</strong>de<br />

com as características técnicas especifica<strong>da</strong>s pelo fabricante, nomea<strong>da</strong>mente as características<br />

de exactidão. Para isso é necessário proceder à sua calibração ou verificação, permitindo<br />

determinar ou confirmar a classe do instrumento. Após esta operação, deve efectuar-se uma<br />

marcação relativa a esta “primeira” calibração ou verificação, iniciando-se assim a contagem<br />

<strong>da</strong> periodici<strong>da</strong>de de calibração.<br />

Após efectua<strong>da</strong> a recepção e a inventariação do equipamento, e verifica<strong>da</strong>s as suas<br />

características metrológicas, procede-se à sua instalação e à sua entra<strong>da</strong> em serviço, devendo<br />

respeitar-se nomea<strong>da</strong>mente os requisitos de instalação e utilização definidos pelo fabricante<br />

(posição do instrumento, tensão e frequência de alimentação, temperatura, humi<strong>da</strong>de, etc.).<br />

É ain<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mental garantir a qualificação dos operadores destes instrumentos, devendo<br />

tomar-se em conta, por exemplo, a língua em que estão escritos os seus manuais técnicos<br />

destes equipamentos.<br />

3.3. Calibração e Verificação<br />

De tanto em tanto tempo, é necessário verificar se os instrumentos de medição mantêm as<br />

suas características de quali<strong>da</strong>de. Existe então a necessi<strong>da</strong>de de efectuar a calibração e/ou<br />

verificação dos instrumentos, operações indispensáveis que vali<strong>da</strong>m (ou não) as indicações<br />

forneci<strong>da</strong>s pelos instrumentos de medição.<br />

As operações de calibração e de verificação são ambas basea<strong>da</strong>s na comparação do<br />

instrumento de medição com um instrumento padrão de modo a determinar a sua exactidão e<br />

verificar se essa exactidão continua de acordo com a especificação do fabricante.<br />

A incerteza de calibração deve ser suficientemente pequena relativamente aos limites de<br />

erro admissíveis do instrumento a calibrar. São habitualmente fixa<strong>da</strong>s, entre estes dois valores,<br />

relações compreendi<strong>da</strong>s entre 1:10 e 1:4. Por exemplo, um instrumento com uma incerteza de<br />

2% <strong>da</strong> leitura pode ser calibrado com um instrumento padrão de 0,2% de incerteza (relação<br />

de 1:10).<br />

14/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Nota: O VIM ([IPQ, 1996]) define calibração como o “conjunto de operações que estabelecem, em condições<br />

especifica<strong>da</strong>s, a relação entre valores de grandezas indicados por um instrumento de medição ou sistema de<br />

medição, ou valores representados por uma medi<strong>da</strong> materializa<strong>da</strong> ou um material de referência e os<br />

correspondentes valores realizados por padrões”.<br />

O resultado de uma calibração é considerado como sendo o conjunto dos valores<br />

resultantes <strong>da</strong> comparação dos resultados fornecidos pelo instrumento de medição com os<br />

valores materializados pelo padrão ([Cabral, 1994]). O resultado <strong>da</strong> calibração pode ser<br />

registado num documento, por vezes chamado de certificado de calibração ou relatório de<br />

calibração, cuja exploração permite diminuir a incerteza <strong>da</strong>s medições obti<strong>da</strong>s com o<br />

instrumento.<br />

A Figura 2 representa um relatório de calibração hipotético:<br />

Função, escala, valor lido, valor padrão ±<br />

incerteza, desvio encontrado<br />

Figura 2: Exemplo de relatório de calibração ([Cabral, 1994])<br />

O resultado de uma verificação permite afirmar se o instrumento de medição satisfaz ou<br />

não às prescrições (especificações) regulamentares previamente fixa<strong>da</strong>s (limites de erro<br />

admissíveis) que autorizam a sua entra<strong>da</strong> ou continuação em serviço. Uma verificação poderá<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 15/56


ser feita comparando os resultados de uma calibração com os limites de erro admissíveis ou<br />

directamente com um padrão que materializa as indicações limites admissíveis do<br />

instrumento. Este último método não requer a obtenção de resultados numéricos.<br />

A Figura 3 ilustra a estrutura e interligação <strong>da</strong>s operações de calibração e verificação:<br />

Padrão<br />

Instrumento de medição<br />

a calibrar/verificar<br />

Prescrição<br />

CALIBRAÇÃO<br />

Comparação<br />

Resultado<br />

<strong>da</strong> medição<br />

Documento de<br />

calibração<br />

VERIFICAÇÃO<br />

Não conforme<br />

Confrontação<br />

com prescrição<br />

Reforma<br />

Desclassificação<br />

Reparação<br />

Colocação<br />

em serviço<br />

Conforme<br />

Ajuste (*)<br />

(*) Por vezes, o ajuste é parte integrante <strong>da</strong> operação de calibração<br />

Figura 3: Operações de calibração e verificação ([Cabral, 1994])<br />

O resultado de uma verificação pode traduzir-se por (Figura 3):<br />

• Uma constatação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de com as especificações, significando que o<br />

instrumento pode ser colocado em serviço.<br />

• Uma constatação de não conformi<strong>da</strong>de, conduzindo a uma decisão de ajuste,<br />

reparação, reforma ou desclassificação do instrumento.<br />

É importante notar que a calibração implica apenas resultados numéricos, ao passo que a<br />

verificação implica um julgamento conducente a uma decisão.<br />

Para fixar a periodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s calibrações, devem ter-se em conta factores diversos, tais como<br />

a frequência e o tipo de utilização dos instrumentos, o seu desgaste e as restrições económicas<br />

16/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


(<strong>da</strong> empresa). No caso <strong>da</strong>s verificações, a sua periodici<strong>da</strong>de é imposta pela regulamentação de<br />

controlo metrológico.<br />

Podem ser encontra<strong>da</strong>s no anexo 5 de [Cabral, 1994] alguns exemplos de períodos de<br />

calibração, dos quais se apresentam os seguintes, dependendo se se tratam de padrões de<br />

referência (categoria A) ou padrões de trabalho e instrumentos de medição em geral<br />

(categoria B):<br />

Instrumento de Medição<br />

Período de Calibração (em meses)<br />

Categoria A<br />

Categoria B<br />

Amperímetros Analógicos 12 12<br />

Amperímetros Digitais 3…12 6<br />

Ohmímetros Analógicos 12 12<br />

Ohmímetros Digitais 3…12 6<br />

Pontes de Wheatstone 12 12<br />

Potenciómetros 12 12<br />

Transformadores de Medição 36 36<br />

Voltímetros Analógicos 12 12<br />

Voltímetros Digitais 3…12 6<br />

Wattímetros Analógicos 12 12<br />

Wattímetros Digitais 3…12 6<br />

3.4. Exemplo de Calibração<br />

Pode <strong>da</strong>r-se como exemplo a calibração de um amperímetro CC e de um voltímetro CC<br />

usando um instrumento de medição de tensão de eleva<strong>da</strong> exactidão. Este instrumento poderá<br />

ser um potenciómetro ou um calibrador digital (Figura 4):<br />

E<br />

V<br />

Instrumento<br />

a ser calibrado<br />

Potenciómetro<br />

Figura 4: Calibração de um voltímetro com um potenciómetro<br />

A medição do voltímetro a calibrar (V) é compara<strong>da</strong> com o valor medido com o instrumento<br />

padrão (potenciómetro, neste caso).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 17/56


O amperímetro CC é calibrado quase <strong>da</strong> mesma forma, apenas recorrendo a uma resistência<br />

padrão adicional:<br />

E<br />

Resistência<br />

padrão<br />

Potenciómetro<br />

A<br />

Instrumento<br />

a ser calibrado<br />

Figura 5: Calibração de um amperímetro com um potenciómetro<br />

O amperímetro a calibrar (A) é comparado com a corrente calcula<strong>da</strong> através <strong>da</strong> Lei de Ohm,<br />

considerando a tensão medi<strong>da</strong> pelo instrumento padrão e o valor <strong>da</strong> resistência padrão (I =<br />

U/R).<br />

Para vários valores <strong>da</strong> grandeza medi<strong>da</strong> (tensão ou corrente, neste caso), traça-se um curva de<br />

calibração. Esta representa graficamente os factores de correcção para diversos pontos <strong>da</strong><br />

escala.<br />

Por exemplo, para o caso de um voltímetro analógico, regula-se a fonte de tensão de modo a<br />

que o ponteiro do instrumento coinci<strong>da</strong> com ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s divisões principais <strong>da</strong> escala. Para<br />

ca<strong>da</strong> um destes valores, ajusta-se o potenciómetro de modo a que este nos dê o valor de<br />

tensão “exacto”. O factor de correcção de ca<strong>da</strong> ponto <strong>da</strong> escala é então obtido pela<br />

subtracção entre o valor (convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro) indicado pelo potenciómetro e o<br />

valor indicado pelo voltímetro a calibrar.<br />

Pode então desenhar-se uma curva de calibração do seguinte tipo:<br />

Correcção positiva<br />

(volts)<br />

Correcção negativa<br />

(volts)<br />

Leitura <strong>da</strong> escala<br />

(volts)<br />

Figura 6: Curva de calibração típica<br />

Os pontos são interligados por linhas rectas (interpolação linear), <strong>da</strong>do que na<strong>da</strong> é conhecido<br />

sobre os factores de correcção entre esses pontos. Note-se que os factores de correcção<br />

calculados representam a quanti<strong>da</strong>de que deve ser adiciona<strong>da</strong> ao valor indicado pelo<br />

instrumento, de modo a obter o valor “exacto”.<br />

3.5. Exemplos de Calibradores Digitais<br />

Actualmente, existem calibradores digitais que, além de permitirem calibrar diversos tipos de<br />

instrumentos de medição (amperímetros, wattímetros, osciloscópios, etc.), têm ain<strong>da</strong> a<br />

funcionali<strong>da</strong>de de servir eles próprios de fontes de alimentação para as grandezas que estão<br />

18/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


em causa (fonte de tensão, fonte de corrente, geradores de sinais, fonte de temperatura, etc.).<br />

É disso exemplo o calibrador digital 5500A <strong>da</strong> Fluke ([Fluke, 1997b]):<br />

calibrador 5500A<br />

PC com software de<br />

calibração<br />

wattímetro digital<br />

Figura 7: Calibrador, wattímetro e PC com software de calibração ([Fluke, 1997a])<br />

Este funciona como um calibrador multifunção, pois permite fazer a calibração de<br />

voltímetros, amperímetros, osciloscópios (até 300 Mhz), termómetros electrónicos,<br />

wattímetros, pontas de corrente, registadores XY, entre outros.<br />

Por exemplo, no caso <strong>da</strong> calibração de um wattímetro (até 1020 V, 11 A → 11,2 kW),<br />

executa-se o seguinte esquema de ligação:<br />

Figura 8: Calibração de um wattímetro ([Fluke, 1997a])<br />

Obviamente que este calibrador fornece a tensão e a corrente (carga fictícia) necessários à<br />

calibração do wattímetro.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 19/56


Existe ain<strong>da</strong> um pacote de software para este calibrador que, correndo num PC, permite<br />

automatizar a calibração, comunicando via RS-232 (comunicação série para PC) com o<br />

calibrador:<br />

Figura 9: Software de calibração ([Fluke, 1997a])<br />

As vantagens deste software são as inerentes à automação <strong>da</strong> calibração, podendo<br />

nomea<strong>da</strong>mente citar-se a possibili<strong>da</strong>de de armazenar programas de calibração para posterior<br />

utilização e a possibili<strong>da</strong>de de produção automática de relatórios de calibração.<br />

O ISEP dispõe de um calibrador digital - Model 2422 Portable Calibrator, <strong>da</strong> Yokogawa<br />

([Yokogawa, 1992]), representado na Figura 10.<br />

Figura 10: Calibrador 2422 <strong>da</strong> Yokogawa ([Yokogawa, 1992])<br />

Este calibrador portátil gera tensão contínua, corrente contínua e força electromotriz térmica<br />

