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PARA ALEM DO MITO DA BELEZA 367<br />

acerca da discriminação no emprego com base na aparência,<br />

somente quando examinarmos as reações comuns<br />

a essas queixas ("Ora, por que você estava usando aquele<br />

suéter justo demais?" "E então, por que não faz alguma<br />

coisa para mudar?") e as rejeitarmos. Não poderemos<br />

erguer a voz contra o mito até que acreditemos profundamente<br />

que não há nada de objetivo na forma pela<br />

qual o mito atua — que quando nós mulheres somos chamadas<br />

de feias demais ou bonitas demais para fazer aquilo<br />

que desejamos fazer, isso não tem nada a ver com a nossa<br />

aparência. Nós mulheres podemos reunir a coragem<br />

para falar sobre o mito em público se tivermos em mente<br />

que as críticas ou os elogios à nossa aparência nunca faltarão.<br />

Em tudo isso não há nada de pessoal; é tudo de<br />

natureza política.<br />

As reações de reflexo que surgiram para nos calar sem<br />

dúvida aumentarão de intensidade. "Para você é fácil dizer<br />

isso." "Você é bonita demais para ser uma feminista."<br />

"Não é de admirar que ela seja uma feminista. Olhe<br />

só para ela." "O que é que ela espera, vestida daquele<br />

jeito?" "É nisso que dá a vaidade." "O que faz você pensar<br />

que estavam assoviando para você?" "Que roupa ela<br />

estava usando?" "Querias!!!" "Não se engane." "Já não<br />

há mais desculpa para uma mulher aparentar a idade que<br />

tem." "As uvas estão verdes?" "Uma piranha." "Uma<br />

desmiolada." "Ela está se mostrando para ver o que consegue."<br />

Ao reconhecermos essas reações como realmente<br />

são, pode se tornar mais fácil encarar os elogios ou os<br />

insultos coercitivos, ou os dois, e exprimir reações escandalosas<br />

já muito atrasadas.<br />

A tarefa será difícil. Falar sobre o mito da beleza toca<br />

num nervo que, para a maioria de nós, em algum nível<br />

está muito exposto. Precisaremos ter compaixão por<br />

nós mesmas e por outras mulheres com relação aos nossos<br />

sentimentos poderosos acerca da "beleza" e ter muita<br />

delicadeza com esses sentimentos. Se o mito da beleza<br />

é uma religião, é porque nós mulheres sentimos falta de<br />

rituais que nos incluam; se ele é um sistema econômico,

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