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O SEXO 215<br />

pediram uma sexualidade do prazer da distância, do perigo.<br />

Ela lhes foi dada. Pela primeira vez na história, as crianças<br />

que estão crescendo derivam suas primeiras impressões<br />

sexuais não de um ser humano vivo ou de suas próprias<br />

fantasias. Desde a rápida ascensão da pornografia na década<br />

de sessenta, a sexualidade das crianças começou a se<br />

formar de acordo com sugestões que não são mais humanas.<br />

Nada que se compare jamais ocorreu na história da<br />

nossa espécie. Freud fica deslocado. As crianças, os homens<br />

e as mulheres jovens dos nossos dias têm identidades<br />

sexuais que estão centradas em fantasmas de papel e<br />

celulóide: desde Playboy e videoclipes até os torsos femininos<br />

vazios nas revistas para mulheres, com os traços do<br />

rosto pouco nítidos e os olhos apagados, todos estão recebendo<br />

impressões de uma sexualidade produzida em<br />

massa, deliberadamente desumanizante e artificial.<br />

Em conseqüência disso, parece estar acontecendo algo<br />

de ameaçador com a sexualidade dos jovens: o esforço para<br />

transformar o sexo em violência pode estar praticamente<br />

vitorioso. Hilde Bruch chama as jovens nascidas depois de<br />

1960 de "as gerações anoréxicas". Como as leis da obscenidade<br />

foram abrandadas na década de 1960 e as crianças<br />

nascidas depois daquele ano cresceram num ambiente com<br />

imagens sexuais cada vez mais violentas e degradantes (ambiente<br />

do qual as jovens estão se afastando através da anorexia),<br />

devemos reconhecer esses jovens nascidos depois de<br />

1960 como as "gerações pornográficas".<br />

As jovens estão agora sendo atingidas por uma espécie<br />

de doença de radiação causada pelo excesso de exposição<br />

a imagens geradas pela pornografia da beleza,<br />

a única fonte de meios para imaginar a sexualidade feminina<br />

de que dispõem. Elas saem para o mundo sem nenhuma<br />

proteção sexual: destituídas da repressora afirmação<br />

do seu valor que lhes conferiam a virgindade ou um<br />

anel de noivado (a sexualidade de uma mulher tinha um<br />

valor bem concreto nos tempos em que um homem se propunha<br />

a trabalhar toda uma vida para manter o acesso<br />

a ela) e ainda não armadas de um sentido inato de orgu-

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