(isto é gera f.e.m. emulando termopares dos tipos K, E, J, T e R). Além disso, tem a<br />

funcionali<strong>da</strong>de de medição isola<strong>da</strong> do circuito que gera as grandezas atrás descritas. Pode<br />

visualizar-se na Figura 10 que o mostrador apresenta tanto o valor gerado como o valor<br />

medido.<br />

20/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


A Figura 11 representa a funcionali<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> um dos elementos do painel frontal deste<br />

instrumento:<br />

Figura 11: Calibrador 2422 <strong>da</strong> Yokogawa ([Yokogawa, 1992])<br />

A incerteza <strong>da</strong> fonte de tensão deste calibrador an<strong>da</strong> na ordem de ±(0.05% <strong>da</strong> leitura + 0.02%<br />

do alcance), valor que é cerca de 20 vezes melhor do que os multímetros digitais de uso<br />

comum (está a considerar-se uma incerteza total de cerca de 2%). A incerteza do instrumento<br />

de medição de tensão (voltímetro) é de ±(0.1% <strong>da</strong> leitura + 2 dígitos).<br />

Como exemplos de aplicação podem considerar-se a calibração de equipamento de controlo<br />

de processos, de instrumentos de medição electrónicos, de registadores e de termómetros<br />

(baseados em termopares).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 21/56


4. NORMAS ISO 9000<br />

Baseado em [Fluke, 1997c].<br />

Este capítulo não pretende descrever as normas ISO 9000. Pretende antes <strong>da</strong>r uma ideia <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de que as empresas terão de aumentar ca<strong>da</strong> vez mais a sua quali<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de<br />

dos seus produtos, salientando o caso dos instrumentos de medição e a manutenção <strong>da</strong> sua<br />

quali<strong>da</strong>de.<br />

A Organização Internacional de Normas (ISO - International Stan<strong>da</strong>rds Organization) ([ISO,<br />

1997]) concebeu um modelo (reconhecido internacionalmente) para o desenvolvimento de<br />

sistemas de quali<strong>da</strong>de - o modelo ISO 9000. Um sistema de quali<strong>da</strong>de define a estrutura<br />

organizacional, as responsabili<strong>da</strong>des, os procedimentos, os processos e os recursos para<br />

implementar gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de. Esse modelo, o ISO 9000, é um conjunto genérico de<br />

normas, aplicável a um vasto leque de empresas e indústrias.<br />

As normas ISO 9000 foram desenvolvi<strong>da</strong>s como parte do processo <strong>da</strong> União Europeia para<br />

eliminar as barreiras comerciais e para harmonizar as normas técnicas conheci<strong>da</strong>s como<br />

EC’92. As normas ISO 9000 foram originalmente publica<strong>da</strong>s em 1987 pela ISO estando<br />

disponíveis, hoje em dia, em versões em diversas línguas, exactamente de acordo com os<br />

documentos originais. Alguns exemplos são:<br />

ISO 900X:1994<br />

UE EN 2900X-1994<br />

Alemanha<br />

Holan<strong>da</strong><br />

EUA<br />

Portugal<br />

DIN ISO 900X<br />

NEN-ISO 900X<br />

ANSI/ASQC Q900X-1994<br />

NP EN 2900X<br />

onde o X representa o dígito apropriado, de 0 a 4.<br />

22/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


4.1. Hierarquia <strong>da</strong>s Normas ISO 9000<br />

O modelo ISO 9000 consiste num conjunto de normas, ca<strong>da</strong> um com um propósito<br />

específico. A relação entre estes documentos está expressa na Figura 12:<br />

Figura 12: Estrutura <strong>da</strong>s normas ISO 9000 ([Fluke, 1997c])<br />

As normas ISO 9000 e ISO 9004 são documentos descritivos.<br />

As normas ISO 9000 - Normas de Gestão e Garantia de Quali<strong>da</strong>de: Linhas de Orientação<br />

para a Selecção e Utilização (Guidelines for Selection and Use of Quality Management and Quality<br />

Assurance Stan<strong>da</strong>rds), fornecem informação sobre a aplicação <strong>da</strong>s normas ISO 9000.<br />

As normas ISO 9004 - Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de e Elementos do Sistema de Quali<strong>da</strong>de: Linhas de<br />

Orientação(Guidelines to Quality Management and Quality System Elements), contêm informação<br />

geral sobre conceitos e terminologia na área <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.<br />

As normas ISO 9001, 9002 e 9003 são os modelos para os sistemas de quali<strong>da</strong>de e são as<br />

normas às quais as empresas se registam ou certificam.<br />

A norma ISO 9003 - Sistemas de Quali<strong>da</strong>de: Modelo de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de na Inspecção<br />

e Ensaios Finais (Model for Quality Assurance in Final Inspection and Test) é, dos três, o documento<br />

menos abrangente. A norma ISO 9002 - Sistemas de Quali<strong>da</strong>de: Modelo de Garantia de<br />

Quali<strong>da</strong>de na Produção e na Instalação (Model for Quality Assurance in Production and Installation),<br />

inclui todos os elementos <strong>da</strong> ISO 9003 e adiciona a cobertura <strong>da</strong> produção e instalação. A<br />

norma ISO 9001 - Sistemas de Quali<strong>da</strong>de: Modelo de Garantia de Quali<strong>da</strong>de no<br />

Projecto/Desenvolvimento, Produção, Instalação e Serviço Após Ven<strong>da</strong> (Model for Quality<br />

Assurance in Design, Development, Production, Installation and Servicing), é o modelo mais abrangente,<br />

cobrindo todos os aspectos de uma operação, desde o projecto até ao serviço após ven<strong>da</strong>.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 23/56


4.2. Vantagens <strong>da</strong> Conformi<strong>da</strong>de com as Normas ISO 9000<br />

Quase todos os países do mundo adoptaram já uma ou mais normas ISO 9000 (em 1994, 73<br />

países - Figura 13). Milhares de empresas no mundo inteiro obtiveram já o seu registo.<br />

O registo consiste apenas numa auditoria e numa aprovação do sistema de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

empresa, de acordo com as normas ISO 9000, efectua<strong>da</strong>s por um auditor independente.<br />

Figura 13: Países que adoptaram as normas ISO 9000 [Fluke, 1997c])<br />

O facto de uma empresa estar em conformi<strong>da</strong>de com as normas ISO 9000 trás diversas<br />

vantagens:<br />

• As normas ISO 9000 podem aju<strong>da</strong>r a empresa a atingir e manter o nível de<br />

quali<strong>da</strong>de desejado.<br />

• Empresas sem a certificação ISO 9000 terão mais dificul<strong>da</strong>des de vender,<br />

particularmente nos países <strong>da</strong> União Europeia, nas categorias de equipamento<br />

cobertas pelas directivas <strong>da</strong> UE. Os produtos que já dispuserem de um selo de<br />

quali<strong>da</strong>de não necessitam de ser novamente testados quando entram no mercado<br />

de um dos estados membros (<strong>da</strong> UE).<br />

• As normas ISO 9000 poderão simplificar o negócio através <strong>da</strong> redução <strong>da</strong><br />

frequência e/ou intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s auditorias executa<strong>da</strong>s por clientes ou agências<br />

reguladoras.<br />

• As empresas que implementaram as normas ISO 9000 revelam uma mu<strong>da</strong>nça<br />

cultural positiva, levando os seus empregados a assumirem ca<strong>da</strong> vez mais o<br />

compromisso <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.<br />

4.3. A <strong>Metrologia</strong> e as Normas ISO 9000<br />

A certificação segundo o modelo ISO 9001 envolve a avaliação <strong>da</strong> empresa em diversas áreas,<br />

<strong>da</strong>s quais as seguintes estão relaciona<strong>da</strong>s com os instrumentos de medição e a manutenção <strong>da</strong><br />

sua quali<strong>da</strong>de:<br />

4.10 Inspecção e Teste<br />

4.11 Equipamento de Inspecção, Medição e Teste<br />

Esta última sugere:<br />

• Seleccionar equipamento apropriado às medições a efectuar.<br />

• Calibrar esse equipamento em intervalos regulares, segundo padrões reconhecidos.<br />

• Utilizar procedimentos documentados.<br />

24/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


• Assegurar que o equipamento dispõe <strong>da</strong> exactidão exigi<strong>da</strong>.<br />

• O equipamento deve indicar o estado de calibração, devendo ser mantidos os<br />

certificados de calibração.<br />

• Quando o equipamento tiver sido calibrado, a vali<strong>da</strong>de dos resultados deve ser<br />

julga<strong>da</strong>.<br />

• As condições ambientais, o armazenamento e manuseamento e a segurança devem<br />

ser adequados, de modo a manter a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s calibrações.<br />

É portanto notória a preocupação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de internacional em fazer vingar os padrões<br />

de quali<strong>da</strong>de a nível dos instrumentos de medição. Para isso, as empresas devem cui<strong>da</strong>r do seu<br />

equipamento de medição, procedendo à sua calibração a intervalos regulares (definidos em<br />

[Cabral, 1994]).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 25/56


5. VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA<br />

Consultar ([IPQ, 1996]).<br />

O Vocabulário Internacional de <strong>Metrologia</strong> ([IPQ, 1996]) é uma ferramenta imprescindível<br />

que estabelece os termos utilizados na metrologia, bem como o seu significado. Este<br />

vocabulário está estruturado em seis capítulos:<br />

1. Grandezas e Uni<strong>da</strong>des<br />

2. Medições<br />

3. Resultados de Medição<br />

4. Instrumentos de Medição<br />

5. Características dos Instrumentos de Medição<br />

6. Padrões<br />

Além disso, disponibiliza um vocabulário trilingue (Português, Francês e Inglês), onde todos<br />

os termos metrológicos aparecem nas três línguas.<br />

26/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


6. MÉTODOS DE MEDIÇÃO<br />

Para conhecermos o valor de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> grandeza, é obviamente necessário proceder a um<br />

determinado conjunto de operações. À sequência lógica destas operações dá-se o nome de<br />

método de medição.<br />

Quando se fala de grandeza, no domínio <strong>da</strong> metrologia, referimo-nos a grandezas<br />

mensuráveis, isto é, aquelas grandezas (físicas) que podemos quantificar, tais como por<br />

exemplo o comprimento, a veloci<strong>da</strong>de, o peso e a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> corrente eléctrica. Existem<br />

outras grandezas, denomina<strong>da</strong>s de psicológicas ([Paredes, 1991]), tais como a inteligência, a<br />

vontade e a criativi<strong>da</strong>de, que, apesar de poderem ser qualifica<strong>da</strong>s qualitativamente, não são<br />

mensuráveis (quantitativamente). Concluindo, uma <strong>da</strong>s características <strong>da</strong>s grandezas<br />

(mensuráveis) é, como o próprio nome indica, o facto de poderem ser medi<strong>da</strong>s.<br />

Os métodos de medição podem classificar-se de diversas formas, mas as classificações mais<br />

relevantes para a área de electrotecnia são métodos directos e indirectos e os métodos de<br />

medição por comparação (substituição e zero).<br />

6.1. Métodos de Medição Indirectos<br />

Um método de medição indirecto, é aquele em que o valor <strong>da</strong> grandeza a medir é obtido a<br />

através <strong>da</strong> medição de outras grandezas funcionalmente associa<strong>da</strong>s com a grandeza a<br />

medir. Podem citar-se como exemplos a medição indirecta de potência através <strong>da</strong> medição de<br />

tensão e corrente (P = U.I) ou a medição indirecta de veloci<strong>da</strong>de através <strong>da</strong> medição de<br />

distância e de tempo (v = d.∆t).<br />

6.2. Métodos de Medição Directos<br />

Quando o valor <strong>da</strong> grandeza é obtido directamente, isto é, o valor <strong>da</strong> grandeza a medir é<br />

obtido de forma imediata como resultado <strong>da</strong> medição, o método de medição diz-se directo.<br />

Analogamente, refere-se a utilização de um Wattímetro para a medição directa de potência e<br />

de um velocímetro para a medição directa de veloci<strong>da</strong>de.<br />

Podem ain<strong>da</strong> considerar-se os métodos de medição por comparação como variantes do<br />

métodos de medição directos. Num método de medição por comparação, a grandeza a medir<br />

é compara<strong>da</strong> com outra grandeza (ou mais) <strong>da</strong> mesma natureza que tenha um valor<br />

conhecido.<br />

Os métodos de medição por comparação podem ain<strong>da</strong> dividir-se em métodos de medição<br />

por substituição e por zero, descritos a seguir.<br />

Métodos de Medição por Substituição<br />

A grandeza a medir é substituí<strong>da</strong> por uma grandeza <strong>da</strong> mesma natureza, de valor conhecido,<br />

escolhi<strong>da</strong> de forma a que os efeitos no dispositivo indicador sejam os mesmos.<br />

Exemplos de métodos de medição por comparação:<br />

• Medição de resistências usando o método de comparação de correntes<br />

• Medição de resistências usando o método de comparação de tensões.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 27/56


