05.08.2014 Views

o_18uj0ggsurp7ahj1c02eb11j7s9.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

178 O MITO DA BELEZA<br />

Por baixo da pele<br />

Numa transferência de imagens, na década de 1980, as<br />

convenções da fotografia pornográfica de alta classe, como<br />

a da Playboy, passaram a ser adotadas de forma geral<br />

para vender produtos às mulheres. Isso fez com que<br />

o pensamento sobre a beleza que se seguiu fosse radicalmente<br />

diferente de tudo que o havia precedido. Ver um<br />

rosto na expectativa do orgasmo, mesmo se se tratar de<br />

uma representação, é um poderoso argumento de vendas.<br />

Com a inexistência de outras imagens sexuais, muitas mulheres<br />

passaram a acreditar que precisariam ter aquele rosto,<br />

aquele corpo, para atingir aquele êxtase.<br />

Duas convenções da pornografia leve e da pesada penetraram<br />

na cultura feminina. Uma "apenas" transforma<br />

em objeto o corpo feminino; a outra comete violência<br />

contra ele. A lei da obscenidade é baseada em parte<br />

na idéia de que podemos evitar o que nos ofende. No entanto,<br />

os termos geralmente empregados no debate sobre<br />

a pornografia não conseguem tratar essa questão de forma<br />

adequada. Debates sobre a obscenidade, a nudez ou<br />

os padrões da comunidade geralmente não tratam do mal<br />

causado às mulheres por esse fator, pela forma pela qual<br />

a "beleza" se une às convenções pornográficas na propaganda,<br />

na fotografia de moda, na televisão a cabo e<br />

até mesmo nas histórias em quadrinhos para afetar mulheres<br />

e crianças. Os homens podem escolher se entram<br />

ou não numa livraria pornô. As mulheres e crianças não<br />

têm a possibilidade de escolher evitar imagens de beleza<br />

pornográfica ou de violência sexual que as acompanham<br />

até dentro de casa.<br />

A questão não é o sexo explícito. Poderíamos aceitar<br />

muito mais nesse sentido, se explícito significasse honesto<br />

e revelador. Se houvesse um amplo espectro de imagens<br />

eróticas de mulheres livres de verdade e de homens<br />

de verdade em contextos de confiança sexual, a pornografia<br />

da beleza teoricamente não faria mal a ninguém.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!