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O SEXO 189<br />

As instituições dominadas pelos homens — em particular<br />

os interesses empresariais — reconhecem os perigos<br />

que lhes oferece essa saída pelo amor. As mulheres<br />

que se amam são ameaçadoras; mas os homens que amam<br />

mulheres de verdade o são ainda mais. As mulheres que<br />

se livraram dos papéis determinados pelo sexo se revelaram<br />

manipuláveis. As poucas que conquistaram o poder<br />

estão sendo retreinadas como homens. No entanto, com<br />

o surgimento de contingentes de homens que passassem<br />

a ter um amor verdadeiro e apaixonado pelas mulheres,<br />

sua substancial autoridade e dinheiro poderiam desertar<br />

para unir suas forças às da oposição. Um amor dessa natureza<br />

representaria uma sublevação política mais radical<br />

do que a da Revolução Russa e mais desestabilizante<br />

para o equilíbrio do poder mundial do que o fim da era<br />

nuclear. Seria a queda da civilização como a conhecemos<br />

— ou seja, a do domínio masculino. E para o amor heterossexual<br />

seria o começo do começo.<br />

As imagens que reduzem o sexo à "beleza" e reduzem<br />

a beleza a algo sobre-humano, ou a sujeitam a tormentos<br />

erotizados, são convenientes sob os aspectos político<br />

e sócio-econômico por subverterem o orgulho sexual<br />

feminino e se assegurarem de que homens e mulheres<br />

não terão possibilidade de se unirem sob uma causa<br />

comum contra a ordem social que se nutre do seu antagonismo,<br />

de suas versões isoladas da solidão.<br />

Barbara Ehrenreich, Elizabeth Hess e Gloria Jacobs,<br />

em Re-Making Love, salientam que o novo mercado de<br />

produtos sexuais exige um consumismo sexual de rápida<br />

renovação. Essa observação vale não só para o mercado<br />

de acessórios sexuais, mas para toda a economia de consumo.<br />

A última coisa que o índice de consumo quer é que<br />

mulheres e homens descubram formas de se amarem. As<br />

vendas no varejo, que totalizam um trilhão e meio de dólares,<br />

dependem do distanciamento sexual entre homens<br />

e mulheres e são estimuladas pela insatisfação sexual. Os<br />

anúncios não vendem o sexo — isso seria contraproducente<br />

se significasse que homens e mulheres heterossexuais

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