Métodos de Medição por Zero<br />

Nos métodos de medição por zero, o valor <strong>da</strong> grandeza a medir é determinado por equilíbrio,<br />

ajustando uma ou várias grandezas, de valores conhecidos, associa<strong>da</strong>s à grandeza a medir por<br />

uma relação de equilíbrio conheci<strong>da</strong>.<br />

Exemplos de métodos de medição por zero:<br />

• Medição de tensões usando o potenciómetro (variando o valor de um ou dois<br />

reóstatos, até se atingir o equilíbrio, situação em que se determina a tensão).<br />

• Medição de resistências usando a Ponte de Wheatstone (variam-se uma ou mais<br />

resistências variáveis até se atingir o equilíbrio, situação em que se determina a<br />

resistência ).<br />

• Balanças de dois pratos (adicionam-se ou retiram-se pesos, até se atingir a situação<br />

de equilíbrio, situação em que se determina o peso do produto).<br />

28/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


7. QUALIDADE NA MEDIÇÃO<br />

Tal como foi referido no prefácio, quando procedemos à medição de uma grandeza, surge<br />

inevitavelmente a preocupação de saber qual a relação entre o valor obtido e o valor real dessa<br />

grandeza. Torna-se então fun<strong>da</strong>mental, no âmbito desta área, definir conceitos tais como<br />

incerteza, exactidão, erro e algarismos significativos, entre outros. Dado que existem inúmeros<br />

factores que levam à ocorrência de erros de medição, torna-se necessário proceder à sua<br />

identificação e classificação, de modo a os poder reduzir e, se possível, eliminar. São estes<br />

temas que são focados neste capítulo.<br />

7.1. Incerteza? Exactidão? Erro?<br />

Os conceitos de exactidão, erro e incerteza estão muito ligados entre si. To<strong>da</strong>via, apesar dos<br />

seus significados estarem perfeitamente definidos, surge frequentemente confusão entre eles.<br />

Antes de tentar esclarecer melhor o que significam estes termos, bem como perceber quando<br />

e como utilizar ca<strong>da</strong> um deles, é necessário ter a noção de valor ver<strong>da</strong>deiro de uma grandeza e<br />

de valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro de uma grandeza.<br />

Valor (Convencionalmente) Ver<strong>da</strong>deiro de uma Grandeza<br />

O valor ver<strong>da</strong>deiro de uma grandeza seria o valor obtido numa medição perfeita. Obviamente<br />

que os valores ver<strong>da</strong>deiros são indetermináveis por natureza, pelo se recorre a valores<br />

convencionalmente ver<strong>da</strong>deiros. O valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro, também chamado<br />

frequentemente de “valor atribuído” ou “melhor estimativa” substitui, num <strong>da</strong>do contexto<br />

(para determinados objectivos), o valor ver<strong>da</strong>deiro.<br />

Erro de Medição<br />

O erro de medição indica a diferença entre o valor real (ver<strong>da</strong>deiro) <strong>da</strong> grandeza em causa e o<br />

valor resultante de uma medição.<br />

Nota: Uma vez que o valor ver<strong>da</strong>deiro não pode ser determinado, na prática é usado um valor<br />

convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro.<br />

Vamos supor que medimos o valor de uma resistência utilizando uma Ponte de Wheatstone de<br />

grande exactidão (6 AS), resultando em:<br />

100,000 Ω<br />

Podemos considerar este o valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> resistência, para os<br />

fins em vista, <strong>da</strong><strong>da</strong> a grande exactidão <strong>da</strong> ponte.<br />

Se medirmos a resistência com um ohmímetro, este, por diversos factores ligados à sua<br />

quali<strong>da</strong>de, irá provocar o aparecimento de um erro de medição. Vamos supor que o valor<br />

medido foi:<br />

101,3 Ω (por exemplo com um ohmímetro digital de 4 dígitos)<br />

O erro cometido é portanto:<br />

101,3 - 100,000 = 1,3 Ω<br />

Claro que na maior parte <strong>da</strong>s vezes, não conhecemos (ou não podemos conhecer) o valor<br />

convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong>s grandezas), pelo que teremos que nos guiar pelas<br />

características de incerteza especifica<strong>da</strong>s nos instrumentos de medição. Temos obviamente de<br />

saber interpretar as especificações que vêm nos manuais dos fabricantes de instrumentos de<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 29/56


medição (ver em 7.7. Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Medição nos Multímetros Analógicos e Digitais, por<br />

exemplo).<br />

Incerteza (de Medição)<br />

Este parâmetro procura caracterizar o “grau de confiança” que se tem nas medições<br />

efectua<strong>da</strong>s, sendo uma indicação dos limites máximos (superior e inferior) dos erros que<br />

se supõe possam ter sido cometidos ao medir uma <strong>da</strong><strong>da</strong> grandeza. Não sendo possível prever<br />

qual o sinal de tais erros, a incerteza é sempre indica<strong>da</strong> como “±”.<br />

Por exemplo, suponha que para a medição de resistência efectua<strong>da</strong> com o ohmímetro (101,3<br />

Ω) se determinava a incerteza, através do manual do instrumento, resultando em 2 Ω. O<br />

resultado <strong>da</strong> medição viria por isso <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

101,3 Ω ± 2 Ω<br />

O que o fabricante especifica (no manual) são os limites superior e inferior dentro dos quais<br />

deverá estar o ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza medi<strong>da</strong>. Isto quer dizer que o fabricante “garante”<br />

que o ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> resistência está entre (se o instrumento estiver em boas condições):<br />

101,3 + 2 = 103,3 Ω e<br />

101,3 - 2 = 99,3 Ω<br />

Dado que o intervalo de incerteza engloba o valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro (100,000<br />

Ω), o ohmímetro efectuou uma medição váli<strong>da</strong>.<br />

Exactidão (de Medição)<br />

A exactidão de uma medição representa a aproximação entre o resultado <strong>da</strong> medição e o<br />

valor ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> grandeza a medir. Este é um conceito qualitativo, pelo que apenas se<br />

pode dizer que uma medição foi mais exacta que outra, que um instrumento têm um grande<br />

exactidão, etc.<br />

No exemplo anterior, a Ponte de Wheatstone tem uma muito maior exactidão do que o<br />

ohmímetro. No caso do Laboratório de Medi<strong>da</strong>s Eléctricas, a Ponte de Wheatstone ([Yokogawa,<br />

1985]) tem uma exactidão muito superior aos multímetros digitais (a funcionar como<br />

ohmímetros).<br />

7.2. Fontes de Incerteza<br />

Uma vez que nenhuma medição é feita com exactidão total (isenta de erro de medição), é<br />

importante um estudo dos erros, quer para se tentar encontrar meios para os reduzir, quer<br />

para poder avaliar até que ponto se pode confiar no resultado <strong>da</strong> medição.<br />

Existem diversas fontes de incerteza numa medição, nomea<strong>da</strong>mente ([Cabral, 1995]):<br />

• Instrumento de Medição (um ou mais, utilizados na medição)<br />

• Padrão (que serviu para a calibração do instrumento ou como parte integrante do<br />

instrumento, tal como numa Ponte de Wheatstone ou num potenciómetro)<br />

• Operador (que executa a medição)<br />

• Método de Medição (utilizado para determinar o valor <strong>da</strong> grandeza)<br />

• Condições Ambientais (temperatura, humi<strong>da</strong>de, interferências electromagnéticas,<br />

etc.)<br />

30/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


7.3. Classificação dos Erros de Medição<br />

As fontes de incerteza atrás descritas levam à ocorrência de erros, que são normalmente<br />

classificados em três categorias:<br />

• Erros Grosseiros: em grande parte devido a falhas humanas, como leitura<br />

incorrecta dos instrumentos ou utilização incorrecta dos instrumentos.<br />

• Erros Sistemáticos: são normalmente devidos a problemas com os instrumentos<br />

ou condições ambientais.<br />

• Erros Aleatórios: de origem muitas vezes difícil de explicar, traduzem-se, na<br />

prática, pela obtenção de resultados diferentes em diferentes medições do mesmo<br />

valor.<br />

Erros Grosseiros<br />

Os erros grosseiros devem-se a falhas humanas no processo de medição, tanto a nível <strong>da</strong><br />

leitura como a nível de registo dos resultados.<br />

Nos instrumentos de medição analógicos (com ponteiro), podemos cometer erros grosseiros<br />

devido a leitura deficiente do valor indicado. Por exemplo, se um operador de um multímetro<br />

analógico lê, erra<strong>da</strong>mente, 231 V, quando a indicação é efectivamente de 233 V, ele está a<br />

cometer um erro grosseiro.<br />

Se o utilizador de um osciloscópio não entrar em linha de conta com a atenuação <strong>da</strong> ponta de<br />

prova (atenuadora), para os cálculos de amplitudes de tensão, está a cometer um erro<br />

grosseiro (esquece-se de multiplicar a leitura por 10, por exemplo).<br />

Este tipo de erros resulta pois do facto de uma medição envolver muitas vezes a percepção,<br />

normalmente visual de um operador, que poderá ser feita de um modo erróneo, devido a<br />

vários factores, tais como cansaço, desatenção e pressa ([Campilho, 1987]).<br />

Erros Sistemáticos<br />

Os erros sistemáticos dividem-se essencialmente em erros devido à própria quali<strong>da</strong>de (falta<br />

de) dos instrumentos de medição, erros devido a condições ambientais e erros devido à<br />

observação deficiente do instrumento:<br />

• Erros devidos aos instrumentos<br />

• Erros devidos ao método de medição<br />

• Erros devidos às condições ambientais<br />

• Erros devidos à observação<br />

Os chamados erros instrumentais devem-se à quali<strong>da</strong>de construtiva do instrumento de<br />

medição, nomea<strong>da</strong>mente:<br />

• Quali<strong>da</strong>de dos componentes eléctricos e electrónicos: resistências, díodos,<br />

conversor analógico/digital, etc. Deve ter-se em conta o envelhecimento dos<br />

materiais…<br />

• Quali<strong>da</strong>de dos componentes mecânicos, tal como o atrito no movimento de um<br />

ponteiro ou tensão incorrecta de uma mola.<br />

• Calibração e verificação (ver ‘3.3. Calibração e Verificação’).<br />

• O efeito de carga.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 31/56


O efeito de carga dos instrumentos de medição também se pode considerar um erro<br />

instrumental. Por exemplo, na utilização de um voltímetro para a medição <strong>da</strong> tensão aos<br />

terminais de um determinado elemento eléctrico, se a resistência interna do voltímetro não<br />

for consideravelmente superior à resistência equivalente vista do dipolo, as condições do<br />

circuito vão alterar-se, resultando numa tensão medi<strong>da</strong> não correspondente à que se pretendia<br />

medir.<br />

Nota: Em alguns casos (quando se conhecerem a resistência equivalente e a resistência interna do voltímetro)<br />

poderá ser possível corrigir o resultado bruto <strong>da</strong> medição, eliminando o erro do método.<br />

Outro exemplo do efeito de carga é a medição de temperatura com um termómetro de<br />

mercúrio ([Campilho, 1987]). Comete-se sempre um erro devido ao facto de que a quanti<strong>da</strong>de<br />

de calor necessária para a dilatação do mercúrio fará baixar a temperatura do meio onde se<br />

efectua a medição (evidentemente que este erro é, normalmente, desprezável).<br />

Obviamente que não existem instrumentos perfeitos, logo irão sempre existir erros<br />

instrumentais. Podemos, no entanto, reduzi-los através de manutenção (calibração e<br />

verificação) e de utilização (adequados.<br />

Podem definir-se inúmeros atributos para caracterizar os instrumentos de medição (rapidez<br />

de resposta, volume, estética, largura de ban<strong>da</strong>, resolução do conversor A/D, número de<br />

canais, quanti<strong>da</strong>de de grandezas que pode medir, etc.), mas só as seguintes características<br />

influem na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s medições efectua<strong>da</strong>s ([IPQ, 1996]):<br />

• Exactidão<br />

• Resolução<br />

• Fideli<strong>da</strong>de<br />

Aptidão de um instrumento de medição para <strong>da</strong>r indicações próximas do<br />

ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza medi<strong>da</strong>.<br />

