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PARA ALÉM DO MITO DA BELEZA 369
fizerem, terão perdido a sua função. Enquanto a definição
da "beleza" vier de fora das mulheres, nós continuaremos
a ser manipuladas por ela.
Nós reivindicamos a liberdade de envelhecer e continuar
a ter interesse sexual, mas ela acabou se cristalizando
na condição de envelhecer "permanecendo jovem".
Começamos a usar roupas confortáveis, e o desconforto
se instalou nos nossos corpos. A beleza "natural" dos
anos setenta se tornou seu próprio símbolo. A beleza "saudável"
dos anos oitenta criou uma epidemia de novas
doenças e "a força como beleza" nos escravizou aos nossos
músculos. Esse processo continuará a cada esforço
que as mulheres façam no sentido de reformular os indicadores
até que transformemos radicalmente a nossa relação
com eles.
O mercado não está aberto a atividades conscientizadoras.
É um desperdício de energia atacar as próprias
imagens do mercado. Tendo em vista a história recente,
elas iriam acabar tendo a evolução que tiveram.
Embora não possamos atingir as imagens de forma
direta, podemos extinguir a sua força. Podemos lhes virar
as costas, olhar umas para as outras e descobrir imagens
alternativas da beleza numa subcultura feminina; podemos
procurar peças, música, filmes que iluminem as
mulheres em três dimensões; descobrir as biografias de
mulheres, da história das mulheres, das heroínas que a
cada geração são enterradas e esquecidas; preencher as
lacunas terríveis e "lindas". Podemos nos erguer, a nós
mesmas e a outras mulheres, para escapar do mito, mas
só se estivermos dispostas a procurar alternativas, dar
apoio a elas e realmente examiná-las.
Como a nossa paisagem imaginária se desbota num
tom de cinza quando tentamos pensar para além do mito,
nós mulheres precisamos de ajuda cultural para imaginar
o caminho livre. Durante a maior parte de nossa
história, a representação das mulheres, da nossa sexualidade
e da nossa verdadeira beleza não esteve nas nossas
mãos. Depois de apenas vinte anos do grande avanço, tem-