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180 O MITO DA BELEZA<br />

furioso e revoltado da mulher violada na pornografia violenta.<br />

Os estilos sexuais "cor-de-rosa" — amorosos e não<br />

violentos — adquiriram um tom obsoleto.<br />

Na década de 1980, quando muitas mulheres estavam<br />

se formando como profissionais liberais, a raiva contra<br />

as mulheres fazia furor nos meios de comunicação.<br />

Presenciamos um estupendo crescimento de imagens de<br />

violência sexual, nas quais a vítima era mulher. Em 1979,<br />

Jack Sullivan, no The New York Times, identificou um<br />

"gênero popular de thríller que tenta produzir emoção<br />

com o amontoamento de corpos femininos". Segundo Jane<br />

Caputi, que chama o período moderno de Era do Crime<br />

Sexual, filmes baseados em violência sexual se tornaram<br />

comuns durante o final da década de 70 e na década<br />

de 80: Vestida para matar, Veludo azul, 9 1/2 semanas, Um<br />

agente na corda bamba, Dublê de corpo, e a lista prossegue.<br />

Essa década aperfeiçoou a tomada de "primeira pessoa"<br />

ou de "câmera subjetiva", que estimula a identificação<br />

com o assassino ou com o estuprador. Em 1981,<br />

os críticos de cinema norte-americanos Gene Siskel e Roger<br />

Ebert denunciaram os filmes com "mulheres em perigo"<br />

como uma reação ao feminismo. Alguns anos depois,<br />

eles elogiaram um deles por permitir que saibamos<br />

de verdade "como se sente quem violenta uma mulher".<br />

As histórias em quadrinho clandestinas Zap dos anos 70<br />

descreviam estupro e violência contra crianças a mão armada.<br />

Em 1989, The New York Times publicava uma reportagem<br />

sobre o novo sadomasoquismo encontrado em<br />

histórias em quadrinhos infantis, e a revista britânica Viz<br />

começou a desfazer sexualmente das mulheres na história<br />

intitulada "Fat Slags".* O sexo simplesmente não era<br />

mais sexo sem a violência. Num mundo em que a culpa<br />

e o medo revoltado dos dois sexos cercavam a impressão<br />

de que as mulheres estavam escapando ao controle, o público<br />

rapidamente perdeu o interesse na nudez comum ilesa.<br />

As fantasias apresentadas como mais compulsivamente<br />

* "Escória gorda" (N. da T.)

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