Nota: Antigamente utilizava-se o termo precisão para definir o que hoje se entende por<br />

exactidão. Precisão representa o grau de concordância entre as várias indicações do valor de<br />

uma mesma grandeza. Enquanto que exactidão implica sempre precisão, precisão não<br />

implica necessariamente exactidão.<br />

É a menor diferença entre indicações que se podem distinguir<br />

significativamente (para um instrumento digital, corresponde a uma uni<strong>da</strong>de<br />

do dígito menos significativo). A noção de resolução, em termos práticos, está<br />

directamente liga<strong>da</strong> ao número de algarismos significativos com que é possível<br />

efectuar a leitura.<br />

Aptidão de um instrumento de medição para <strong>da</strong>r indicações isentas de erro<br />

sistemático. Um instrumento é fiel desde que as suas indicações só depen<strong>da</strong>m<br />

<strong>da</strong> grandeza a medir, e não de outro tipo de grandezas (temperatura,<br />

interferências electromagnéticas, etc.).<br />

• Repetibili<strong>da</strong>de<br />

Aptidão de um instrumento de medição para <strong>da</strong>r, em condições de utilização<br />

defini<strong>da</strong>s, indicações muito próximas, quando se aplica repeti<strong>da</strong>mente o<br />

mesmo valor <strong>da</strong> grandeza.<br />

• Rapidez de Resposta<br />

Tempo que decorre após uma variação repentina do sinal de entra<strong>da</strong>, até que o<br />

sinal de saí<strong>da</strong> (indicação) atinja , dentro de limites especificados, o seu valor<br />

final em regime estável e nele se mantenha.<br />

32/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


• Neutrali<strong>da</strong>de<br />

Aptidão de um instrumento de medição para não alterar o valor <strong>da</strong> grandeza a<br />

medir (não provocar efeito de carga).<br />

Um método de medição também poderá introduzir um erro sistemático na medição, os<br />

chamados erros do método. Veja-se por exemplo o método voltamperimétrico de medição<br />

de uma resistência.<br />

Rv<br />

V<br />

Rx<br />

CD<br />

A<br />

Ra<br />

LD<br />

E<br />

Figura 14: Medição de uma resistência pelo método voltamperimétrico (curta e longa derivação) ([Alves, 1998])<br />

Se considerarmos que a resistência é a divisão <strong>da</strong> tensão medi<strong>da</strong> pela corrente medi<strong>da</strong>, tanto<br />

na montagem de curta derivação como na montagem de longa derivação existem erros<br />

inerentes ao método. Por exemplo, na montagem de longa derivação, embora o amperímetro<br />

meça a corrente na resistência, o voltímetro não mede exactamente a tensão aos terminais <strong>da</strong><br />

resistência ([Alves, 1998]).<br />

Nota: No caso em que se conhecem as resistências internas do amperímetro (longa derivação) e do voltímetro<br />

(curta derivação) é possível corrigir o resultado bruto <strong>da</strong> medição, eliminando o erro do método.<br />

Para evitar ao máximo o aparecimento de erros inerentes ao método de medição, devemos<br />

procurar utilizar métodos directos, quando for possível e adequado.<br />

Diversos factores relacionados com o meio ambiente onde se processa a medição podem<br />

levar aos chamados erros ambientais. Podem citar-se nomea<strong>da</strong>mente:<br />

• Temperatura (temperaturas extremas ou variações rápi<strong>da</strong>s)<br />

• Pressão<br />

• Humi<strong>da</strong>de<br />

• Campos Electromagnéticos<br />

Para reduzir os seus efeitos, devem:<br />

• Preferencialmente:<br />

Manter-se, tanto quanto possível, as condições ambientais ideais (temperatura,<br />

humi<strong>da</strong>de, etc.) para o equipamento utilizado.<br />

• Se não for possível:<br />

Usar-se equipamento cujo funcionamento seja adequado às condições<br />

ambientais existentes (mais caro).<br />

• Em último caso:<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 33/56


Efectuar-se correcções nas medições, quando existir informação que as<br />

possibilite (no manual do instrumento).<br />

A utilização ca<strong>da</strong> vez mais vulgariza<strong>da</strong> dos instrumentos digitais levou a uma diminuição<br />

acentua<strong>da</strong> dos chamados erros de observação. De facto, duas pessoas que leiam a indicação<br />

de um instrumento analógico podem obter resultados diferentes. O modo como se faz a<br />

leitura poderá originar erros de paralaxe (sistemáticos).<br />

No caso de medições que envolvam o tempo (análise <strong>da</strong> carga de um condensador, por<br />

exemplo), pode haver uma antecipação ou um atraso nas leituras efectua<strong>da</strong>s dependendo de<br />

quem leva a cabo essa tarefa (obviamente que isto pode acontecer tanto nos instrumentos<br />

analógicos como nos digitais).<br />

Erros Aleatórios<br />

Mesmo depois de entrar em linha de conta com os erros grosseiros e os erros sistemáticos,<br />

existem ain<strong>da</strong> desvios entre os valores medido e ver<strong>da</strong>deiro - os chamados erros aleatórios. A<br />

sua origem é muitas vezes difícil de explicar, sendo o acumular de um grande número de<br />

pequenos efeitos. Traduzem-se, na prática, pela obtenção de diferentes valores quando se<br />

efectuam várias medições de uma grandeza que não varia.<br />

Os erros aleatórios podem encarar-se genericamente como o resíduo do erro de medição<br />

depois de se evitarem os erros grosseiros e de se corrigirem convenientemente os erros<br />

sistemáticos (conhecidos).<br />

O único meio de reduzir o efeito deste tipo de erros é aumentando o número de leituras e<br />

posterior análise estatística, de modo a obter-se a melhor aproximação possível do<br />

ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza sob medição.<br />

Nota: O facto dos erros aleatórios serem também chamados de residuais reside no facto de que, ao corrigir-se<br />

um determinado resultado entrando em linha de conta com os erros sistemáticos conhecidos, se cometerem<br />

inevitavelmente erros devido à própria correcção não ser, em si, isenta de erros. Gera-se então um resíduo ou<br />

erro de 2ª ordem.<br />

7.4. Considerações Sobre Algarismos Significativos<br />

Embora muitas vezes não nos apercebamos, é frequente depararmo-nos com situações do<br />

género: ao medir a tensão e a corrente aos terminais de uma resistência, o amperímetro digital<br />

indica 12,5 mA e o voltímetro digital indica 4,5 V. Ao dividir a tensão pela corrente, para<br />

obter a resistência, quantos algarismos vamos reter no resultado? A situação agrava-se quando<br />

utilizamos máquinas de calcular, que é o caso mais frequente, hoje em dia.<br />

É então fun<strong>da</strong>mental, principalmente em engenharia, quando se efectuam medições e cálculos<br />

associados a essas medições, ter um conhecimento básico sobre algarismos significativos<br />

(AS). Os AS são os algarismos, incluindo os zeros (à direita), que foram obtidos por uma<br />

medição ou cálculo e que devem ser retidos no resultado.<br />

34/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Exemplos:<br />

Resultado de uma medição<br />

ou de um cálculo<br />

Número de<br />

Algarismos Significativos<br />

10,1 3<br />

5,2500 5<br />

0,0015 = 1,5 × 10 -3 2<br />

0,001500 = 1,500 × 10 -3 4<br />

Tabela 7: Número de algarismos significativos em medições<br />

Os números resultantes de contagens, ao contrário dos que se obtêm nas medições, são<br />

naturalmente exactos, pelo que têm um número infinito de AS.<br />

Como se pode compreender, a posição do ponto decimal não afecta o número de AS (se um<br />

zero se utiliza meramente para localizar o ponto decimal, ele não é um AS).<br />

Quando efectuamos cálculos, devemos rejeitar os algarismos não significativos. Isso evita que<br />

tiremos falsas conclusões, <strong>da</strong>do que algarismos “a mais” implicam uma exactidão maior do<br />

que os algarismos realmente têm.<br />

No caso de consulta <strong>da</strong> bibliografia [Helfrick, 1991] e [Jones, 1991], devem ter-se em conta<br />

algumas “asneiras”. Contactar com o autor desta sebenta para qualquer esclarecimento.<br />

São a seguir enuncia<strong>da</strong>s três regras que devem ser respeita<strong>da</strong>s quando se efectuam operações<br />

básicas (adição/subtracção e multiplicação/divisão):<br />

1ª Regra - Algarismos a Conservar (Adição e Subtracção)<br />

Nas adições e subtracções, não se deve levar o resultado para além <strong>da</strong> 1ª coluna (posição) que<br />

contém um algarismo duvidoso. Como regra geral, todos os algarismos para a direita <strong>da</strong><br />

última coluna (posição) em que todos os algarismos são significativos, devem ser excluídos.<br />

Exemplo 1:<br />

R1<br />

R 1 = 18.6 Ω<br />

R 2 = 3.234 Ω<br />

R total = ?<br />

Exemplo 2:<br />

R2<br />

R total = R 1 + R 2<br />

1 8 . 6<br />

+ 3 . 2 3 4<br />

2 1 . 8 3 4<br />

R total = 21.8 Ω<br />

aproximado<br />

Coluna<br />

duvidosa<br />

47,816 - 25 = 22,816 (se 25 for um número exacto)<br />

É importante notar que nas adições e subtracções, o que conta são as casas decimais (não o<br />

número de AS).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 35/56


2ª Regra - Algarismos a Conservar (Multiplicação, Divisão e Radiciação)<br />

Nas multiplicações, divisões e radiciação, devem reter-se apenas tantos AS quantos os <strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong>de menos exacta (com menor número de AS).<br />

Exemplo 1:<br />

R<br />

I<br />

U<br />

U = R × I = 18.2 × 7.238 = 131.7316<br />

3 AS<br />

4 AS<br />

Devem reter-se<br />

apenas 3 AS<br />

R = 18.2 Ω<br />

I = 7.238 A<br />

U = ?<br />

U = 132 V<br />

aproximado<br />

Exemplo 2:<br />

Exemplo 3:<br />

Exemplo 4:<br />

8,416 × 50 = 420,8 (se 50 for um número exacto)<br />

1,648 / 0,023 = 72<br />

√(38,7) = 6,22<br />

Pode deduzir-se que, nas multiplicações e divisões, apenas se deve tomar em consideração o<br />

número de AS.<br />

3ª Regra - Arredon<strong>da</strong>mento dos Resultados<br />

Ao excluir os A não S:<br />

Se o primeiro A não S (mais à esquer<strong>da</strong>) é < 5:<br />

então não alterar o último AS (mais à direita)<br />

senão incrementar esse AS de 1<br />

Normalmente, numa medição com um instrumento digital, os dígitos que conseguimos<br />

visualizar no mostrador consideram-se significativos. É de esperar que exactidão associa<strong>da</strong> às<br />

grandeza e alcance utilizados seja suficientemente grande para que isso seja ver<strong>da</strong>de, isto é, a<br />

incerteza associa<strong>da</strong> a essa medição não deve provocar que nenhum dígito (algarismo) deixe de<br />

ser significativo. Ou seja, apenas pode haver incerteza no algarismo menos significativo.<br />

Quando na<strong>da</strong> é especificado acerca do resultado de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> medição, considera-se que a<br />

incerteza é de mais ou menos meia uni<strong>da</strong>de do algarismo menos significativo. Por exemplo,<br />

supondo que se determinou com rigor uma altura como sendo 1,75 metro, isso significa que o<br />

seu valor ver<strong>da</strong>deiro está compreendido entre 1,745 m e 1,755 m.<br />

7.5. Determinação de Incerteza em Medições Directas<br />

Consideremos uma grandeza x que é medi<strong>da</strong> directamente. Podem definir-se:<br />

x v - ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza x<br />

36/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


x v* - valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro (para um <strong>da</strong>do objectivo, substitui x v )<br />

x m - valor medido<br />

Define-se erro absoluto (δ x ) como:<br />

δ x x m x v<br />

= − *<br />

podendo então definir-se-se erro relativo ( ε x ) como:<br />

Se δ x pequeno<br />

ε<br />

x<br />

δx<br />

x<br />

= * =<br />

x<br />

v<br />

m<br />

− x<br />

x<br />

*<br />

v<br />

*<br />

v<br />

δx<br />

≈<br />

x<br />

Em termos de recta numérica, fica:<br />

m<br />

O valor convencionalmente<br />

ver<strong>da</strong>deiro deve cair dentro do<br />

intervalo limite de incerteza<br />

Exemplo:<br />

x m<br />

- δ x limite x v<br />

x v<br />

*<br />

x m<br />

x m<br />

+ δ x limite<br />

O valor convencionalmente ver<strong>da</strong>deiro de uma tensão é 50 V. Contudo, uma medição resulta<br />

em 49 V. Calcular os erros absoluto e relativo inerentes à medi<strong>da</strong>.<br />

