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38 O MITO DA BELEZA<br />

lificação de beleza profissional destampa um reservatório<br />

de culpas que não teve tempo de ser esvaziado. Para<br />

as profissionais mais afortunadas, pode-se tratar de culpa<br />

com relação à administração do poder ou com relação<br />

ao prazer "egoísta" da dedicação ao trabalho criativo.<br />

Para a grande maioria, que recebe baixos salários ou<br />

que ajuda a sustentar os filhos, pode ser a culpa por não<br />

conseguir dar mais; o desejo de fazer todo e qualquer esforço<br />

pela família. A QBP canaliza medos residuais. Para<br />

a mulher de classe média, ainda recentemente valorizada<br />

por sua disposição em aceitar o isolamento do lar,<br />

a vida na rua e no escritório apresenta ansiedades desconhecidas,<br />

submetendo-a a um exame em público, que sua<br />

mãe e sua avó evitavam a qualquer preço. A mulher da<br />

classe trabalhadora sabe, há muito tempo, da brutal exploração<br />

no trabalho que a "beleza" poderia evitar. As<br />

mulheres de todas as classes sabem que o sucesso é considerado<br />

feio e acarreta a devida punição. Além disso poucas<br />

mulheres de qualquer classe estão acostumadas a controlar<br />

muito dinheiro próprio.<br />

Acostumadas a considerar a beleza um bem, as mulheres<br />

estavam abertas à aceitação de um sistema de remuneração<br />

financeira direto que veio substituir o sistema<br />

indireto do mercado matrimonial. A equiparação da<br />

beleza com o dinheiro não foi examinada cuidadosamente,<br />

e a beleza como placebo do poder foi redefinida de forma<br />

a prometer às mulheres o tipo de poder que o dinheiro,<br />

de fato, dá aos homens. Empregando um raciocínio<br />

semelhante ao que as donas-de-casa da década de 1970<br />

usavam para calcular o valor de mercado dos trabalhos<br />

domésticos, as mulheres viram que o sistema "meritocrático"<br />

era por demais desequilibrado para que uma mulher<br />

sozinha pudesse desafiá-lo. Uma parte da psique feminina<br />

pode ter se sentido ansiosa pelo reconhecimento<br />

do trabalho, talento e dinheiro necessários para a formação<br />

de sua imagem. Outra parte pode ter percebido que,<br />

tendo em vista a natureza monótona e ingrata da maioria<br />

das tarefas "femininas", a QBP injeta doses de cria-

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