05.08.2014 Views

o_18uj0ggsurp7ahj1c02eb11j7s9.pdf

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O SEXO 197<br />

plesmente recebe permissão de preencher o contorno da<br />

Donzela de Ferro. Na realidade, é possível que as mulheres<br />

"lindas" sejam mais vulneráveis à interferência da pornografia<br />

em suas fantasias por poderem se "ver" nas imagens<br />

pornográficas, ao contrário das mulheres comuns.<br />

Uma mulher que não goste da Playboy pode ter como<br />

motivo o fato de seu núcleo sexual não ser facilmente<br />

destruído. Embora ela possa ter submetido sua individualidade<br />

a outras humilhações, este seu último posto de<br />

resistência, a essência sexual, lutará com garra e por muito<br />

tempo. Ela pode se melindrar com a Playboy por não gostar<br />

de se sentir feia no sexo — ou, se for "linda", por<br />

não lhe agradar ter seu corpo definido e reduzido pela<br />

pornografia. A pornografia inibe na mulher algo de que<br />

ela precisa para viver e lhe fornece o anafrodisíaco por<br />

excelência: o olhar de autocrítica sexual. O ensaio de Alice<br />

Walker, intitulado "Partindo-se em pedaços", examina o<br />

dano sofrido. Ao se comparar com a pornografia do<br />

amante, a heroína "tolamente" conclui não ser bonita.<br />

"Eu fantasio", diz "Betty" na coletânea de fantasias<br />

sexuais femininas de Nancy Friday, My Secret Garden,<br />

que "me transformei numa mulher linda e charmosa<br />

(na vida real, sei que sou meio sem graça). ...Eu fecho<br />

meus olhos e pareço estar observando de um outro lugar,<br />

fora de mim, essa bela mulher que sou eu. Vejo-a de<br />

forma tão nítida que tenho vontade de gritar alguma mensagem<br />

de incentivo para ela... 'Aproveite, você merece.'<br />

O estranho é que essa outra mulher não sou eu." "De<br />

repente, eu não era mais eu mesma", escreve "Monica".<br />

"O corpo ... não era esta coisa gorda e esquisita, não era<br />

eu... Era uma irmã linda que eu tinha... O tempo todo<br />

não era eu, tudo estava acontecendo com essas duas pessoas<br />

lindas na minha cabeça." Estas palavras — "não era<br />

eu"; "de repente, eu não era mais eu mesma"; "essa outra<br />

bela mulher" — são obsessivas. Em apenas vinte anos,<br />

o mito conseguiu criar uma cortina de imagens para separar<br />

as mulheres dos seus próprios corpos durante o ato<br />

do amor.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!