*<br />

δ u m v<br />

= U − U = 49 − 50 = 1V<br />

x<br />

ε<br />

u<br />

∂ u 1<br />

= = = 0.<br />

02 = 2%<br />

*<br />

50<br />

U v<br />

7.6. Determinação de Incerteza em Medições Indirectas<br />

A grandeza x é medi<strong>da</strong> indirectamente à custa de outras grandezas (y 1 , y 2 , …,y n ), ou seja:<br />

x = f(y 1 , y 2 , …, y n )<br />

Sejam δ , δ ,..., δ os erros cometidos na determinação dos valores y 1 , y 2 , …,y n . A esses<br />

y1 y2 y n<br />

erros vai corresponder um erro no valor de x, que vamos designar por δ x .<br />

Nota: Considera-se que os erros cometidos na medição de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s grandezas não são correlacionados,<br />

isto é, não dependem uns dos outros.<br />

Pode então escrever-se,<br />

δ = f ( y + δ , y + δ ,..., y + δ ) − f ( y , y ,..., y )<br />

x 1 y1 2 y2 n yn<br />

1 2 n<br />

Fazendo o desenvolvimento <strong>da</strong> função f em Polinómio de Taylor, no ponto y i + ∂ yi<br />

, teremos,<br />

⎛ ∂f ∂f ∂f<br />

⎞<br />

f ( y1 + δy , y2 + δ ,..., yn<br />

+ δ ) = f ( y1, y2<br />

,..., yn<br />

) + ⎜δ<br />

+ δ + ... + δ ⎟ +<br />

1 y2 yn y1 y2 yn<br />

⎝ ∂y ∂y ∂y<br />

⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 ⎛<br />

2 ∂ f ∂ f ∂ f ⎞<br />

+ y + y + ... + y ...<br />

1 2<br />

n<br />

2!<br />

⎜δ<br />

δ δ<br />

2 ⎟<br />

⎝ ∂y ∂y ∂y<br />

⎠<br />

+<br />

1 2 2<br />

2 2 2<br />

n<br />

1 2<br />

Passando f(y 1 , y 2 , …, y n ) para o lado esquerdo <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de, teremos,<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 37/56<br />

n


⎛ ∂f ∂f ∂f<br />

⎞<br />

f ( y1 + δy , y2 + δ ,..., yn + δ ) − f ( y1, y2<br />

,..., yn ) = δx<br />

= ⎜δ<br />

+ δ + ... + δ ⎟ +<br />

1 y2 yn y1 y2 y n<br />

⎝ ∂y ∂y ∂y<br />

⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 ⎛<br />

2 ∂ f 2 ∂ f 2 ∂ f ⎞<br />

+ y + y + ... + y ...<br />

1 n<br />

2!<br />

⎜δ<br />

δ δ<br />

2 2 2<br />

2 ⎟<br />

⎝ ∂y ∂y ∂y<br />

⎠<br />

+<br />

1<br />

2<br />

n<br />

1 2<br />

e, desprezando os termos (erros ) de ordem superior à primeira (2ª- os erros dos erros, 3ª-os<br />

erros dos erros dos erros, etc.) fica:<br />

δ<br />

x<br />

n<br />

≈ ∑δy i<br />

i=<br />

1<br />

Considerando que δ y = δ<br />

i yi<br />

MAX são os majorantes dos erros em y i e tendo em conta que os<br />

elementos do somatório podem ter sinal positivo ou negativo, podemos então dizer que:<br />

∂f<br />

∂y<br />

i<br />

Por definição de erro absoluto<br />

n<br />

δ<br />

x<br />

n<br />

≤ ∑ δy i<br />

i=<br />

1<br />

∂f<br />

∂y<br />

i<br />

38/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


O erro relativo em x deriva-se <strong>da</strong> expressão anterior, pois<br />

Então,<br />

ε<br />

x<br />

n<br />

δ δ ∂ δ n<br />

∂ δ<br />

x<br />

x f y f<br />

i<br />

y<br />

= = ≤ ∑ = ∑<br />

x f ( y ) ∂y f ∂y y<br />

i<br />

i= 1 i<br />

i = 1<br />

i<br />

i<br />

i<br />

y<br />

f<br />

i<br />

ε yi<br />

ε<br />

x<br />

n<br />

∂<br />

≤ ∑ f<br />

∂y<br />

i=<br />

1<br />

i<br />

y<br />

f<br />

i<br />

ε<br />

yi<br />

Nota: A aplicação do Polinómio de Taylor à aproximação de funções pode exemplificar-se em termos gráficos :<br />

f<br />

p 1<br />

p 0<br />

Figura 15: Aproximação de uma função por Polinómio de Taylor<br />

Se pretendermos aproximar uma <strong>da</strong><strong>da</strong> função f por um polinómio, quanto maior o grau do polinómio, mais<br />

este se aproxima <strong>da</strong> função.<br />

No caso de aparecerem funções complexas do tipo logarítmico, pode utilizar-se a Regra <strong>da</strong><br />

Diferencial Logarítmica:<br />

1. Aplicar logaritmos à expressão de x: log (f(y i ))<br />

Exemplos:<br />

a) x = y 1 . y 2<br />

2. Calcular a diferencial logarítmica de x: ∂x x<br />

3. Considerar a expressão obti<strong>da</strong> em módulo<br />

4. Substituir as diferenciais logarítmicas por ε<br />

1. log( x) = log( y . y ) = log y + log y<br />

2. ∂x ∂ y1<br />

∂ y<br />

= +<br />

x y y<br />

1<br />

1 2 1 2<br />

3. ∂x ∂ y1<br />

∂ y2<br />

∂ y1<br />

∂ y<br />

= + ≤ +<br />

x y y y y<br />

1<br />

4. ε ≤ ε + ε<br />

x y1 y2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

b) x = y1 + y2 (não é uma função “interessante”)<br />

1. log( x) = log( y + y )<br />

1 2<br />

1<br />

2. ∂x ∂ y1<br />

∂ y2<br />

y1<br />

∂ y1<br />

y2<br />

∂ y<br />

= + =<br />

+<br />

x y + y y + y y + y y y + y y<br />

1 2<br />

1 2<br />

2<br />

2<br />

1 2<br />

3. ∂x y1<br />

∂ y1<br />

y2<br />

∂ y<br />

≤<br />

+<br />

x y + y y y + y y<br />

1 2<br />

1<br />

1 2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1 2<br />

2<br />

2<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 39/56


y1<br />

y2<br />

4. ε ≤ ε + ε<br />

y + y y + y<br />

x y1 y2<br />

1 2<br />

1 2<br />

n m<br />

c) x = u. v . w / z (é uma função “interessante”)<br />

1<br />

1. log( x) = log( u) + n.log( v) + log( w) − log( z)<br />

m<br />

2. ∂x ∂ u<br />

n ∂v 1 ∂ w ∂ z<br />

= + + −<br />

x u v m w z<br />

3. ∂x ∂ u<br />

n ∂v<br />

1 ∂ w ∂ z<br />

≤ + + + −<br />

x u v m w z<br />

1<br />

4. ε ≤ ε + n.<br />

ε + ε + ε<br />

m<br />

x u v w z<br />

Cálculo de Incerteza na Multiplicação, Divisão, Soma e Subtracção<br />

Calcular o erro absoluto e relativo para:<br />

a) x = y 1 . y 2<br />

b) x<br />

y<br />

= 1 y2<br />

c) x = y1 + y2<br />

d) x = y1 − y2<br />

δ<br />

x<br />

n<br />

≤ ∑ δy i<br />

i=<br />

1<br />

∂f<br />

∂y<br />

i<br />

ε<br />

x<br />

n<br />

∂<br />

≤ ∑ f<br />

∂y<br />

i=<br />

1<br />

i<br />

y<br />

f<br />

i<br />

ε<br />

yi<br />

a) δ x ≤ y δ y + y δ , 2 1 1 y ε y1<br />

ε y2<br />

≤ y<br />

y ε ε ε<br />

2 2 + 1 = +<br />

y y y y<br />

x y1 y2 y1 y2<br />

1 2<br />

1 2<br />

y<br />

b) δ x ≤ δ y + − 1<br />

δ y<br />

y<br />

, 1 y<br />

ε ≤ 1 y1<br />

ε y y<br />

ε ε ε<br />

2 y y y<br />

+ − 1<br />

/ y y / y<br />

= +<br />

1 2<br />

2 2<br />

c) δ x ≤ δ y + δ ,<br />

1 y ε y1<br />

ε y2<br />

≤<br />

+ ε<br />

2<br />

y + y y + y<br />

2<br />

x y1 y y y<br />

2 1 2<br />

2 2 2 1 2<br />

1 2<br />

x y1 y2<br />

1 2<br />

1 2<br />

d) δ x ≤ δ y + δ ,<br />

1 y ε y1<br />

ε y<br />

≤<br />

+ − 2<br />

ε<br />

2<br />

y − y y − y<br />

x y1 y2<br />

1 2<br />

1 2<br />

As técnicas de medição dependentes de subtracções devem ser<br />

evita<strong>da</strong>s<br />

Exemplo:<br />

δ<br />

ε<br />

Para a soma,<br />

N 1 = 826 ± 5 (± 0.605 %) N 2 = 628 ± 3 (± 0.477 %)<br />

Soma = N 1 + N 2 = 1454 ± 8 (± 0.5502 %)<br />

⎛<br />

⎜ε<br />

⎝<br />

x<br />

≤<br />

y1<br />

ε<br />

y + y<br />

1<br />

2<br />

y1<br />

y2<br />

+ ε<br />

y + y<br />

1<br />

2<br />

y2<br />

=<br />

40/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong><br />

826<br />

1454<br />

5<br />

826<br />

+<br />

628<br />

1454<br />

3<br />

628<br />

=<br />

8 ⎞<br />

⎟<br />

1454<br />


Na subtracção,<br />

Subtracção = N 1 - N 2 = 198 ± 8 (± 4.04 %)<br />

⎛<br />

⎜ε<br />

⎝<br />

x<br />

y1<br />

≤ ε<br />

y − y<br />

1<br />

2<br />

y1<br />

y2<br />

+ ε<br />

y − y<br />

1<br />

2<br />

y2<br />

=<br />

5<br />

198<br />

+<br />

3<br />

198<br />

=<br />

8 ⎞<br />

⎟<br />

198<br />

⎠<br />

Repare que os erros absolutos são iguais, mas os erros relativos não.<br />

Cálculo de Incerteza na Associação de Resistências em Paralelo<br />

Determinar o erro relativo (máximo) no cálculo do paralelo de duas resistências, sabendo que<br />

