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36 O MITO DA BELEZA<br />

com sua receptividade à retórica da igualdade de oportunidade)<br />

por meio de sua firme inserção no sonho americano:<br />

com criatividade e dedicação, a "beleza" pode<br />

ser atingida por todas as mulheres. Essas duas mentiras<br />

vitais operaram em conjunto para permitir que o uso da<br />

QBP por parte de empregadores parecesse ser um teste<br />

legítimo do mérito e da extensão de obrigações profissionais<br />

da mulher. (3) Disseram à mulher que trabalhava que<br />

pensasse na "beleza" de uma forma que desmontava, passo<br />

a passo, a mentalidade que ela conseguira em conseqüência<br />

do sucesso do movimento das mulheres. Essa última<br />

mentira vital aplicou à vida de cada mulher a regra<br />

central do mito: para cada ação feminista há uma reação<br />

contrária e de igual intensidade por parte do mito da beleza.<br />

Na década de 1980, ficou evidente que à medida que<br />

as mulheres foram ficando mais importantes, também a<br />

beleza foi adquirindo maior importância. Quanto mais<br />

perto do poder as mulheres chegam, maiores são as exigências<br />

de sacrifício e preocupação com o físico. A "beleza"<br />

passa a ser a condição para que a mulher dê o próximo<br />

passo. Vocês agora estão ricas demais. No entanto,<br />

não podem estar magras o bastante.<br />

A fixação na "beleza" da década de 1990 foi conseqüência<br />

direta da ascensão das mulheres a posições de poder,<br />

além de representar um controle individual desta ascensão.<br />

As vitórias das ideologias da "beleza" nos anos<br />

80 resultaram do temor verdadeiro, por parte das instituições<br />

centrais da nossa sociedade, do que poderia acontecer<br />

se mulheres livres avançassem livremente com seus<br />

corpos livres em meio a um sistema que se autodenomina<br />

uma meritocracia. Voltando à metáfora do transformador,<br />

trata-se do medo de que a força de uma corrente<br />

direta de energia feminina, numa freqüência feminina, destrua<br />

o delicado equilíbrio do sistema.<br />

A ligação central do transformador é a ideologia esperançosa<br />

das revistas para mulheres. Ao fornecer uma<br />

linguagem onírica da meritocracia ("tenha o corpo que<br />

merece"; "não se tem um corpo maravilhoso sem es-

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