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A CULTURA 83<br />

americanos voltariam para um mercado de trabalho saturado<br />

pelas mulheres". Para sua decepção, a Comissão<br />

de Mão-de-Obra percebeu ter se enganado ao ter esperanças<br />

de que poderia explorar o trabalho feminino como<br />

um quebra-galho. "Nos bastidores, a burocracia dominada<br />

por homens fazia projetos para o pós-guerra, partindo<br />

do pressuposto de que a maioria das mulheres voltaria<br />

humildemente para sua eterna missão de esposa e<br />

mãe. Estavam errados." Muito errados. Na realidade, uma<br />

pesquisa de 1944 revelou que de 61 a 85% das mulheres<br />

"não queriam voltar para o trabalho doméstico depois<br />

da guerra". O que a comissão viu nessa decisão das trabalhadoras<br />

foi a ameaça aos veteranos de guerra, desempregados<br />

devido às trabalhadoras mal remuneradas, o que<br />

levaria a perturbações políticas, talvez mesmo a uma repetição<br />

da Depressão. Um ano após o final da guerra,<br />

as revistas mais uma vez se voltaram — com maior exagero<br />

do que antes — para a domesticidade, enquanto três<br />

milhões de americanas e um milhão de britânicas eram<br />

demitidas ou pediam demissão dos seus empregos.<br />

Embora muitos escritores tenham ressaltado que as<br />

revistas femininas refletem a evolução da história, poucos<br />

examinam a forma pela qual parte de sua função consiste<br />

em determinar a evolução da história. Editores trabalham<br />

bem interpretando o Zeitgeist, editores de revistas<br />

femininas — e cada vez mais, da imprensa em geral<br />

— precisam estar alerta para os papéis sociais exigidos<br />

das mulheres de forma a servir aos interesses daqueles que<br />

anunciam em suas publicações. As revistas femininas há<br />

mais de um século vêm sendo uma das forças mais atuantes<br />

no sentido de alterar os papéis das mulheres, e durante<br />

todo esse período — hoje mais do que nunca — elas<br />

sempre emprestaram charme àquilo que o sistema econômico,<br />

seus anunciantes e, durante a guerra, o governo<br />

precisavam naquele momento obter das mulheres.<br />

Na década de 1950, o papel tradicional das revistas<br />

femininas já estava restabelecido. "Em termos psicológicos",<br />

afirma Ann Oakley em Housewife, "elas permitiam

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