os erros relativos (máximos) na medi<strong>da</strong> de R<br />

1<br />

e R<br />

2<br />

são ε R e ε<br />

1 R , respectivamente. Comparar<br />

2<br />

os resultados obtidos pela aplicação:<br />

R1 2<br />

a) Expressão geral dos erros para:<br />

. R<br />

R =<br />

R + R<br />

1<br />

2<br />

b) Expressão geral dos erros para: R =<br />

1<br />

1 1<br />

+<br />

R R<br />

1 2<br />

c) Algoritmos de soma e produto para:<br />

R . 1<br />

R2<br />

R =<br />

R + R<br />

1<br />

2<br />

Resolução:<br />

a) ∂ f<br />

∂R<br />

1<br />

d) Algoritmos de soma e produto para: R =<br />

R .( R + R ) − R . R<br />

=<br />

( R + R )<br />

1 2<br />

2 1 2 1 2<br />

2<br />

R<br />

f<br />

R<br />

=<br />

R1 . R2<br />

R + R<br />

1 1<br />

1 2<br />

1<br />

1 1<br />

+<br />

R R<br />

1 2<br />

∂f<br />

∂R<br />

1<br />

R<br />

f<br />

R .( R + R ) − R . R<br />

=<br />

( R + R )<br />

R<br />

.<br />

R1.<br />

R2<br />

R + R<br />

1<br />

1 2<br />

1 2 1 2 1 2<br />

2<br />

R2<br />

R1<br />

ε ≤ . ε + . ε<br />

R + R R + R<br />

R R1 R2<br />

1 2<br />

1 2<br />

1 2<br />

=<br />

R2<br />

R + R<br />

1 2<br />

b)<br />

∂f<br />

∂R<br />

1<br />

1 1<br />

∂( + )<br />

R1 R2<br />

1<br />

−<br />

2<br />

∂R1<br />

R1<br />

= −<br />

= −<br />

1 1 2 1 1<br />

( + ) ( + )<br />

R R R R<br />

1 2<br />

1 2<br />

2<br />

=<br />

2<br />

R2<br />

2<br />

2 1<br />

( R + R )<br />

R<br />

f<br />

R<br />

=<br />

1<br />

1 1<br />

+<br />

R R<br />

1 1<br />

1 2<br />

=<br />

R1<br />

R1.<br />

R2<br />

R + R<br />

1 2<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 41/56


∂f<br />

∂R<br />

c)<br />

1<br />

2<br />

R1 R2<br />

R1<br />

. = .<br />

f<br />

2 1<br />

R + R<br />

2<br />

( R + R )<br />

R1.<br />

R2<br />

( R + R )<br />

1 2<br />

=<br />

2<br />

R2<br />

2<br />

2 1<br />

R + R<br />

.<br />

R<br />

1 2<br />

2<br />

R2<br />

=<br />

R + R<br />

1 2<br />

R1<br />

R2<br />

2R1 + R2<br />

R1 + 2R2<br />

ε ≤ ε + ε = ε + ε + ε + ε = ε + ε<br />

( 1.<br />

2 ) ( 1 + 2 )<br />

R + R R + R R + R R + R<br />

R R R R R R1 R2 R1 R2 R1 R2<br />

1 2 1 2<br />

1 2<br />

1 2<br />

1<br />

1<br />

R1<br />

R2<br />

R2<br />

R1<br />

d) εR<br />

≤ ε1 + ε = . ε + . ε = ε + ε<br />

⎛ 1 1 ⎞ 1 1 1 1<br />

⎜ + ⎟<br />

R1 + R2<br />

R1 + R2<br />

⎝ R R ⎠ +<br />

+<br />

1 2<br />

R R R R<br />

1 2<br />

R1 R2 R1 R2<br />

1 2<br />

Pode retirar-se <strong>da</strong>qui que se deve evitar fazer operações desnecessárias.<br />

Cálculo de Incerteza numa Caixa de Déca<strong>da</strong>s<br />

Para uma caixa de déca<strong>da</strong>s:<br />

• déca<strong>da</strong> A: 10 resistências de 100 Ω, 0.05% (40 mA)<br />

• déca<strong>da</strong> B: 10 resistências de 10 Ω, 0.05% (120 mA)<br />

• déca<strong>da</strong> C: 10 resistências de 1 Ω, 0.2% (750 mA)<br />

• déca<strong>da</strong> D: 10 resistências de 0.1 Ω, 0.5% (2.5 A)<br />

Calcular os erros absoluto e relativo (máximos) para a resistência total (R), quando:<br />

Resolução:<br />

a) R = 111.1 Ω<br />

b) R = 1111 Ω<br />

c) R = 100 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> A<br />

d) R = 100 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> B<br />

e) R = 10 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> B<br />

f) R = 10 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> C<br />

É necessário determinar o erro absoluto unitário de ca<strong>da</strong> déca<strong>da</strong>:<br />

δ<br />

δ<br />

δ<br />

δ<br />

A1<br />

B1<br />

C1<br />

D1<br />

=0<br />

= 100 × 0. 05% = 0.<br />

0500Ω<br />

= 10 × 0. 05% = 0.<br />

0050Ω<br />

= 1× 0. 2% = 0.<br />

002Ω<br />

= 01 . × 05% . = 0.<br />

0005Ω<br />

Resultado idêntico ao anterior, como<br />

seria de experar<br />

O erro relativo em c) é maior do que<br />

o erro relativo em d), pois em c) são<br />

efectua<strong>da</strong>s mais duas operações com<br />

“quanti<strong>da</strong>des incertas”<br />

42/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


a) R = 111.1 Ω<br />

R = 1× 100 + 1× 10 + 1× 1+ 1×<br />

01 . Ω<br />

δ = 1× δ + 1× δ + 1× δ + 1× δ =<br />

ε<br />

R A1 B1 C1 D1<br />

R<br />

= 0. 0500 + 0. 0050 + 0. 002 + 0.<br />

0005 =<br />

= 0.<br />

0575Ω<br />

δR<br />

0.<br />

0575<br />

−4<br />

= = = 518 . × 10 = 0.<br />

0518%<br />

R 1111 .<br />

b) R = 1111 Ω<br />

R = 10 × 100+ 10 × 10 + 10× 1+ 10×<br />

01 . Ω<br />

δ = 10 × δ + 10 × δ + 10 × δ + 10 × δ =<br />

ε<br />

R A1 B1 C1 D1<br />

R<br />

= 0500 . + 0. 050+ 0. 02 + 0.<br />

005 =<br />

= 0575 . Ω<br />

δR<br />

0575 .<br />

−4<br />

= = = 518 . × 10 = 0.<br />

0518%<br />

R 1111<br />

c) R = 100 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> A<br />

δ<br />

R = 1×<br />

100Ω<br />

ε<br />

R<br />

R<br />

= 1× δ =<br />

A1<br />

= 0.<br />

0500Ω<br />

δR<br />

0.<br />

0500<br />

= = = 0.<br />

0500%<br />

R 100<br />

d) R = 100 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> B<br />

δ<br />

ε<br />

R = 10 × 10Ω<br />

R<br />

R<br />

= 10 × δ =<br />

B1<br />

= 10 × 0.<br />

0050 =<br />

= 0.<br />

050Ω<br />

δ R 0.<br />

050<br />

= = = 0.<br />

050%<br />

R 100<br />

e) R = 10 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> B<br />

R = 1×<br />

10Ω<br />

δ<br />

ε<br />

R<br />

R<br />

= 1× δ = 0.<br />

0050Ω<br />

B1<br />

δ R 0.<br />

0050<br />

= = = 0.<br />

050%<br />

R 10<br />

f) R = 10 Ω, utilizando a déca<strong>da</strong> C<br />

R = 10 × 1Ω<br />

δ<br />

ε<br />

R<br />

R<br />

= 10 × δ = 0.<br />

02Ω<br />

C1<br />

δ R 0.<br />

02<br />

= = = 0.<br />

2%<br />

R 10<br />

Erros relativos iguais (as déca<strong>da</strong>s têm a<br />

mesma exactidão)<br />

Erros relativos iguais (as déca<strong>da</strong>s têm a<br />

mesma exactidão)<br />

Os erros absoluto e relativo quadruplicam (pois os<br />

erros relativos <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s são diferentes<br />

Pode então concluir-se que para um mesmo valor de resistência, deve usar-se a déca<strong>da</strong> com<br />

menor erro relativo.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 43/56


7.7. Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Medição nos Multímetros Analógicos e Digitais<br />

Quando utilizamos um instrumento de medição para conhecer o valor de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> grandeza<br />

existente num sistema, pretendemos conhecê-la com o maior grau de exactidão possível, isto<br />

é, pretendemos que a medição se aproxime o mais possível do ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza<br />

que queremos medir.<br />

Nos multímetros, tais como os multímetros digitais utilizados no Laboratório de Medi<strong>da</strong>s<br />

Eléctricas do ISEP (DM25L <strong>da</strong> Beckman <strong>Industrial</strong>), são duas as características que fazem que o<br />

valor medido de uma grandeza não seja igual ao seu ver<strong>da</strong>deiro valor:<br />

• A resistência interna do instrumento (que provoca efeito de carga nos circuitos)<br />

• A exactidão do instrumento (que provoca incerteza na medição)<br />

Resistência Interna (como Voltímetro e Amperímetro)<br />

A maior ou menor resistência interna de um instrumento de medição provoca a alteração<br />

involuntária do circuito onde este instrumento se vai inserir. Chama-se a este fenómeno o<br />

efeito de carga do instrumento.<br />

Para uma medição de tensão, o instrumento (a funcionar como voltímetro), ao estar ligado<br />

em paralelo com o componente, deverá ter, idealmente, uma resistência interna infinita,<br />

para que a corrente continue a fluir pelo componente, como se o voltímetro não existisse.<br />

Quando pretendemos medir corrente, o facto de o amperímetro se ligar em série com o<br />

circuito implica que este deva ter, idealmente, uma resistência interna nula, de modo a que<br />

nele não ocorra nenhuma que<strong>da</strong> de potencial.<br />

Obviamente que nenhum multímetro tem características ideais, dispondo de uma resistência<br />

interna não infinita (mas muito grande) como voltímetro e de uma resistência interna não<br />

nula (mas muito pequena) como amperímetro<br />

A determinação <strong>da</strong> resistência interna de um voltímetro ou de um amperímetro pode ser feita<br />

de duas maneiras:<br />

• Recorrendo ao manual do instrumento<br />

• Efectuando a medição com um ohmímetro<br />

O segundo método é sem dúvi<strong>da</strong> o mais indicado, já que não implica depender <strong>da</strong>s<br />

especificações do fabricante que, normalmente, são apenas valores limite. Além disso, a<br />

variação de condições tais como a temperatura, a humi<strong>da</strong>de, o envelhecimento de<br />

componentes, etc., faz com que as especificações do manual possam não ser as mais<br />

adequa<strong>da</strong>s, favorecendo a utilização do segundo método (ohmímetro). É obviamente<br />

necessário dispor de um ohmímetro.<br />

Se tivermos de recorrer ao manual (por inexistência de um ohmímetro) a resistência interna<br />

poderá ser determina<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

• Voltímetro<br />

Digital: a resistência é <strong>da</strong><strong>da</strong> directamente. Exemplo típico: 10 MΩ.<br />

Analógico: a resistência calcula-se através <strong>da</strong> relação RV<br />

= S × U FE , em que S é<br />

a sensibili<strong>da</strong>de do voltímetro (característica que vem especifica<strong>da</strong> no manual e<br />

normalmente no próprio mostrador) e U FE é o alcance utilizado. Exemplo:<br />

20000 Ω/V em DC, 5000 Ω/V em AC, corresponde a uma resistência interna<br />

de 200 KΩ no alcance de 10 V DC.<br />

44/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


• Amperímetro (digital e analógico)<br />

A resistência não é <strong>da</strong><strong>da</strong> directamente. O que é fornecido é, para ca<strong>da</strong> alcance,<br />

a que<strong>da</strong> de tensão máxima (normalmente especifica<strong>da</strong> no manual como<br />

Voltage Drop ou Voltage Burden) aos terminais do amperímetro. Como a que<strong>da</strong><br />

de tensão máxima ocorre quando a corrente é maior, divide-se esta que<strong>da</strong> de<br />

tensão pelo valor máximo <strong>da</strong> escala, resultando na resistência interna do<br />

amperímetro (nessa alcance). Exemplo: que<strong>da</strong> de tensão máxima de 600 mV<br />

no alcance de 200 mA, corresponde a uma resistência interna de 3 Ω<br />

(600/200).<br />

Refira-se ain<strong>da</strong> que a resistência interna de um instrumento varia consoante o alcance, pois a<br />

própria constituição (circuito) do instrumento se modifica, para satisfazer ca<strong>da</strong> uma dos<br />

alcances.<br />

Exactidão<br />

Obviamente que um multímetro, tal como qualquer outro dispositivo de medição (um relógio,<br />

por exemplo), quanto maior exactidão tiver maior será o seu preço. Se instrumentos de<br />

utilização corrente (margem de erro de 1-3%), poderão custar menos de uma dezena de<br />

contos, quando pretendemos exactidão na ordem de 0.1% teremos de despender várias<br />

centenas de contos. Refira-se também que o preço de um multímetro é muito mais<br />

dependente <strong>da</strong> sua exactidão do que <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de grandezas que ele consegue medir<br />

(tensão, corrente, resistência, capaci<strong>da</strong>de, frequência, etc.).<br />

O cálculo dos erros de medição nos instrumentos analógicos difere significativamente, devido<br />

à diferente construção dos dois tipos de instrumento.<br />

Multímetro Digital<br />

Para compreender como se determina a incerteza de medição (majorante do erro de medição)<br />

inerentes à quali<strong>da</strong>de de medição de um multímetro digital, recorramos ao seguinte caso<br />

concreto.<br />

Suponhamos que um determinado multímetro digital (DM25L - Beckman <strong>Industrial</strong>), no<br />

alcance de 20 V DC (medição de tensões contínuas), apresenta uma exactidão (accuracy) de ±<br />

(0.8% RDG + 1 dgt) e tem um LCD de 3½ dígitos. Pretende determinar-se o erro relativo<br />

