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214 O MITO DA BELEZA<br />

A reação mais comum nas vítimas de estupro é uma<br />

sensação de total desvalorização, seguida de ódio pelo próprio<br />

corpo, muitas vezes acompanhado de distúrbios da<br />

alimentação (geralmente a bulimia ou a anorexia, para<br />

ter certeza de que estarão "seguras", muito gordas ou muito<br />

magras) e retraimento sexual. Se o abuso sexual concreto<br />

tem esse efeito sobre o amor ao próprio físico, as<br />

imagens de abusos sexuais e as imagens que invadem a<br />

privacidade sexual feminina não poderiam ter um efeito<br />

semelhante?<br />

Uma conseqüência mais difusa dessa atmosfera geral,<br />

o predomínio da violência sexual e a forma como esta<br />

está vinculada à beleza feminina, é que as mulheres —<br />

especialmente, talvez, as jovens que cresceram em meio<br />

a imagens tão violentas — acabam por temer a própria<br />

beleza e desconfiar dela, sentindo uma ambivalência quanto<br />

à expressão física da sua própria sexualidade, seja nos<br />

trajes, nos movimentos, seja nos enfeites que usam. Hoje,<br />

talvez mais do que sempre, quando mulheres jovens<br />

se vestem de forma provocante, elas são forçadas a se sentir<br />

como se estivessem se envolvendo com algum perigo.<br />

A sexualidade dos jovens:<br />

completamente mudada?<br />

A exposição à violência chique e a imagens coisificantes<br />

do sexo parece já ter afetado os jovens. Os teóricos de<br />

eros não se aproximaram de uma percepção da influência<br />

da pornografia da beleza sobre os jovens. Gloria Steinem<br />

e Susan Griffin separam a pornografia do amor erótico,<br />

o que faz sentido se eros vem em primeiro lugar na<br />

biografia psicossexual. Como afirma Barbara Ehrenreich,<br />

as fantasias de estupro podem não ser significativas, para<br />

quem cresceu aprendendo a sua sexualidade com outros<br />

seres humanos. Os jovens de hoje em dia, porém, não

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