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66 O MITO DA BELEZA<br />

— o casamento compulsório ou a prostituição — com<br />

mais gentileza e pela metade do salário. A proporção entre<br />

o esforço despendido e a remuneração paga à elite das<br />

profissões de alta visibilidade, sobre a qual as mulheres<br />

são mantidas informadas ("É realmente uma tortura ficar<br />

debaixo daquelas luzes escaldantes"), é uma caricatura<br />

da relação verdadeira entre o trabalho feminino e sua<br />

remuneração. Os altos salários brutos pagos às profissionais<br />

da beleza são um falso verniz a encobrir a verdadeira<br />

situação econômica das mulheres. Ao incentivar as fantasias<br />

de uma descoberta nas profissões supervalorizadas,<br />

a cultura dominante ajuda os empregadores a evitar a resistência<br />

organizada contra a repetitividade e os baixos<br />

salários das mulheres de verdade em empregos de verdade.<br />

Com a intermediação da mensagem esperançosa das<br />

revistas femininas, as mulheres aprendem seu pouco valor.<br />

A sensação de direito profissional que o trabalhador<br />

tem ao esperar uma remuneração justa por um trabalho<br />

bem-feito continua, assim, a uma distância conveniente<br />

das expectativas da mulher que trabalha.<br />

Os recrutadores admitem que "uma forma de eliminar<br />

as candidatas a um emprego é reanunciá-lo com um<br />

salário mais alto". Um estudo conclui que "quando se<br />

trata de definir nosso valor sob o aspecto financeiro, temos<br />

grandes dúvidas sobre nós mesmas". Em estudos a<br />

respeito da autopercepção, as mulheres normalmente superestimam<br />

o tamanho do seu corpo. Numa pesquisa sobre<br />

a autopercepção econômica, elas normalmente subestimam<br />

suas despesas profissionais. A questão reside no<br />

fato de haver uma relação causai entre essas duas percepções<br />

enganosas. Ao desvalorizar a capacidade das mulheres<br />

em níveis artificialmente baixos e ao trazer para dentro<br />

do local de trabalho seu valor físico, o mercado protege<br />

seu acesso à mão-de-obra feminina barata.<br />

A insegurança profissional gerada por essa situação<br />

atinge todo o sistema biológico de castas que a QBP estabelece.<br />

Ela também é encontrada em mulheres "lindas"<br />

já que muitas vezes, por maior que seja seu sucesso pro-

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