(máximo) quando se efectuam as leituras de 1.00, 2.00. 5.00, 10.00 e 19.99 V.<br />

Nota: Embora nos manuais dos multímetros apareça o termo exactidão (acccuracy), o termos correcto seria<br />

incerteza (uncertainty), <strong>da</strong>do que exactidão é uma medi<strong>da</strong> qualitativa <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do instrumento (a incerteza<br />

é uma medi<strong>da</strong> quantitativa).<br />

O mostrador (LCD - Liquid Cristal Display) do multímetro, se tem 3½dígitos, significa que é<br />

constituído por 3 dígitos de 7 segmentos e 1 dígito de 2 segmentos, sendo este último (o mais<br />

significativo) considerado como ½dígito:<br />

I.8.8.8<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 45/56


O mostrador deste instrumento pode apresentar um valor máximo de 1999. A posição do<br />

ponto decimal depende do alcance escolhido, isto é, para o alcance de 20 V DC, temos:<br />

I.8.8.8<br />

Na instrumentação digital os erros de medição podem calcular-se à custa <strong>da</strong> característica de<br />

exactidão que vem especifica<strong>da</strong> nos respectivos manuais. Esta exactidão é normalmente<br />

apresenta<strong>da</strong> em duas partes:<br />

• Percentagem <strong>da</strong> leitura (ReaDinG) - erro relativo à medição<br />

• Erro de resolução em número de uni<strong>da</strong>des do dígito menos significativo (dgt) -<br />

erro absoluto independente do valor <strong>da</strong> medição<br />

Enquanto que o primeiro se aplica directamente a ca<strong>da</strong> medição efectua<strong>da</strong>, o segundo<br />

necessita de ser convertido para um erro absoluto. Isso é feito tendo em conta a posição do<br />

ponto decimal e as uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> grandeza sob medição.<br />

Para o caso em questão, <strong>da</strong>do um erro de resolução de ±1 dígito menos significativo (mais à<br />

direita) e utilizando o alcance de 20 V DC, teremos um erro absoluto de 0.01 V (em to<strong>da</strong> o<br />

alcance):<br />

Dígito menos significativo<br />

I.8.8.8<br />

Podem então apresentar-se os erros limite (incertezas) <strong>da</strong>s diversas medições na forma de<br />

uma tabela:<br />

Valor ><br />

Leitura (V) RDG + dgt (%) Erro Total (%)<br />

1.00<br />

2.00<br />

5.00<br />

10.00<br />

19.99<br />

±1 ⇔ 0.01 V<br />

08% . 0 .<br />

+ 01 ×<br />

100 .<br />

100%<br />

08% . 0 .<br />

+ 01 ×<br />

2.<br />

00 100%<br />

08% . 0 .<br />

+ 01 ×<br />

500 .<br />

100%<br />

08% . 0 .<br />

+ 01 ×<br />

10.<br />

00 100%<br />

08% . 0 .<br />

+ 01 ×<br />

19.<br />

99 100%<br />

Tabela 8: Incerteza para diversos valores medidos<br />

1.8%<br />

1.3%<br />

1.0%<br />

0.90%<br />

0.85%<br />

Erro relativo <<br />

Conclui-se portanto que para minimizar o erro (relativo), devem escolher-se os alcances<br />

em que as os valores medidos mais se aproximam do alcance (se o instrumento não<br />

dispuser de escolha automática de alcances).<br />

46/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Multímetro Analógico<br />

No caso dos amperímetros e voltímetros analógicos, uma <strong>da</strong>s componentes <strong>da</strong> incerteza na<br />

medição é o erro instrumental e calcula-se a partir do índice de classe (ic) também<br />

conhecido como classe de exactidão:<br />

= δ<br />

ic<br />

V max ×100<br />

em que δ é o máximo erro absoluto cometido pelo instrumento em ca<strong>da</strong> valor medido,<br />

constante em to<strong>da</strong> a escala e Vmax é o valor máximo <strong>da</strong> escala utiliza<strong>da</strong> (alcance).<br />

Os fabricantes de instrumentos de medição analógicos definem um limite superior do erro<br />

absoluto (ou incerteza absoluta), que se admite ser constante ao longo de to<strong>da</strong> a a escala.<br />

Assim, os instrumentos de medição analógicos são classificados pelo número que representa o<br />

limite superior do erro absoluto instrumental, expresso em percentagem do valor máximo.<br />

Note-se que o cálculo do erro instrumental como ohmímetro não é feito a partir do índice<br />

de classe, diferindo de instrumento para instrumento, não sendo objecto de análise nesta<br />

disciplina.<br />

É a seguir apresentado um exemplo de aplicação.<br />

Num voltímetro analógico com um índice de classe de 0.5 (i.c.=0.5), efectuaram-se as<br />

seguintes leituras, utilizando-se o alcance de 10V (U FE = 10V):<br />

a) U = 7.5V<br />

b) U = 5.0V<br />

c) U = 2.5V<br />

Calcule o erro relativo associado a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s medições.<br />

Resolução:<br />

O erro absoluto é constante em to<strong>da</strong> a gama de medição, isto é,<br />

U FE × i. c.<br />

δ =<br />

∧ i. c. = 05 . ∧ U FE = 10 V ⇒<br />

100<br />

10 × 05 .<br />

⇒ δ = = 0.<br />

050 V<br />

100<br />

a) U m = 7.5 V<br />

ε<br />

R<br />

= δ<br />

= 0.<br />

050<br />

7 5<br />

= 0.<br />

67%<br />

.<br />

U m<br />

b) U m = 5.0 V<br />

ε<br />

R<br />

= δ<br />

= 0.<br />

050<br />

50<br />

= 10% .<br />

.<br />

U m<br />

c) U m = 2.5 V<br />

ε<br />

R<br />

= δ<br />

= 0.<br />

050<br />

2 5<br />

= 2.<br />

0%<br />

.<br />

U m<br />

O erro relativo cresce para valores menores <strong>da</strong><br />

grandeza medi<strong>da</strong><br />

Conclui-se portanto que nos instrumentos de medição analógicos, devem seleccionar-se os<br />

alcances que conduzam ao máximo desvio do ponteiro.<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 47/56


Nos instrumentos analógicos, podem ain<strong>da</strong> considerar-se duas fontes de erro adicionais:<br />

• Erro de paralaxe.<br />

• Erro de leitura.<br />

Ao realizar uma leitura num instrumento de medição analógico, o observador deve colocar-se<br />

bem em frente do mostrador do instrumento, de forma a evitar os erros de paralaxe:<br />

Figura 16: Erro de paralaxe ([Morais, 1987])<br />

Erro de paralaxe é o erro que se comete ao observar a posição do ponteiro de forma oblíqua,<br />

<strong>da</strong>do que o ponteiro se encontra, necessariamente, a uma certa distância <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong><br />

escala. Em alguns instrumentos, nomea<strong>da</strong>mente os de maior exactidão (classes 0.1, 0.2 e 0.5),<br />

há um espelho ao longo <strong>da</strong> graduação <strong>da</strong> escala (Figura 17). Neste caso, a leitura só deve ser<br />

efectua<strong>da</strong> quando o ponteiro encobre a sua imagem <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo espelho.<br />

Figura 17: Instrumento analógico com espelho ([Morais, 1987])<br />

Em alguns instrumentos, a extremi<strong>da</strong>de do ponteiro que está sobre a escala tem a forma de<br />

lâmina (em posição vertical). Para evitar o erro de paralaxe, a leitura só deve ser efectua<strong>da</strong><br />

quando não se vir qualquer face lateral dessa lâmina.<br />

Numa <strong>da</strong><strong>da</strong> medição, só por coincidência é que o ponteiro do instrumento coincide<br />

exactamente com uma divisão <strong>da</strong> escala. Torna-se então importante avaliar o erro de leitura<br />

cometido. Este erro depende essencialmente de:<br />

• Observador (treino, acui<strong>da</strong>de visual, etc.).<br />

48/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


• Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> graduação (comprimento e espessura <strong>da</strong>s marcas <strong>da</strong> escala, espessura<br />

do ponteiro, etc.).<br />

• Condições ambientes (iluminação, etc.).<br />

Deve então considerar-se um erro absoluto de leitura igual a metade do valor <strong>da</strong> menor<br />

divisão, que representa o máximo erro de leitura que se pode cometer.<br />

Por exemplo, o caso <strong>da</strong> Figura 18, deve considerar-se um erro de leitura de metade do valor<br />

<strong>da</strong> menor divisão, ou seja, ½(pois ca<strong>da</strong> divisão pequena vale uma uni<strong>da</strong>de).<br />

O resultado <strong>da</strong> medição é então:<br />

126,5 ± 0,5<br />

Figura 18: Leitura de uma valor num instrumento analógico ([Morais, 1987])<br />

Isto é o mesmo que dizer que o observador só pode garantir que a leitura está entre 126 e<br />

127.<br />

7.8. Noção Sobre Estatística Aplica<strong>da</strong> à Medição de Grandezas Físicas<br />

Quando medimos o valor de uma grandeza física, essa medição é afecta<strong>da</strong> por uma infini<strong>da</strong>de<br />

de factores. Por exemplo, se medirmos a resistência (eléctrica) de um bocado de fio condutor,<br />

chegamos à conclusão que o valor medido é influenciado por diversos factores, uns<br />

significativos e outros insignificantes. Dentro dos factores a ser considerados, incluem-se o<br />

tipo e a pureza do material, a sua temperatura, o comprimento e secção do condutor, a<br />

distribuição <strong>da</strong> corrente através do condutor e tensão mecânica a que este está sujeito ([Jones,<br />

1991]).<br />

Se se efectuam diversas medições de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> grandeza, os valores obtidos poderão divergir,<br />

<strong>da</strong>do que o operador não sabe ou não consegue manter constantes todos esses factores.<br />

Estu<strong>da</strong>ram-se anteriormente algumas causas de erros nas medições e o modo como essas<br />

causas originam uma inevitável incerteza na determinação do valor real (ver<strong>da</strong>deiro) <strong>da</strong><br />

grandeza a medir. Contudo, simplificaram-se a discussão e o cálculo dos erros, admitindo que<br />

eles se poderiam considerar limitados, usando-se para cálculo os majorantes respectivos<br />

(incertezas).<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 49/56


Na reali<strong>da</strong>de, a incerteza na medição pode ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> sob o ponto de vista estatístico. Por<br />

exemplo, suponhamos que se efectuavam 8 medições <strong>da</strong> “mesma” tensão, resultando em:<br />

230 V 229 V 230 V 231 V 230 V 203 V 230 V 230 V<br />

Tabela 9: Resultado de diversas medições de tensão<br />

Mesmo para um leigo, não é difícil concluir que o valor “mais provável” <strong>da</strong> grandeza medi<strong>da</strong> é<br />

230 V. Também se pode concluir que o valor 203 V resulta (muito provavelmente) de um<br />

erro grosseiro cometido na respectiva medição.<br />

A análise estatística apenas serve para reduzir os erros aleatórios. Devemos portanto proceder<br />

à eliminação (ou pelo menos redução) dos erros sistemáticos e dos erros grosseiros, para<br />

podermos reduzir os erros aleatórios através <strong>da</strong> análise estatística de uma série de medições.<br />

