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A CULTURA 93<br />

pliada para suas dimensões. As revistas refletem a trégua<br />

incômoda na qual as mulheres pagam pelo poder e pela<br />

liberdade de ação através da preocupação com a beleza.<br />

As próprias revistas para mulheres estão sujeitas a uma<br />

versão textual da QBP Como suas leitoras, a revista precisa<br />

pagar pelo seu conteúdo sério em benefício das mulheres<br />

com a superficialidade da reação do sistema baseada<br />

na beleza. Ela precisa agir assim para dar segurança<br />

aos seus anunciantes, que se sentem ameaçados pelos<br />

possíveis efeitos sobre a mente feminina de um excesso<br />

de qualidade no jornalismo feminino. As personalidades<br />

das revistas estão divididas entre o mito da beleza e o feminismo<br />

exatamente da mesma forma que as mentes das<br />

suas leitoras.<br />

Será que as revistas são banais, aviltantes e antifeministas?<br />

O mito da beleza é isso tudo. O conteúdo editorial<br />

nos nossos dias, sempre que pode escapar ao mito,<br />

decididamente não é. Muitas mulheres que se importam<br />

com a cultura das mulheres são atraídas para suprir essa<br />

fonte da consciência feminina de massa, seja como editoras,<br />

escritoras, seja como leitoras. O conteúdo editorial<br />

das revistas se tornou irreconhecível, numa mudança<br />

para melhor, depois do ressurgimento do feminismo. Há<br />

vinte anos, as ativistas que fizeram uma manifestação nos<br />

escritórios de The Ladies' Home Journal apresentaram<br />

uma lista utópica de idéias para artigos. Em vez de "A<br />

cama de Zsa Zsa Gabor", elas propunham "Como fazer<br />

um aborto", "Como e por que as mulheres são mantidas<br />

isoladas", "Como obter um divórcio", "Avanços nas creches<br />

diurnas" e "O que nossos detergentes provocam nos<br />

rios e córregos". E foi o que aconteceu. Reconhecemos<br />

nessas sugestões, um dia consideradas radicais, os temas<br />

típicos da nova onda de revistas femininas.<br />

O que raramente se reconhece é o fato de essas revistas<br />

terem disseminado as idéias do feminismo de forma<br />

mais ampla do que qualquer outro meio de comunicação<br />

— sem dúvida com maior abrangência do que periódicos<br />

explicitamente feministas. Foi através de suas pá-

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