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Manual para a Redução da Pobreza por meio do Turismo

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Capítulo 1 O setor de turismo e a redução <strong>da</strong> pobreza - visão geral 14<br />

EXEMPLOS INSPIRADORES: “FAZENDO EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO FUNCIONAR EM PROL DE<br />

PESSOAS AFETADAS PELA POBREZA: TURISMO EM PACOTES NA REGIÃO NORTE DA TANZÂNIA” 11<br />

A análise concentrou-se em explorar a participação <strong>da</strong> Tanzânia na cadeia de valor global <strong>do</strong> turismo desde o<br />

país de origem de turistas internacionais até a região norte <strong>do</strong> país. A razão desse enfoque é simples: partes<br />

interessa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Tanzânia não têm condições de influenciar diretamente essa cadeia de valor no exterior. Além<br />

disso, as pesquisas sobre turismo têm se preocupa<strong>do</strong> demasia<strong>da</strong>mente com o valor captura<strong>do</strong> <strong>por</strong> interesses<br />

internacionais, forçan<strong>do</strong> o país a desempenhar o papel inútil de ‘vítima’ impotente <strong>da</strong> globalização. No entanto,<br />

o oposto é ver<strong>da</strong>deiro. Há medi<strong>da</strong>s muito práticas que os tanzanianos podem tomar <strong>para</strong> fortalecer o<br />

turismo e seus vínculos com pessoas afeta<strong>da</strong>s pela pobreza no seu país.<br />

A Tanzânia fica com cerca de 38 <strong>por</strong> cento <strong>da</strong> receita de um pacote de férias de escala<strong>da</strong> <strong>do</strong> Monte Kilimanjaro<br />

vendi<strong>do</strong> na Europa (inclusive <strong>da</strong> receita <strong>da</strong>s respectivas passagens aéreas). Quan<strong>do</strong> os gastos pessoais <strong>do</strong>s turistas<br />

no país são incluí<strong>do</strong>s nesse cálculo, a Tanzânia captura mais de 41 <strong>por</strong> cento <strong>da</strong>s receitas totais gera<strong>da</strong>s<br />

<strong>por</strong> esse pacote. Doze <strong>por</strong> cento de to<strong>da</strong>s as despesas <strong>do</strong>s turistas (incluin<strong>do</strong> o custo <strong>do</strong> pacote internacional e<br />

seus gastos pessoais no país) beneficiam pessoas em situação de pobreza. Extrapolan<strong>do</strong>-se os gastos médios<br />

<strong>do</strong>s escala<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Monte Kilimanjaro <strong>para</strong> os cerca de 35.000 escala<strong>do</strong>res anuais, o resulta<strong>do</strong> é um total de<br />

pouco menos de US$ 50 milhões gastos <strong>por</strong> turistas dentro <strong>do</strong> país <strong>por</strong> ano. Esse montante constitui uma im<strong>por</strong>tante<br />

contribuição econômica em um contexto rural. Desse total, 28 <strong>por</strong> cento, ou mais de US$ 13 milhões,<br />

são vistos como gastos que beneficiam pessoas em situação de pobreza.<br />

Os principais beneficiários diretos <strong>da</strong> cadeia de valor <strong>do</strong> pacote de escala<strong>da</strong> <strong>do</strong> Monte Kilimanjaro são os guias<br />

e outras pessoas envolvi<strong>da</strong>s em assistir os alpinistas (principalmente mulheres), que ficam com 62 <strong>por</strong> cento<br />

<strong>da</strong>s despesas que beneficiam pessoas afeta<strong>da</strong>s pela pobreza, bem como o pessoal não gerencial que cui<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong>s alojamentos usa<strong>do</strong>s <strong>por</strong> esses alpinistas.<br />

Para algumas pessoas, o fato de a Tanzânia só ficar com cerca de metade <strong>da</strong>s receitas <strong>da</strong> cadeia de valor global<br />

em pacotes de férias vendi<strong>do</strong>s na Europa pode soar como exploração. Para um destino turístico de longa<br />

distância (nos quais as passagens normalmente respondem <strong>por</strong> cerca de 40 a 50 <strong>por</strong> cento <strong>do</strong>s custos totais<br />

<strong>do</strong> pacote), isso é de se esperar. Para um tanzaniano que estivesse venden<strong>do</strong> outro im<strong>por</strong>tante produto de<br />

ex<strong>por</strong>tação <strong>do</strong> país, o café, essa divisão de receitas seria um sonho. Ca<strong>da</strong> dólar gasto com um pacote de férias<br />

<strong>para</strong> a Tanzânia na Europa gera cerca um impacto três vezes maior sobre a pobreza (11% <strong>para</strong> safáris e 12%<br />

<strong>para</strong> a estação de escala<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Kilimanjaro, contra 4% <strong>para</strong> o café) e cinco vezes maior <strong>para</strong> a Tanzânia (41 a<br />

53%, contra 8%) em relação a um dólar gasto com uma saca de café <strong>do</strong> país na Europa.<br />

Figura 3: Gastos de escala<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Monte Kilimanjaro<br />

Trans<strong>por</strong>tes<br />

Bens e serviços Culturais<br />

Alimentos e bebi<strong>da</strong>s<br />

Hospe<strong>da</strong>gem<br />

Margem <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res de viagens<br />

Salários e gorjetas<br />

Taxas de estacionamento<br />

Gastostotais<br />

Gastos que não beneficiam pessoas<br />

em situação de pobreza<br />

Gastos que beneficiam pessoas em<br />

situação de pobreza<br />

0 51 01 52 02 53 03 54 04 55 0<br />

11<br />

Jonathan Mitchell, Jodie Keane e Jenny Laidlaw: Making success work for the poor: Packaged tourism in Northern Tanzânia (Arusha, ODI e SNV, 2009).

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