Relativamente aos erros sistemáticos, devemos ter em conta que o tratamento estatístico dos<br />

resultados não os elimina (não elimina o erro de fideli<strong>da</strong>de), <strong>da</strong>do que eles se manifestam em<br />

to<strong>da</strong>s as medições.<br />

Os erros grosseiros são, pelos menos quando se efectua uma série de medições, detectados<br />

facilmente, desprezando-se os respectivos valores na análise estatística. É vulgar desprezar à<br />

parti<strong>da</strong> um valor, quando ele se afasta de modo evidente dos restantes (caso do valor 203 V,<br />

no exemplo atrás). Nestes casos, há muito maior probabili<strong>da</strong>de de se tratar de um erro<br />

grosseiro do que de um erro acidental. Contudo, mesmo depois de desprezar esses valores (se<br />

existirem), e mesmo prevendo e corrigindo os erros sistemáticos, surgem sempre variações<br />

nos valores medidos, mais ou menos acentua<strong>da</strong>s. Põe-se então o problema de determinar o<br />

valor mais provável <strong>da</strong> grandeza que se está a medir.<br />

A aplicação mais simples <strong>da</strong> estatística é a determinação do valor médio de um conjunto de<br />

valores e considerar esse valor médio como uma melhor aproximação do valor <strong>da</strong> grandeza<br />

do que o obtido por uma leitura apenas. Quanto maior o número de leituras <strong>da</strong> mesma<br />

grandeza, melhor a aproximação ao ver<strong>da</strong>deiro valor dessa grandeza. Teoricamente, um<br />

número infinito de leituras permitiria chegar ao ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza, embora isso seja<br />

impossível.<br />

Média Aritmética<br />

A média aritmética é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela expressão seguinte:<br />

em que:<br />

x1 + x2 + x3+ ... + x<br />

x =<br />

n<br />

x → média aritmética<br />

n<br />

1<br />

= ⋅<br />

n<br />

x 1<br />

, x 2<br />

,..., x n<br />

→ leituras obti<strong>da</strong>s<br />

n → número de leituras<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

x<br />

i<br />

50/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Exemplo:<br />

Para o conjunto de leituras seguinte:<br />

Leitura de Tensão (V)<br />

117,02<br />

117,11<br />

117,08<br />

117,03<br />

Tabela 10: Resultado de diversas medições de tensão<br />

a média será:<br />

117,02 + 117,11+ 117,08 + 117,03 468,<br />

24<br />

x =<br />

= = 117,<br />

06 V<br />

4<br />

4<br />

Desvio <strong>da</strong> Média<br />

O desvio <strong>da</strong> média é o afastamento de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> leitura relativamente à média do conjunto de<br />

leituras. Se o desvio <strong>da</strong> leitura x i for designado por d i , em que i vai de 1 até ao número de<br />

leituras (n), então os desvio <strong>da</strong> média podem ser expressos como:<br />

d = x − x<br />

1 1<br />

d = x − x<br />

...<br />

2 2<br />

d = x − x<br />

n<br />

n<br />

Deve notar-se que o desvio <strong>da</strong> média pode tomar valores positivos e negativos e que a soma<br />

algébrica de todos os desvios é zero.<br />

Para as leituras de tensão anteriores, temos:<br />

d<br />

d<br />

d<br />

d<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

= 117, 02 − 117, 06 = −0,<br />

04 V<br />

= 117, 11 − 117, 06 = + 0,<br />

05 V<br />

= 117, 08 − 117, 06 = + 0,<br />

02 V<br />

= 117, 03 − 117, 06 = −0,<br />

03 V<br />

Desvio Médio<br />

O desvio médio é uma indicação <strong>da</strong> precisão dos instrumentos utilizados para fazer as<br />

medições. Instrumentos muito precisos conduzirão a um baixo desvio médio entre leituras.<br />

Por definição, o desvio médio é a soma dos valores absolutos dos desvios a<br />

dividir pelo número de leituras. O valor absoluto do desvio é o valor numérico deste sem<br />

afectação de sinal.<br />

O desvio médio pode então ser expresso por:<br />

D d d d<br />

1<br />

+<br />

2<br />

+ ... +<br />

=<br />

n<br />

n<br />

1<br />

= ⋅<br />

n<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

d<br />

i<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 51/56


Por exemplo, o desvio médio <strong>da</strong>s leituras de tensão é:<br />

0 , 04 + 0,05 + 0, 02 + 0. 03 0,<br />

14<br />

D =<br />

= = 0,<br />

035 V<br />

4<br />

4<br />

Obviamente que quanto menor o desvio médio, mais precisas foram as medições.<br />

Desvio Padrão<br />

Na análise estatística de erros aleatórios, a raiz quadra<strong>da</strong> <strong>da</strong> média dos quadrados (root mean<br />

square, na terminologia inglesa) dos desvios, ou desvio padrão, constitui uma aju<strong>da</strong> valiosa. Por<br />

definição, o desvio padrão σ de um número n de leituras é <strong>da</strong>do pela seguinte expressão:<br />

σ =<br />

∑<br />

2<br />

2 2 2<br />

di<br />

d1<br />

+ d2<br />

+ ... + dn<br />

i=<br />

1<br />

=<br />

n − 1 n − 1<br />

n<br />

Ao quadrado do desvio padrão dá-se o nome de variância (V), vindo assim:<br />

Exemplo:<br />

V = σ 2<br />

Leituras Valor (V) d i |d i |<br />

2<br />

d i<br />

1 117,02 -0,04 0,04 0,0016<br />

2 117,11 0,05 0,05 0,0025<br />

3 117,08 0,02 0,02 0,00040<br />

4 117,03 -0,03 0,03 0,00090<br />

Soma 468,24 0,00 0,14 0,0054<br />

Então, o desvio padrão será:<br />

Tabela 11: Grandezas estatísticas<br />

σ ==<br />

n<br />

∑ d<br />

i=<br />

1<br />

2<br />

i<br />

n − 1<br />

0,<br />

0054<br />

= ≈ 0, 42 V<br />

3<br />

Hoje em dia, qualquer folha de cálculo e quase to<strong>da</strong>s as máquinas de calcular com um mínimo<br />

de quali<strong>da</strong>de (mesmo sem serem programáveis) permitem determinar as grandezas estatísticas<br />

referi<strong>da</strong>s (média, variância, desvio padrão).<br />

Probabili<strong>da</strong>de dos Erros<br />

Vimos que a medição do valor de uma grandeza, mesmo com um instrumento perfeito (ideal,<br />

sem erros sistemáticos) não resulta no seu ver<strong>da</strong>deiro valor. Existem pequenos efeitos<br />

perturbadores, denominados de erros aleatórios, que podem desviar o valor medido, tanto<br />

positivamente (por excesso) ou negativamente (por defeito), com igual probabili<strong>da</strong>de.<br />

52/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>


Se forem efectua<strong>da</strong>s muitas leituras, verifica-se que estas tendem a distribuir-se segundo uma<br />

distribuição Gaussiana ou Normal. Exemplifica-se nas figuras seguintes a representação sob a<br />

forma de histograma (gráfico de colunas) deste tipo de distribuição:<br />

Figura 19: Distribuição Normal com valores crescentes de variância<br />

Obviamente, quando maiores os desvios relativamente à média, maior será a variância, pelo<br />

que o histograma tende a “alargar-se” com a variância (tal como se pode ver nas figuras atrás).<br />

Disto se conclui que quanto mais estreito e apertado for o histograma, maior a probabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> média coincidir com o valor ver<strong>da</strong>deiro <strong>da</strong> grandeza medi<strong>da</strong>.<br />

Por exemplo, para o conjunto de leituras seguinte:<br />

Em termos de histograma, fica:<br />

Leitura de Tensão (V)<br />

Número de Leituras<br />

99,7 1<br />

99,8 4<br />

99,9 12<br />

100,0 19<br />

100,1 10<br />

100,2 3<br />

100,3 1<br />

Tabela 12: Resultado de 50 medições de tensão<br />

Nº leituras<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

99,7 99,8 99,9 100,0 100,1 100,2 100,3<br />

Figura 20: Histograma <strong>da</strong>s leituras efectua<strong>da</strong>s<br />

Tensão (V)<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 53/56


Se fossem efectua<strong>da</strong>s mais leituras, a forma do histograma assemelhar-se-ia ca<strong>da</strong> vez mais a<br />

uma<br />

. Pode então considerar-se que:<br />

• Os erros (aleatórios) pequenos são mais prováveis que os grandes.<br />

• Os erros grandes são muito improváveis.<br />

• A probabili<strong>da</strong>de de um erro ter sinal positivo ou negativo é igual.<br />

Mormente, no caso <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>s leituras ser , a variância permite determinar,<br />

com facili<strong>da</strong>de, a probabili<strong>da</strong>de do ver<strong>da</strong>deiro valor <strong>da</strong> grandeza se encontrar num certo<br />

σ e + ,<br />

relativamente à média.<br />

considerado:<br />

Intervalo<br />

[ x − k ⋅ σ , x + k ⋅σ<br />

]<br />

Probabili<strong>da</strong>de de<br />

Ocorrência (%)<br />

k = 0,6745 50,00<br />

k = 1,0000 68,28<br />

k = 1,6450 90,00<br />

k = 1,9600 95,00<br />

k = 2,0000 95,46<br />

k = 2,5760 99,00<br />

k = 3,0000 99,72<br />

Tabela 13: Probabili<strong>da</strong>de em função do intervalo considerado<br />

Se, por exemplo, um grande número de resistências for medido e a sua média for de 100,00 Ω<br />

(considera-se por isso o seu valor nominal), com um desvio padrão de 0,20 Ω, sabe-se que,<br />

em média, 68% de to<strong>da</strong>s as resistências têm valores que estão dentro de<br />

100,00 ± 0,20 Ω. Existe portanto uma probabili<strong>da</strong>de de que 2 em ca<strong>da</strong> 3 resistências<br />

aleatoriamente retira<strong>da</strong>s do lote, esteja dentro <strong>da</strong>queles limites.<br />

Se forem necessárias maiores garantias, pode considerar-se um maior intervalo, por exemplo<br />

de 2.σ, dentro do qual se devem encontrar cerca de 95% <strong>da</strong>s resistências.<br />

/56


8. REFERÊNCIAS<br />

[Alves, 1998]<br />

[Cabral, 1995]<br />

[Cabral, 1994]<br />

[Campilho, 1987]<br />

[Fluke, 1997a]<br />

[Fluke, 1997b]<br />

Mário Alves, Instrumentação e Medi<strong>da</strong>s I, Sebenta de Laboratório, Instituto<br />

Superior de Engenharia do Porto, 1998. *&<br />

Paulo Cabral, <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>, 3ª Edição do Curso de Pós-Graduação<br />

em Engenharia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, Instituto Electrotécnico Português - IEP<br />

/ Facul<strong>da</strong>de de Engenharia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Porto - FEUP, Maio de<br />

1995. *<br />

Paulo Cabral, <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>: uma função de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, Instituto<br />

Electrotécnico Português - IEP, 1994. *<br />

Aurélio Campilho, Instrumentação e Medi<strong>da</strong>s I, Sebenta Teórica, Facul<strong>da</strong>de<br />

de Engenharia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Porto, 1987. *<br />

Fluke, Calibrating Power Meters with the Fluke 5500A Multi-Product Calibrator,<br />

http://www.fluke.com/applications/cal-app6.htm, 1997.<br />

Fluke, Fluke 5500A Multi-Product Calibrator,<br />

http://www.fluke.com/calibrators/5500a.htm, 1997.<br />

[Fluke, 1997c] Fluke, Metrology, Quality and ISO 9000,<br />

http://www.fluke.com/applications/cal-app2.htm, 1997.<br />

[Helfrick, 1991]<br />

Helfrick, Cooper, Instrumentação Electrónica Moderna e Técnicas de Medição,<br />

Prentice-Hall do Brasil, 1994. *&<br />

[IEP, 1998] Instituto Electrotécnico Português, http://www.iep.pt, Janeiro de 1998.<br />

[IPQ, 1996] Instituto Português <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, Vocabulário Internacional de <strong>Metrologia</strong> -<br />

Termos Fun<strong>da</strong>mentais e Gerais, 2ª Edição, ISBN 972-763-000-6, Junho de<br />

1996. *<br />

[IPQ, 1997a]<br />

Instituto Português <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, Lista de Laboratórios de Calibração<br />

Acreditados, http://www.ipq.pt/Qualificacao/LabCalAcr.html,<br />

Dezembro de 1997.<br />

[IPQ, 1997b] Instituto Português <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, http://www.ipq.pt, Janeiro de 1998.<br />

[ISO, 1997]<br />

[Jones, 1991]<br />

International Organization for Stan<strong>da</strong>rdization, http://www.iso.ch,<br />

1997.<br />

Jones, Chin, Electronic Instruments and Measurements, 2nd Edition, Prentice-<br />

Hall International Editions, 1991. *&<br />

[Morais, 1987] Simões Morais, Laboratório de Electrici<strong>da</strong>de, Porto Editora., Portugal, 1987.<br />

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[Paredes, 1991]<br />

Luís Paredes, Medi<strong>da</strong>s Eléctricas I, Sebenta Teórica, Instituto Superior de<br />

Engenharia do Porto, 1991. *&<br />

<strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong> 55/56


[Yokogawa, 1985] Yokogawa Electric Corporation, Type 2768 Precision Wheatstone Breadge -<br />

Instruction Manual, 1985. &<br />

[Yokogawa, 1992]<br />

Yokogawa Electric Corporation, Model 2422 Portable Calibrator - Instruction<br />

Manual, 3nd Edition, 1992. &<br />

* - do autor & - disponível no ISEP<br />

56/56 <strong>ABC</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrologia</strong> <strong>Industrial</strong>

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